POV DIANA

Voltar para o apartamento nunca tinha sido tão demorado.

Não conseguia tirar Bruce da minha cabeça e não consegui pensar em como ele estava nesse momento. Eu tinha cometido uma enorme burrice em ter beijado Clark e agindo como se eu não o conhecesse ou como se ele não fosse importante para mim. Ele deve ter ficado arrasado com tudo o que eu fiz. Tudo o que eu queria era vê-lo e contar tudo o que eu tinha descoberto. Será que ele iria querer me ver? Será que ele ia me perdoar?

Pelos Deuses, eu espero que sim.

Gaia tinha um pai. Um pai lindo e maravilhoso, que no momento estava ferido por tudo o que tinha acontecido no passado e hoje.

Preciso concertar isso, antes que seja tarde demais.

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Chegando no apartamento, vejo que tudo está bagunçado. E vejo que Gaia está brincando com Wally no meio da sala. Quando ela percebe que eu cheguei, ela corre em minha direção e me abraça.

– Mamãâãe! – ela da um gritinho enquanto abraça a minha perna.

– Meu anjinho, você está bem? – pergunto pegando ela no colo.

– Sim! Titio Wally blincou comigo o dia tooodo. – disse ela animada.

– Essa sua filha tem um fogo, não parava quieta nem um segundo. – disse Wally sorrindo para mim.

Vou até ele e o abraço. Senti falta do meu amigo.

– Senti sua falta ruivo. – digo lhe apertando – Desculpa por não eu não me lembrar de você antes. – digo.

– Sem problemas gata. Clark me contou mais ou menos a história. – disse ele fazendo carinho em Gaia.

– Obrigada por cuidar dela. – digo a ele.

– Sem problemas! Amei cuidar dela, sinto que o titio Wally aqui tem jeito com crianças. – disse ele sorrindo para Gaia e esticando os braços para pegar ela no colo. Minha filha vai de bom grado para colo dele e sorri de orelha a orelha.

– Vamos blincar mais titio! – diz Gaia segurando o rosto do meu amigo.

– Eu queria muito, mas eu tenho que voltar para Central City. – diz ele. Gaia faz um biquinho triste e olha para baixo. Wally levanto o rostinho dela e lhe diz alguma coisa no ouvido fazendo com que ela desse gritinhos de alegria.

– Combinado? – ele pergunta para ela.

– Sim! – ela diz feliz e lhe da um beijo na bochecha.

Wally bota ela no chão e então olha para mim.

– Amanhã passo aqui com o Rex e vou levar os dois para passear.

Rex. Shayera e John! Pelos Deuses... Eu precisava me encontrar com eles.

– Como eles estão? – pergunto.

– Sentem a sua falta, mas estão bem. Rex está enorme. – diz ele sorrindo.

– Amanhã eu vou me encontrar com eles. Por favor, não conte que eu estou aqui, quero fazer uma surpresa. – digo.

– Pode deixar princesa! Agora vá se encontrar com o Morcegão. – diz ele piscando e saindo do apartamento num flash.

Rio e vou até a sala para onde Gaia foi. Ela estava assistindo um desenho sobre um coelho e um pato. Não entedia nada do que estava passando na televisão, então me concentrei nela. Minha filha era fruto do meu amor por Bruce. Ela tinha alguns traços do pai e herdara também personalidades dele, que só agora ficaram evidentes para mim. Como será que ela reagiria ao descobrir que tinha um pai?

– Filha, a mamãe quer te perguntar uma coisa.

Gaia para te prestar atenção e me olha, esperando eu começar a falar.

– Você já pensou em ter um pai? – perguntei.

Ela me olhou sem entender.

– Eu não sei o que é um pai. – disse ela.

– Oh, minha querida. – digo puxando ela pro meu colo – Um pai é tipo eu só que na forma masculina. – digo.

– Tipo o tio Clark e o titio Wally? – pergunta.

– Tipo eles, só que esse pai seria o marido da mamãe, namorado, amor da minha vida...

Ela me olha mais confusa ainda. Como eu poderia explicar para ela?

– Filha, você tem um pai, que até hoje eu não sabia que tinha. Seu pai foi e é o grande amor da minha vida, a pessoa que eu amo.

– Você não me ama mamãe?

– Claro que amo! Amo os dois, cada um a sua maneira.

– Então cadê o papai? – pergunta.

– Isso é uma coisa que eu estou me perguntando. – digo.

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POV CLARK

Deixei Diana ir para o meu apartamento na frente, porque eu queria ficar e conversar com J’oon sobre que iria acontecer agora que Bruce iria saber de tudo. E queria também perguntar o que ele estava fazendo com a mãe de Diana, mesmo que isso me deixasse um pouco envergonhado.

Resolvi perguntar o mais fácil.

– Como vai ser agora J’oon? – pergunto indo me sentar no sofá. Fico me perguntando onde está Hipólita.

– Agora vamos torcer para que Bruce não queria quebrar a nossa cara e depois pensamos no resto. – diz ele meio nervoso.

– É isso que te preocupa? Sério? – pergunto incrédulo.

– Para falar a verdade não. – responde sincero.

– Pode desabafar amigo. – digo lhe dando um sorriso acolhedor.

– Como você acha que Diana vai reagir? – pergunta

– Reagir a quê? – pergunto.

– Sobre eu e Hipólita.

Ah... Aquela conversa embaraçosa estava vindo a tona.

– Sinceramente eu não sei. – digo envergonhado.

Presenciei por um breve instante um momento quase intimo dos dois e me sinto envergonhado até agora. Sou um bobo mesmo.

– Acha que ela vai ser contra? – pergunta nervoso.

– Acho que ela vai estranhar, mas depois vai gostar. Ela te adora. – digo.

Ele fica aliviado e olha para a janela.

– O que foi? – pergunto.

– É que... Eu nunca pensei que iria me apaixonar. Nunca nesses anos todos, pensei que iria encontrar alguém me fizesse bem, que me fizesse feliz. Mesmo que as escuras. – diz ele triste.

– Por que vocês não se assumem?

– Porque é complicado para ela. Sabe como é... Viver em uma ilha repleta de mulheres que acreditam que homens só fazem mal não é uma coisa boa. Elas poderiam odiá-la, poderiam tirar ela do poder. E ela teme isso. – responde ele.

– Isso é... complicado.

– Você não tem nem ideia. Mas eu entendo ela e respeito. Tudo o que eu quero é vê-la feliz. – diz ele dando um sorriso triste.

– Há sempre esperança amigo. Tenha fé. – digo lhe dando um tapa amigável no ombro

Ele sorri e assenti.

Olho ao redor da casa dele, tentando entender com ela fugiu dali tão depressa.

– Ela tem uma chave, que funciona como portal. Ela está em casa agora. – diz ele lendo os meus pensamentos.

– Entendi. – digo sem graça.

– Acho que você precisa de uma bebida, está parecendo que teve um dia cheio.

– Você não faz ideia.

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POV DIANA

Esperei Gaia terminar o seu desenho para ir dar-lhe um banho. Essa era uma das suas horas favoritas do dia e eu adorava ver o sorriso dela ao entrar na banheira cheia de espuma.

– Morar com o tio Clark é legal. – disse ela brincando com o seu patinho.

– Não vamos mais morar com ele em breve meu anjo. – digo ligando mais a torneira para fazer mais espuma.

– Por quê? – pergunta ela tristonha.

– Porque não seria certo. –digo lhe dando um sorriso e molhando seu cabelo.

– Não vou mais poder ver o tio Clark? – pergunta.

– Claro que vai! Só não vamos mais morar com ele.

Ela entende e fica brincando com seus brinquedos enquanto eu lhe dou banho. Ela ri quando eu faço cocegas em sua barriga e quando eu faço um topete no seu cabelo negro. Quando terminamos, ela faz cara triste e pede para ficar mais na banheira. Mas eu digo que não podemos demorar e ela entende. Enxugo-a e a levo pro quarto. Deixo ela escolher sua roupa e acaba escolhendo um vestidinho vermelho com bolinhas que Clark tinha comprado. Ela estava pronta e eu só precisava prender meu cabelo e estaríamos pronta para ir ver Bruce.

Saindo do quarto, passando pelo corredor vejo uma silhueta de costas. Penso que é Clark, mas chegando mais perto vejo que é ele. A razão pelo qual faz meu coração bater mais rápido, o homem que eu mais amava no mundo, o amor da minha vida estava parado na minha frente e na de Gaia. Ele percebeu que eu estava na sala e se virou. Olhou para mim com um brilho no olhar, quase vi um breve sorriso aparecer no seu rosto, mas ele não apareceu. Logo depois ele olhou para Gaia e um misto de emoções percorreu o seu rosto.

– Bruce...

– Diana...

Ele se aproxima de mim lentamente até estar um metro de distância.

– Eu precisava te ver. – disse ele com a voz embargada.

– Eu tenho que te contar uma coisa. – digo.

– Eu não quero que você fale nada. – responde.

Fico confusa. Gaia se aperta mais em meu colo e esconde o rosto em meu pescoço.

– Por que você ainda tem esse efeito sobre mim Diana? Por que você fez isso comigo? Como pode me trair com ele?! – disse ele aumentando o volume de sua voz.

– Eu...

– Calada! – diz ele.

– Mamãe, estou com medo. – disse Gaia.

Bruce fica sem reação e fala mais baixo.

– Me desculpe pequena, não queria assustá-la. – diz ele carinhosamente para nossa filha.

Gaia olha para ele com medo e Bruce sorri para ela fazendo gesto para pegar ela no colo.

– Não vou machucá-la. – disse ele sorrindo.

– Vamos Gaia. – encorajo ela.

Ela me olha e assente. Segundo depois está no colo de Bruce e está sorrindo que nem uma boba. Esse era o efeito que o pai provocava nas mulheres.

– Por que você está brigando com a mamãe? – pergunta Gaia tocando o rosto de seu pai.

– Porque eu estou chateado com ela. – responde ele.

– Perdoa a mamãe. – diz ela lhe dando um beijo.

Bruce sorri e lhe da um beijo na testa. Fico emocionada com essa cena de afeto, que chego mais perto deles dois.

– Eu te amo. – digo simplesmente.

Bruce paralisa ao ouvir essas palavras saindo da minha boca. Posso sentir como ele está lutando contra seus sentimentos. Posso sentir que ele está ferido.

– Pequena, por que você não deixa eu e sua mãe conversarmos um pouco? – pergunta Bruce pra Gaia.

– Tudo bem. – ela diz sorrindo.

Bruce deixa ela no chão e ela vai pro seu quarto.

Ficamos em silêncio olhando um para o outro, quando ele finalmente começa a falar.

– Ela é muito bonita.

– Ela é sim. – digo contente.

– Não se parece nada com o Clark. – diz ele ácido.

Sinto raiva do que ele diz e o empurro contra a parede, botando meus braços em cada lado seu, prendendo-o ali.

– Já está na hora de eu falar. – digo com raiva.

– Não quero ouvir como você e Clark transam. – diz ele.

– Cale a boca! – grito.

– Não. – diz ele.

– Como você pode pensar que eu te traí? – pergunto ofendida.

– Não sei. Talvez seja porque eu não te vejo faz um tempo... Faz o quê? Dois anos?

– Deixa eu te explicar tudo.

– Não quero saber. – diz ele virando o rosto pro lado.

Puxo o rosto dele para que ele olhe para mim.

– Você vai ouvir querendo ou não.

– Não acredito em você.

Essa simples frase fez com que eu fosse para trás e saísse de perto dele. Ele me olha e anda até a porta. Ele para. Olha para mim e vem em minha direção.

– Foda-se.

E depois disso ele me beija profundamente.

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POV BRUCE

Tinha decidido ir para a festa de Talia e no caminho eu percebi que eu estava indo fazer a coisa mais errada. Eu precisava era ver Diana. Tinha que vê-la, tinha que olhar para ela e ver se o que eu sentia por ela era ainda forte e se ela sentia ainda alguma coisa para mim. Não conseguia tirar ela da minha cabeça e eu ficava me perguntando se isso seria possível alguma vez nada vida.

Sabia que ela iria estar no apartamento de Clark e então fui para lá, na esperança de que ela estivesse em casa sozinha. Quando cheguei tudo estava em silencio, mas logo depois ouvi um barulho vindo do banheiro e imaginei que seria ela cuidando da filha. Esperei pacientemente até que ela aparecesse e quando ela apareceu... Deus, eu me segurei para não ir beijá-la.

E agora eu estou aqui, magoado, ferido e puto da vida, beijando a mulher que eu mais amei e amo na vida, mesmo que ela seja a razão do meu coração estar partido.

Termino de beijar Diana e vejo que ela não está entendendo mais nada.

– Preciso ir. – digo me virando.

– Não vá. – diz ela puxando o meu braço.

Tudo o que eu mais queria era ficar com ela nesse momento, mas não podia. Acho que nunca poderia.

– Eu tenho. – digo.

– Tenho que te mostrar uma coisa. – diz ela me puxando pelo corredor, até pararmos no quarto que sua filha estava.

Ela entra no quarto, vai até o armário e pega seu laço. O que ela estava aprontando?

– O que é isso Diana? – pergunto sem entender.

– Você disse que não acreditava mais em mim. E com o meu laço talvez você possa acreditar no que eu tenho para te dizer. – ela diz andando em minha direção e me entregando a ponta do laço. Ela bota em volta dela e me olha.

– O que você quer que eu pergunte? – pergunto.

– O que vier na sua cabeça. – diz ela sorrindo.

– Você me traiu com o Clark? – pergunto.

O laço começou a ficar iluminado e ela responde.

– Não.

Fico aliviado e me sentindo o cara mais estupido do mundo.

– Pergunta mais. Pergunte o que aconteceu comigo durante esse tempo. – ela disse docemente.

– O que... aconteceu com você durante esse tempo todo? – pergunto.

– Coringa quase me matou, J’oon me levou para minha mãe para que os Deuses pudessem me salvar e salvar a nossa filha. E eles conseguiram. Só que eu tive que perder a memória e não me lembrava de nada até ontem. Clark me trouxe para cá para que eu pudesse te fazer melhor, para que você ficasse bem consigo mesmo. Ele trouxe eu e Gaia para cá, para você. – diz ela em transe.

Solto o laço e a olho perplexo. Eu tinha escutado direito? Tudo aquilo não se passava de mal entendido e aquela linda garotinha era minha filha? Eu precisava me sentar.

– Bruce você está bem? – pergunta Diana preocupada. Gaia estava em pé do seu lado, segurando a sua perna.

Puxo Diana para um abraço apertado e choro. Choro por tudo o que já aconteceu com a gente e por ela estar aqui na minha frente, com a nossa filha. Olho para ela e a beijo. Diana emocionada, pega Gaia do chão e a segura no colo.

– Gaia, conheça o seu pai. – diz ela a nossa filha.

Gaia olha para mim e sorri. Seus olhinhos azuis brilham olhando para mim e eu me sinto o cara mais sortudo do mundo.

– Papai! – diz ela feliz e se joga nos meus braços.

Emocionado a abraço e puxo Diana para mais perto de mim.

– Eu amo vocês. – digo.

Pela primeira vez nesses dois últimos anos, sinto que minha vida finalmente volta a ter luz.

Continua....