Topo do mundo

Luz do infindo




POV Rose

Nada faz sentido. Essa é a frase que está definida a minha linda e maravilhosa vida. Bem que Alana disse que quando se entra na adolescência essa é a primeira regra dela e da vida: Nada faz sentido! E eu acho que vou virar uma super-heroína, pois é. Eu to louca!Eu to louca! Eu to louca! Devo ser a única demente que toparia fazer isso, mas quer saber, dane-se universo. Eu vou fazer isso, melhor, vou honrar o titulo que me foi dado... Por um moleque de 15 anos que quase matou alguém. Eu paro e penso, sou totalmente sem noção. Eu fiquei sem reação, mas quer saber, eu já vi piores, eu faria pior. É claro que como vou tratar o Hiro não vai mudar, mas, sei lá. Algo dentro de mim diz que posso sim confiar nele, mas outra parte diz o oposto. E essa parte que eu não ligo, ele é uma boa pessoa e uma ótima companhia. Minha vida depende, eu querendo ou não, dele e dos meus amigos. Não acho que eu sirva pra salva a cidade, mas agora é a minha missão. Uma grande missão!

E como tais, amam me acorda cedo. Pois é, eu não mereço!

–Rose, Rô, acorda. -ouvi alguém me chamar de um jeito bem calmo. Mas me cutucando, eu não gosto que me cutuquem! É uma doença, eu não gosto de jeito nenhum!

–Me deixa dormir mais 5 minutos. - eu respondi sonolenta, colocando o travesseiro na minha cara.

–Tá, você pediu. -a pessoa saiu fazendo barulho.

–Ahã, certo. – respondi. Dormia feito um anjinho. Até alguém trazer uma buzina e buzinar no me pé do ouvido. Dei um “pulo de gato” e soltei um “AHHHHHH” bem alto, não era de medo era de pavor mesmo. Coloquei a mão em meu peito, que susto! Consegui ver o autor daquela palhaçada rindo da minha cara até cair no chão. Sem um pingo de remorso! Eu mato ele!

–Hiro, seu idiota! Quase me mata do coração!Tá feliz?!-Dei uma travesserada nele. Eu comecei a rir depois, admito foi engraçado, mas vai ter uma revanche.

–Dorminhoca, os heróis acordam cedo pra sua informação. -ele rebateu ainda rindo.

–Onde está todo mundo?-indaguei vendo o local vazio, fora eu, ele e o Baymax.

–Estão lá embaixo, você foi à última a acordar. -ele respondeu me devolvendo a travesserada.

–Mas também eu tava moída de ontem, você quase quebra meu pé. -disse irônica.

–E você o meu. -disse ele.

–Então como a notícia está pra você?-ele perguntou acanhado.

–Tranquilo. Eu já vi piores, eu faria pior. -respondi. Eu ia sair, mas a porta estava emperrada, eu tente, tentei, mas nada. Comecei a suar frio. Eu não estava me sentido bem.

–Seus batimentos estão agitados, está entrando em pânico. -Baymax me falou preocupado.

–Rose calma, a porta deve ter emperrado de novo. O que você tem com lugares fechados?-ele me fitou preocupado.

–E que eu não suporto lugares trancados. -falei nervosa. Eu já estava me tremendo todinha. Eu realmente não suporto lugares trancados. É trancado, não fechado, é diferente.

–Calma. Baymax chute. - Baymax chutou a porta e abriu. Por incrível que pareça a porta não quebrou, só saiu uma pouco do lugar.

–Obrigada, mas não tinha necessidade de quase quebra a porta do seu quarto. -eu agradeci. Dei um abraço no Baymax. Eles desceram e eu fui me trocar. Coloquei uma blusa lilás com algumas flores, uma saia preta, uma sapatilha com fivela também lilás e uma tiara da mesma cor. Eles são ótimos amigos. Nunca me senti tão bem acolhida quantos esses últimos dias. Um largo sorriso se formou em minha face. Eu me sentia feliz; muito feliz com novos amigos, porém sinto falta da Alana. Desci pelo corrimão. Cheguei lá embaixo.

–Bom-dia. -todos disseram em um uníssono.

–Bom-dia. – respondi sendo simpática.

–Dormiu bastante em?-Gogo falou engraçada.

–Pra caramba. -disse me espreguiçando.

Tomamos café como sempre, sanduiches e café, e formos à garagem. Hiro pegou o pen drive do bolso.

–Todos prontos?-ele perguntou. Assentimos com a cabeça. Nervosos, mas confiantes.

Ele plugou no computador e esperou carregar. Em seguida foram aparecendo vários arquivos antigos, mais ou menos 10 anos, carregou 100%. E... Estávamos confusos. Isso mesmo. Confusos!

–O que é isso?- Gogo perguntou apontando para as múltiplas pastas que pairavam no ar.

–O que Callaghan quer. Só não sei exatamente o que significa. -Hiro respondeu coçando a cabeça.

–Tem vários arquivos aqui. -Wasabi falou. -E como está desorganizado.

–Vamos procurar então. -Honey disse. As telas eram holográficas e flutuavam no ar. O que nos ajudaria a manipular facilmente.

***

Procurávamos e como cansava. Tudo a mesma coisa, tenho a leve impressão (vejam total absoluta certeza astronômica) que o Hiro baixou o histórico todo. Meus amigos estavam exaustos, mas continuavam. Permanecíamos espalhados por toda garagem. A gente mal se falava de tão concentrados. Nos não tínhamos ideia do que achar mesmo. Eram muitas coisas antigas, mas nada que Callaghan realmente usaria. Estávamos sem sorte. O povo azarado!

–Então está se sentindo melhor?-Hiro perguntou do outro lado da garagem.

–Sim, obrigada pela preocupação. -disse não tirando os olhos do que procurava. Não sei exatamente o que, mas sei lá... Algo relevante.

–Rô por que você não suporta lugares trancados? E aproveitando a pergunta, to curioso. Como descobriu que você era um prodígio? Sabe achar outro prodígio é bem raro, ainda mais da minha idade, e eu queria saber. -ele perguntou tirando a tela da minha frente, já na minha dianteira, me deixando cara a cara dos seus olhos cor de avelã. Ele ficava me encarando como quisesse ver minha alma. Você ainda acha que ele tá curioso senhor. Óbvio? Eu tenho um palpite: Sim!

–Você está certo, como é curioso. -falei olhando pra ele de forma sarcástica.

–Vai conta. Eu descobri quando meu irmão tava fazendo um trabalho de robótica, e eu com três anos, montei o robô em minutos, ele chamou minha tia e ficaram olhando o robô que eu fiz. E como você descobriu?-ele inquiriu de novo sentando ao meu lado com o Baymax.

–Bom eu sempre fui fascinada pela natureza e acabei descobrindo quando eu estava no laboratório com meus pais e bem eu... Acabei fazendo uma fórmula que quase destruiu o laboratório inteiro. -eu disse rindo na minha fala.

–Sua maluca! Você destruiu o laboratório intero?!-ele falou surpreso.

–Eu disse quase, mas enfim. Foi um jeito muito doido de se descobrir, com o tempo fui me aperfeiçoando e descobrir que era um prodígio, com cinco anos, já sabia memorizar fórmulas químicas e físicas, que deveria aprender com a idade de uma pessoa adulta, 25 anos. Eu sabia manipular as estruturas físicas de material orgânico, mexendo no seu DNA. Foi muito legal, saber do que eu sou capaz. -disse refletindo.

Foi aí que nos três vimos algo relevante no meio de tudo.

–De acordo com os dados, isso é importante, e com o histórico do tempo, foi à última coisa que Callaghan procurou no computador. -Baymax disse, ele também estava procurando com a gente e rastreando as datas, parece que deu certo. Levantamos imediatamente e chegamos mais perto do arquivo.

–Pessoal. -Hiro chamou a galera com uma voz firme de um líder. Todos se ergueram e chegaram mais perto. Ele fechou todos os arquivos e nos concentramos, só naquele. Ele abriu amplamente e podemos ver os documentos.

–Projeto luz do infindo... Eu não acredito. -Ele leu perplexo.

Nós gelamos instantaneamente. Luz do infindo é simplesmente um dos projetos mais poderosos realizados em São Fransokyo. Dizem que o Krei antes dos teletransporte queria uma fonte alternativa de energia, uma que não gerasse tanto gasto. Aqui na terra não existia ele falava, queria algo mais além do que conhecíamos. Como todos sabiam; a energia mais poderosa do universo e a que irradia das estrelas, mas não dá pra pegar estrelas. Ele tentou refazer essa energia em laboratório, contudo as chances de sucesso era quase 0%, ele nem quis saber. A energia se desestabilizou, e dizem que alguém foi atingido e o experimento, vedado. A historia vazou pro jornais, TV, internet etc. O local do experimento nunca foi revelado por motivos de segurança. A tal luz, dizem que ela nunca saiu do lugar. A pessoa tá viva; se é o que querem saber.

–Luz do infindo, esse maluco quer a luz do infinito. -Hiro esbravejou.

–É impossível! O experimento não existe mais. -Fred proferiu observando o arquivo.

–Pelo jeito, ainda existi pra ele ir atrás. -Hiro replicou andando de um lado pro outro.

–Não pode ser isso. – Gogo disse totalmente incrédula.

–Gogo está certa, o local está perdido há anos. -Honey apoiou a mesma.

–E verdade. E supondo que existisse a localização dele, ele nem saberia onde fica. -Wasabi respondeu.

–A não ser... -eu falei refletindo.

–A não ser o quê?-Hiro me perguntou com um olhar de “o que você sabe?”.

–Vocês conhecem a historia da luz do infindo era matéria instável, ele nunca foi tirado do laboratório feito porque era extremamente perigoso. -eu arrazoei com a mão no queixo.

–E foi selado no laboratório por DNA; dos cientistas chefes responsáveis, sabemos disso. -Hiro continuou rolando os olhos.

–E aí que ela nunca saiu de lá, se ele achar as coordenadas do local ele vai consegui pegá-la. -disse.

–Verdade. Mas, onde ela fica ninguém sabe. As pessoas do experimento já estão bem longe daqui pelo governo. E as que ficaram guardam as informações com a própria vida. E não dar pra pegá-la assim as energia das estrelas e uma temperatura altíssima, ele iria se queimar. -Hiro disse.

–Mas ela é matéria biológica, não uma máquina. Mesmo que fosse encontrada, não seria fácil transportar, porém ela pode ser levada por uma máquina, não obrigatoriamente matéria viva. O que de certa forma séria fácil. -Raciocinei com todos.

–Gente, temos que nos preparar, não sabemos exatamente o que nos aguarda. -Hiro falou sério.

Eles vão treinar, eu deveria, mas nem tenho armadura ou experiência. E a pergunta que não sai da minha cabeça: Será que vamos sair vivos dessa confusão toda?

***

Seguimos a casa do Fred que eu descobrir sendo o local de encontros/reuniões deles. Como era grande e os pais do Fred eram meio... “Ausentes”, não tinham riscos de serem descobertos. Eles foram ao jardim, vieram com as armaduras escondidas nas mochilas que trouxeram. Estavam treinando, mas eu não quis ir junto. Eu me sentia incomodada, sei lá, só não queria ir até ali.

Eu me encontrava em um local um pouco longe do jardim, queria refletir. Era um lugar cheio de rosas, margaridas, gerânios, goivos. Eu estava abraçada aos joelhos, o recinto dava para velos treinando. Eram grandes super-heróis, não é pra menos. Treinavam bem duro. Eu não quis ver bem de perto, porém não resisti a minha do que Fred e Wasabi chamariam “curiosidade de civil” e fiquei vendo de longe. Mas quando se tem amigos, principalmente se um deles é um robô enfermeiro, e você está sozinha com eles por perto, eles vão querem saber o porquê de você está assim.

–Olá Rose. -Baymax se dirigiu a mim.

–Oi Baymax. -respondi. Ele tava com armadura. Mas não deixava de ser fofo.

–Meus sensores detectam níveis de tristeza baixa. O que incomoda você?-o mesmo me perguntou.

–E que Baymax... Eu tenho medo! Eu não sirvo de ser super-heroína, não sei como reagir. Eu estou insegura, a minha vida inteira eu nunca pensei em ter uma responsabilidade tão grande! Mas o que mais me dar medo é perder vocês. Eu não posso, não vou conviver com a ideia que um de vocês se foi, e eu não fiz nada pra impedir. Não sirvo, esse é o fato, só uma nerd. -eu disse. Senti-me meio estranha de está desabafando com um robô enfermeiro, mas tudo tem uma primeira vez.

–Rô,você pelo contrario que pensa, serve mais do que pensa. –ela sentou perto de mim – no dia da fábrica, você demonstrou qualidades excepcionais, assim como habilidades incríveis e salvou meu melhor amigo. É mais importante do que imagina. -ele me disse. Eu dei um abraço nele, como é fofo mesmo de armadura.

–Obrigado Baymax, você sempre sabe o que falar. –respondi ternamente pra ele.

–De nada, e eu prefiro você sorrindo. Fica melhor e mais bonitinha. -Ele me disse. Eu soltei uma gargalhada, agora entendo porque o Hiro se apegou tanto a ele.

–Assim é melhor. -Ele continuou. Continuei a olhar o horizonte, gosto de ver o pôr-do-sol e muito lindo e ajuda a descontrair. Até o Baymax me fazer uma pergunta um tanto... Curiosa:

–Rose, de onde surgiu a ideia do seu nome?-ele perguntou.

–Poxa! Bem, pouca gente me pergunta isso, bom... A minha mãe gostava de flores, em especial a Rosa, e quando soube que ia me ter ela fez isso em homenagem a flor e de certa forma a mim. –respondi, perguntarem isso era bem incomum. Como disse entre amigos tudo se reparar e lá vem o dono desse robozinho inflável.

–Oi Baymax. Rô, eu tava te procurando achei que tivesse se perdido dentro da casa do Fred. -ele falou sarcasticamente.

–Não, eu estou super bem localizada. –respondi da mesma forma. Ele estava com armadura índigo dele ainda, porém com o capacete debaixo do braço. Admito, até que a armadura cai bem. E já a pertencente a mim iria ser parecida com a da Honey. Eu gosto do estilo.

–Então já pensou na sua arma, vai ter que aprender a se defender. -ele disse já perto do Baymax.

–Na verdade, sim. Um arco e flecha. –respondi me levantando.

–Ótima escolha e acho que até já tenho projeto da sua arma em mente. -Ele falou. Peguei um chocolate do bolso, sim eu sou chocólatra assumida, e comecei a comer. Gente a senhora Cass tem que me dar à receita desses doces, são divinamente perfeitos, eu amo comer chocolate pra caramba, amo! O Hiro ficou me encarando. Sei lá era um “encarar” que tava me dando nos nervos. Tava me deixando inquieta por algum motivo.

–Que foi? Nunca me viu comendo chocolate?- eu perguntei.

–Já, é que você como isso rápido demais. –Ele falou sarcástico.

–Escaneando. -Baymax falou me analisando.

–Produção elevada de serotonina, caracterizado pelo prazer no chocolate. Diagnóstico: presença de vicio em chocolate, ou seja, chocólatra. -ele falou levantando o dedo em forma de explicação.

–Acertou na mosca. -eu falei devorando o chocolate.

–Sua tia tem que me dar à receita desses doces. –falei saboreando aquela maravilha divina.

–Boa sorte, ela não diz pra ninguém, nem pra mim. -ele respondeu ironicamente.

–Sem o capacete fica mais fácil te reconhecer. -proferi apontando ao mesmo.

–Por isso eu uso ele. -falou com um sorriso torto.

–Por que você tem esse espaço entre os dentes?-falei apontando para os dentes dele.

–Eu nasci assim, é meio difícil explicar. –ele esclareceu.

–È legal, eu gostei. –admiti encarando o chão.

–Obrigado, eu acho. -falou rindo um pouco. Comecei a rir.

Ele foi se trocar dentro da casa do Fred. Eu fiquei falando com a galera. Eu pedi para me mostrarem as armas, então eles se entreolharam e decidiram que queriam esperam o Hiro se trocar. O Baymax tirou a armadura e ficou indo atrás de uma borboleta. Sério, muito fofo! Hiro voltou, com suas roupas habituais. Eu pedi pra ver as armas do pessoal:

–Por favor, eu nunca vi vocês em batalha. -eu quase implorei com uma cara pidona - Bem não necessariamente no meio da batalha, mas vocês me entenderam!-completei.

–Certo, mas sem drama. -ele falou com um ar de deboche. E foi irado; a Honey com as bolas químicas, Wasabi com as laminas, Fred com fogo (ele cospe fogo, um perigo, mas legal), Gogo e os discos megalev. Eu estava vendo tudo de uma “distância segura”.

–Certo muito legal, porém temos que ir. -Hiro se pronunciou.

Voltamos pra casa e ficamos o resto do dia pesquisando sobre a luz do infindo.

***

Estava tarde e formos dormir. Eu troquei de pijama. Optei por uma blusa rosa, também com mangas, gola arredondada e uma calça branca. Cabelo solto, como sempre. Estava observando as estrelas (de novo), ouvindo música no meu celular com fones de ouvido, eram what you did in the dark, i am wrong, make a party don't stop, etc. Realmente gosto de fazer isso. E lá vem a Honey.

–Oi. –ela falou se aproximando. Desliguei o som.

–Oi. –respondi a ela. Chegou mais perto até fica no meu lado.

–Sua vida deve está muito louca. E essa confusão toda acabou que testou você em todos os sentidos. -disse.

–Muito, mas se acostuma né. Vocês são legais, uma nova família. -confidenciei voltando a olhar o céu. Eu sempre vou fazer isso enquanto eu estiver viva.

–Por que toda noite eu te pega olhando o céu, Rô?-Ela perguntou.

–Eu olho sempre, até quando morrer; quero passar por isso observando as estrelas. –respondi fitando as mesmas.

–Isso que eu chamo “amar” o céu. –Ela falou em tom de deboche.

–Eu que o diga. -disse rindo mexendo em uma mecha dos meus cabelos ondulados.

Ela voltou pro quarto e eu também, todo mundo já tinham adormecido. Ia dormir, mas estava com sede e desci pra beber água. Quando abri a porta da cozinha, só pra constar que foi com força, acabei acertando alguém. E pelo grito de dor foi bem em cheio. E quando vi quem era; minha preocupação mudou pra vontade de ri, na verdade eu rir mesmo. Como não houvesse amanhã. Eu disse que ia ter revanche, apesar de acidental, foi revanche!

–Ai meu Deus! Hiro você tá bem?-perguntei abafando o riso ajudando-o a levantar.

–Ai! Me acertou bem em cheio, que mira em?-ele disse massageando o nariz.

–Ouvi uma interjeição de dor. Hiro qual sua queixa?-era Baymax que tinha saído do quarto por causa do grito.

–Alguém me acertou com uma porta. -ele disse dando ênfase em “alguém”.

–Você apresenta ferimentos leves no nariz, uma bolsa de gelo resolve. -ele proferiu. Fiquei aliviada por não ter quebrado o nariz dele. Peguei uma no congelador da cozinha e meu copo d´água. Entreguei o gelo e bebi minha água, depois fui ver como ele estava.

–Você está melhor?-perguntei.

–Com dor no nariz, mas bem. -ele respondeu pondo a mão no nariz, após tirar a bolsa de gelo.

–Me desculpe, não vi você. Mas o que estava fazendo a essa hora da noite?-inquiri desconfiada.

–Eu não consigo mentir pra você, nem pra ninguém, enfim... Eu tava vendo sobre a luz do infindo. Algo não se encaixa, por que o Callaghan vai atrás de uma coisa que foi selado por DNA por pessoas que ele nem conhece?-ele confessou com a bolsa de gelo no nariz, tirando em seguida. Baymax e eu estávamos cuidando dele, nos três sentados no chão. Baymax fazendo uma observação e eu também.

–Hiro, o Callaghan é um mente que nenhum de nós, conseguimos entender. Porque é o oposto da nossa. Eu não posso tá tanto tempo na equipe quanto um de vocês, mas o fato é que o que estamos lutando, é meio fora da nossa compreensão. -tinha que colocar juízo naquela cabeça dele. Como eu vou fazer isso? Esse é o X da questão. O fato é que eu não posso mudar a maneira dele observa as coisas ao redor, e o professor causou muito traumas pra ele e no final... Nunca vou entender plenamente o que ele sente em relação a tudo isso.

–Eu já estou melhor, obrigado vocês dois. -ele respondeu dando um sorriso que mostrou novamente os espaços entre os seus dentes, e pra ser honesta, até que era uma gracinha.

Eu voltei a encarar as estrelas na janela da cozinha, é sério, às vezes me pego fazendo isso do nada, é um vício. Entro em um completo transe, estranho... Com certeza, mas eu só gosto.

–São lindas né?-ele comentou ao meu lado na janela.

–Muito. -falei olhando fixamente pro alto. -respondi.

–São ótimas para ver essa hora no céu. –falou.

–Você já foi lá pro céu há essa hora?-perguntei surpresa.

–Patrulha noturna. -ele respondeu virando a cabeça pro lado.

–Muito legal, deve ser incrível. –Disse colocando as duas mãos em volta do rosto.

–Eu poderia levar você pra ver algum dia. –ele me falou um pouco entusiasmado.

–Onde exatamente? Balão de ar quente?-inquiri irônica.

–Em cima do Baymax. -que eu percebi agora que estava no nosso lado. Eu senti que ia vacilar no que iria falar.

–Obrigada, São Fransokyo deve ser linda de cima, mas eu prefiro ficar no chão. -falei hesitante, eu não gosto de altura, mas até queria sim vera cidade de cima. Ele ficou meio triste depois da resposta.

–Mas, um dia quem sabe. -tentei não fazer ele se sentir tão mal.

–Certo. -seu semblante melhorou.

Eu soltei um bocejo bem alto, era 11h00horas, estava muito tarde. E tava meio sonolenta.

–Eu acho que tá na hora de dormir. -ele falou.

–Também acho. -falai me espreguiçando passando a mão na nuca em seguida.

Subimos as escadas e praticamente me joguei na cama. Quando alguém (vejam bem grande Hiro) queria puxar conversa a essa hora da noite.

–Então você não gosta de voar?- ele inquiriu curioso.

–Sem ofensas... Mas não. -respondi com uma cara “me deixa dormir”.

–Que pena a vista é linda. –ele disse. Ele ficou me encarando nos olhos, eu me senti meio incomodada, e que não gosto de ninguém me encarando é estranho.

–Pois é. - falei me virando pra dormir me cobrindo com o lençol. Eu sinto pena que ele e a galera têm que levar “o mundo” nas costas. E é mais ele, já que é o líder.

Ia dormir, mas:

–Ai droga! Droga, droga!-eu falei me levantando de uma vez, quase correndo.

–O que foi?-Hiro me perguntou confuso saindo da cama.

–Meu celular, eu esqueci meu celular lá embaixo. Eu preciso ir pegar. -só que tinha um pequeno e lindo problema, a senhora Cass estava dormindo e o corredor que vai a cozinha passa pela porta dela, e tá um breu, do jeito que sou desastrada, vou derrubar a casa inteira. Não dá pra acender a luz, vai acordar todo mundo.

–Olha vai: eu, você e o Baymax pegar certo. -ele disse susurando- Vai ser operação “silêncio da noite” falô?-terminou de dizer.

Andamos nas pontas dos pés, passamos pelo quarto da senhora Cass ilesos (Por muito pouco), estava roncando com o Monchi ao lado da cama, deve estar exausta, trabalhou o dia todo, deve ser difícil educar esse cabeça-dura sozinha. E finalmente chegamos à cozinha, suando de tanto nervosismo.

–Onde está o aparelho telefônico?-Baymax perguntou escaneando o local.

–Eu não lembro. - falei coçando a cabeça.

–Que ótimo. -Hiro falou sarcástico.

Depois de umas buscas, achamos! Finalmente! Mas eu sou; como disse desastrada, eu quase ponho a “missão” a perder. Em frente do quarto da senhora Cass, perto do primeiro degrau, nem vi direito, só sei que pisei em alguma coisa, e ia caindo, de novo, é. Eu tenho que treinar equilíbrio. Mas, pela mais pura sorte, cai em cima do baymax amortecendo a queda. Levantei minha cabeça e vi os “olhos” daquele robozinho piscando.

–Cuidado, um queda dessas pode causar ferimentos na coluna. -Ele falou. Eu soltei uma risada. Ele estendeu um das mãos e me ajudou a me levantar, me rodopiando no processo, o que me deixou meio tonta. Mas, é uma gracinha. Eu amo esse robô!

–Desculpe interromper esse momento tão bonito, mas a minha tia pode acordar. -ele disse sarcástico.

–Certo, vamos. -subimos na escada. Chegamos sem acordar ninguém uhu! Guardei o celular e me joguei na cama em seguida.

Estou só o pó. –pensei sozinha olhando pro Baymax.

–Ok. Agora podemos dormir; certo?-Hiro perguntou com sua voz carregada de sarcasmo e sono.

–Sim, senhor. Óbvio. –disse do mesmo modo. Parei pra pensar e disse:

–Ei – eu chamei sua atenção- Não precisava ter “ariscado” sua pele pra me ajudar, mas, obrigado por ter feito isso. -Eu agradeci, até porque se fôssemos pegos teríamos vários problemas.

–De nada, afinal que espécie de super-herói eu seria se não te ajudasse. -ele respondeu, olhando pra mim de cabeça pra baixo, eu comecei rir.

–O que foi?-ele perguntou confuso. E que ele dome pro lado da parede, já que os colchonetes ficam no lado oposto, ele teve que ficar de cabeça pra baixo pra falar comigo.

–Hiro fica direito. Não dá pra te levar a sério assim. -continuei a rir.

–Que tal assim. -ele sentou no meu lado junto com o Baymax. Ficamos em frente da janela. Nos três, e muito bom se sentir entre amigos.

–Elas são mais bonitas de perto. -ele falou olhando pra mim.

–Eu não vou, já disse. Não gosto de altura. –retruquei abraçando os joelhos. Estava exausta e morrendo de sono. Tanto que parei de conversa e só apoiei a cabeça no ombro do Hiro e fiquei admirando o céu com meus olhos entreabertos. E ele fez a mesma coisa se apoiando na minha cabeça. E o Baymax também, mas no ombro do Hiro e ficamos assim. Porém, estávamos muito cansados e o Baymax ficando sem bateria sem bateria.

–Acho que agora devemos dormir. -ele falou com um sorriso estampado no rosto. Ele ajudou o Baymax entra na caixinha e em seguida foi pra cama e eu fui ao meu colchonete. Só lembrei-me de uma canção de ninar que minha mãe cantava pra mim, que eu sei de cór:

Fleur d'or aux pétales
Répands ta magie
Inverses Le Temps
apporte Mon
sommeil min
Guéris Les Blessures
faire Mon rêve
apporter le sommeil ja a play
moi
Ce qu'il M'a Pris
Rends Ce qu'il Pris de Bill

***

Gente! Friendzone aí total né. As coisas estão ficando iradas, tretas futuras, estão vindo. Eu prevejo, muitas.