PROLOGUE — POLAROID

"How did we come to this?

Love is a polaroid

Better in picture

But never can fill the void"

— X — X — X —

— Papá! — Steve Rogers disse para o garotinho à sua frente, na intenção de que ela o imitasse — Pá-pá!

O pequeno menino bateu palmas, rindo. Seus olhos azuis estavam calmos e serenos quando sua mãe correu a mão pelos seus cabelos loiros, rindo.

— Ela não vai falar tão cedo, Steve — Natasha disse, tirando um pedaço de papel que acabara na cabeça dele, e o Capitão revirou os olhos.

— Eu falei com nove meses — deu de ombros Peter Parker, do outro lado da sala. Ele estava de pé do lado de um berço, e falava estranhamente baixo.

— E nunca mais parou — devolveu Bruce Banner, despreocupado, para a diversão dos outros.

— Mas, Tasha, James já tem dois anos! — disse Clint Barton, sentando-se ao lado da amiga, uma garotinha morena em seu colo. A menininha, Katherine, observava tudo à sua volta, maravilhada — Eu estaria preocupado se, com essa idade, Kat não falasse nada.

— Vê, Natasha? Clint me entende — Steve disse, finalmente colocando o filho no chão — Já era pra James estar falando alguma coisa, não?

— Talvez Natasha admitiu, ajeitando o filho em seu colo. James agora balançava as duas mãos, olhando para a mãe com alegria — Eu posso tentar ensiná-lo, se deixar.

— O que exatamente está insinuando? — o Capitão arqueou uma sobrancelha para a esposa, que deu uma risadinha.

— Nada, Steve, querido — a Viúva devolveu, os dedos nas mãos de James — Nada.

— Como vocês ousam se reunir aqui, na minha casa, sem minha presença? — Tony Stark disse, alto, entrando na sala ampla — Aposto que estavam falando sobre como essa sala fica triste sem m —

— Fale baixo, Stark — Peter devolveu, ríspido. Katherine pulou do colo do pai e correu até o lado de Peter, na intenção de ver o motivo (ou os motivos, nesse caso) de sua seriedade — Os gêmeos acabaram de pegar no sono.

— Gêmeos, Peter?- —Tony devolveu, se aproximando do Homem-Aranha também — Os meus ou os seus?

Katherine se inclinou um pouco mais sobre a grade, conseguindo ver duas cabeças ruivas. Lençóis subiam e desciam, acompanhando a respiração dos bebês neles envolvidos.

— Os meus, é claro — Peter disse, sorrindo ternamente — Os seus garotos nunca dormem, Tony.

— É o que Pepper diz o tempo todo — Natasha disse, brincando com o nariz de James — Me disse que está pensando em contratar uma babá.

— Qualquer babá enlouqueceria com os gêmeos Potts-Stark — considerou Clint.

— Ah, não falem assim — Bruce saiu do microscópio em que se encontrava e encostou numa bancada — Owen é um garoto relativamente tranquilo. Mais Potts do que Stark, se querem saber.

— Está dizendo que —

— Que Howard é realmente atentado — completou Steve, sorrindo largamente.

— E olha que ele tem só tem dois anos — Natasha comentou — Mas, na minha opinião, ninguém ganha das crianças de Peter. Eles só tem pouco menos de um ano, e já causam problemas por aqui.

— Ei! Eu estou ouvindo, ok? — disse Peter, ainda do lado do berço. Com o seu grito, a garotinha ruiva acordou, chorando.

— Tio Pete acordou as criancinhas — Katherine disse, cobrindo as orelhas e olhando com curiosidade.

— Seu tio, Kat, é um grande bobo hipócrita — Clint disse para a filha, levantando uma sobrancelha.

— Cale a boca, Clint — ele devolveu, pegando a filha no colo — Calminha, May. Papai 'tá aqui.

Mas ela começou a chorar ainda mais alto. Katherine apertou as mãos nos ouvidos e saiu correndo de perto. Natasha, vendo a cena, colocou James no colo do marido, e andou até Peter.

— Me dá ela aqui, vai — ela estendeu as duas mãos para a bebê.

— Não mesmo, Natasha — Peter disse, firme, ainda ninando a garota — Desde quando você é uma mãezona?

— Ui. Mexeu na ferida — Tony comentou, recebendo uma cotovelada de Steve em seguida.

— Desde que eu tive um filho, Aranha — Natasha devolveu, cínica, e tomou o lençol para si — Agora, se me permite, vou fazer a sua filha voltar a dormir.

— M-mas — Peter tentou falar, mas uma nova entrada na sala o calou.

— Deixa ela, Pete — Carol Danvers sorriu para o amigo, um sorriso largo cobrindo seu rosto — Natasha é melhor com crianças do que aparenta.

— Ah, Carol — Peter falou, irônico — Como é que você sabe disso?

— Ué. Era ela quem tomava conta de Josh quando eu estava em missão e ela não — a Capitã Marvel sorriu, olhando para o garotinho louro em seu colo — Por acaso, alguma vez, Joshua foi mal-criado com vocês?

— Do contrário, Carol — disse Steve, ainda brincando com James — Joshua é realmente um garotinho muito esperto.

— Tio Steve! — Joshua, o garotinho louro, gritou, pulando do colo da mãe — Que saudade!

— Ei, Josh — Steve disse, abraçando o garotinho com um braço — Como vai, amigão?

— Eu vou bem — Josh respondeu, e olhou para James. O mais novo acenou, balbuciando um do-sh — James já está falando alguma coisa?

— Nada, nada — Steve balançou a cabeça a cabeça, e James olhou os dois com curiosidade.

— Não se preocupe, tio Steve. Ele vai falar, logo logo — Josh desceu do colo do tio, sorrindo. Olhou para os lados, então — Katherine está aqui, não é mesmo?

— Está, está sim — Natasha apareceu ao lado do louro, ainda ninando May Parker. A pequena havia se aquietado no colo dela, mas ainda fazia ruídos de sono — Agora, Josh, por que você não a procura em silêncio? May acordou, e está na hora de criançinhas da idade dela nanar.

— Pode deixar, tia Tasha — o garotinho bateu uma continência, e saiu correndo à procura da amiga.

— Ele está uma graça, Carol — Bruce disse.

— Ah, obrigada, Bruce — Carol devolveu, também se encostando na bancada — Eu faço o que posso, sabem como é.

— Será que vocês não calam a boca?- perguntou Natasha — Eu tenho uma ruiva desesperada no colo, e adoraria ver ela dormindo!

— Calma, Tasha. É só pedir — disse Clint, e a sala mergulhou no silêncio.

Uma garoa fina começou a cair, e May finalmente adormeceu. Eles voltaram a conversar rapidamente. Joshua e Katherine brincavam num canto, e James os observava maravilhado. As três crianças miravam o céu, enquanto Katherine contava uma história sobre heróis e vilões, até que um trovão ressoou. Kat correu para debaixo das pernas do pai, e James começou a chorar. Joshua abraçou o pequeno, na esperança que ele se aquietasse. Surgiu, na porta da sala, um homem alto e louro, acompanhado de uma pequena garota morena, que se agarrava à sua perna. Os Vingadores sorriram à seu colega de equipe.

— Thor e suas entradas grandiosas — Tony comentou, batendo na mão do amigo — Você assustou James e Katherine, sabia?

— Eles não foram os únicos — comentou a menina aos pés do deus, tropeçando um pouco na fala — Não gosto desse tipo de viagem, papai.

— Eu sei que não gosta, Alyss, querida — Thor se agachou, ficando da altura dela — Mas, entenda, gastaríamos horas de New Mexico até aqui.

— Eu prefiro — ela respondeu.

— Você é quem sabe, milady. Da próxima vez, faremos do seu jeito — ele disse, e apontou as outras crianças com a cabeça — Por que não vai ajudar Joshua a acalmar James?

— Depois de você tê-lo assustado? — ela olhou o pai com ar acusador — Posso tentar.

— Salve o dia, Alyss — ele bagunçou seus cabelos de leve antes de ela correr até os dois louros.

— Thor! — disse Natasha — Ela já fala horrores!

— Não, Natasha, ela só fala coisas boas — Thor respondeu.

— O que Natasha quis dizer é que ela já sabe falar muitas coisas — explicou Peter, com um ar de zombaria que Thor pareceu não identificar.

— Ah, claro. Sabe, sabe mesmo — Thor riu — É sábia para a idade dela.

— É, gente — suspirou Bruce — O tempo está passando rápido demais.

— Parece que era ontem que éramos jovens heróis, correndo por aí e salvando o mundo — Steve disse, se recostando na cadeira.

— Nós brigávamos por coisas tão idiotas — Tony notou.

— E olhe para todos nós agora — Clint disse — Velhos. Cada vez mais perto da aposentadoria. Com filhos.

— Quase me sinto excluído — brincou Bruce, e sentiu um tremor na mesa. Seu celular tocava. Ele estranhou, mas pegou o aparelho enquanto os outros riam — Betty? Ela nunca me liga quando sabe que estou aqui — ele levantou as sobrancelhas, e os amigos o olharam.

— Posso coloquei no monitor, Bruce? — perguntou Tony, apertando algum botão. Uma imagem de ID de chamada apareceu na enorme tela, mostrando uma bela mulher morena.

— Claro, Tony. Claro — ele riu pelo nariz, atendendo — Querida? Alô?

— Bruce? — perguntou uma voz feminina, ecoando na sala.

— Eu mesmo. Aliás, você está no viva-voz da sala dos Vingadores, na Torre Stark. Diga oi.

— Olá, pessoal — Betty disse, e Bruce percebeu que sua mulher estava nervosa.

— Algo de errado? — Bruce perguntou.

— Não exatamente errado... Mas diferente — Betty respondeu, e olhares de dúvida percorreram a sala.

— O que aconteceu, querida? — Bruce perguntou —Onde você está? Quer que eu vá te ver?

— Não, não é necessário — Betty disse, e Bruce largou as chaves de seu carro de volta na mesa — E não, nada aconteceu. Mas vai acontecer.

— Quando vai acontecer? O que é? — Bruce pareceu urgente.

— Não é o que, Bruce. É quem — Betty disse, e Bruce congelou.

— N-nós v-v-vamos...?

— Vamos, Bruce — Betty amaciou a voz — Vamos ter um bebê.

— Um bebê — Bruce repetiu, olhando para o nada, como se estivesse experimentando a palavra — Um bebê.

— É, Bruce — Betty voltou a falar, mas Bruce ainda mirava o nada. Seus amigos o olhavam, preocupados — Não é maravilhoso?

— E-eu... É, maravilhoso — ele sorriu, mas ainda parecia estranho — Tenho que desligar, Betty. Nos vemos mais tarde?

— Com certeza — Betty disse, e a linha ficou vaga.

— Um bebê — Bruce repetiu, sorrindo, enquanto Tony fazia uma piada sobre discos quebrados baixo. Natasha o cutucou com o cotovelo, sinalizando-lhe que ele deveria se calar — Eu vou ser pai.