Tomorrow Heroes — The Heirs of Avengers

Chapter I – On The Top Of The World


CHAPTER ONE – ON THE TOP OF THE WORLD

"Now take it in

But don't look down

'Cause I'm on the top of the world"

— X – X – X –

Esse é um dos melhores dias da minha vida.

Digo, foi ótimo quando fui à Disney pela primeira vez, ou quando meu pai e minha mãe me levaram na S.H.I.E.L.D. pela primeira vez, mas hoje está sendo excepcional. Acho que se compara ao dia em que minha mãe me deu minha primeira pistola (KMK-512, meu primeiro amor), e olha que eu amo minhas pistolas.

Ah, a pistola? Não se preocupe com isso. É claro que seria inaceitável que uma mãe normal desse uma arma de fogo para seu filho pré-adolescente, mas minha mãe funciona um pouco diferente das outras. Ela é a Viúva Negra, afinal de contas.

Voltando, o dia de hoje. Está sendo realmente incrível. Não, calma... Deixe-me começar do começo. Ah! Logo antes do momento em que Mayday quase me matou de susto, acho que é adequado.

Lá estava eu, acompanhado de Gabrielle Ward, Alyss Foster e Joshua Danvers. Pacificamente fazendo um pedido à meu grande e glorioso pai, Steve Rogers. Bom, não bem pedindo. Estávamos implorando a ele. De novo.

— Por favor, tio Steve — Alyss dizia, jogando toda a sua meiguice em meu pai. Ele a adorava, como o resto das pessoas que a conhecia. Ela conseguia encantar qualquer um com os olhos castanhos e o sorriso cativante, mas, depois de conhecê-la, não havia volta. Alyss era simplesmente uma das melhores pessoas do mundo. — É só um roubo de banco. Vocês precisam nos deixar tentar.

— Tentar o quê, Alyss? — meu pai perguntava, e, se eu não o conhecesse, mal poderia dizer que ele estava começando a perder sua paciência. É. Nós somos irritantes a esse ponto. — Não podemos deixar vocês "tentarem" proteger New York, se é isso que está pedindo.

— Vocês são só crianças — o pai de Gabrielle reforçava, e ela torcia o nariz.

— Mamãe tinha a idade de Josh — Gabrielle resmungou, irritada.

— Não, ela era mais velha — o Agente Ward negava, sem perder a calma. Acho que eu nunca o vira fora de si, em todos os meus dezoito anos — Nem um pouco mais responsável, mas mais velha. E você, Gabrielle, já sabe no que isso deu.

— Não podem nos proteger pra sempre — eu disse, cansado daquilo. Era insuportável como eles achavam que ainda éramos bebês. — Alguma hora, essa caixinha de cristal vai quebrar, e vamos ter que respirar o ar sem que vocês o filtrem.

— Podemos tentar, James — meu pai me olhou, severo, e eu senti que estava perto de cruzar uma linha que eu não deveria. Felizmente, uma outra presença me brecou.

— Tio Steve, ele está certo — Joshua colocou a mão no meu ombro, e eu sorri triunfante. Meu pai também era grande fã de Josh Danvers, outro de meus amigos. — Vocês terão que nos deixar sair, alguma hora

— Mas, Joshua, olhe para eles — meu pai nos apontou, e eu levantei minha sobrancelha com ceticismo. — James e Alyss têm dezoito anos, e Gabrielle, dezessete. São praticamente crianças.

— Já é muito, tio Steve — Joshua nos olhou, quase orgulhoso. Ele não parecia ser muito mais velho que eu (e, de fato, não era), com os cabelos loiros cortados curtos e a corrente do exército pendendo de seu pescoço, mas certamente tinha muito mais maturidade. — Se lembra de quando eles só tinham dois anos? Quando ficamos sabendo que Betty, Deus a tenha, estava grávida?

— Como esquecer aquele dia? — o Capitão sorriu, relutante. Ele não queria perder a posa, mas eu sabia tão bem quanto Josh que se lembrava com felicidade daquele dia — James disse sua primeira palavra.

— E qual foi?- Alyss sorriu, e eu segurei o impulso de revirar os olhos. Todo mundo tratava aquilo como algo muito maior do que realmente era.

Bebê — Josh riu. — Acho que ele ouviu tantas vezes a mesma coisa, que acabou pegando.

— Okay. Acho que deu de contar histórias de bebê do James, sim? — eu os interrompi, com raiva contida, e Alyss pressionou seus lábios para esconder um sorriso. — Foco, Josh.

— Ah, claro. Foco — o mais velho disse disse. — Como eu dizia, tio Steve, eles eram crianças naquela época. Quando tinha, um, dois, três anos. Olhe para eles agora!

— Continuam sendo crianções, se quer saber — Jane Foster comentou, passando atrás de meu pai.

— Mãe! — Alyss chamou-lhe a atenção. — De que lado você está?

— Só quero o seu bem, filha — Jane beijou a testa de minha amiga, que fez uma careta. — São crianças, não podem sair por aí e bancar os super heróis.

— Muito obrigado, Jane, por ser razoável — o pai de Gabi disse.

— Estão enganados! — eu quase gritei. — Crescemos! Somos quase adultos!

— Ainda bem que não usou a palavra errado — Gabi resmungou perto do meu ouvido. — Meu pai não gosta dela.

— Nem o meu — respondi, meneando a cabeça.

— James está certo — Josh retomou, e olhou para mim de relance. Seus olhos diziam algo do tipo "por favor não estrague tudo". — Não vão me ouvir repetir isso, mas eu concordo com James. Crescemos. Temos um comprometimento maior. Podem nos deixar tentar.

— Não, nós não podemos — Jemma Fitz-Simmons apareceu ao lado de Jane. — Vocês não estão preparados para o mundo lá fora.

— Claro que estamos, madrinha!- Gabi apelou para algo próximo à fofura, embora eu não visse nada demais ali.

— Não. Vocês acham que estão — Jemma replicou, calma. — Eu achei que estava. Achei que Leo estaria. Nós dois fomos para lá. Eu quase suicidei menos de um mês depois do início.

— Estava contaminada por um vírus alienígena que iria matar a todos num raio de um quilômetro — eu a olhei, meio cínico.

— Mesmo assim, James — Jemma devolveu, um pouco atordoada. — O Campo é pior do que vocês imaginam.

— Tenho certeza que, depois de todo esse tempo, estamos preparados para ele — Gabrielle disse, e eu concordei.

— Você não tem ideia do que vai enfrentar lá, filha — Grant falou, sombrio.

— Não, não tenho mesmo! — Gabi gritou, e eu quase me assustei. As oscilações de humor dela conseguiam ser bastante bruscas. — Sabe por quê? Porque vocês nunca nem sequer deixaram a gente tentar impedir um assalto como esse!

— Tenho que concordar com Gabi — Alyss disse, e Joshua assentiu. — Se nos deixassem tentar, só tentar, poderiam se surpreender.

— Vocês são só crianças — meu pai se pronunciou de novo, e um burburinho correu pelos adultos com ele. Revirei os olhos.

— Somos adolescentes. Quase adultos — eu devolvi. — Na verdade, adultos. Eu já posso fazer essa porcaria de decisão por mim mesmo, e vocês sabem disso.

— É verdade. Eu e Alyss também já respondemos por nós mesmos — Joshua cruzou os braços.

— Então, por que nos procuram?- Jane Foster perguntou.

— Por dois motivos simples — Alyss disse, falando antes que eu pudesse fazê-lo. Sabia que estragaria tudo de abrisse a boca, então deixei que ela continuasse — Motivo um: queremos a aprovação da SHIELD.

— Que já lhes foi negada há muito tempo — Grant observou, mas ela o ignorou.

— Motivo dois: Mesmo não tendo autoridade para isso, vocês vão tentar nos impedir — jogou Alyss, recebendo olhares atordoados. Desafiar o poder deles sobre nós era uma jogada perigosa, e só ela conseguia apaziguar os ânimos o suficiente para fazer isso.

— Somos os Vingadores, Alyss — meu pai falou, parecendo mais chateado do que severo subitamente. Eu o entendia. Era difícil ficar zangado com Alyss. — Temos autoridade sobre mais do que você imagina.

— É, mas não tem autoridade sobre uma pessoa — eu interrompi, mesmo sabendo que estava passando dos limites. Era agora ou nunca.

— E quem seria? — Grant pergunta, fulminante.

— O Diretor Fury — eu digo, simplesmente.

— Não seja infantil, meu filho — ele quase dá uma risadinha, relaxando a postura — O Diretor nunca deixaria vocês —

Você deve estar pensando: seu dia não está bom. Está uma bela merda, isso sim. Bom, eu também pensei nisso. Mas essa é a parte em que tudo começa a melhorar.

— Ei, gente! — May Parker apareceu na sala, gritando enquanto se pendurava em uma das vigas do telhado. Com o grito dela, Alyss se assustou, esbarrando em mim. Ela me olhou, pedindo desculpas, e eu sorri em um "sem problemas". — Herdeiros dos Vingadores em geral! E Fitz-Simmons e Ward, claro. Fury quer uma reunião conosco!

— O quê? — Gabi indagou, incrédula, e eu relanceei meu olhar para os pais ali presentes. Eles pareciam entre o embasbacado e o furioso — Fury? O figurão, em pessoa?

— Conhece algum outro, Gabrielle?— Ben Parker ironizou, entrando na sala (andando, graças à Deus, ou alguém teria um ataque. Pode-se dizer que ele era o mais sensato dos Parker, se é que isso existe). Gabi o fitou com seu melhor olhar eu-vou-te-matar-Weasley (sim, nós lemos Harry Potter. Grifinória na veia, aliás) e Ben limpou a garganta. — Sim, ele quer nos ver. Todos nós, incluindo nossos pais, agora. Vai aparecer no monitor em aproximadamente 3, 2, 1...

Dito e feito, a tela piscou e o Diretor da SHIELD apareceu.

— Boa tarde, Vingadores — ele disse, ao passo que nossos pais caminharam para seus lugares na mesa redonda e enorme ali. Eu e meus colegas ficamos de pé, sem saber o que fazer. Fury nunca queria nos ver. Na verdade, ele parecia odiar a todos nós, adolescentes baderneiros — Boa tarde, crianças.

— Diretor Fury? — o Gavião Arqueiro chamou — Não seria mais adequado que as crianças se ausentassem da sala enquanto dialogamos?

— Na verdade, Clint, essa reunião é sobre as "crianças" — Fury respondeu, fazendo a sinal de aspas na palavra "crianças". Meu respeito por ele duplicou só de ver aquilo. — Fui notificado que vocês estavam mais uma vez discutindo sobre a vontade delas de ir para o Campo depois do roubo àquele banco em New York.

— Se me permite, senhor, — meu pai levantou a voz, seu tom eternamente formal. Aí vem, pensei, — estávamos realmente discutindo sobre isso. Como pode ver, nenhum deles tam a maturidade necessária para o trabalho de Campo.

— Capitão, você sabe que valorizo sua opinião, mas devo discordar.- Fury disse, e arquejos incrédulos foram ouvidos. Eu olhei para a tela com uma cara embasbacada. O quê? Eles acabaram de dizer sim?

— O que quer dizer com isso, senhor? — Bruce Banner perguntou, meio incerto. Ele olhava para sua filha, Elizabeth. Ela era, sem dúvida, a mais delicada entre nós.

— Não é óbvio, verdão? — Tony Stark devolveu, irônico. Se voltou, então, para a tela, totalmente cínico. -Ele quer mandar nossos filhos para o Campo.

No momento em que meu tio completou a sua frase, vários dos Vingadores começaram a protestar. Frases como "não são maduros", "são apenas crianças" e "eles vão morrer" (quanta confiança) choviam pela sala. Meus amigos e eu somente observávamos, ainda sem entender direito. Como assim, nós vamos sair?

Fury limpou a garganta, e se fez silêncio.

— Não é tão simples assim, Tony — o Diretor voltou a falar, com cara de quem queria pegá-lo pelo pescoço de balançá-lo — Mas proponho que demos a eles uma chance. Eles recebem o treinamento desde que são bebês.

— Nenhum treinamento prepara para o que existe lá fora — Jemma voltou a dizer, preocupada. Leo Fitz-Simmons, seu marido, colocou as mãos em seus ombros.

— E é por isso que é chamado de treinamento, não campo, Simmons — Fury disse, um pouco mais macio. Jemma era outra daquelas com quem não se podia ficar estressado. — Entendam meu ponto, vamos. Além de terem tido um treinamento mais que adequado, eles são seus filhos. Tem desse heroísmo, dessa vontade de salvar o dia, no sangue deles. No DNA. Corre nas veias de cada um aqui. Eles são adolescentes hiperativos superdotados. Todos sabemos o que fazer com pessoas hiperativas superdotadas.

— Transformar elas em máquinas de matar? — perguntou Tony Stark, e eu pude sentir o ressentimento por minha mãe. Ele não quis machucá-la, eu sabia, mas podia ser sem papas demais.

— Transformar elas em máquinas de salvar o dia — Fury o corrigiu. — Todos os dias, milhares de agentes de carne e osso saem por aí, e realizam pequenas ações. Pequenas ações para salvar o dia. Não é isso o que eu vejo nessas crianças.

— O que é, então? — a Feiticeira Escarlate perguntou, parecendo calma, mas eu via o brilho vermelho emanando suavemente dela. Ela era um dos membros menos presentes dos Vingadores, então eu não saberia dizer se tinha filhos, mas ainda parecia preocupada.

— Futuramente? Se tiverem sucesso no Campo? — Fury perguntou retoricamente. — Eu vejo uma linha de frente. Uma equipe de reação. Uma equipe que possa ir parar em pôsteres, virar gibis, ter desenhos nas paredes das cidades. Bonecos de ação, entrevistas na TV. Numa síntese, eu vejo Novos Vingadores.

— Se me permite, Diretor, o senhor está exagerando — minha mãe falou, do nada. Ela não costumava dizer muito em reuniões mas, se dizia, normalmente estava certa.

— Planos para o futuro, Romanoff. Somente caso tudo proceda como o esperado — Fury tentou acalmá-la. — Eu sei, e vocês também sabem, que a maioria deles pode decidir isto por si mesmo. Mas, eu sinto que eles querem que vocês permitam que eles façam isso.

— Queremos — eu digo, saindo do choque. — Se me permite, senhor, é tudo o que mais queremos.

— Creio, então, que devamos ver caso por caso — o Diretor disse, ainda me olhando. — Comecemos dos mais novos. Senhorita Banner?

Eu e o resto da sala olhamos para Elizabeth. Eu fiquei com medo por ela. Lizzie sempre foi delicada e tranquila, assim como o pai. Pra falar a verdade, ela nunca viu seu Hulk interior. Eu a olhava verdadeiramente preocupado, mas ela sorriu.

— Pai? — ela perguntou, serena — O que o senhor acha?

— Eu não vou te segurar, Elizabeth — meu tio Bruce disse, mirando o chão — Você faz o que te fizer feliz. Mas já te aviso, é uma vida difícil.

— Não vou te decepcionar, pai — ela sorriu, abraçando-o. Então, piscou para Fury. — Estou dentro, Diretor.

— Ótimo, ótimo — ele disse, enquanto eu e meus colegas nos remexíamos desconfortáveis. — Os Parker?

Ele se virou para Ben e May, e um sorriso maroto brotou no rosto de ambos.

— Não perderíamos isso por nada — Ben disse, sorrindo para a irmã.

— Vai ser demais — May concordou, os olhos arregalados.

Ambos olharam para Peter Parker, atrás deles. Peter tinha uma expressão dura e meio incrédula no rosto. Os gêmeos pararam de sorrir, preocupados. O Homem-Aranha, então, riu alto.

— Qual é o problema, afinal de contas? — ele fez um muxoxo. — Desde que eles não se atrasem para o jantar, Mary Jane não vai se importar — brincou, e dois vultos ruivos se jogaram nele. Eu ri ao ver a queda do pai dos gêmeos, que gritavam coisas como "valeu, pai" ou "pai, eu te amo!".

— Vou considerar isso um sim — Fury deu de ombros, e nós rimos um pouco — Fitz-Simmons?

Logan Fitz-Simmons olhou para os pais, mas não houve guerra com o olhar. Como eles são três pessoas muito comunicativas, eles provavelmente já haviam discutido aquilo antes. Logan não era do tipo que gostava de armas. Na verdade, da última vez que ele pegou uma, Benjamin ficou desacordado por meia hora.

— Eu posso oferecer suporte técnico, daqui da base — Logan disse, por fim. Ele olhava para Gabi, como que dizendo "desculpa, você sabe que eu não sou bom com uma arma na mão", provavelmente porque foi ela quem o instruiu para usar armas e todo o mais. — Não sou do tipo que vai para o Campo.

— Você é quem sabe — Fury deu de ombros — Será um prazer ganhar mais um cientista. E você, Senhorita Ward-Johnson?

Gabrielle olhou para os pais, determinada. Ela, Daisy e Grant, sim, pareciam travar uma guerra com os olhares. Grant dizia não, definitivamente, Daisy dizia talvez, e Gabi implorava por um sim. Afinal, ela só tinha 17 anos. Precisava da autorização dos pais. Por fim, Daisy também olhou para o marido. Grant, então, olhou para meu pai. Eu não sabia se os dois eram próximos, mas Ward com certeza tinha-o como exemplo.

— Gabrielle pode ir — Grant disse, e Gabi sorriu. — Com uma condição: a de que James também vá.

— Capitão, Viúva? — o Diretor se virou para meus pais, que se encaravam. Realizei que, por pura conveniência, Fury pulara os gêmeos Stark e Alyss, todos mais novos que eu, mas não liguei muito. Estava tão ansioso mordi meu lábio a ponto de doer. — Como procedem?

— Por mim, James está pronto. Eu sempre soube que ele iria pro Campo, de qualquer jeito — disse minha mãe, e então olhou para mim. — Quero dizer, nós o treinamos. Confio no meu filho.

— Eu ainda acho que seria melhor que nenhum deles fosse — meu pai disse, aprumado em seu assento, tirando uma pouco da minha alegria. Minha mãe meneou a cabeça, e sua expressão se suavizou. — Mas, se for realmente o que James quer — ele me relanceou o olhar, e eu sorri em nervosismo e antecipação, — eu o autorizo.

Primeiro pensamento: Pai, eu te amo.

Segundo pensamento: Cadê a câmera?

Terceiro pensamento: Eu vou pro Campo! Explodindo de alegria internamente, modo on.

— James? Podemos contar com você? — o Diretor me perguntou.

— O show tem que continuar — eu sorri, cruzando os braços sobre meu peito, e Fury, meneou a cabeça em concordância. Uma música do Queen tocava no fundo da minha cabeça. "No time for losers, 'cause we are the champions..."

— Senhores Stark?

— Eu estou dentro! — Howard Stark, o mais novo dos gêmeos, gritou instantaneamente.

— É. Vai ser divertido — Owen Stark, o mais velho da dupla, concordou. Notei, pela milionésima vez, quão escassa era a semelhança entre os dois. Os cabelos de Owen eram bem mais escuros do que os de Howard, que tinha uma pele mais bronzeada e olhos mais claros, puxados da mãe. Os narizes se pareciam minimamente, mas, fora isso, você nunca diria que eles eram irmãos. Tinham, obviamente, a mesma postura, aquela pose de estou-pronto-para-te-encher-até-a-morte característica dos Stark. Ambos tinham seus braços cruzados, e as sobrancelhas levantadas. Miraram o pai.

— Pepper não vai gostar nem um pouco — Tony disse.

— Mozart por duas semanas, no mínimo — Howard comentou, e eu soube que ele falava das aulas de violino que sua mãe usava para puní-los.

— Teremos sorte se for Mozart. Ela comprou um de Bach, agora — Owen acrescentou, mirando o chão.

— Daremos um jeito — Howard disse, sorrindo diabolicamente.

— Não na frente de todo mundo, garotos — Tony disse, e os três riram. Minha mãe revirou os olhos com um sorriso. — Eles estão dentro, Fury.

— Senhorita Foster? — Fury perguntou.

— Alyss não vai — Jane disse.

— Acho que estavam falando comigo.

— Ela ainda não vai.

— Mãe, você não pode me impedir — Alyss devolveu, calma. Eu não sei de onde ela tira tanta calma, a sério. A S.H.I.E.L.D. pode estar sendo atacada e derrotada pela H.Y.D.R.A., ela vai estar calma.

— Claro que posso. Sou sua mãe — Jane replicou, sem olhar para a filha.

— Eu sou maior de idade, mãe — Alyss falou. — Não sou uma criancinha indefesa.

— É minha criancinha indefesa! — Jane disse, e eu vi que ela estava prestes a chorar. Desde que uma de suas colegas mais próximas morrera num acidente e Thor voltara para Asgard temporariamente (o que fazia algum tempo, pensando agora), a filha era tudo o que tinha. Alyss a abraçou.

— Sabe que eu tenho que fazer isso, não sabe? — minha amiga perguntou.

— Quando o seu pai chegou à Terra, ele era ainda pior que você — Jane riu. — Teimoso até a morte. Literalmente.

— Isso é um sim?- Alyss indagou, esperançosa.

— Um talvez — Jane disse, e Alyss se virou para o monitor.

— Me ponha nessa, Diretor.

— Muito, muito bom — Fury disse — Barton?

Katherine sorriu para o pai, que manteve a expressão dura. Eu conhecia bem Clint, já que ele e minha mãe eram muito próximos. Sabia que ele não queria perder Kath. Ela era absolutamente tudo que ele tinha: não era casado, não tinha outros filhos, morava sozinho. Sua preciosa Kat era tudo. Ele suspirou.

— Se cuide, Katherine. Quando se vai, não tem mais volta.

— Eu sei disso, pai — Kath disse, assentindo. Como o pai, ela não era do tipo que demonstra sentimentos. — Dentro, Diretor Fury.

— Acho que chegamos ao Sr Danvers — Fury disse — Capitã? O que me diz?

— Se Josh quiser ir, eu até incentivo — Carol Danvers disse. Eu reprimi uma risada, devo confessar. Ela sempre teve esse jeito mais liberal.

— Me inclua nessa, Fury — Josh bateu uma continência de brincadeira para a tela.

— Então está decidido — Fury nos olhou, um a um, e eu senti um calafrio percorrendo minha espinha. Eu esperara por aquele momento minha vida inteira! — Vocês têm uma chance. Tentem não estragar tudo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.