Together

Telegram to Lady Mars


A primeira coisa que a garota fez quando chegou ao 221B foi mandar uma mensagem para Madeline dizendo que estava bem.

E que iria matá-la por tê-la deixado lá.

Depois ela se dirigiu ao quarto, tirando a roupa e indo ao banheiro. Ela se sentou na banheira que ainda enchia sem muita preocupação. Em sua cabeça as letras corriam para formarem novas palavras. Jen sempre gostou de um bom anagrama.

Sem papel algum ela apenas fez suposições, deixou seu corpo cansado relaxar. Fechou seus olhos e mergulhou para baixo da água morna que descansava seus músculos.

- Você vai demorar mais uma eternidade para sair daí? - gritou Sherlock do quarto.

- Vou demorar o quanto eu quiser! - respondeu Jennifer, rindo.

- Eu vou buscá-la... - disse o detetive com um tom maroto.

- Venha, eu lhe desafio! - A porta do banheiro se abriu e Sherlock entrou. A loira ria, descontroladamente, dentro da banheira.

- Eu não gosto de me atrasar e a senhorita sabe disso. - Ele disse, pegando-a pelos braços e a puxando da banheira. Quando ele finalmente conseguiu que ela saísse, não pode controlar o instinto de beijá-la ao vê-la daquela maneira. Mas Mars não se importou.

- Eu acho que temos uma janta...

- Podemos nos atrasar um pouco, loira.

- Você não gosta de se atrasar, lembra-se? - Jen disse, marotamente. Sorriu e se afastou do moreno, enrolando-se em uma toalha e saindo do banheiro em direção ao quarto para colocar o vestido.

Mars emergiu. Seus olhos ficaram vermelhos em poucos segundos, entretanto ela não chorou. Não queria, precisava se manter forte.

A loira saiu da banheira e foi até o quarto. Pegou uma camisa preta de Holmes que ela mantinha e colocou um short Jeans, dirigiu-se a sala com um caderno e uma caneta e os anagramas que ela precisava decifrar. Jen decidiu começar com a frase na parede. SHAME GONE IT poderia ser muitas coisas, como Thane Mise Go ou Manege Oh Sit. Também tinha Geisha Me Not e Images He Not, mas nada disso fazia o mínimo sentido.

- The... - ela estava na quarta folha de caderno, quase a terminando. Foi quando as coisas fizeram sentido. - Ah santo Merlin! Ele é esperto, Oh lord, ele é muito esperto!

THE GAME IS ON.

- Um já foi, agora falta dois. - Jennifer disse, animada.

Não muito longe dali, havia um homem de cabelos ruivos e olhos cor de terra. Ele ainda tinha um pouco de sujeira no rosto de seu ultimo disfarce. Seja quem for a garota, ela é boa. E ele gostava disso. Não queria ser mais inteligente que pessoas normais. Ele queria ser mais inteligente que os mais inteligentes porque, se não, do que valeria o jogo? Mas, agora que ele sabia que tinha uma adversária qualificada, e bonita, ele sabia que tinha que se concentrar mais. Não podia, por exemplo, fazer como ele fez dessa vez, de dar um depoimento à polícia. Na próxima ela poderia estar lá e então, o que faria? Seria ele pego por um capricho? Não, ele era melhor que isso.

Antes de sair de casa novamente, ele vestiu outra roupa, colocando uma peruca de cabelos negros e lentes de olhos pretos como a noite. Tinha que ser cuidadoso para que, quem atendesse a porta, fosse a velha senhora que morava com a loira, porque, caso a garota atendesse, ele teria que matá-la. Mas que graça teria fazer tão rápido?

- Jennifer minha querida. - Disse Mrs. Hudson, horas depois. Jen estava quase quebrando a cabeça para descobrir o que era o segundo anagrama. Cinderella parecia ser apenas uma maneira de chamar a princesa, entretanto ela ainda acreditava ser um anagrama. Ele não teria dito dois l’s a toa. Não poderia ser apenas uma coincidência, poderia?

- Sim, Mrs. Hudson? - Disse a loira, erguendo o olhar. Ela tinha quase um caderno todo jogado no chão em forma de bolinhas. Na parede acima da lareira estava o outro anagrama, o que ela já havia descoberto, colado ali.

- Um homem deixou-lhe isso a poucos minutos. - A velha senhora entregou um cartão postal com uma foto de algum lugar no Brasil. Havia alguns selos colados, o que significativa que não havia sido enviado de Londres.

Ou havia e esses selos servem para confundir. Atrás, nada estava escrito, apenas uma pequena coordenada de xadrez: D5.

Em um jogo normal, isso me faria uma branca virtuosa, por permitir que as pretas comecem. O que isso significa aqui?

Jennifer foi até o tabuleiro que ela matinha ao lado da janela e moveu o peão preto para o D5. Analisando o jogo, moveu um peão branco a frente e decidiu esperar pelo próximo cartão. Quem quer que seja, conseguiu a atenção que queria.

- Como ela está? - Pediu Sherlock ao irmão.

- Bem... Parece que ela esteve em uma festa ontem a noite... E ela dormiu por lá. - Mycroft disse, entoando a voz para que desse a entender que ela havia dormindo com alguém noite passada. Isso fez o rosto do detetive se contorcer.

- Fora isso?

- Ela está em um caso com Lestrade.

- Oh sim, eu ouvi dizer. Uma garota foi assassinada em um beco. - Disse Sherlock, abrindo um pequeno sorriso. - O que foi? - Pediu ao Holmes mais velho. - Eu sinto falta dos assassinatos. Falta de perseguir alguém...- Foi quando a campainha da casa soou. Ambos se olharam, sabendo como isso seria estranho. Na porta, nada mais que um pequeno papel endereçado ao Mr. Sherlock Holmes.

Caro Mr. Holmes

É com grande pesar que venho lhe informar sobre a morte eminente de sua amada. Sugiro que a proteja o mais rápido que puder, ou acabará tendo que viver sozinho pelo resto da vida.

PS: Espero que aproveite seus últimos momentos da morte, pois não poderá protegê-la se escondendo nas sombras.

Agradeço atenciosamente, Davis Turner.

Sherlock ficou lendo e relendo a carta mais uma cinco vezes e percebeu que o homem tinha razão. Jennifer corria perigo e o único meio de ajudá-la era sair de seu atual status. Mas, por hora, ele deveria apenas observar.

- Lestrade, eu descobri! - Disse a loira ao telefone. - Estou chegando a Yard. - E então ela desligou.

Demorou, seja como for, o homem era bom em anagramas e, com toda a certeza, era bom em jogar. Poderia até pensar que era Moriarty, se não tivesse o visto morto. O táxi parou, fazendo-a descer e se dirigir a sala de Lestrade, que, acompanhado de Sally, estava analisando um painel com fotos dos dois casos.

- Ah Jennifer, o que tem para nós? - Ele pediu, esperançoso.

- Bem, ele vai atacar novamente. - Os dois se olharam como se quisessem dizer: Como se não soubéssemos disso.

- Eu sei que não é muito, mas seja ele quem for, ele é bom. - E eu gosto disso. ­ - O primeiro anagrama se encontra no próprio nome que ele deu ao policial: Mac Tech que, invertendo as letras forma Catch Me. Depois, tem o que ele escreveu na parede, Shame Gone It. Vergonha já era... Não, mesmo que isso tenha um sentido, não é isso que ele quer dizer. The game is on. - ela disse, com um brilho nos olhos. - E por fim, a verdadeira pista que ele nos deixou. Não é grande coisa, já vou avisando-lhes, mas é alguma coisa: Called Re In, que seria, mais ou menos, algo como Chamando novamente em. E eu sei, ele não vai ligar, entretanto - disse a menina, sorrindo e pegando uma calculadora. - se você pegar o ângulo de 120 graus e 0 minuto e deduzir que podem ser horas, 120 graus dá exatos 5 dias. Eu posso estar errada, mas eu acredito que daqui cinco dias, teremos outro assassinato. - Os dois se entreolharam, pois era visível a empolgação da garota. Vendo que ambos que eles estavam se encarando, Jennifer disse:

- O que? - Lestrade riu, enquanto Donovan apenas a olhava, assustada.