Together

Now there are three games. Do your best, my dear.


Fosse como fosse, Jennifer Mars era uma garota morta a partir do momento que eu a vi. Andei pesquisando por ai sobre ela. Ótima aluna, poucos amigos, uma pessoa que ninguém, nem mesmo a Yard, gosta de tirar do sério. Mas o mais importante: ela era a atual namorada de Sherlock Holmes quando ele cometeu suicídio. Seja como acontecer, terei minha vingança afinal.

Não é como se ela fosse feia, também. Eu ainda a teria para mim, e por vontade própria. Ela viria para meus braços, eu seria a aranha e ela, a linda borboleta em minha teia de mentiras, golpes e falsidade. Mas, por mais que doesse admitir, minha vingança não seria tão boa. Eu queria vingança, mas não contra Jennifer Mars. Eu queria vingança contra Sherlock Holmes, mas ele já estava morto. Maldito seja!

Mas eu destruiria sua amada. Oh, é isso ou a morte. E ninguém, nem mesmo David Turner, irá passar a minha frente, pois tal coisa, tal dor que irei lhe causar, não pode ter interferência.

Cuidado Mars, porque até mesmo a mais bonita das flores, tem espinho. E eu não sou diferente.


O hotel é uma porcaria. Mas em minhas circunstâncias eu não teria muita escolha. Me joguei, cansado, na cama dura. Ainda era melhor que a prisão. Ainda era melhor que estar no meio daqueles homens imundos. A prisão me ensinou, entretanto, uma ou duas coisas que eu precisava para minha vingança. E ela estava se encaminhando para um final proveitoso. Sherlock havia recebido meu pequeno recado e, eu sabia muito bem, que logo estaria no 221B. Ele começaria a se colocar mais e mais à frente e, quando Jennifer o visse, eu o mataria.

Mas isso é só o começo.

Eu preciso vê-la sofrer. Ela vai abrir um sorriso quando descobrir que o amado esta vivo e segundos depois, cair em prantos ao vê-lo morrer pelas minhas mãos. Aí, apenas aí, eu a matarei, porque nada restará do que um dia foi Jennifer Mars.


A menina, a tal Mars, era esperta. Gosto disso. Gosto de ser mais inteligente do que os mais inteligentes. Afinal, minha doença não permite que minhas emoções se sobressaiam sobre minha razão e, muitas vezes, eu fico entediado.

Ainda me lembro quando o médico disse a minha doente e querida mãe: “Esse garoto tem o que chamamos de distúrbio de personalidade anti-social.” Naquela mesma tarde busquei por tal doença e descobri, que o que alguns chama de doença, eu poderia chamar de benção. Sem sentimentos. Nenhum. Nunca sentiria penas ou medo, ou, quem sabe, remorso por alguma mentira. E, no fim de tudo, era isso que mais machuca as pessoas. Foi assim que vi minha mãe ser machucada depois que meu pai foi embora, levando minha irmã gêmea.

Mas meu pai e minha querida irmã também sofreram, quando eu os encontrei.

Querendo ou não, eu sou quem sou, não sinto remorso, não desejo perdão, apenas o sangue. Apenas a luz que desaparece dos olhos da pessoa que está prestes a morrer. O terror que ela sente ao ver que não há saída alguma. Vê-la ajoelhada implorando pela a vida miserável que ela tem. E, prometo-lhes uma coisa: antes de sair de Londres, antes de terminar meu trabalho na grande capital, eu teria Jennifer Mars para mim. Eu a veria implorar pela vida, a veria chorar, veria o brilho extinguir seus lindos e claros olhos. Seja como for, ela será minha no final disso tudo e então poderei dizer que sou mais inteligente que a mais inteligente de Londres.