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- Laura, por favor. Você fique aqui e o Brendon vai pegar as crianças. – A enfermeira fala, tirando a minha pressão.

Estávamos chegando ao Staples Center, estava sentindo um turbilhão de sensações. Me via tudo o que tinha acontecido nesse tempo todo. O show em Glasgow, a traição do Bruno, minha saída da banda, minha amizade com o Brendon que virou um namoro, a gravidez, entre outras coisas. Percebo que em quase um ano, aconteceu mudanças na minha vida que eu nunca imaginei. Me encontro em um estado mórbido, onde eu tentava esconder as minhas dores para não magoar os outros. Eu estava dentro de uma ambulância, indo atrás do que me foi tirado. Eu fechava os olhos e me perguntava a mim mesmo “o que foi que eu fiz?”.

- Laura. Eu vou pegar nossas crianças e vou trazê-las a você. Prometo. A Sarah vai pagar pelo que ela fez.

- Eu sei, ela vai pagar. – Meu celular vibra, era a Cléo. – Oi amiga

- Estamos posicionados, disfarçados, perto da esquina. Dá pra ver vocês direitinho. Providenciamos tudo, a policia está de plantão nos arredores do Staples, qualquer coisa eles entram em ação. Você está bem?

- Estou, só estou um pouco nervosa. Mas estou bem.

- Fica tranquila, nossos bebês vão ser recuperados. Ah, vem um carro se aproximando, vou desligar. Fica bem. – Cléo desliga o telefone.

Um carro encosta no batente perto do portão principal do Staples. Observamos atentamente. Sarah sai do carro, com um sobretudo bege, de chapéu , óculos e lenço. Acompanhado-a, vem a Linda, também de sobretudo, mas na cor preta, coque e óculos. Elas descem do carro, olhando atentamente pros lados. Brendon estava encostado no nosso carro, tragando um cigarro. Brendon a encara, pisando no cigarro. Ele estava com o celular interligado ao meu, para eu escutar toda a conversa. Sarah se aproxima dele, encostando-se no carro.

- Ora, ora, mas o que eu encontro nas ruas de Los Angeles... O escravo da vaca brasileira. – Sarah pega na gola da jaqueta do Brendon, passando seus lábios pela sua orelha.

- Olha como você fala com a Laura. Você é uma vadia gigolô! – Brendon afasta Sarah, encostando-se ao carro de novo.

- Bem, eu falo como eu quiser, belê? Mas me conte... cadê a Yuki?

- Ela não pode estar aqui por recomendação médica. Eu estou aqui por isso. Vamos logo ao ponto. Cadê as crianças?

- Estão com a Linda. – Sarah aponta para Linda, que está com uma caixa.

- Vou pegá-las. – Brendon anda, mas Sarah o impede, pegando no seu braço.

- Nananinanão. Quero falar com a Laura primeiro.

- Ela está escutando tudo, pelo celular.

- Pode me passar o celular, por favor? – Brendon entrega o celular a Sarah, respiro bem fundo, tentando me acalmar. – Laura Siebra, que honra falar com você. Como estão as crianças?

- Elas estariam muito bem, se você não tivesse-as roubado.

- Pois bem. Queria vê-la nervosa. Bem, vamos direto ao assunto. Preciso de dinheiro, minha família está com problemas e precisamos manter nossos imóveis e nossas empresas.

- E o que eu tenho a ver?

- Pois é aí que você entra. Preciso de quinhentos mil dólares. Se você quiser ver suas crianças vivas, você tem que depositar esse dinheiro na minha conta.

- Quinhentos mil? Você não tem amor à vida não, Sarah! Como vou arranjar quinhentos mil assim, do nada? Além disso, por que você não pediu ao Bruno?

- O Bruno está ocupado demais para mim. Se vire minha amiga! É pegar ou largar. Vale a vida dos teus bebês.

- Espera um minuto. – Coloco o celular no mudo. –Por favor, me levem até lá.

- Laura, você não pode se esforçar.

- É só dirigir até lá. O que custa?

- Está bem... – A enfermeira liga o carro e dirige até o local. Brendon abre a porta, me colocando na cadeira de rodas.

- Finalmente hein. Vaca quando está com fome, vem, correndo mesmo.

- Cala a boca sua vadia. Quero meus filhos!

- Você só vai vê-los quando me der o dinheiro.

- Me dê um tempo, Sarah. Preciso conseguir o dinheiro.

- Não precisa... – Olho para trás e vejo Bruno, segurando uma maleta. – Aqui está o dinheiro.

- Bruno, não se envolve nisso. Por favor! – Peço para que ele não se envolva.

- Eu tenho que me envolver sim, Laura. Ela é minha noiva e não vou deixar que ela faça mal a ninguém, muito menos a você. – Bruno estala os dedos. Os meninos da banda e seus seguranças aparecem, segurando a Sarah e a Linda.

- Ah que ótimo! A família está reunida! O pai, a mãe, e os moleques. – Sarah grita, esperneando.

- Você só pode estar louca! – Brendon fala em tom alto.

- Louca? Hahaha’ Pensei que você fosse um pouco mais inteligente, Brendon Urie. Parece que não vê o que está na sua frente. Ah, esqueci. Tenho que mostrar o que você não vê tem mais oito meses. – Sarah tira um papel do bolso e joga no Brendon. – Os gêmeos não são seus e nunca foram seus! São do Bruno.

- Não acredito no que estou vendo. – Brendon fala, entrando em prantos.

- Ma-ma-mas... – Começo a chorar, me sentindo culpada.

- Vocês não fizeram uma promessa. De que você e a Laura iam ter um filho juntos. Não é, Bruno?

- S-s-im. – Bruno fala, gaguejando.

- EU TENHO INVEJA DE VOCÊ, LAURA! VOCÊ SEMPRE TEVE TUDO, É BONITA, BEM SUCEDIDA, É MULHER DE UM CARA QUE É PODRE DE RICO E É SUPER FAMOSO. DEPOIS, ACABA CONSEGUINDO ROUBAR O HOMEM QUE EU AMO E CASANDO COM ELE. EU QUE DEVIA ESTAR AI, NO SEU LUGAR, TENDO FILHOS E CASANDO COM O BRENDON. EU! ALÉM DISSO, O BRUNO NUNCA TE TRAIU. COLOQUEI UM VIAGRA NO UÍSQUE DELE NO PUB EM GLASGOW. ASSIM CONSEGUI LEVÁ-LO PRA CAMA, SÓ PRA SE VINGAR DE VOCÊ. NÃO ME IMPORTEI EM ME SEPARAR DO BRENDON, POIS SEI QUE ELE É INFLUENCIÁVEL E PODERIA ME ACEITAR DE VOLTA. MAS NÃO, VOCÊ E ELE FICARAM MUITO AMIGOS, ACABANDO COM MEUS PLANOS. PARA CONTINUAR A VIVER BEM, CONSEGUI COM QUE O BRUNO ME CHAMASSE PRA MORAR COM ELE E ASSIM, NOIVAR COM ELE. DEPOIS QUE SOUBE QUE VOCÊ IA CASAR COM ELE, VI QUE EU TINHA QUE FAZER ALGUMA COISA PARA IMPEDIR ISSO. – Sarah chora, revelando o que ela fez.

- Saiba Sarah, que eu jamais roubei namorado de ninguém. Sempre fui honesta e conseguia o que eu queria com esforço. No show em Glasgow, eu e o Brendon só conversamos porque eu esbarrei nele e ele disse que me conhecia, consequentemente eu sou fã do Panic!. Conversamos e até aí tudo bem, nem eu e nem ele queríamos nada um com outro, só a amizade, que você não entendeu. Se você não tivesse feito isso tudo, hoje você estaria com ele ainda, casada. E eu e o Bruno não tinha se separado. A ganância e a vaidade não levam a nada, Sarah. Você é nova, tem um futuro maravilhoso. Mas você abriu mão de uma vida com amor pra viver de ódio? Não vale a pena Sarah. – Falo, chorando.

- Sarah, eu sinto muito. Mas daqui você não passa. – Bruno aponta para o lado. – Você está cercada e não tem como fugir.

Sarah olha para o carro, que está aberto. Consegue se soltar do segurança e corre para o carro. Phil e Jamareo tentam impedi-la, mas ela consegue ligar o carro e ir disparada com a Linda, fugindo.

Os carros da policia, os meninos da banda, Bruno, Cléo, Urbana, Brendon e a ambulância começam a perseguição a Sarah. Vi carros e motos batendo um no outro, para se proteger de uma colisão maior. Chegando à Vincent Thomas**, havia me comunicado que lá era o fim da linha, pois havia uma barreira, onde iriam parar o carro da Sarah. O carro para, Sarah tenta dar a ré, mas não consegue. Sarah sai do carro com a Linda, ambas com um revólver. Todos descem dos carros, correndo atrás dela pela ponte. Sarah sobe nas paredes da ponte, ameaçando pular.

- Sarah Orzechowski. Você está presa pela polícia de L.A por tentativa dupla de homicídio, sequestro e falsidade ideológica. –Fala o chefe de polícia.

- Eu? Presa? Haha. Só se me matarem.

- Sarah, não! – Bruno aparece, tentando fazer com que ela se renda. – Se entregue, isso não vai dar em nada.

- Nunca irei me entregar. Pra fazer sua vontade? Nunca! – Sarah aponta a arma pra ele.

- Eu só saio se você descer daí.

- Pois você vai morrer junto comigo e as crianças.

Levanto da cadeira, tentando correr o máximo que consigo. Brendon tenta me impedir, tentando me alcançar.

- Laura, isso é loucura. Você quer morrer?

- Prefiro morrer a deixar ela matar meus filhos. – Empurro Bruno para o outro lado. Levo o tiro no peito. Caindo em cima do carro. Vejo os olhares da equipe médica, do Brendon, Bruno e os policiais, para tentar me salvar. Vi a Sarah sorrir, loucamente.

- hahahahaha’ que ótimo! Linda amiga, dirija pra mim, sim!

Linda liga o carro, tenta dirigir, mas perde o controle. O carro vinha em direção a mim, Bruno e Brendon me jogam para o lado. Brendon e Sarah são atropelados, mas Sarah é levada pelo carro, sendo impensada na parede da ponte, deixando rachar a estrutura. Os policiais tentam ajudar, enquanto a equipe médica me socorre.

- Bruno, Bruno... – Chamo-o, sentindo minha cabeça pesar.

- Estou aqui. Calma, vamos já pro hospital. – Bruno chora, beijando minha testa.

- Me desculpa por tudo isso! Eu queria te poupar disso.. – Pego na mão dele, apertando com força. – Cuida dos meus bebês.

- Não se preocupa, eu e o Brendon vamos cuidar sim. Fica calma, a maca está chegando.

- Bruno.. e-e-eu... – Olho nos olhos do Bruno, vendo-o chorar.

- Laura, Laura... Por favor. Temos filhos para criar. Por favor. – Minha visão embranquece, como se eu não sentisse em meu corpo.

Vejo minha vida passar, desde quando eu era pequena até quando eu me formei na a escola. Me vejo em um lugar, onde que, pra mim, eu conhecia. Era um campo, onde tinha muitas plantas e flores. Olho para a árvore, onde me encontro sentada. Olho pra mim mesma, tentando encontrar o chão. Olho para mim sentada no pé da árvore e tento me lembrar desse lugar.

“Onde eu estou”?

Vejo que eu dormi no pé da árvore, com a revista na mão. Olho para o lado e vejo Bruno, andando em direção à árvore. Acabo me lembrando de que foi debaixo dessa árvore que aconteceu me 1º beijo com Bruno.

Senti aquela mão passando pelos meus olhos, percebo que Bruno também passa a mão pelos meus olhos. Ele me coloca em cima dele e me beija.

- Olá querida. – Era Dora. Minha avó materna, com quem eu vivi minha infância, até sua morte.

- Vó, que saudade. O que faz aqui?

- Você não percebeu? Você está dormindo.

- Mas por que eu não consigo acordar?

- Porque você está machucada, minha filha. Precisa descansar seu corpo. Por isso estou aqui. Queria te ver e conversar, enquanto você se recupera.

- Vó. Por que tudo isso na minha vida? Por que eu tenho que sofrer assim?

- Você é guerreira minha filha. Isso é só uma fase, vai passar. Deus está contigo e vai dar tudo certo. – Vó Dora olha para mim e Bruno debaixo da árvore e abre um sorriso. – Ah, e a propósito. Seja feliz.

- Como assim?

- O Amor à gente não encontra em qualquer esquina, minha filha. Você tem filhos, uma pessoa que te ama. Vai atrás de quem te ama, vai atrás da sua felicidade. – Sinto uma coisa me puxando para baixo.

- Vó. Vó, o que tá acontecendo??

- Seja feliz, minha neta!

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