Through The Viridi

Colegas de Sobrevivência


"Para! Prometo que não vou mais esquecer!"

O garoto ruivo de 8 anos implorou quase chorando pro seus agressores pararem de bater nele e usa-lo como saco de pancada toda vez que ele tentava se levantar da grama perto do parquinho. Ele tentou se levantar de novo mas sua agressora feminina o impediu. Ela e o outro garoto (ambos da mesma idade que ele) esperavam as ordens do terceiro que observava a cena do jovem Alex sem dizer nada, apenas pra dar a ele um recado:

—Você é fraco, nem tente contar pra alguém e nunca mais se esqueça de fazer meu dever, nerd da geografia!.-Ele disse friamente pro garoto sujo de terra:

—N-Não vou!.-Combinou falhando na voz e prestes a chorar. Depois os três saíram deixando o jovem Alex largado. Rapidamente crianças um pouco mais velhas o viram e foram ate ele. Um deles era seu irmão querendo saber o que aconteceu. Mas o garoto ficou quieto depois de horas naquele castigo porque ele tinha esquecido de fazer o dever de casa do seu agressor e como sempre recusou a pedir ajuda."

A memória de infância infeliz fez Alex acordar do sono e perceber que tinha dormido no sofá da sala (pelo menos era um pouco maior que a cama de ontem). Antes que pudesse se sentir mal por ter outro pesadelo/memória de sua infância ele ouviu duas vozes discutindo a uma pequena distância não notando que o terceiro tinha acordado. Ele foi silenciosamente ate a porta que levava a cozinha e viu a cena entre Aimé e Lisa:

—Ahhh! Agora é sério Lisa! Devolve os meus óculos!.-Disse implorando por eles enquanto a garota brincava e impedindo o mais baixo de pegar:

—Porque?! Faz anos que eu não vejo um desses!

—Eu sou cego sem eles!.-Ele esperou que isso fosse suficiente pra ela parar de querer brincar com eles e devolver. No momento Alex ficou parado na porta até notarem ele:

—Um.. Bom dia Alex!.-Lisa acenou. Atrás dela tinha uma mesa com alguma comida:

—Oi...

—Estão com fome? Já é meio dia e vocês só acordaram agora!.-Ela informou:
—Opa! Eu tô!.-Aimé alegremente disse querendo matar a fome:-..Vai comer também?.-Perguntou pro seu colega ainda na porta:

—Vou...-Respondeu sem muita emoção na voz

O almoço foi bem tranquilo mas silencioso na mesa redonda da cozinha da casa. Alex se lembrou das informações escolares de Lisa:

—Então Lisa, você não disse que ia ta na escola o dia todo hoje?.-Ele perguntou curiosamente pra ela alheio a cara semi apavorada dela:

—B-bom.. sim, s-só que na verdade, hoje eu só tenho que ir lá no começo da tarde...a-manhã é que eu tenho que passar o dia inteiro lá...-Felizmente Aimé notou o nervosismo em sua voz e percebeu que essa história de recuperação a deixava bem desconfortável (ele e seus amigos da Terra entendiam muito bem) e viu que Alex estava completamente alheio a isso (mas não parecia ter perguntado por maldade). Ele rapidamente tentou pensar em alguma coisa pra mudar de assunto:

—Ei Lisa....-Aimé começou tentando pensar em algo pra fazer-lá esqueçer "Pensa rápido Aimé!", ele disse pra si mesmo tentando pensar em algo e uma ideia veio:-...Eu tava pensando, tem algo que a gente pode fazer pra te compensar?.-Ele deu um sorriso amarelo, mas os dois não entenderam a pergunta dele:

—Como assim?.-A ninfa perguntou pro seu hóspede:

—Sabe você é tão legal com a gente e tais e aí eu pensei se você precisa de ajuda com esse lugar...-Ele explicou detalhadamente enquanto eles ouviam. Lisa pensou nisso e viu que os garotos de outra dimensão realmente queriam agradeçer ela por dar abrigo ate a oportunidade de voltar pra casa.

Ela pensou um pouco em silêncio e se viu escolhendo no que os dois humanos poderiam fazer enquanto ela ficaria fora. Alex não entendia bem o que estava acontecendo e porque de repente Aimé veio com essa ideia mas ele teve que concordar consigo mesmo que era no mínimo justo fazer alguma coisa como o lugar era propriedade dela. Lisa enfim decidiu:

—Já sei! Vocês podem limpar o chão daqui! O que acham?.-Ela disse alegre pela possibilidade. Os dois não sabiam muito o que dizer, nenhum deles tinha experiência com varrer a casa mas o mínimo que podiam fazer era tentar:

—Tudo.. bem?.-Alex disse esperando que não fosse nada demais:

—Mais alguma coisa?

—Acho que sim, olhem...-Ela se levantou do seu canto e mandou eles olharem pela janela da cozinha atrás. O que puderam ver era mato e talvez erva daninha lá fora que só poderia ser tirada com uma pá ou uma enxada:-Se importam de tirarem aquilo pra mim?.-Ela perguntou pra Aimé com um sorriso e olhos verdes brilhantes, o que o deixou incapaz de dizer 'não'. A garota ninfa mostrou um armário com ferramentas necessárias como vassouras ou uma enxada que estava na cozinha (que substituía o lugar de uma geladeira moderna). Depois de dar as tarefas pros meninos ela foi até a porta da casa para se despedir deles:

—Então, é isso, vocês sabem o que fazer.. e me desejem sorte!.-Ela pediu antes de sair ainda nervosa:

—A gente dá conta! Nos vemos mais tarde!.-Aimé garantiu:

—Só mais uma coisa, se lembram...-Ela hesitou um pouco, mas Alex imaginou na hora o que:

—Das criaturas de lama?.-Ela concordou:

—..Isso, tomem cuidado com essas pragas. Elas atacam todos a noite a menos que estejam dentro de casa!.-Seu alerta era de preocupação com eles por motivos óbvios deles não saberem lidar com isso quando a noite chegar:

—Não se preocupe, Lisa. Vamos acabar antes que algum monstro venha!.-Aimé afirmou positivamente. Com isso a ninfa geocinética se despediu com mais confiança neles e andou ate seu círculo de transporte.

Ambos obsevaram ela partir e viram que teriam trabalho pra fazer se queriam continuar abrigados:

—É! Vamos ter que ficar isolados aqui..-Alex suspirou indiferente indo até o armário pegar o equipamento necessário:

—O pior é que eu não sei nem varrer...-Aimé suspirou ainda na porta e infelizmente o ruivo ouviu isso:

—Espera! Você não sabe varrer uma casa!? E porque disse que ia fazer isso?.-Ele gritou com uma leve cara descontente:

—Não sei se percebeu mas ela não queria falar dos problemas dela e isso foi o que eu fiz pra ela se distrair! E querendo ou não a gente tinha que fazer alguma coisa!.-Ele se justificou pro seu colega e o pior é que Alex nem tinha como discordar disso (ele se sentiu mal por não notar o estado de Lisa na hora):

—Tá bom, então o que a gente vai fazer?.-Ele perguntou:

—Bom, se a gente limpar o capim vai ser mais rápido mas vai ter mais sujeira aqui!

—Ótimo, então vamos começar a varrer então...-Ele suspirou indo pegar duas vassouras no armário e entregando uma pra ele:-Como vai fazer isso se não sabe..?

—Existe primeira vez pra tudo né?.-Aimé se antecipou na resposta com o tom otimista e Alex revirou os olhos.

Enquanto o ruivo decidiu ficar com o corredor de cima e a escada Aimé ia varrer a parte de baixo. A única experiência que ele tinha com vassouras era observar sua mãe varrendo pela casa ou quando sua irmã mais nova brincava de casinha quando era muito menor, e as memórias estavam começando a afetar ele. Balançando a cabeça ele viu que não era a hora pra isso e começou a copiar os movimentos da sua mãe varrendo pelo chão. Ele acabou chegando na parte da sala com pinturas da família de Lisa: Uma delas eram de quatro pessoas e reconheceu sua amiga ninfa ao lado de um homem com cabelo preto e pele bronzeada como ela além de olhos e roupas verdes que sentava ao lado de uma mulher de cabelo castanho e vestido verde escuro com dois meninos idênticos de cabelo preto com macacões no chão (era impressão dele ou todos pareciam como pessoas latinas ou mexicanas?) O garoto continuou o serviço, ele ia seguir em frente, ele não ia ser inútil mesmo que fosse pra limpar o chão.
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Enquanto isso Alex não tinha a menor do que fazer com a vassoura na mão (era tão sonso quanto Aimé pra essa tarefa e se sentiu um hipócrita) e quase se arrependeu da decisão, a única vez que viu como se fazia era de uma empregada que limpava a casa dele na Terra, mas mesmo que pudesse ele não ia pedir ajuda. Nunca. Já tinha aprendido que não valia a pena (ninguém ia se importar mesmo) e a lembrança do sonho de manhã reforçou isso. Voltando a realidade ele estava parado e se forçou a varrer da melhor maneira que pode e afastando cada lembraça do seu bullying passado. Não era hora pra pensar nisso e o chão precisava ser varrido de qualquer jeito.
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Até que pra uma primeira tentativa eles começaram a pegar o jeito, enquanto Alex ia varrendo os degraus da escada Aimé se movia pra cozinha. Contratempos como a vez de usar a pá e a constante vontade de Alex de sair pra fora e abandonar o serviço deixava tudo mais lento assim como a leve falta de atenção de Aimé quase fazia ele derrubar algo mas estavam quase terminando e o chão parecia mais limpo que da primeira vez:

—Até que enfim, demorou mas terminamos!.-Comemorou brevemente:

—Como assim "terminamos"? Ainda tem aquilo lá atrás!.-O colega de olhos castanhos apontou pra janela da cozinha onde ainda tinha a visão de capim pra ser retirado. Em comparação a varrer o chão isso seria mais difícil:

—Aee... O que a gente faz?.-Aimé perguntou vendo o capim pela janela:

—Eu sei lá, Lisa só disse que precisavamos tirar, não deve ser difícil...-Alex pegou no armário pegar a tal enxada:

—..Eu vou lá!.-Afirmou com a enxada nas mãos e prestes a sair enquanto o outro observava:

—Ohh calma aí! Olha eu mal te conheço mas tenho certeza que você não sabe o que ta fazendo! Não é melhor a gente pedir ajudar pra..-

—Pedir ajuda pra Lisa?! Não mesmo!!.-Ele rapidamente o cortou pensando na ideia:

—Olha se não quiser fazer isso tudo bem, eu faço sozinho, ok?.-Declarou com a enxada na mão e saindo lá fora pra trás da casa.

No momento o colega de azul pensou "Teimoso! O que ele tem?", desde que foi obrigado a conviver com ele não entendia o porque da frieza ou até impulsividade dele. Agora que não tinha mais nada pra fazer viu uma última vez o ruivo caminhando e vendo o mato pra tirar, infelizmente a cor do céu azul começou a mudar rapidamente pra tons mais escuros "Tomara que ele não demore!", Aimé desejou se lembrando dos "perigos" e subiu até o quarto onde estava sua bolsa e a pegou. Não tinha muita coisa útil que ele usaria pra se defender em Viridi, tudo o que ele tinha eram livros e cadernos além de um mini kit de primeiros socorros.

Apesar da falta de internet ele ainda podia ver as fotos da sua família e amigos da Terra (desde fotos boas ate as mais zoadas). Mesmo com o sorriso ele já tinha começado a sentir saudade da vida que tinha há 3 dias atrás, ele se esforçou pra ver o lado bom da situação (pelo menos não estava desabrigado) o jovem não acreditava como tudo estava indo e voltou a tentar distrair a cabeça.
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Alex viu as moitas de erva daninha e raízes estranhas (nem a enxada seria suficiente) e até se perguntou porque Lisa não teria feito isso antes, ele poderia deixar a tarefa pra trás mas tinha que fazer isso. Ele não ia se importar de ter uma ajuda agora mas as vezes que ninguém se importou o fez entender que pedir ajudar era sem sentido e começou arrancar o mato (aleatoriamente). Infelizmente a noite chegava mais rápido ali do que na Terra...
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Foram horas tentando retirar o mato mas toda vez ele caia no chão tirando a raíz ou usando a enxada errada, infelizmente esse seria o menor dos problemas pois no céu já tinha estrelas e a cor roxa, nas sombras da mata o perigo ia começar a se formar. Alex caiu tentando puxar mais uma vez:

—..É inútil.. O que eu to fazendo...?.-Se perguntou melancólico desistindo depois de horas. Talvez era melhor entrar antes que outra formiga gigante apareça... Mas agora era tarde demais!

Na mata mais escura a lama no chão se formava em outra criatura enorme e Alex só conseguiu ouvir o barulho de algo quebrando galhos e se aproximando (por impulso se armou com a enxada). O som aumentou e a coisa que chegava mais perto de Alex deixou congelado de choque. A forma era igual a de um mosquito e o quão perto estava dele deixava os olhos (que pareciam olhar pros dele) e as pernas e asas mais assustadoras, o choque deixou ele sem ação quando se aproximou mais. As pernas do mosquito o pegaram e criava mais lama pra prender e o olhava fixo. Sua única reação foi...
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Aimé olhava tranquilamente seu celular até...:-SOCORRO!! AIMÉ!!.-Ele ouviu a voz do seu colega chamando ajuda bem alto, (quase esqueçeu que estava lá). Sem pensar muito e só com o celular desceu as escadas pra ver seu colega no ar com mais alguma coisa enorme na janela (usando a lanterna viu que era uma criatura de lama). Saiu correndo pra fora pensando em ajudar o outro. Estava de frente com o monstro e o colega:

—ALEX?!!.-No momento o garoto tentou liberar um dos braços da lama grossa e Aimé deu a mão pra ele. Com esforço Alex se libertou das pernas de lama e caiu no chão. O garoto jogou luz no mosquito mas foi uma péssima ideia porque agora olhava pros olhos dele. Sua outra vítima rapidamente voltou pra pegar a enxada enquanto pensava: "Se controla, essa coisa dá medo mas você tem que pensar num plano!". Ele estava em desvantagem por não saber nada sobre aquilo, se voltasse pra dentro estaria seguro e ele não queria saber o que acontece se fosse pego:

—Fica longe!!.-Gritou pra fera que tentava se aproximar deles. A única coisa que fez foi agarrar o pulso de Aimé e obriga-lo a correr com ele:-Vamos pra dentro da casa!!.-Gritou e Aimé entendeu o que ia fazer:"Como Lisa falou! Ele não vai nos pegar dentro!". Foi uma ideia bem pensada infelizmente as asas do monstro fez ele saltar bloqueando a entrada. Estavam sem saída:

—Não!!

—Espera tem um jeito de entrar!!

—O que?!

—Vem comigo!!.-Agora foi Aimé que puxou o pulso de Alex. Talvez se eles usarem a janela da cozinha poderiam se salvar. Mas o mosquito fez a mesma coisa e não havia saída. Agora com os dois sem plano ou abrigo foi a vez da fera atacar criando novas pernas de lama que usou pra prender o tronco dos dois e levantavar pra perto dele.

O mosquito olhou pros olhos das suas vítimas. Um buraco entre os olhos se abriu e era grande o suficiente pro que ele ia fazer: Soltar Alex (mais a enxada) no buraco e Aimé viu tudo. Infelizmente o monstro ia fazer a mesma coisa com o garoto (que ainda segurava o celular) Aimé se viu caindo no buraco escuro e gritou. Mas a queda não foi funda, parecia mais um tubo escuro que o fez cair sentado num lugar apertado e sombrio. Usando a luz viu seu colega sentado:

—Alex?

—Sim...-Disse evitando a luz nos olhos:

—Você ta bem?

—Podia ta melhor do que aqui..

—Não me diga que..!.-Gritou assustado:

—Sim, acabamos de virar comida de inseto!.-Disse com uma cara séria..
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Do lado de fora o monstro ainda estava lá mas antes de voar por lugares desconheçidos ele notou as moitas grossas abaixo dele e arrancou elas pra colocar no mesmo lugar que os humanos:

—Hum? Que?.-Aimé viu algo caindo atrás nas costas e viu o mesmo tipo de raíz caindo no buraco e se afastou. O outro estava quieto e sem resposta com as pernas e braços juntos:

—Ei! Eu sei que é sinistro mas se a gente...-

—Desculpa...-Alex o cortou sem olhar pra ele que ficou confuso e surpreso. Continuou:—Desculpa ter te chamado, nada disso teria acontecido se eu fosse capaz de resolver sozinho. Agora estamos dentro da barriga de um inseto só porque eu fui fraco e te chamei aqui!!.-O tom triste e arrependido na voz chocou Aimé como ele se culpava (ele não parecia o tipo de pessoa que se rebaixava assim na sala, mas nunca conversou com ele mesmo). Não gostava de ver alguém assim mesmo que não fosse o momento quando perceberam que o mosquito já estava voando:

—Tá tudo bem!.-Admitiu apesar da situação:

—O que..?

—Dá medo uma coisa assim! Nessas horas pedir ajuda não é fraqueza! Não te conheço mas vi você gritar com essa coisa, você não pode ser tão fraco assim só porque pediu ajuda quando precisava!.-Disse colocando confiança nas palavras enquanto Alex ficava chocado com isso (era justamente o contrário do que acreditava sobre pedir ajuda) ele não sabia se o garoto estava mentindo por pena ou faze-lo se sentir melhor mas estava um pouco mais confiante e menos triste agora:

—Humm.. Obrigado!.-Desajeitado, era tudo o que podia dizer com que acabava de ouvir:

—De nada!
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Enquanto isso o inseto de lama gigante já pousava silenciosamente numa trilha familiar na floresta (mas os meninos não perceberam) e baixou as asas pra caminhar com as patas. Um grito dele os lembrou da situação:

—Precisamos sair daqui!.-Aimé disse com um medo crescente:-...Se Lisa estivesse aqui a gente podia fazer algo contra!

—Talvez tenha!.-Disse Alex pensando rapidamente:-Pensa esse mosquito é feito de lama! Deve ter algum jeito de fazer essa coisa "explodir" sei lá!

—"Explodir"?.-Aimé perguntou. Alex explicou:

—Parece loucura mas se lembra quando Lisa criou aquela pedra afiada? A formiga explodiu na hora que cruzou com ela!

—Por isso ela vivia com aquela lança! A gente pode sair daqui abrindo um buraco!.-Sua voz voltou alegre, a epifania surgiu no momento que se lembravam daquela noite. A lanterna de Aimé mostrou que a enxada ainda estava com eles e Alex pensou numa ideia muito arriscada...

Cravando a enxada na parte de tras dele respirou fundo antes de colocar a teoria em prática com seu colega atrás:-Vamos fazer algo que pode matar a gente. Pronto?.-Aimé deu um sim nervoso mas seu pensamento foi:"Pelo menos ajudei a varrer a casa pela primeira vez". Ele viu o ruivo usando sua força pra abaixar a enxada e criar uma saída trás. Depois de um pequeno esforço coletivo a lama grossa revelava vegetação e aproveitaram pra sair caindo no chão enquanto pedaços de lama caiam (o mosquito agora viu que as pressas fugiram). Procurando pelos humanos enquanto regenerava lama não achou nada (os dois foram rápidos em se enconder atrás de uma árvore grossa e evitavam fazer barulho). Finalmente desistindo voou pra longe com as asas e deixando eles respiraram:"Uau!", pensaram igualmente:

—Ate que enfim o mosquito foi embora...-Alex respirou aliviado:-..Espera!! Agora estamos perdidos na mata em qualquer lugar de Viridi!
Quase ia se desperar até Aimé olhar com a luz e achar o lugar familiar:-Esse não é o muro de quando viemos pra cá?.-Perguntou com a luz vendo o mesmo muro e o mesmo círculo de pedras. Ficaram em silêncio pensando na ideia de usar:

—Temos escolha?.-Aimé perguntou:

—Não!.-O outro respondeu de volta com a voz séria. O pior que podia aconteçer era voltarem a onde comecaram a jornada mas talvez se concentrarem na casa de Lisa iriam chegar lá (pelo menos na cabeça de Aimé). Depois de hoje tudo o que queriam eram alguns minutos de paz e segurança dentro da casa e correram antes que outra criatura viesse (as coisas mudaram de ritmo rápido entre faxina e ser engolidos). O colega de azul falava o tempo todo sobre o que aconteceu e ficava empolgado toda vez:

—Aquela ideia da enxada foi incrível! Nunca ia pensar nisso!.-Agradeceu de pé na sala enquanto Alex se sentava no sofá agarrando a bolsa dele:

—Estratégia...

—Ainda se sente mal?.-Perguntou quando se lembrou da conversa que teve com ele:

—Que? A-quilo? F-Foi só o medo na hora, t-ta tudo bem, mas obrigado mesmo assim!.-Mentiu, ele realmente tinha se sentindo mal, sem saber se o que Aimé falou era verdade ou um ato de piedade (ele se sentiu bem na hora mas podia ser uma mentira e agora era visto como vunerável). Mesmo assim o colega pareceu acreditar quando sentou na escada em paz, o fato de que um inseto gigante tentou sequestrar ele o levou a querer aprender mais sobre Viridi e tudo que tinha a oferecer em um mês (isso o distraia dos problemas). Com seu caderno em branco ia escrever o que sabia de Viridi enquanto Aimé raciocinava tudo o que aconteceu em uma noite (e pensava um pouco no colega meio contraditório). Ambos agora só esperavam Lisa pacientemente...
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O círculo de pedras perto da casa brilhou revelando Lisa com uma sacola de comida mas também com uma cara muito cansada depois de um dia de recuperação (pelo menos ela tinha passado). Abrindo a porta iluminou a casa com os mesmos movimentos de mãos e criando uma luz:

—Eai, como foi o dia por aqui?.-Perguntou vendo Aimé na escada:

—Se eu dizer você nem vai acreditar! Foi tão... tão...

—Foram pegos por um mostro de lama?

—Sim...

—Então eu acredito!.-Respondeu sorrindo enquanto dava ele uma marmita:

—Espera! Como vocês ainda estão bem?!.-Uma preocupação rapidamente atingiu ela e Alex se aproximou ao lado dela:

—É uma longa história, mas fizemos o que você pediu..

—Como foi na recuperação?.-Aimé perguntou:

—Ah foi bem por enquanto, mas deixa isso pra lá.. Me falem como ainda estão vivos?!.-Ela ficou curiosa pra saber do dia deles e principalmente como escaparam, nos degraus Aimé ficou muito feliz por ter mais alguém pra conversar e contou ate mesmo do plano de Alex (menos sua conversa) e Lisa se admirava vendo como eles foram espertos (talvez com um pouco de treinamento básico...).

Alex estava sentado no sofá comendo enquanto ouvia o par conversando, um pouco da sua lembrança de bullying voltou mas ignorou vendo a sua nova vida temporária com uma ninfa e um colega que encarou com ele um mosquito gigante, ele se lembrou do que Aimé disse pra ele mas isso não mudou muito além de encorajar ele na hora. Se fosse pra ficar lá por um mês ele tinha que aprender a se adaptar e descobri pelo menos o básico "Talvez a escola daquela ninfa pode ter umas respostas", pensou vendo os dois morenos na escada se dando bem e conversando...