These Days

I believe in love.


Mais uma semana se passou e essa foi bem mais divertida do que a passada. Fui para casa do meu tio Lúcio, na verdade não era uma casa e sim fomos para seu sitio. Passei quatro dias lá, sem internet, sem TV, sem música e sem qualquer meio para me comunicar com o mundo exterior. Parecia que eu estava em outro planeta. Era simplesmente, meu tio, meu primo, eu e mais três amigos do James.

Foi divertido pelo motivo que a gente começou a explorar os Sitios dos vizinhos, era um lugar imenso, parecia uma floresta, daria um bom roteiro para um filme de suspense ou terror. Várias cachoeiras e lagos. Brincamos do famoso Pique-esconde e durou quatro horas e meia para meu primo achar todos nós, espalhados por aquele lugar. Eu particulamente quase me perdi, e foi a primeira vez que fiquei com medo de verdade. Lembrei de um livro que li há alguns anos A ameaça nas trilhas do tarô, do Sérsi Bardari. Alías, recomendo esse livro infanto-juvenil.

Depois daqueles dias longe de toda a civilização, minha tia nos buscou e num piscar de olhos minhas férias tinham ido embora. As aulas começariam na segunda-feira, daqui há três dias. As férias foram boas para eu poder pensar e refletir sobre várias coisas. Eu percebi o quanto eu sentia a falta da Bruna e o quanto eu queria vê-la logo.

Naquela sexta-feira, um dia antes de voltar para, eu enfim entrei na internet, fui me "atualizar" né, precisava ver como andava meu time no futebol, notícias do mundo e claro, entrar no orkut e MSN. Por sorte Bruna estava online, não perdi um segundo e chamei.

– Boas novas, amanhã eu volto!
– E por que seria uma boa notícia?
– Pelo motivo que estarei em casa, há trinta minutos da sua casa.
– Hmm e uns quarentas da Alana né ?
– Não entendi.
– A Alana mora aqui perto.
– Ah sim, mas o que tem?
– Nada.
– Pera... você sabe que conversei com ela?
– É, é que parece que pra ela você consegue entrar na internet né?
– Ei, te falei que a internet aqui é zoada, e conversei com ela de madrugada, um dia que perdi o sono.
– É, fiquei sabendo que viram o sol nascer e tudo.
– Pára de bobeira por favor.
– Tô tranquilona aqui, festinha amanhã e tal.
– Hmm, que bom.
– Na verdade vou passar a tarde na casa na Lorena, quer ir lá?
– Fazer?
– Dã, me ver?
– A tarde?
– Sim, o Dudu vai, tô sem vê-lo desde o último dia de aula.
– Vou marcar com ele então de ir aí, ou melhor lá nela.
– Marca.
– Impressão minha ou você do nada ficou "de boa"
– É que percebi que eu estava agindo como se eu estivesse com ciúmes.
– E você não estava?
– Não! Por que eu estaria?
– Hmm, verdade.
– Né.
– E essa festa que você falou?
– É uma perto da casa da Lorena, do Roger, seu amigo, não?
– Amigo, não, mas é bem conhecido sim, estudava comigo no ensino fundamental. - Fiz um pausa e enquanto olhava meu orkut, vi um scrap dele me convindando. - Acabei de ver no orkut, ele me convidou.
– E você? não imagino você nessas festinhas com funk proíbidão, cerveja e tal e você nesse meio.
– Hahahaha tá doida, mas talvez eu vá para dar um abraço nele, lembrei que ele tinha me falado dessa festa há tempão.
– Então amanhã você vem né?
– É, Bruna, amanhã iremos nos reencontrar.

Eu não consegui dormir direito aquela noite, estava doido para acordar e ir para minha casa, estava com saudades da minha mãe, do meu irmão, da minha casa, da minha cama, enfim, de tudo. Não preciso mencionar o motivo de tanta ansiedade né?

O dia seguinte foi tranquilo, minha tia estava meio triste por ter que se despedir, meu primo parecia ter se acostumado comigo ali e também não parecia contente com minha ida. Prometi voltar no ano novo, talvez. Meu tio Carlos me levou embora e no caminho ficou fazendo planos para Janeiro, falando que ficaria de férias e poderia viajar e se eu quisesse, poderia ir com eles.

«»

Já tinha me arrumado e saído de casa, eram quase 16h e o apesar do fim do inverno fazia um sol, esse era meu Rio de Janeiro. Eu andei e a cada passo na direção da casa da Lorena eu ficava mais ansioso, sentia meu coração acelerar, era uma sensação nova para mim. Eu realmente estava explodindo de saudades, eu não aguentaria ficar nem mais um minuto longe dela. E ao dobrar a esquina, ao entrar na rua onde Lorena morava, eu olhava para o alto, Lorena morava numa casa no segundo andar onde tinha uma varanda e ao me aproximar, vi as duas na varanda, pareciam me esperar. Pelo visto Eduardo não tinha chegado ainda.

Bruna abriu um sorriso, mas era um sorriso timido, já Lorena que até então não era tão minha amiga, abriu um sorriso maior e acenou. As duas desceram as escadas e foram me atender. Eu fiquei no outro lado da rua, encostado num muro onde tinha sombra. Lorena se aproximou e me abraçou, alías era a primeira vez que a gente se abraçou. Dei dois beijos em seu rosto, mas eu não queria vê-la, eu não queria nem falar com ela. Quando ela deu um passe para trás e depois para o lado, Bruna apareceu, estava à dois metros de mim, sorrindo, eu nem esperei ela se aproximar, eu simplesmente apareci em sua frente e abracei forte.

– Nossa. - Lorena se espantou - Que saudade hein hahaha.

Eu não falei nada, Bruna também não. Nossos corpos ficaram grudados, eu juro que sentia seu coração bater e naquele momento estava acelerado, ou seria o meu? Eu demorei até me afastar alguns centímetros e beijar sua bochecha, as duas na verdade.

– Oi, Rick. - Ela parecia tão feliz quanto eu, mas eu não escondia essa felicidade, ela sim, talvez pelo fato da Lorena estar presente.
– Saudade de você! - Sorri - Você tá bem?
– Tô sim, e você?
– Também.
– Essa saudade toda não podia esperar até segunda? - Lorena falava, na verdade ela queria mostrar que também estava ali.
– Não. - Respondi e Bruna ficou sem graça.
– Iiih, me ama né? - Ela ria para disfarçar
– Começa a se achar não, idiota. - Dei um tapa no seu braço e rimos.

Conversamos por cerca de vinte minutos, fiz um super resumo das minhas férias, na verdade eu contei basicamente só a parte do meu tio Lúcio e seu sitio. Eu nem mencionei a Taiani, acho que não era preciso né? Se bem que fiquei curioso em ver pessoalmente a reação da Bruna ao saber que fiquei com outra, bom, não tive tal coragem.

Assim que terminei de contar sobre as férias, Bruna falou sobre uma pequena viagem que fez com sua irmã e o marido dela, Lorena falou que passou em casa mesmo e que estava com saudades da escola. As duas falaram de uma festa que teve na semana anterior das gemeas, que inclusive são da sala da Lorena. Falaram que o Eduardo ficou com uma menina lá e Lorena acabou "revelando" que a Bruna também ficou com um garoto. Imediatamente eu a olhei, ela parecia não ter coragem de me encarar.

– Como assim? você ficou com alguém Bruna? - Questionei. Lorena parecia não entender.
– Ah... foi o Yuri. - Ela me olhou, mas não nos olhos.
– Hmm. - É, parecia que ela realmente gostava dele.
– Mas não esse Yuri, foi outro Yuri.
– O quê??
– Mas nem ficamos, Lorena exagerou, no fim da festa, antes de eu ir embora, ele me me agarrou e beijou.
– Você correspondeu?
– É... - Ela parecia querer sumir dali, não antes matar a Lorena por falar.
– Ele te mordeu né? tu ficou toda bolada e com medo da sua mãe ver teu lábio mó vermelho por ele ter mordido.
– É. - Bruna respondeu seca.

Eu queria sei lá, ir embora, bater nesse escroto que agarrou e beijou, mas eu sentia uma raiva, mas não sabia se era da Bruna por simplesmente ficar com outro ou raiva de mim por ser um medroso e sem atitude, por quê eu também não a beijei ? Por qual motivo eu simplesmente me declaro de vez, apesar de parecer óbvio que gosto dela, acho que faria diferença se eu falar e declarar.

Eu não tinha coragem o suficiente de fazer tal revelação por mais explícito que seja o que eu sinto, talvez ela iria se afastar ou mudar comigo, ou talvez iríamos namorar. Eu não queria perder tudo, eu não queria perder a chance de falar com ela todos os dias, de abraça-la, de ficar ao seu lado. Eu acredito no amor.