These Days

Vem, vambora.


Qual o preço de uma amizade? quanto vale a importância de uma pessoa em sua vida? quando digo isso me refiro no sentido mais puro e leal da palavra. Um amigo de verdade é raro encontrar e com todos esses anos de vida, encontrei uma grande companheira, uma amiga leal.

Por mais amigo que o Eduardo foi e ainda é, após o fim da escola foi inevitável o afastamento, apesar que ainda nos encontramos algumas vezes, o papo, o jeito, as manias, tudo é igual como era anos atrás. Porém acho que nunca fui tão "verdadeiro" com ele, nunca consegui contar tudo que sinto, como realmente me sentia com cada situação que aparecia.

Mas tinha uma pessoa que desde que entrou na minha vida se tornou alguém realmente importante. Ao passar de cada ano sua importância foi só aumentando. Hoje eu sei que posso contar com ela em qualquer momento e situação.

Você sabe que a pessoa se tornou especial para você e sua amiga, quando você começa a ter certas intimidades em algumas brincadeiras, palavrões, apelidos e modo de tratar. E com ela não era diferente.

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Sentado no banco do Habbibs, eu olhava o cardápio a procura de algo interessante. Tinha marcado as pressas para ir lanchar e fomos no lugar mais perto para os dois. Não era um encontro, talvez sim, mas um encontro entre dois amigos que queriam conversar e nada melhor do que um fastfood para acompanhar.

Eu odiava esperar, mas naquele momento eu não estava ligando para isso. Olhei para o celular e marcava 17 horas em ponto, ela só estava atrasada dez minutos, eu podia relevar, afinal, estava no centro da nossa cidade esperando, era normal um certo transito nesse horário.

O garçom veio me atender e eu fiz logo o pedido, eu pedi vinte esfihas e dividi os sabores, não sabia direito qual era os preferidos dela. Para beber, escolhi uma tradicional coca-cola de dois litros, acho que até sobraria. Para sobremesa não escolhi nada, até por quê não sabia se íamos ter fome após comer as esfihas.

Assim que o garçom anotou o pedido, ele se virou e atrás dele eu pude vê-la entrar, ela estava meio perdida olhando pelas mesas para ver se me encontrava. Eu estava sem 3G no celular e por isso nossa comunicação pelo Whatsapp não era possível.

Eu sorri e fiquei parado, esperei ela me achar com seu olhar e ela achou. Ela sorriu de volta e ficou sem graça, não sei o motivo, talvez por saber que se atrasou um pouco. Talvez pelo motivo de uns garotos que estavam sentados numa mesa próxima ficaram encarando-a.

Então ela caminhou na minha direção, estava de sapatilha e um vestido amarelo largo, eu achava fofa, na verdade achava qualquer garota de vestido assim, bem fofa, ela era mais, por eu a considerar de certa forma baixa, com seus quase 1,70. Mal conseguia bater em meu ombro quando ficava ao meu lado. Ela caminhava e seus cabelos castanhos escuros, quase preto balançavam. Seu sorriso metálico era da cor azul escuro.

– Já sei, atrasei! - Ela falava enquanto enfim chegou na mesa.
– Uma hora, quase. - Eu ri enquanto me levantava. Dei dois beijos em suas bochechas e abracei, estava com saudade.
– Olha o exagero, estou no horário. - Ela sorria e sentava na cadeira na minha frente, botava sua bolsa em cima da mesa.
– Tá tudo bem, eu fiz até o pedido, estou faminto.
– Gordo é foda, nem espera. - Ela ria - O que pediu?
– Olha que gorda - Fiquei rindo - Eu pedi vinte esfihas.
– VINTE? hmmm, okay.
– A maioria de carne, não sei se você gosta das de frango e queijo, por isso foi só três de cada.
– Eu não gosto muito, mas ta tudo bem.

Não demorou muito para chegar o lanche, e menos ainda para começarmos a comer. Conversamos como muito tempo não fazíamos. Com o início de seu estágio durante a semana, e o fim de semana ela namorava, então era raro, mas bem raro os momentos que nos encontrávamos.

– Mas você não me contou qual era a urgência de querer me encontrar, só deu tempo de chegar em casa, tomar um banho e vim pra cá. - Ela falava enquanto terminava de beber sua coca-cola.
– Pareci tão desesperado assim? - Sorri.
– Sim! - Ela sorria de volta.
– Desculpa te preocupar, eu só queria te ver, tempo que a gente não se encontrava.
– Claro, você não sai de casa!
– Não tenho culpa de ter a felicidade de trabalhar em casa e não precisar acordar as seis horas da manhã.
– Aff, não precisa se gabar, mas sair é bom.
– Pra começar, eu saio, não com você, pois a senhorita nunca tem tempo, mas pra sair com o namorado tem!- Fiz uma careta e ela ria.
– Por motivos óbvios né. - Ela continua rindo.
– Então aqui podemos concluir que a culpa é a senhorita.
– Ai ai, nada disso. Tu precisa de uma namorada e esquecer a Bruna.
– Tem que falar dela? - Olhava para a garrafa de coca-cola enquanto enchia meu copo.
– Ué, mas é verdade, precisa de uma namorada e esquecer essa garota.
– Já tentei esquece-la, acredite, mas é algo que não sei explicar.
– Iiih, como consegue ser tão gamado, cara?
– Acho que é amor. - Falei sorrindo.
– Acha? certeza, meu deus do céu. - Ela ria.

Continuamos conversando por mais alguns minutos e no fim não sobrou esfiha nenhuma. Demoramos a deixarmos o local de tão cheio que estávamos. Eu paguei a conta enquanto ela foi no banheiro. Esperei na porta do Habib's.

– Que demora, foi cagar? - Botei as mãos dentro do meu casaco.
– Vai se ferrar! Faço essas coisas não. - Ela me dava um tapa no braço enquanto ficava ao meu lado.
– Não aqui né? pois no jeito que come, isso uma hora vai ter que sair de dentro de você.
– Ha ha ha, idiota! - Ela me dava outro tapa e eu ria.

Atravessamos a rua e fomos até um ponto de ônibus. Ela foi conferir seu celular e responder pessoas no whatsapp, enquanto eu fui só olhar as horas. Eram quase 19 horas, realmente o tempo voou.

– E não é que foi bom te ver. - Ela falava enquanto guardava o celular no bolso da calça.
– Isso foi um elogio? - Fiz cara de sério segurando o riso.
– Foi. - Ela ria.
– Aiai - ri com ela
– A gente precisa marcar outra coisa em breve.
– É só a senhorita marcar que eu vou.
– Vai mesmo?
– Vou.
– Então tá - Ela fez uma pausa olhando por cima dos meus ombros enquanto ficava nas pontas dos pés - Ih, olha meu ônibus lá trás.
– Verdade - Olhei para trás, ainda iria demorar ele chegar por causa do trânsito.
– A gente se fala pelo whatsapp.
– Claro.

Ela me abraçou forte, e eu fiz o mesmo. Se tinha algo que eu aprendi era aproveitar cada minuto como se fosse o último. Eu não sabia quando ia vê-la novamente, isso se eu iria vê-la, a vida é uma caixinha de surpresas e por isso ver minha melhor amiga naquele momento foi importante para mim.

– Se cuida, Giully. - Beijei sua testa.
– Você também, Rick. - Ela sorria e entrava no ônibus.

Dei um tchauzinho com a mão e a vi indo embora. Nesse momento eu tinha certeza como é bom passar um momento com pessoas que te fazem bem, e Giully me fazia bem, com conselhos, com os tapas, com os puxões de orelhas e com sua atenção, e eu era grato à ela por tudo.

Apesar de nunca tê-la agradecido e falar essas coisas, apesar de nunca revelar o quão importante e agradecido eu era por ela, acho que no fundo ela sabia. Então se você tem um amigo, mesmo que seja apenas um, valorize e esteja sempre ao seu lado, pois tenho certeza que ele ou ela, irá ficar ao seu lado sempre, em todos os momentos. E se tem algo que é eterno, é a amizade.