Thema Nr1

Às escondidas


Aquele domingo foi chato. Não saí com os garotos e nem queria. Kristin não poderia ir junto, então não teria graça. Bill foi até a casa de Adreas, um colega nosso de sala, mas nem fui junto. Esse seria uma dia longo e intediante. Fui para sala e me larguei no sofá, assistindo reprises de seriados antigos.

- Tom, o que há com você? - minha mãe sentou-se ao meu lado.

- Nada, mãe. - menti. - Tô só com sono. - me estiquei no sofá, alcançando uma almofada fofa.

- Aham, claro. - ela revirou os olhos. - Pode falar. - eu bufei e fiquei de pé.

- Não tem nada de errado, saco! - berrei e subi as escadas. Não quero falar nada, mas que droga!

Entrei num banho rápido e voltei para o quarto. Bati a porta atrás de mim e liguei o notebook em cima da escrivaninha. Entrei no MSN e chequei quem estava online. Kristin estava.

Tom diz:
Oi Kris ;D

Kris diz:
Oie xD

Tom diz:
Tá melhor?

Kris diz:
Tô sim, tá tudo certo aqui.

Tom diz:
Que bom...
Dormiu bem hoje? (6)

Kris diz:
Besta xD
Dormi sim... ;)

Tom diz:
HAOEHOAUEHUAEH ==
Cara, tô entediado...

Kris diz:
Eu também, aqui tá um saco! -.-'

Tom diz:
Quer dar uma volta?

Kris diz:
Tá falando sério? Escondida?

Tom diz:
Claro, é o jeito. =/

Kris diz:
Tô indo aí.
Bjs ;*

Eu nem acreditei. Desliguei o notebook e abri a janela. Lá estava ela saindo cuidadosamente do seu quarto, com sua bermuda preta social, meia-calça listrada preta e branca, All Star preto, regata branca e suspensórios pretos. Seu cabelo estava propositalmente bagunçado e seus olhos com pouco rímel. Ela sorriu pra mim e veio ao meu encontro.

- Hey, aonde vamos? - ela sentou na beirada da escada de emergência.

- Você vai ver. Só vou pegar meu casaco. - entrei e peguei um moletom preto. - Vamos. - desci as escadas com facilidade.

- Deixei minha TV ligada, assim minha mãe nem vai suspeitar. - ela deu de ombros.

Caminhamos pela rua silenciosamente até chegar ao ponto de ônibus. Estava tudo lotado, exceto por um banco lá atrás que Kristin sentou. Esperamos por um tempo, quase uma hora de ônibus até o centro da cidade, quando já estava anoitecendo.

- Nós descemos aqui. - falei para ela que estava entediada. Descemos juntos e caminhamos por uma rua grande e movimentada.

- Aonde vamos agora? - ela perguntou bucejando.

- Vem - peguei sua mão. - Vou te mostrar um lugar bem legal. - Acho que ela vai gostar.

Andamos pela rua até chegar ao antigo Teatro da cidade, aquele que pegou fogo há anos atrás. Não era bem um lugar especial, e também ficava todo fechado para evitar acidentes, mas eu tinha meus truques.

- O que vamos fazer aí? - ela perguntou agarrando-se ao meu braço firmemente. Eu ri silenciosamente e entrei no beco estreito ao lado do prédio. A saída dos fundos estava quebrada, então era por lá que iriamos entrar.

- Relaxa Kristin, você tá comigo. - sorri de canto e cutuquei sua barriga inticando.

- Esse é meu medo. - ela riu e me deu um leve tapa nas costas. Abri a porta e deixei que ela entrasse primeiro.

- Espere. - peguei meu celular que fazia uma luz consideravel. - Pronto, pode vir. - caminhei a sua frente e segurei sua mão.

Segui pelo corredor dos camarins até o palco. Mal enxergávamos um palmo à frente, porém eu conhecia tudo por lá, frequentava o Teatro sempre que podia, mas só depois dele ter insendiado. Puxei as sobras das cortinas empoeiradas tentando abrir passagem, com Kristin logo atrás de mim. Apertei a tecla do celular pra acender a luz novamente, enquanto caminhávamos palco adentro.

- Que lugar lindo! - ela caminhou sozinha até o centro do palco sujo de cinzas. A pouca luminosidade do local permitia ver levemente os estragos causados naquele lugar imenso. - Tom, isso aqui é perfeito! É tão lindo...

- suspirou e girou de olhos fechados. - Como você conhece isso aqui? - ela parou e me encarou.

- Er, eu venho sempre aqui, desde quando isso pegou fogo. - dei de ombros. - É sinistro, mas é legal. - sorri e fui pra perto dela. - Cuidado para não se sujar. - encarei o lugar vazio e com cheiro de cinzas.

- Tudo bem... Só estranhei você frequentar um lugar tão... Melancólico. - ela riu e virou-se para mim. - E o que faz quando vem pra cá? - Kristin chegou bem perto de mim a ponto de permitir que eu sentisse seu cheiro de frutas vermelhas com baunilha, então deixei o celular no chão, logo ao lado de mim.

- Digamos que eu sempre venha aqui acompanhado. - ri de lado ficando de pé e a puxei pela mão pra perto de mim e segurei sua cintura.

- Ah, engraçadinho! - ela riu e firmou suas mãos em meu peito, mantendo uma distância entre nossos rostos. Controle-se Tom! Não vá fazer nenhuma besteira!

- Mas você é com certeza a melhor de todas as companhias que eu trouxe pra cá. - sorri de lado fitando seus olhos.

- Ah, para com isso Tommie... - ela falou envergonhada e tirou suas mãos de meu peito, cobrindo seu rosto. Fica tão linda envergonhada... Dá vontade de morder. Sorri e tirei suas mãos de seu rosto.

- Para com isso, Kris. - ela encarou meus olhos, umidecendo seus lábios.

Meus olhos foram como imãs em seus lábios. Avermelhados, macios, convidativos... A luz do celular apagou. Senti sua respiração ofegar no escuro do palco.

- Tô com medo. - ela sussurrou permitindo uma aproximação maior entre nós dois. Respirei fundo e a puxei pra mais perto, colando nossos corpos.

- De mim? - sussurei ao seu ouvido, fazendo-a arrepiar-se. Adoro fazer isso!

- Com certeza. - agora estávamos face-a-face, respirando o mesmo ar. Ar doce.

Encostei meus lábios aos seus com pressa, erguendo-a pra cima com meus braços. Ela envolveu meu pescoço e firmou sua boca na minha, enquanto caminhei para trás encostando-me na parede. Encaixei Kristin entre minhas pernas e a puxei pra mais perto, mordendo seu lábio delicadamente. Ela ofegou e abriu a boca rapidamente, deixando nossas línguas se reencontrarem. Suguei seu sabor, levando minhas mãos por suas costas. Kristin passeou com a língua em minha boca, rindo entre o beijo. O celular tocou, iluminando todo o ambiente. Mas que merda! Larguei sua cintura e peguei o celular do chão.

- Hallo? - perguntei irritado. Vou matar que me ligou agora.

- Tom, onde você está? - Bill falou desesperado. - Mamãe disse que você estava no quarto, mas não estava! - ele falou nervoso.

- Pode ficar tranqulinho, estou bem e em ótima companhia. - faleimordendo o lábio encarando Kristin.

- Okay. - ele fez uma pausa. - Quam está com você? - perguntou.

- Kristin. - falei. Ela arregalou os olhos e chegou perto de mim.

- Ah, tudo bem... Bom, então tchau. - ele despediu-se. Desliguei o celular.

- Vamos pra casa, já é tarde. - coloquei meu casaco nela e saímos de lá.

Pegamos um ônibus para casa que estava vazio. Sentamos lá atrás, Kristin na janela e eu ao seu lado.

- Já é noite. - ela olhou pela janela, encostando sua cabeça em meu ombro. Beijei o topo de sua cabeça e esperamos chegar em casa.

O ônibus parou e acordei Kristin, que dormia encostada em mim. Descemos do veículo e fomos para o interior do conjunto habitacional, entrando pela escada de emergência. Na varanda, Kristin sorriu e olhou para os pés.

- Muito legal aquele lugar. - ela falou baixinho.

- É, bem interessante... - sussurrei para não sermos descobertos.

- Seu casaco. - ela despiu o moletom e me entregou. tomei de suas mãos e aspirei o perfume do casaco.

- Cara, que perfume bom! - eu sorri de olhos fechados guardando o cheiro em minha mente.

- HAHAHAHA! Seu tosco! - ela riu e me deu um tapa, mas logo parou de rir e escostou seu queixo em meu peito, encarando meus olhos.

- Posso te beijar? - perguntei sorrindo.

- Não. - ela sorriu.

- Não? - eu perguntei sorrindo de lado. - Tem certeza?

- Não. - rimos. Beijei seus lábios delicadamente.

- Boa noite, Kris. Até amanhã. - sorri.

- Boa noite. - ela lançou um sorriso singelo de sua janela.

Entrei em meu quarto e me larguei na cama. Aquele perfume, aquele beijo... Ah, eu amo Kristin.