Thema Nr1

Relacionamento aberto?


Acordei o mais cedo que o normal. De madrugada, pra falar a verdade. A primeira ideia que eu tive foi sair da janela e encontrar Kristin, mas isso seria uma estupidez, pois ela certamente estava dormindo. Não desisti da ideia, não totalmente. Fui até sua janela que por sorte estava com as cortinas abertas. Aproximei meu rosto do vidro e olhei através do quarto iluminado pela luz da noite, conseguindo encontrar aquele pequeno ser coberto com um edredom preto, respirando calmamente. Não sei o motivo, mas não a acho mais estranha. Me acostumei com esse estilo doido dela de ser. Suspirei profundamente formando uma mancha branca circular no vidro transparente, um ótimo lugar para desenhar. Com o dedo, fiz um coração meio torto, esquisito. Ah, dá um tempo! Acho que esse foi o primeiro coração que eu desenhei. Ri para o resultado e voltei para meu quarto a tempo de tomar um longo banho relaxante.

Voltei para meu quarto enrolado na toalha, passei o desodorante e escolhi a roupa que iria usar. Uma calça larga com um moletom preto e cinza listrado, no tamanho de sempre. Amarrei meus dreads com cuidado e coloquei uma faixa preta com uma boné igualmente preto, tudo isso com uma boa dose de gostozura patentiada dos Kaulitz. Botei meus tênis e segui até o corredor. Bill com certeza se atrasou, e vai ter um ataque se não der tempo pra fazer seu cabelo, então resolvi acordá-lo. Bati na porta.

- Macky... Acorde. Tá atrasado! - falei baixo para não acordar a casa.

Desci as escadas até a cozinha para fazer o café. Waffles com geléia. Sentei a mesa me me servi de suco enquanto esperava por Bill.

- Olá Tommie... Valeu por me acordar. - ele desceu as escadas passando a mão em seu cabelo recem arrapiado. - Como foi ontem a noite? - ele sentou ao meu lado e serviu-se de suco.

- Oi. - engoli o que mastigava. - Foi ótimo. Levei ela ao Teatro. - falei sem tirar os olhos do waffle.

- Teatro? - ele arragalou os olhos. - Pensei que você fosse levar ela ao motel, e não pra assistir uma peça de teatro. - ele falou surpreso.

- Nein, Bill. O Teatro incendiado. Não levaria Kris ao motel, seu idiota... Eu tô gostando mesmo dela. - dei ênfase à palavra "mesmo".

- Sério? - ele sorriu. - Que massa! Tava demorando pra vocês ficarem... - ele riu e passou geléia no waffle.

- Er, na verdade não demorou tanto. - parei de comer e dei uma risada sem graça. - Fiquei com ela no cinema. - completei com um sorriso maroto. Aquele beijo... Mein Gott! Chocolate com Halls... Nhammm...

- Como? - Bill chamou minha atenção quando eu salivava. - Ninguém viu!

- Pois é, mas aconteceu. - dei de ombros e dei o último gole do suco. - Bom, apresse-se. Ainda temos que buscar a Kris na casa dela. A louça é sua. - apontei pra pia e saí em direção ao banheiro para escovar os dentes, enquanto Bill resmungava.

Acabamos de nos arrumar e fomos buscar Kristin. A casa dela estava silenciosa, mas ela estava acordada, porque a luz da sala já estava ligada. Toquei a campainha. A maçaneta girou.

- Olá. - Kristin falou manhosamente esfregando os olhos. Ela estava linda com um vestidinho preto de malha que lembrava uma jardineira sobre uma babylook vermelha, com o All Star preto dos cadarços trocados por fitinhas vermelhas. Seu cabelo estava liso, atrás das orelhas, com a franja lisinha sobre o olho direito. Rímel nos olhos e gloss nos lábios que logo, logo iriam ser beijados por mim. Eu sei disso.

- Oi Kristin! - Bill sorriu animado e a abraçou. Ela retribuiu.

- Bom dia, pestinha. - sorri e dei um beijo em sua bochecha. - Dormiu bem?

- Aham. - ela acenou com a cabeça delicadamente. - Minha mãe nem desconfiou que eu saí ontem. - ela riu baixinho enquanto trancava a porta.

Eu sorri para aquele ser fofinho esperando que ela me retribuisse. E ela fez.

- Passou na minha janela hoje? - ela falou baixinho.

- Sim, como sabe? - perguntei intrigado.

- Foi o coração mais esquisito que eu já vi. - ela falou séria. - Mas com certeza o mais fofo de todos. - Kristin sorriu pra mim com os olhos nos meus.

- Eu tentei. - sorri de lado e dei de ombros.

- E aí? Quais são os planos para hoje? - Bill falou mosdiscando uma bala.

- Nem sei ainda. Pensei em ficar no meu quarto lendo... - Kristin me encarou. Ela queria dizer algo?

- Eu vou treinar violão. - falei encarando-a.

- Ah, então vou ligar pra Kate... - ele falou e logo parou no lugar. - Acho que não. É, esquece. - bufou lembrando-se dos fatos passados. Bill ainda gosta dela, mesmo depois de tudo... Kristin me encarou preocupada.

- Bom, talvez a gente possa fazer algo... - ela falou cuidadosamente examinando o olhar de Bill.

- Não, tudo bem... Eu vou ficar bem. - ele falou encerrando o assunto.
Chegamos ao colégio antes do esperado, então sentamos nas mesinhas com Georg e Gustav, que conversavam animados.

- E aí Bill? Casal? - eles riram e continuaram a discutir animados.

- Sério, Georg. Acho que não é mentira. - Gustav falou sem olhar para nós.

- Sei lá... Tom, você pode vir aqui comigo? - Georg me puxou para longe do resto do grupo. - Cara, eu ouvi uma coisa que fiquei de cara. A Kate tava ontem lá no parque com as amigas dela e eu e o Gustav vimos que ela tava chorando. A gente ouviu algo como se ela estivesse brava com Bill. - ele falou sussurando. Como assim?

- Georg, ele que deveria estar bravo com ela! Ela que chifrou ele! - falei indignado. - Como ela pode cobrar algo que ela não fez? - apontei para Kate, andando sozinha, enxugando os olhos no pátio.

- Tom, você acha mesmo que ela estivesse com Matt? Ela parecia gostar do Bill. - Georg falou um pouco exaltado.

- Eu não sei. - falei desanimado.

- Pois eu sei. Acho que o monstro do ciumes atacou seu irmão e ele imaginou coisas. Foi precipitado. - ele apontou para Bill, que adimirava Kate de longe.

- Cara, ele ainda gosta dela, é sério. - falei mais baixo. - Mas será que vão se acertar? - ajeitei meu boné.

- Kristin pode ajudar. - Georg sugeriu.

- Acho que não. Pelo menos não agora, depois que ele a agarrou. - falei sem importância.

- Então fale você. - ele falou dando de ombros.

- Eu? - falei espantado. - Tem certeza? - ainda não queria fazer isso. Georg fez sinal para que eu fosse.

Caminhei até a garota solitária, toquei seu ombro e a encarei. Ela desviou o olhar para o chão.

- O que quer, Tom? - ela falou ríspida.

- Kate, você não tá com o Matt, não é? - falei diretamente.

- Eu? - ela pulou e me encarou nervosa. - Matt é meu primo, ele pega carona comigo. Só fui avisar a ele que eu iria a pé! Bill estava me esperando, mas depois apareceu lá e saiu pirado comigo! E ainda depois agarrou Kristin, que eu pensei estar com você! - ela começou a chorar de raiva.

- Isso foi besteira dele. Vingança, sei lá. Kristin não está com ninguém. - afirmei.

- Sério? - ela me encarou incrédula. - Que idiota! Ele a agarrou por nada? Arg! - ela chorava ainda mais.

- Kate, vocês se gostam... Tem que conversar com ele, por favor! - sentei ao seu lado e encarei seu rosto.

- Ele me odeia. - ela virou-se de costas.

- Nao, ele não te odeia. Acredite em mim. - falei baixo e ela sorriu de leve.

- Se ele quizer falar comigo, vou falar com ele. - ela completou e saiu andando, me deixando para trás.

Voltei para a mesa com o pessoal e empurrei Kristin para fora da cadeira, sentando-me no seu lugar.

- Tom! Seu besta! - ela bufou irritada. Que lindinha!

- Own, coitadinha! - fiz uma cara de peninha. - Senta no meu colo. - puxei-a pelo braço.

- Nein, Tom! - ela se esquivou e riu marotamente.

- Quando falo que vocês dois tem um caso... - Georg falou soprando uma mecha de cabelo da testa.

- Aff. - revirei os olhos. O sinal tocou.

- Bom, então até mais! - Gustav acenou e foi junto de Georg para sala, assim como Bill, Kristin e eu.

A aula foi aquela chatisse de sempre. Kristin chegou a dormir deitada na carteira e eu até achei bonitinho, ela lá, quase babando de sono. Passei um bilhete pro Bill, contando toda a situação. Digamos que ele só me encarou assustado e se odiou pra sempre por ter julgado Kate sem saber. Acho até que resolveu falar com ela, mas agora é esperar. Fiz o que pude fazer. Bateu o sinal para o intervalo.

- Tom. - Jeny surgiu do nada. - Posso falar com você? - antes que eu pudesse dar um não, Kristin apareceu.

- Tommie, vamos lá nas mesas? - ela parou do meu lado e ficou calada. Clima tenso no ar.

- Aff, mein Gott! - Jeny reviou os olhos. - Tom, fala sério! - ela berrou.

- Jeny, para, mas que saco! - bufei. Passei meu braço pela cintura de Kristin e segui andando. - Vamos, pestinha. - baguncei seu cabelo.

- Para Tom! - ela lutou para se soltar, rindo e me fazendo cócegas.

- Acho que não vamos para as mesas. - pausei a guerrinha.

- Vamos aonde? - ela me encarou enquanto eu segurava firme seus pulços.

- Biblioteca. - falei sério. Ela me olhou desconfiada.

- O quê? - ela largou-se e me fitou.

- Sim, vem comigo. - Puxei-a pelo corredor, subi as escadas e entrei na sala quase vazia, exceto pela bibliotecária idosa.

- Er, o que você faz numa biblioteca? - ela me perguntou desconfiada.

- Estudo anatomia. - sorri meio maroto e a puxei silenciosamente até o último corredor de livros, aonde aquela velha não nos notaria.

- Cara, medo de você! - ela riu e me seguiu silenciosamente.

Segurei-a pela cintura e ri de sua expressão. Medo, ou até mesmo receio. Só fez com que me desse mais vontade de agarrá-la. Selei nossos lábios com pressa, sentindo sua respiração ofegar. Abri minha boca com vontade, tocando minha língua à dela com movimentos apressados. Senti o calor daquela boca deliciosa, macia, atrativa. Kristin mordeu meu lábio ousadamente e agarrou-se ao meu pescoço, passando seus dedos pela minha nuca. Ela é mais esperta do que aparenta ser. Separei nossos lábios e beijei o canto da boca, descendo delicadamente pelo maxilar, até chegar ao pescoço. Meu piercing gelado tocando sua pele quente fez com que ela se arrepiasse. Ri de sua reação e dei um leve chupão em seu pescoço. Isso tudo escondido era muito bom. Puxei mais pra cima e passei minhas mãos pelo seu corpo, até que ela parou com tudo e me encarou séria.

- Vem vindo alguém. - ela falou baixo e espantada. Era a bibliotecária, com certeza. Puxei-a ainda em meus braços para outro corredor, selando nossos lábios e rindo sem som para que ela não falasse. Os passos afastaram-se.

Retomei o olhar a ela e umideci os lábios, encarando seu corpo. Senti um calor passar por mim como se quizesse Kristin naquele momento.

- Nem pense nisso, Thomas. - ela me repreendeu.

- O que foi? - fingi não entender. Ela apontou para minha calça. Merda! - O que posso fazer que você é tentadora? - mordi meus lábio e sorri de lado.

- Controle-se garato. - ela riu e saiu andando, me deixando lá, desamparado. Ela vai me deixar louco!

Saí correndo atrás dela e a encontrei parada em frente a Jeny.

- Garota, você se prepare. Tom come na minha mão. Espere só você se negar a dormir com ele, daí ele virá correndo pra mim. - Jeny espalhou seu veneno. Como assim? ela pensa que eu como na mão dela? Retardada.

- Kris. - falei logo atrás de jeny, que deu um pulo ao me ouvir. - Você vem comigo, pequena? - dei a volta em Jeny e abracei Kristin por trás, beijando seu pescoço na frente de todos. Ela riu sem graça, virou-se e me tascou uma mordidinha na bochecha.

- Vamos sim, seu peste. - ela riu e me acompanhou até a sala, onde teríamos mais umas horas de tortura.

Chegamos na sala de aula e levamos um susto. Bill e Kate estavam juntos, ela no colo dele, abraçados, beijando-se matando a saudade. Então se acertaram? Acho bom mesmo...

- Ei! - Kristin me cutucou. - Olha lá a animação dos dois. - ela abafou uma risada e sentou-se na cadeira atrás de mim. Virei-me pra trás.

- Eles se gostam, dá pra ver. - eu ri e debrucei meu rosto em sua carteira, limitando-me a admirar o rosto daquela garota tão única.

- O que foi? - ela ergueu uma sombracelha e apoiou seu rosto sobre seus braços, encostando nossos narizes.

- Ah, é que você é tão fofinha. - eu fiz uma cara meiga. - Dá vontade de apertar! - eu ri e ela fez uma careta.

- Tom... Não estamos juntos, né? - ela soltou essa pergunta como se perguntasse que hora que passava o ônibus.

- Er, eu acho que não... Bom, eu pensei, quem sabe... Ficar de vez em quando... Er... - ergui meu rosto e engoli em seco. Será que era isso que ela queria ouvir?

- Aham, tudo bem. só queria saber, porque eu não queria ficar com alguém enquanto você estivesse pensando que a gente está junto oficialmente, sabe? - ela ajeitou seu cabelo e mordeu o lábio, talvez arrependida de ter falado algo. - Não que eu tenha alguém em mente... Você me entendeu, não é? - ela agora estava sem jeito.

- Claro. - me fiz indiferente. - Você pode ficar com quem quiser, certo? - não esperei a resposta e virei pra frente. O professor entrou e encarou Bill e Kate.

- Que diabos está acontecendo aqui!? - ele bufou. - Vocês dois, já para a diretoria! - o velho calvo começou a falar cuspindo, enquando o casal apaixonado levantou-se rindo e, ainda abraçados, foram andando pelo corredor tascando beijos roubados um do outro. Bill, você não presta.
Eu não ousei falar com Kristin o resto da aula. Fiquei chateado, sei lá, com o comentário dela. Quem será que ela tá afim?