Jungkook

Não entendo o porquê, mas aquilo me magoou. Talvez eu tenha encarado Taehyung-hyung por alguns momentos e me perguntado o que ele tinha de tão diferente e charmoso, que eu não tinha. Balancei minha cabeça para afastar esses pensamentos da minha mente, afinal, eu estava com inveja? Ou ciúmes? Eu deveria estar feliz por meu amigo, mas eu não conseguia pensar em nada que não remetesse a essa ideia de ciúmes ou inveja.

— No que está pensando Jungukkie? - Hobi-hyung me perguntou.

— Em nada hyung! - digo simplista. - Só me sinto um pouco cansado.

O mesmo concordou com a cabeça e seguimos o resto do caminho conversando, não se passou muito tempo para que chegássemos em minha casa, me despedi de ambos e entrei no local. Meus pais não estavam então subi direto para meu quarto, e algo que eu não havia percebido depois que entrei… EU ESTAVA CHORANDO?!? Eu realmente não sabia o porque, não sabia desde quando esse choro repentino havia começado, eu só sabia que estava em lágrimas. Após um tempo ali recostado na porta, eu finalmente entendi, aquela dor; aquela maldita dor, aquele amor não correspondido perfurava meu peito de uma maneira tão penetrante que realmente machuca, e como machuca. Queria poder contar a meus amigos sobre, mas talvez pensem que estou apenas enciumado.

Me levantei dali, deixando todos aqueles pensamentos de lado, logo me dirigindo para o banheiro fazer minhas higienes e tomar um banho relaxante e demorado, como queria que o que Ma-Eun disse fosse apenas um simples engodo. Assim que terminei, tratei de me trocar e desci para a cozinha, peguei um copo de leite de banana e alguns biscoitos que meu irmão havia deixado para “mais tarde”, terminei de comer e coloquei o copo na pia, logo subindo para o pequeno terraço que havia ali na casa. Era o meu cantinho onde eu ia pra esfriar a cabeça em dias ruins, ou apenas para me livrar de pensamentos negativos. De lá de cima eu conseguia ver claramente a lua, com seu reflexo forte e brilhante que clareava a noite.

Da mesma forma, a lua não só fazia-me me lembrar de toda a beleza que este universo possui, mas também me lembrava da garota a qual um dia amei, digo dessa maneira pois não poderei amar alguém que não sente o mesmo por mim. Acho melhor superar esse sentimento enquanto ainda não me submeti à loucura de tentar fazê-la mudar de ideia. Fiquei ali por mais um tempo, o vento havia começado a soprar e o ambiente estava ficando cada vez mais frio, desci e peguei um casaco para mim e voltei para o terraço, após um tempo ali admirando as luzes da cidade sinto alguém ao meu lado, olho de relance logo percebendo que se tratava de meu pai, com um cigarro entre os dedos e soltando aquela fumaça tóxica de nicotina pelo ar.

— Também vem aqui? - o mais velho me perguntou, pondo em seguida seu cigarro de volta entre os dentes. - Gostaria de saber o que passa na cabeça dos jovens de hoje em dia, qualquer coisinha é motivo para se aborrecer. - Tragou a droga que havia dentro daquilo e soltou novamente aquela maldita fumaça.

— Já te dissemos para parar com esse hábito, não? - digo já pouco preocupado se ele irá se importar com minha opinião ou não. - E outra, eu venho aqui para admirar a noite. Não é nada especial pai.

— Não se preocupe, não vou morrer se fumar.

— Na verdade irá ter sérios problemas de saúde, podendo sim te levar a morte. - disse simplista, o que fez o mais velho me olhar indignado. Ele se sentou ali perto mudando de assunto.

— Ainda não respondeu à minha pergunta, Jeon.

— Eu já disse, sempre vim aqui.

— Nunca vi você por aqui.

Soltei um leve "hm" como resposta, claramente ele nunca me viu ali já que ele sempre esteve ali mas nunca presente na família e muito menos na minha vida, afinal, seu trabalho impedia que passasse mais tempo com sua família, tê-lo ou não em casa não era de grande diferença.

— Quer conversar?

‐ Sobre o que?

‐ Talvez, sobre seus olhos inchados?

Quando ele disse sobre meus olhos, rapidamente coloquei as mãos abaixo dos mesmos, sentindo que estavam sim inchados, tentei deixar longe dele o pensamento de que não estava chorando.

— Isto é apenas sono

— Não minta para mim Jungkook! Eu posso não estar presente na sua vida, mas sei que algo está acontecendo.

Eu tinha medo de dizer a ele sobre o que sinto, pois por sua personalidade "forte" ele pensaria que coisas sobre sentimentos e pensamentos são bobagens que nos "enfraquecem" e, que são apenas para os fracos.

— Vamos Jungkook! Você nunca me conta nada, eu não irei te julgar.

— Okay...

Soltei um suspiro pesado e contei tudo sobre Ma-Eun e o que ela disse para mim sobre gostar de Taehyung, eu nunca vi meu pai se importar tanto com minhas palavras.

— Jeon.

— Sim?

— Sabia que sua mãe também não gostava de mim quando éramos jovens?

— É sério?

— Sim, ela gostava do popular do colégio, que tinha cabelos glamurosos e adorava andar de skate pelos parques da região.

— E o que o senhor fez?

— Ela não era nada fácil, eu a chamava para sair, e também a mandava bilhetinhos com poesias e prosas românticas, e assim eu fui amolecendo aquele coraçãozinho de pedra.

— Uau, eu não sabia sobre isto!

‐ É… mas enfim, eu só quero dizer que acho melhor você contá-la logo, ou pode perder o amor da sua vida para seu melhor amigo.

Suas palavras me fizeram repensar sobre tudo, e que eu realmente deveria dizer a Ma-Eun o que sinto por ela. O olhei por um tempo e o vi sorrir para mim, o que me fez sorrir junto por consequência de seu ato. Ele afagou meus cabelos e se sentou ao meu lado, observando a noite iluminada pelas luzes da cidade, conversamos mais um pouco sobre outros assuntos, alguns deles um tanto engraçados. Logo minha mãe apareceu e nos chamou para jantar, descemos e Chul-Bae logo se agarrou em minhas pernas.

— Hyung! Hyung! Podemos jogar depois de comer? - o olhei logo em seguida olhando para minha mãe, que negava sem qualquer pingo de dó.

— Talvez amanhã cedo, que tal? - o mais novo não gostou muito, mas após pensar um pouco ele simplesmente concordou e correu para sua cadeira.

Conversamos enquanto jantávamos, algo até que normal, minha mãe estava lavando a louça conversando comigo; que estava secando e guardando-as, Cho-Gi tocou o ombro esquerdo de nossa mãe, assim chamando a atenção.

— Conversem mais baixo, Chulnni adormeceu. - apontou na direção de nosso dongsaeng que dormira quase que em cima do prato, segurando sua colherzinha do bob esponja toda suja na mão direita.

Rimos baixo e logo meu pai o pegou no colo, levando-o para seu quarto.