Marigold

Era, novamente, segunda-feira. Eu tinha feito de tudo para que pudesse faltar e poder evitar qualquer conversa com Ma-Eun; por mais que eu quisesse contá-la tudo o que sinto para não perdê-la, mas foi um plano falho, de um jeito ou de outro eu tinha que ir para a escola hoje. Péssimo dia para uma prova de geometria.

Chegando nos portões, vi Taehyung e Hoseok conversando, mas logo pararam ao me ver, Jimin veio ao nosso encontro um tempo depois e logo estávamos entrando no lugar.

— Hmm então temos um futuro novo casal, é? - Hoseok perguntou e olhou para Tae que sorriu um tanto tímido. - Ah, vai ser tão fofinho! - disse de forma contínua.

Jimin parecia um tanto disperso, como se algo estivesse lhe incomodando. Mas assim que Taehyung chamou, o mesmo olhou-o quase que imediatamente.

— Hobi hyung está falando com você.

— Qual você acha que fica melhor? Mahyung ou Taehyeun? - disse sem se importar muito com a resposta que ele daria, ele já tinha um em mente.

Jimin pareceu um tanto bravo, bufou e disse em um tom um tanto alterado.

— Não sei, tá legal? NÃO SEI. Talvez eu devesse ter ficado quieto, afinal isso é algo pessoal da minha prima, e se ela souber que eu contei ela vai ficar puta pra caralho comigo, nossa relação já não é uma das melhores, sair expondo assim vai fuder com tudo.

— Calma Ji, era só uma brincadeira. - Hoseok disse tentando apaziguar a situação.

— Foda-se se era brincadeira ou não! Isso é algo que... - parou e se virou para frente, pressionando a mandíbula. - Eu vou pra sala, antes que eu me estresse mais. - disse e saiu dali.

— O que houve com ele? - Hoseok perguntou, ele parecia chocado, mas também um pouco magoado.

— Não sei, ele tem estado assim ultimamente. - disse Taehyung.

— Ele parece meio preocupado. - digo me virando. - Vou guardar minhas coisas e ir pra sala, vejo vocês mais tarde!? - Saio em direção ao meu armário.

Antes que pudesse terminar de ajeitar todos os meus materiais para o dia de hoje, alguém bate minha porta com tudo, fazendo um estrondo. Quando olho para o lado vejo Sohui, que me olhava fixamente enquanto estourava uma bolha de seu chiclete. Sorriu de orelha a orelha ao ver que eu a encarava de volta, mas também, com o susto que me deu até os que estavam à nossa volta a encaravam.

— Preciso falar com você. - disse simplista, estourando outra bolha. - No terraço. Antes que as aulas comecem. - se virou e saiu dali.

Revirei os olhos e abri meu armário novamente e tornei a arrumar minhas coisas, subi assim que terminei e lá estava ela, parecia que queria dramatizar um pouco a situação. Se virou em minha direção assim que ouviu o ranger da porta metálica se fechando.

— Você demorou. - disse com algo nas mãos.

— Eu tenho meus motivos. - disse normalmente. Ela se aproximou e me entregou o que parecia ser uma carta, já imaginava do que se tratava. - o que é isso? - fingi não saber.

— Algo que quero que me responda em particular. - sorriu minimamente, olhando para o lado, me entregando uma carta logo após sua fala. - Você aceitaria ser meu namorado? É que temos algumas coisas em comum, daí pensei que pudéssemos dar certo e… - cortei-a assim que terminei de ler sua suposta declaração.

— Não. - digo indo direto ao ponto, fazendo com que a garota me olhasse indignada. - E antes que me pergunte o porquê, eu só estou te rejeitando porque me sinto atraído por outra pessoa. E também, não é só porque temos poucas coisas em comum que você pode simplesmente julgar que dariamos certo.

Seu semblante mudou drasticamente de indignada para fria e desalmada; como se aquele fosse um erro enorme em seu script, me olhou novamente de cima a baixo, algo parecia errado para ela, e ela iria dar um jeito de consertá-lo, nem que fosse contra seus próprios princípios. Sorriu ladino e murmurou um "ok", se afastou um pouco e olhou para cima, ficou assim por alguns segundos e logo voltou a se pronunciar.

— Eu já entendi. - voltou a me olhar. - Eu já entendi agora. Você está se fazendo de difícil, então terei que conquistá-lo. Estou certa? - como eu iria dizer não para alguém que estava convicta de que isso era verdade? Suspiro e me viro em direção às escadas. - Eu sabia! Apenas espere Jeon Jungkook, eu irei conquistar você!

Apenas sai dali e voltei a minha sala, pedindo desculpas à professora pelo atraso.

[...]

As aulas demoravam a passar, os minutos pareciam anos e eu só queria sair dalí e não ficar na mesma sala que Ma-Eun. Não é ódio, mas sim, tristeza, tristeza de olhá-la e saber que ela gosta de meu melhor amigo, tristeza de olhá-la e ver que o que temos não passa de amizade, é assim que me sinto...

Tentarei seguir o conselho de meu pai e talvez dizer a ela pessoalmente, escrever uma carta ou algo do tipo, escrever uma carta seria bem clichê mas seria o único jeito de demonstrar meus sentimentos por Ma-Eun.

Após um tempo o sinal tocou indicando ser a hora do recreio, fui para o refeitório e peguei meu lanche me sentando em uma mesa sozinho dos outros que estavam ali também, Jimin saiu de seu lugar, veio e se sentou ao meu lado, bufante e claramente com ódio. Parecia querer me dizer algo, mas sentia que ele se privava a me dizer. Pensei em perguntá-lo oque estava acontecendo para que ele estivesse agindo de tal maneira, mas foi apenas uma ideia na qual não consegui pôr em prática.

— Jeon, tem algo que queira me perguntar? - perguntou, talvez tenha percebido minha inquietação.

— Uh, bem. Tem sim. - digo limpando a garganta. - É que hoje você parece um pouco… Como posso dizer. Estressado. - Soltei, ele pareceu estranhar, mas não me impediu de terminar. - Queria saber se aconteceu algo que o deixou assim.

— Não… Bem, na verdade, aconteceu. E isso envolve o que aconteceu mais cedo e, um assunto o qual nunca cheguei a contar à vocês. - Disse me deixando curioso. - Mas se eu te contar, você tem que me prometer que não vai dizer isso para ninguém, tipo, ninguém mesmo!

Assenti o permitindo contar seja lá o que fosse. Ele me contou uma longa história envolvendo um amigo de um amigo dele, dizendo que ele e um amigo desse amigo de um amigo dele eram próximos; como se estivessem destinados a viver juntos, mas isso não passava de uma amizade, e esse amigo de um amigo sentia algo a mais por esse amigo, como se apenas amizade não bastasse para mantê-los próximos. Ele descobriu que o que sentia por esse amigo era paixão, mas esse amigo de um amigo de Jimin sabia que esse amigo gostava de uma garota, esse amigo de um amigo de Jimin não sabia como contar a esse amigo que sentia uma atração romântica pelo mesmo e acabou descontando toda sua frustração nesse amigo, fazendo com que toda a amizade que construíram fosse pelo ralo.

— Ah, então é por isso que você e o Tae estão tão distantes um do outro? - ele pareceu chocado, afinal essa de “amigo de um amigo” não me cola nem ferrando.

— É… Sim. - Abaixou a cabeça, talvez envergonhado por ter sido descoberto.

— Até os hyungs se envolvendo nesses problemas de romance. - Coloquei a mão na testa pensativo.

— “Até os hyungs”? Quer dizer que está com este tipo de problemas também? - Porcaria… Como eu explico agora?