The servant and the prince

Capítulo 3: Correntes


Suas mãos fracas percorreram o contorno do meu ombro com se o tivesse desenhando, gravando na memória para nunca mais esquecer, causando calafrios na minha nuca. O que era aquilo?

Senti um frio na barriga. Kaito me encarava, com um olhar que eu nunca havia visto antes. ''Mais'' eu repeti seu pedido, sussurrando. Me deixei levar pelo desejo reprimido há anos, segurando seus pulsos apoiados acima de sua cabeça. ''Mestre...'' murmurei baixinho, e beijei seu pescoço. Beijei sua orelha, mordendo-a de leve,tirando-lhe um gemido baixo. Não consigo descrever o que eu estava sentindo naquele momento. Não era minha primeira vez fazendo aquilo, mas era a primeira vez que me sentia tão vivo. Dei um chupão no seu braço, a fim de marcar território. Para minha surpresa, a postura impaciente de pouco tempo atrás do rapaz havia totalmente sumido, revelando como ele estava submisso. Seu corpo inteiro esquentava, e seus olhos me imploravam por mais.

–Gakupo...- ele tentou livrar seus braços, porém os segurei mais forte ainda.

Finalmente me permiti chegar aos seus lábios rosados novamente, mordendo-o com carinho. Procurei agir delicadamente e firme ao mesmo tempo, para agradar meu mestre. O beijei, cumprindo o que fora ordenado. Aumentei o beijo,movendo meu queixo. Impossibilitado de parar, continuei naquele ritmo, como se fosse um compasso de uma música só nossa. A intensidade recíproca abafava os gemidos, causava sensações estranhas no meu corpo e me deixava cada vez mais curioso de até que ponto meu príncipe estava disposto a ir. Mesmo sem ar, continuei beijando-o com a mesma paixão, sem querer desgrudar dele nunca mais. Entrelacei nossos dedos, completamente apaixonado pela delicadeza de sua mão.

Estaríamos indo rápido demais? Não tinha nem certeza se ele realmente estava gostando. Eu estava realizando meu sonho, mas os desejos de meu mestre vinham em primeiro plano. Dei uma pausa, esperando alguma reação. Ele abriu seus olhos azuis-celeste e sorriu de orelha a orelha, me deixando surpreso. Soltando seus pulsos, ele se agarrou no meu torso, e com uma força que me deixou despreparado, inverteu as posições, sentando na minha barriga e me forçando contra a cama. Sua expressão de conquista estava clara:

–Agora você é todo meu.

–Sempre fui seu, Vossa Majestade - corri meus dedos por baixo de seu suéter, puxando-o. Ele me ajudou, se despindo, e logo em seguida focou em desabotoar minha camisa. Ofegantes,não demorou muito para que estivéssemos semi nus. Arranquei minhas luvas e me deixei sentir aquela pele macia, que me tentava cada vez mais.

Seus lábios adotaram um formato malicioso, e seus olhos percorriam todo o entorno de meu corpo, como se estivesse admirando um prêmio que ganhara. Nossos olhares se encontraram, e seu rosto mostrava uma expressão ansiosa, como se não tivesse certeza do que fazer. Provavelmente era sua primeira vez, e meu ego crescia cada vez mais quando eu me lembrava disso. Ele queria continuar, mas ao mesmo tempo queria estar no controle. Típico da família real.

–Cansou,príncipe? - provoquei.

–Você não viu nada- rosnou, como se tivesse aceitado meu desafio. Hesitante, se curvou, beijando meu abdômen. Beijos sutis, que estavam me levando ao delírio. Ele começou a distribuir leves mordidas em direção aos meus quadris. Arqueei minhas costas, não aguentando ficar parado. Sendo mais forte que ele, levantei meu torso, e o sentei no meu colo. Kaito percebeu aquilo e arregalou os olhos, dando um pulinho de surpresa. Sua cara estava inestimável, na penumbra da luz de velas. Sussurrei em seu ouvido:

–Você está mais lindo que nunca essa noite,Majestade.

Ataquei seu pescoço, mordendo-o com carinho. Passei para o braço, beijei sua barriga e seu peito. Kaito arranhava levemente meus braços e costas, me incentivando. Agarrei sua cintura e quadris, apagando a distância que ainda havia entre nossos corpos. Percebi-o rebolando sutilmente, me deixando louco.

O som alto do badalar dos sinos que tocaram indicava que eram já eram onze horas, interrompendo-nos.

–Eu a-acho melhor...você ir-disse,parando- Vai que descobrem que você não está em seus aposentos - Ele me olhou, preocupado.

–Tem razão. Você quer que eu volte...amanhã à noite? - sorri, afastando uma mecha azul do príncipe de seu olho. Ele fez um sinal positivo com a cabeça. Abracei-o e o coloquei na cama, dando-lhe um beijo nos lábios e sussurrando um ''boa noite''. Apaguei as velas e saí do quarto, ainda não me dando conta do que aconteceu. Andei devagar, tentando organizar meus sentimentos. Meu coração parecia que iria parar, não me sentia feliz assim há muito tempo.

Quando abri a porta do quarto, me dei conta estava cantarolando a musica que havia cantado pra Kaito-sama. Não pude conter um sorriso. Tirei minhas roupas, analisando as marcas de chupões deixadas. Coloquei um curativo nas mais visíveis, penteei meu cabelo e me joguei na cama, exausto.

Acordei e fui tomar um banho rápido, e quando estava pronto, percebi que passaram um bilhete de baixo da porta.

''Me encontre nos jardins depois do almoço.

–L''

Bufei e guardei o papel no meu bolso. Passei pela sala de jantar:

–Yuma-kun, Meiko já está acordada?- Perguntei para o rapaz que estava limpando as janelas.

–Sim, ela foi no mercado com os ajudantes, mas mandou avisar para você que os croissants estão na bandeja em cima do balcão, junto com o chá - disse, secando o suor com o antebraço. Agradeci e fui buscar as coisas.

Bati de leve na porta, equilibrando a bandeja, e entrei.

–Bom dia,Kaito-sama - coloquei o café da manhã na cômoda e abri as cortinas, como sempre - dormiu bem? - sorri.

–Gakupo...- ele se levantou num pulo, com uma expressão surpresa - Eu sonhei...com você - coçou a cabeça,olhando para baixo.

Corei, achando-o a coisa mais fofa do mundo.

–Hoje você tem o dia livre, mas eu tenho que arrumar o depósito - me despedi com um selinho - Nos encontramos depois do jantar, mestre - sussurrei, com nossas testas unidas.

Saí, rumo a mais um dia.