The price of evil...

You should have known...


–Eu quero que você prometa que não vai contar nada, Johnny. Olha pra mim, Johnny, por favor. Eu sei que tudo que eu fiz foi errado, mas, por favor. –Johnny não olhava em meus olhos, apenas fitava o nada. Tudo bem que tudo que eu havia dito era muita coisa para se digerir de uma vez só, mas agora eu estava desesperada, talvez ele fosse contar pra todos, ligasse pra polícia, ou sei lá. Esperei aflita e nada.

Nenhuma resposta, nenhum suspiro. Nada.

Fala alguma coisa, mas que porra! Por favor, Johnny. Eu confiei em você, eu sei que eu não mereço confiança, mas preciso que você confie em mim também. –Já estava perdendo a paciência, o sacudi pelos ombros e falei um pouco mais alto, o que chamou a atenção de algumas pessoas que passavam por ali. –Johnny!

–Calma, garota! Eu tenho outra escolha? Se eu não fizer o que você mandar irei acabar igual aquele detetive e ainda tem muita mulher por aí que precisa de uns tratos meus. –Sorriu malicioso erguendo as mãos em um sinal de rendimento.

–Johnny, eu não estou contando piadas! Para de agir como o Synyster.

–Vamos nos acalmar, ok? E, por favor, sem pedras na minha cabeça. –O fuzilei com o olhar. Não acredito que ele estava levando tudo na brincadeira. –Lisa, lembra do seu aniversário? Eu já sabia há muito tempo que você era só uma menina e sei lá, se você tinha um passado que gostava de esconder, eu já esperava algo bem hediondo também. Você ter roubado, fugido dos seus pais –deu de ombros- mas eu confesso que nunca imaginei isso. O que você fez não foi certo, mas eu não vou falar pra ninguém. Você vai.

–Johnny, eu não posso. Agora não, eu prometo que eu vou embora, nunca mais vou atrapalhar vocês, mas...

–Estamos falando dos meus melhores amigos e eu não vou deixar você continuar mentindo para eles, se você não contar até amanhã, eu mesmo o farei.

–Eu não posso. –Suspirei derrotada.

–O que você não pode é continuar fugindo, isso é covarde! –Mudou o tom de voz.

–Um baixinho dando lição de moral? Essa é nova pra mim. –Senti dois braços envolvendo minha cintura e meu coração acelerou.

–Oi, Matt. –Disse com dificuldade.

–Oi. –E deu um leve beijo em minha bochecha. Depois se dirigiu para Johnny - E aí, boneca? Sobre o que era a lição de moral?

–Lição de moral? –Johnny deixou bem à mostra o seu nervosismo. Droga.

–É, ouvi você falando que fugir é covarde e blá, blá, blá. –Matt ainda estava agarrado à minha cintura.

–Não foi nada, deixa isso pra lá. –Falei por fim.

–Ah, agora eu fiquei curioso, podem ir me falando de uma vez.

–Matt, estou namorando com o Zacky e é sobre isso que o gnomo estava falando, que eu não posso mais fugir dos meus sentimentos, essas coisas de viados que ele entende muito bem. –Ri, tentando transparecer naturalidade.

–Ah, achava que era um babado mais forte. –Todos nós rimos bem alto. –Mas... Namorando o gordo, Lisa? Nunca pensei em vocês dois juntos...

–A vida é assim mesmo. –O interrompi um pouco ríspida. –Acho que eu que vou ter que fazer o almoço de vocês, então é melhor voltarmos pra casa.

–É melhor mesmo, você sabe como o Zacky fica quando está com fome. –Brincou Johnny.

Quando chegamos em casa, Zacky já não estava mais usando um roupão, vestia uma bermuda larga, chinelos e uma camisa da Vengeance University.

–Ei, Johnny. –Matt berrou. – Sabe por que o porpeta só veste roupas da VU? –O baixinho balançou a cabeça negativamente. –Por que nenhuma outra roupa de outra marca cabe nele. –Todos no ambiente riram, menos Zacky.

–Muito engraçado, canelas finas.

–Vou deixar as mocinhas discutindo sobre qual a melhor piada do ano enquanto vejo o que eu posso fazer para comermos.

Dirigi-me até a cozinha e ouvi a voz de Johnny ao fundo dizendo algo similar à “Não se esqueça de matar um elefante para o almoço do porpeta.”

Xx

–Elementar, minha cara bolinha, quem diria que você iria se dar bem...

–Do que você ta falando, Matt?

–Sabe... Você e a Lisa. –Sorriu de uma forma maliciosa.

–Ela contou algo pra vocês?

–Ah, eu sabia! –Dessa vez Johnny havia gritado.

–Isso era um blefe? Seus desgraçados!

–Não, Lisa nos disse que vocês estavam namorando.

–Ela disse isso?

Eu havia dito para Lisa que a amava e não obtive resposta, a nossa noite foi incrível, mas... Namorando?

–Sim! –Os dois confirmaram em um coro.

–É, estamos namorando. –Sorri ainda um pouco confuso.

Pedi licença aos meninos e disse que iria falar com a minha namorada. Fui até a cozinha e lá estava ela, procurando algo no armário.

–Lisa? –Girou o corpo de forma rápida, deixando a tampa de alguma coisa cair no chão fazendo muito barulho. Aproximei-me um pouco mais e passei minha mão em sua cintura. –Quer dizer que estamos namorando e eu não sabia? –Sorri e comecei a aproximar a garota da parede transformando o meu corpo em uma barreira para a mesma.

–Ah... Desculpa por isso. –Suas bochechas estavam rosadas.

–Não precisa se desculpar, namorada. –Ela havia ficado um pouco sem graça e de cabeça baixa acompanhava com os dedos os desenhos de minha camisa. Beijei sua testa e voltei para a sala.

Não via à hora de ficar sozinho com ela novamente.

–Zacky! –A ouvi gritar ao fundo e retornei para a cozinha.

–Diga.

–Pode comprar umas coisas para mim? –Entregou-me um papel com uma lista, assenti e fui fazer o que minha dona havia mandado.

Ri sozinho com minha própria ideia. Nunca havia me prendido a mulher alguma, mas também não era nenhum Synyster Gates, não me agradava o fato de sair por aí brincando com o sentimento de todo mundo.

Passei pela sala e os dois que ali estavam nem notaram, abri a porta e dei de cara com Brian.

–Oi, meu amor. –Brincou.

–E aí, minha gatinha. O que andou fazendo ontem à noite?

–Nada importante. Você sabe, meu coração é seu. –Rimos. –Aonde você vai?

–Comprar umas coisas pra dona da casa. –Ri e dei um leve soco em seu ombro.

Brian entrou e eu continuei ali tentando escutar o que estava acontecendo dentro de casa.

Com muita dificuldade, consegui ouvir o Shadows anunciando que eu e Lisa estávamos juntos.

Sorri ainda meio bobo e só então me lembrei o que eu tinha que fazer.

Xx

Estava esperando Zacky voltar com os ingredientes que faltavam para o molho da macarronada que eu tentava preparar. Sentei-me em uma cadeira e debrucei meu corpo na mesa à minha frente.

O que eu havia feito? Enganá-lo daquela forma? Meti os pés pelas mãos mais uma vez.

Meus olhos arderam, eu queria chorar, queria sofrer por tudo que estava fazendo, nenhum deles merecia isso, mas logo senti uma mão agarrando firmemente meu braço forçando-me a levantar.

Fitei aquele par de olhos escuros que me fitavam incrédulos.

–Synyster, será que você não vai perder essa mania nunca? –Sorri levemente, mas a expressão fria do moreno à minha frente não mudou. –Aconteceu alguma coisa?

–Você falar pra mim o quanto tudo poderia ter sido diferente entre nós dois e depois dormir com meu melhor amigo é alguma coisa pra você?

Meus olhos percorriam seu rosto tentando buscar alguma resposta para as minhas perguntas mudas. Mas antes que eu tivesse a chance de reagir ele foi me empurrando mais na direção da parede, apertando meu braço com mais força ainda e prosseguiu com palavras que abriram um buraco no meu peito.

–Eu terminei com a Michelle ontem à noite. Fiz isso por que precisava te ter, ou pelo menos tentar. –Desviei o olhar, não podia acreditar no que acabara de ouvir. –Olhe para mim! Agora! Ou não tem estômago o suficiente para ver de perto as consequências dos seus atos? Lisa, você é a pior pessoa que eu já conheci...

Por fim não senti mais a mão que apertava meu braço com força, sabia que estaria com hematomas logo. Synyster afastou seu corpo do meu, tive vontade de gritar para que ele não me deixasse, mas pelo visto ele entendeu minhas súplicas mudas e quase colou nossos corpos.

Eu podia sentir sua respiração de encontro com a minha e seu olhar fixo no meu.

Várias vezes eu tentei pedir perdão, mas minha voz não saia. E eu tinha certeza que minha próxima atitude seria de fato algo muito idiota, mas incontrolável.

Fiquei na posta dos pés para ficar um pouco mais na sua altura e selei nossos lábios. Ao contrário do que eu esperava, fui correspondida de imediato e de forma urgente. Enquanto minha língua pedia passagem, meus braços estavam em seu pescoço e suas mãos em minha cintura. Quando o ar foi extremamente necessário afastei-me um pouco.

Olhamos um para o outro durante um bom tempo, ainda ofegantes. Mas sem nenhum aviso prévio, Synyster me soltou e saiu da cozinha sem dizer nada.

Permaneci ali sem reação nenhuma, pensando em tudo que estava acontecendo. Passei um bom tempo assim, até que senti o cheiro de algo queimando.

–Droga, a macarronada! –Tentei salvá-la, mas o esforço foi em vão.

O que eu vou dizer pra aquelas esfomeados lá fora?

Fui até a sala e encontrei Synyster fazendo cócegas em Johnny enquanto Matt puxava com força seu moicano.

–Mocinhas, vocês vão matar o último duende que ainda existe!

–Desculpa, mamãe. –Matt lançou-me um daqueles olhares de crianças arrependidas, que em minha sincera opinião, eu podia ficar olhando durante o resto da minha vida. Fez menção para que eu fosse sentar ao seu lado e o fiz.

–Continuando nossa conversa... De verdade, eu não entendo como você continua com a Michelle. –Johnny olhava para Synyster, que por sua vez não desviava a atenção do chão. –A Valary e o Matt eu até entendo, estão juntos faz tempo e bom, ela sempre nos ajudou e tudo mais... Agora aquela cópia... Que garota estranha.

Controlei o riso, tudo bem que Michelle havia me tratado bem até agora, mas eu não podia deixar de concordar com o Johnny.

Antes que Synyster pudesse responder a campainha tocou.

–Eu atendo, deves ser o Zacky com o resto dos ingredientes.

–Estranho ele não ter a chave da própria casa. –Eu deveria imaginar que depois do ocorrido Synyster voltaria a me tratar com sarcasmo e desprezo.

Ignorando a pergunta fui até a porta e a abri depressa.

–Esqueceu a chave de novo, não é? –Disse sorrindo, mas ao perceber quem estava do lado de fora, meu sorriso se desfez muito rápido.

–Olá, Clarisse. Que bom revê-la. Como foram as férias? –O homem do lado de fora tinha um sorriso presunçoso, o que não me agradou.

Meu coração estava acelerado, minhas pernas haviam congelado no lugar que estavam e eu só consegui pronunciar uma palavra.

–Vernet.