The price of evil...

Victim of your own creation.


-Olá, Clarisse. Como foram suas férias? Espero que tenha aproveitado bastante, não posso lhe garantir nada de agora em diante. –O que eu não daria pra poder tirar aquele sorriso presunçoso de seus lábios.

A raiva ia me consumindo aos poucos, principalmente quando Vernet passou por mim entrando na sala analisando o ambiente e ao mesmo tempo encarando Matt, Synyster e Johnny.

-Quem é esse cara? Você o conhece Lisa? –Matt foi o primeiro a levantar-se e assumir uma postura ameaçadora.

-O que? Não acredito que não falou de mim pra eles? –Debochou.

Logo depois Synyster e Johnny já estavam de pé encarando o desconhecido. Para eles, é claro.

Eu continuava na porta, congelada, quando Zacky chegou passando um braço em minha cintura.

-Eu trouxe o que pediu... Ah, quem é esse?

-Que indelicadeza a sua, Clarisse. Mas tudo bem, eu me apresento. Sou o detetive Albert Vernet e vocês, eu suponho, que sejam são os cúmplices, certo?

-Calma aí, do que esse cara ta falando? Clarisse? Cúmplice? –Synyster me encarava, mas a cada vez que percebia o braço de Zacky em volta do meu corpo desviava o olhar. Por um breve momento olhei pra Johnny, que tentava me dizer algo somente com o movimento dos lábios, com um pouco de esforço consegui entender.

Faça o que tem que fazer.

Era tudo que eu precisava ouvir. Libertei-me dos braços de Zacky e caminhei até Vernet.

-O teatrinho estava ótimo, mas já chega - ergui meus pulsos unidos a sua frente – foi pra isso que você veio até aqui, então vamos acabar logo com isso.

Eu mesma estava surpresa com o tom desafiador e frio de minha voz, conseguia imaginar os olhares perplexos do resto da sala.

-Eu não vou acabar por aqui.

-Alguém me explica que porra é essa? –Zacky berrou. –E pode ir saindo da minha casa, seu maluco.

-Olha como fala, você e todos aqui podem ir pra cadeia por causa dessa assassina. Aí será o fim da bandinha de merda que vocês têm.

-Assassina? –Matt e Syn falaram em coro.

-Não ouse envolver a banda nisso, ou...

-Ou o que, Clarisse? Vai seduzi-lo e depois tacar pedras em sua cabeça? –Uma voz vinda da porta fez meu coração acelerar, girei os calcanhares desviando minha atenção de Vernet para o rapaz sorridente apoiado na parede. –Acredita em fantasmas?

-Você não deveria estar aqui. –Minha cabeça girava e meu estômago estava embrulhado.

-É claro, eu deveria estar abaixo de sete palmos de terra. Tola. Você deve estar se perguntando como eu estou vivo, não é mesmo? Mas tudo vai ser esclarecido depois... Acredite, ainda temos muito que conversar.

-É o cara do bar! –Synyster gritou – O que ele ta fazendo aqui? Clarisse? Mas que porra, até o nome era falso! Eu sabia! Eu avisei todos vocês! Ela... Desde o início... Mentiu.

Assim que terminou de falar, saiu do lado de Matt e caminhou até a porta, parando para olhar-me e dizer as palavras que mais me magoariam naquele dia.

-Tudo seria bem melhor se você nunca tivesse existido em nossas vidas. –Com isso permaneceu me encarando por mais um tempo, ninguém na sala falava, mas eu percebia o sorriso de orelha a orelha que Jace tinha em seu rosto. Aproximei-me de Synyster e sussurrei em seu ouvido.

-Quando tudo acabar, me procure.

Eu sabia que não deveria ter dito aqui, arrependi-me assim que fechei os lábios e me afastei, vendo Syn ir embora.

-Lisa, nós confiamos em você! Nós... –Matt suspirou. –Recebemos você, lhe considerávamos parte da família... –Levou à mão até o rosto, como se estivesse confuso demais e provavelmente ele estava. –E você mentiu. Você mentiu.

Me virei para Zacky, não suportava decepcionar Matt.

-Me perdoa.

-Você é a pessoa mais cínica que eu já conheci, Clarisse. Aposto que já estava se preparando pra fugir sem avisar e agora pede perdão? –Jace continuava apoiado na parede, com certeza aquilo estava muito divertido para ele.

-Por isso a mochila arrumada no guarda roupa! Você realmente ia fugir! Eu... Não acredito! Você realmente ia embora, sem avisar!

-Acredite, ela ia.

-Cala a boca, Vernet. –Berrei recebendo apenas uma risada como resposta.

Aquilo estava indo longe demais.

-Ah, Clarisse, você se lembra da minha filha? Ela pediu que transmitisse seus sentimentos.

-Espero que os sentimentos da sua filha ardam no inferno junto com ela! –Cheguei um pouco mais perto, provocando. –Não é minha culpa se os Vernet ficaram atraídos por mim.

-Você é repugnante como a sua mãe.

-O que você sabe sobre ela?

-Só sei que era uma vadia, assim como você.

-Eu não sou como a minha mãe! –Afastei-me do detetive e fui caminhando até a pequena mesinha com um vaso de vidro, que havia na sala. –E nunca mais ouse dizer isso. –Segurei o vaso com toda força e arremessei na direção de Vernet o atingindo na cabeça.

Era a minha chance.

Corri até a porta, mas logo senti braços em meu estômago impedindo minha passagem. Havia me esquecido de Jace.

Abri os olhos e vi que o rapaz que antes estava apoiado na parede quase do lado de fora da casa continuava no mesmo lugar.

-Você mentiu. Sobre tudo. Apenas suma, por favor.

-Zacky...

Zacky havia impedido que eu saísse da casa. Eu não deveria me sentir assim depois de tudo que havia feito, mas era como se eu tivesse sido traída. Por alguém que amava.

Jace me puxou com arrogância de seus braços, mas eu não conseguia tirar meus olhos dos dele. Suas órbitas esverdeadas agora estavam vermelhas, mas não haviam lágrimas.

Algo forte me atingiu no rosto, um tapa vindo de uma mão suja de sangue.

-Você não é a única Wodeen Brown que merecia isso. –Ele estava se referindo à... Minha mãe?

-Nós acabamos por aqui. –Vernet ainda estava com uma das mãos na cabeça na tentativa de estancar o sangue e mesmo presa aos braços de Jace consegui olhar o que eu estava deixando pra trás.

Matt ainda permanecia imóvel, com uma expressão que até me assustaria se eu não o conhecesse, Johnny estava sentando fitando o chão e Zacky...

Para ele não tive coragem de olhar.

Fui arrastada até um carro estacionado à frente da casa e jogada no banco de trás sozinha.

Onde o fim do jogo é igual a qualquer outro, nós estamos aqui apenas para morrer.*