The price of evil...

Living another day in disguise.


O dia estava calmo, um tédio na realidade. Simon pegou um resfriado e só eu e o Sr Mack estávamos na confeitaria. Continuei revirando as páginas do que tinha em minhas mãos. Artistas pops, dicas de beleza, sexo... Coisas típicas de revista adolescente.

O mistério do baterista fantasma da Banda Avenged Sevenfold continua.

Blá, blá, blá. Falando de um tal The Rev, da pequena turnê deles que havia chegado ao fim e...

Ora veja só, nossa pequena sem-teto.

O que aquela vadia fazia ali?

Espera. A última noite dela aqui na cidade, o show, o sumiço...

Fazia sentido. Muito sentido.

Peguei o celular e disquei um número que eu sabia decorado.

–Pai? Tenho umas novidades que talvez possam te ajudar em um caso.

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Tamborilei os dedos na mesa de Zacky enquanto esperava Lisa. Ela havia ido tomar banho ou lavar os pecados?

Brian me deixou sozinha aqui com a desculpa de que precisava resolver uns assuntos com o Vengeance. Sei bem que esses tais assuntos usam calcinha e sutiã. Sinceramente não sei mais o que fazer com ele. Na primeira vez que namoramos sabia que aquilo tudo era normal, as traições e o modo que ele agia. A banda estava começando a dar certo e mulheres corriam atrás dele, tudo era novo e diferente. Resolvi terminar. Mas sempre achei que com o tempo ele mudaria, ou melhor, que eu o mudaria.

Talvez estivesse errada.

Eu poderia desistir, mas não é tão fácil assim quando se ama alguém. Sim, eu o amava. E na maioria das vezes isso machucava. Muito.

Meus pensamentos foram interrompidos com a imagem de uma garota pequena de formas arredondadas descendo a escada. Levantei-me em um pulo.

–Enfim! Já estava subindo pra ver se estava viva. –Ri. A tal garota que estava agora à minha frente usava um vestido branco bem simples preso por algumas tiras nos ombros, uma bolsa pequena à tira colo, um rabo de cavalo meio desfiado e rasteirinhas que deixavam à mostra uma pequena tatuagem na direção do tornozelo, não consegui entender bem o que era. E calma, que porra era aquela na testa dela?

Sempre tive a mania de olhar as pessoas dos pés à cabeça e Lisa havia percebido isso, mordia o lábio inferior e suas bochechas estavam rosadas.

–Onde estão os meninos? –Perguntou franzindo o cenho.

–Saíram. Sabe como são, devem estar por aí como crianças fazendo bagunça nas ruas. –Seria bom mesmo se isso fosse verdade.

–Ah, sei sim. –Disse abraçando o próprio corpo.

–Então, vamos?

–Ok.

Assim que entrei no carro senti meu celular vibrar.

Val.

–Michele, sua puta! Esqueceu que tem irmã? –Ela quase berrava do outro lado da linha.

–Não, maninha. –Ri.

–Tenho que te contar umas coisas, tem a tarde livre?

–Hum, pode ir naquele shopping que inaugurou recentemente, um pouco perto da casa do Vengeance?

–Ah, acho que sim.

–Te encontro lá.

–Beleza, saudades irmã.

–Também. –E desliguei.

Minha irmã, aquela desmiolada, fazia falta. Muita falta. Nos últimos tempos havíamos nos afastado um pouco. Trabalho, Matt, Brian...

Suspirei.

–Algo errado? –Lisa não parecia mais à vontade.

–Não, mas tenho uma surpresa pra você. –Ri.

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–Mais uma, por favor. –Acenei para a garçonete que entregou rapidamente a bebida com um sorriso malicioso.

–Acho que alguém se interessou por você. –Zacky ria ao meu lado. Estávamos em um bar perto de casa, precisava esclarecer umas coisas.

–O que eu posso fazer se sou irresistível? –Deu um soco em seu ombro, o que o fez cuspir um pouco de sua bebida.

–Seu filho da puta!

Rimos e parei um tempo, sem saber como começaria aquela conversa.

Engoli o líquido no copo de uma só vez, senti o álcool ardendo em minha garganta e depois de mais alguns minutos criei coragem.

–Ei Baker, você e a Liss... É, bem, estão...

–Não! Quero dizer, somos amigos. Só amigos. –Zacky não era bom com mentiras, era fácil saber o que ele estava sentindo com suas palavras. E o fato de ter ficado muito nervoso quando mencionei o nome de Lisa só poderia indicar que... Ah, droga. –Por que você ta perguntando isso?

–Sei lá, ela é bonita, legal... Pensei que talvez...

–Ela é sim. Mas não estamos juntos.

–Você queria que estivessem?

–Não sei. Talvez. –Deu de ombros.

Aquelas últimas palavras me apunhalaram pelas costas. Mas, isso não fazia sentido. Aliás, eu sempre fui um idiota com a Liss e Zacky a tratou bem, ele era o cara certo pra ela. Ele. Não eu.

Afinal de contas, o que eu tenho haver com isso? Nada. Absolutamente nada.

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Sim, uma surpresa. Era o que Michelle havia dito. Odiava surpresas.

Tente ser simpática. Ou pelo menos agradável. Repetia para mim mesma.

I close my eyes

Only for a moment,

And the moment's gone.

All my dreams

Pass before my eyes, a curiousity.

Dust in the wind.*

Michelle ligou o som, começou a cantar junto com a música e eu acompanhei.

All they are is dust in the wind.

–Não acredito! Scorpions? Gosta? –Michelle falava como se isso fosse uma novidade incrível. Fala sério, tenho cara de quem escuta Britney Spears?

–Claro! Qual é, acha que eu to tocando no Avenged Sevenfold e escuto pop? –Rimos alto e continuamos cantando como duas idiotas.

–Lisa, o que foi isso na sua testa?

Então o Synyster não havia contado pra namoradinha dele? Idiota.

–Escorreguei e acabei em uma colisão com o sofá. –Menti.

–Que coisa estúpida! –Ela ria como se eu tivesse dito algo muito engraçado. Parecia uma adolescente.

–Coisas estúpidas combinam comigo.

Continuamos cantando músicas do Scorpions, Guns, System of a Down, Slayer... Foi divertido pra falar a verdade. Nunca tive amigas, todas aquelas coisas de intrigas, fofocas... E o fato de nunca ter sido bonita ou popular o suficiente não ajudou nada. Não que algum dia eu tenha tentado me encaixar ou fazer amizades, sabia que não valia à pena.

Não demorou muito para chegarmos ao shopping que não era tão grande, com lojas do tipo que cobravam até pelo ar que a pessoa respirava dentro do estabelecimento. Por sorte havia trazido o cartão de crédito da vovó.

Michelle que andava ao meu lado de repente correu na minha frente e começou a gritar. Realmente parecia com uma adolescente.

Depois percebi a garota um pouco parecida com ela que agora estava ao seu lado.

–Lisa, essa é a minha irmã, Valary. E Valary, essa é a Lisa, a garota que anda com os meninos.

–Lisa? Ah, minha nossa, queria muito te conhecer! –E me envolveu em um abraço delicado.

–Oi, Val. Ouvi muitas histórias suas. –Sorri.

–Sério? Vindo daqueles garotos provavelmente não é coisa boa.

Passamos pulando de loja em loja, não comprei muitas coisas. Mas Michelle e Valary pareciam se apaixonar por cada peça que avistavam.

As coisas ali não eram do meu agrado, depois eu passaria em uma loja barata que vendesse algumas camisetas. O tempo passou rápido até que Michelle quis ir à praça de alimentação, o que não foi uma má ideia, eu também estava morrendo de fome.

–Lisa. –Valary foi quem quebrou o silêncio. –Obrigada. –Larguei as batatinhas e a fitei franzindo o cenho.

–Pelo o quê?

–Matt me procurou ontem de madrugada. –Voltou-se para Michelle. –Era isso que eu queria te falar.

–Sério? Minha nossa! Porra, conta logo! –Michelle sacudia a irmã pelos ombros, acho que era uma mania dela.

–Então cala a boca! –Val sorriu e a irmã a libertou de seus braços. –Eu estava sozinha vendo filme e o porteiro disse que havia um cara forte e tatuado que atendia pelo nome de Matt, querendo falar comigo. Eu fiquei meio na dúvida, mas disse que ele podia subir. –Fitou o chão, com as bochechas rosadas. -Matt fez uma música pra mim! Uma música linda. Algo como “eu dei meu coração a você, por que nada neste mundo se compara a você.” * Resumindo a história, nós voltamos.

–Eu sabia que vocês iam acabar voltando! Ah, irmã, fico muito feliz por você. –Michelle a agarrou novamente, parecia até que iria quebrar cada ossinho de Val.

–O Matt contou tudo sobre a conversa que vocês dois tiveram quando ainda estavam em turnê, Lisa. E que foi você que o incentivou a não desistir. Muito obrigada mesmo!

–Disponha. –Sorri.

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–Chefe, chefe! Não vai acreditar. –O detetive Jace passou quase atropelando a porta do departamento. –O cartão de crédito de Olivia Wooden Brown foi usado e eu só consigo imaginar uma pessoa que poderia tê-lo feito. –Sorriu satisfeito como se estivesse convencido que havia feito um bom trabalho.