The price of evil...

I know it's hurting you...


Nos últimos três dias conversei bastante com Michelle e Val, não tínhamos muito em comum, mas conseguíamos nos entender. Fui ao hospital com Zack remover os pontos e é claro que ele não poderia deixar de comentar com Deus e o mundo o meu comportamento infantil. Matt estava sempre na casa de Valary, às vezes ela conseguia escapar e íamos dar uma volta. Não tive sinais de Johnny nesses dias, o que me deixou com uma sensação de abandono. Synyster? Também não o vi nos últimos dias. E pra ser sincera, não queria vê-lo.

O tempo passava rápido ao lado de Zacky, fazíamos uma confusão enorme na cozinha, assistíamos filmes até tarde comendo pizza e acabávamos dormindo no sofá mesmo. Quando isso acontecia, na maioria das vezes, eu amanhecia no chão e com dor nas costas. Às vezes eu pensava que as coisas poderiam ser assim por muito tempo e mesmo assim, eu estaria feliz. Era isso que me preocupava.

Entenda algo sobre mim: quando as coisas estão boas demais, tenha a certeza, algo vai dar errado.

Minha vida era basicamente baseada nisso.

A campainha tocou, libertei-me do abraço de Zacky, que havia dormido na metade de O massacre da serra elétrica, sem acordá-lo e sai da sala.

–------------

Esperei que alguém atendesse a porta, mas talvez estivessem ocupados demais. Cerrei o pulso.

Eu estava ali somente para conferir as coisas, pra saber se era verdade.

Mas e se fosse?

Já estava quase desistindo quando Lisa apareceu. Parei por um momento e a analisei.

Estava descalça, seus cabelos escuros presos em um coque alto bem desarrumado, havia umas marcas roxas embaixo de seus olhos, provavelmente ainda estaria sofrendo com insônia. Usava um moletom azul bem grande para o seu tamanho, o que a deixava engraçada, parecendo uma criança. Automaticamente sorri. Mas depois percebi que conhecia aquele moletom. Era do Zacky. Meu sorriso desapareceu em menos de um segundo.

–Lisa. –Foi o que consegui dizer.

–Synyster. –Respondeu franzindo o cenho e cruzando os braços. Talvez estivesse tentando ser ameaçadora, mas definitivamente com aquele jeito de criança ela não conseguiria.

–Zacky está aí? –Que pergunta idiota, é claro que ele estaria.

–Está dormindo. –Respondeu seca.

Juntando as peças do quebra cabeça... Zacky estava dormindo e Lisa atendeu a porta com o seu moletom. Bingo!

–Não tem problema, não é com ele que eu quero falar.

Nossas expressões continuavam sérias. Um desafiando o outro. Quem cederia primeiro? Quem admitiria primeiro o que estava acontecendo?

A menina, tão pequena, suspirou. Deu um passo a frente e fechou a porta sem fazer barulho.

–O que você quer?

–Algumas coisas precisam ser esclarecidas.

–Que tipo de coisas? –Disse colocando as mãos na cintura tentando parecer despreocupada. Tentando.

–Lisa, eu sinto muito por ter beijado você naquele dia. Quer dizer, não que eu tenha me arrependido, só acho que não foi uma atitude legal da minha parte. E depois ainda ter feito você conhecer a Michelle, sem falar nada... Eu realmente fui um idiota.

E depois, nada. Só o silêncio.

Ela olhava nos meus olhos de uma forma que chegava a assustar e nesse exato momento eu desejei poder ler seus pensamentos.

–Só isso? –Finalmente, disse algo.

–Como assim só isso? –Sem querer elevei o tom.

–Isso não é novidade pra mim. Estou bem acostumada a ser beijada por caras que tem namorada e já sabia que você era um idiota. Agora com licença. –E girou o corpo em direção a porta novamente. Como já era de se esperar, por impulso agarrei seu braço.

–Eu ainda não terminei de falar.

–---------------

Fechei os olhos e contei mentalmente até três.

–Larga o meu braço agora ou você irá fazer companhia pro capeta logo, logo. –Ainda mantinha os olhos fechados.

–Desculpa, eu...

–Cala a boca! Eu não quero mais escutar que você sente muito, por que é mentira! Eu não aguento mais! Porra, é sempre isso. Você erra e vem pedindo desculpas como se tudo fosse assim tão fácil. Agora você está perfeccionando um mundo destinado a ser maligno. –Citei um trecho de Unholy Confessions, estava meio teatral, mas me parecia adequado. -Eu tenho uma novidade, eu cansei! Cansei. –Repeti a última palavra lentamente.

Synyster permaneceu em silêncio e imóvel. Prossegui.

–Você sempre me tratou como se eu fosse só mais uma vadiazinha que fosse cair aos seus pés a qualquer momento. Eu tentei gostar de você. Juro que tentei. Mas, sinceramente não consigo!

–Você não gosta de mim? –Sua voz era calma.

–Como eu poderia gostar de alguém que me fez de idiota da melhor forma que conseguiu?

Olhar para ele daquele jeito doeu. Sua expressão contorcida, eu queria perdoá-lo, mas não podia ser a palhaça da história de novo.

–Você não gosta de mim? –Repetiu a pergunta.

–Tem problemas mentais, Gates? –Praticamente berrava.

–Sim ou não?

–Não! Eu não gosto de você! Eu não gosto de estar perto de você! Eu não quero estar perto de você!

–Era o que eu precisava ouvir. –Aquela calma toda estava prestes a me enlouquecer.

Continuamos nos encarando.

–Espero que seja feliz com Zacky e sinto muito se a minha presença te incomoda, mas se quiser continuar aqui, infelizmente, terá que me aturar. –Sorriu sarcástico e abaixou o olhar. –Belas pernas. –Se aquilo tinha sido uma tentativa de me provocar, foi bem sucedida.

–Vá pro inferno. –Me virei e bati a porta com força.

Mas alguma coisa estava fora do lugar. Zacky havia congelado na minha frente.

–Desculpa se eu te acordei. –Falei em baixo tom.

–Desentendimentos com o Gates?

–Você é um gênio por ter percebido isso sozinho. –Não desconte a raiva nos outros, sua burra. - Desculpa, eu me estressei

–Tudo bem. –Me deu um beijo na testa e caminhou em direção à porta.

–Aonde você vai?

–Resolver umas coisas.

–-------------

Toda vez que Synyster ia à minha casa, optava por ir a pé, devido à distância que não era muito longa. Então se me apressasse talvez conseguisse alcançá-lo.

Depois de andar uns cinco minutos avistei sua silhueta.

–Ei, Gates! –Não obtive resposta. –Gates, sua porra surda! –Só então ele girou-se em minha direção e esperou até que eu chegasse ao seu lado.

–E ai, porpeta. Decidiu queimar algumas gordurinhas foi?

–Muito engraçado. Preciso falar contigo.

–Muito engraçado. Preciso falar contigo.

–Pode mandar.

–Eu ouvi a discussão. –Sua expressão de repente ficou séria. –Brian, nós sempre formos amigos e nunca mentimos um pro outro, com exceção de quando você fica com algumas mulheres que estão saindo comigo ou eu roubo comida da sua casa. –Rimos.

–Aonde você quer chegar com isso?

–Você me fez uma pergunta parecida com essa há alguns dias atrás e eu fui sincero ao responder, então espero o mesmo de você agora. Está sentindo alguma coisa pela Lisa?