The price of evil...

And while I'm gone, everything will be alright.


-Eu sempre soube que Zack fingia ser gay pra se aproveitar das meninas. –Matt brincava ao entrar na cozinha e ver-me abraçando Zack daquele jeito. –Ei criança, como anda essa testa aí? – Disse voltando-se para mim.

-Não dói. Não mais. – Eu nem sabia como estava sentindo-me em relação às atitudes de Brian. Eu não esperava qe ele entendesse, na realidade já imaginava ele me olhando torto, mas isso? A dor física nem importava tanto, mas... Eu não sei, uma hora ele resolve ser doce e conversar comigo normalmente, depois simplesmente surta e me empurra. Ok, eu sei que não foi do nada, mas porra, ele não tinha o direito de fazer aquilo! Eu deveria estar com raiva. Ou com medo, mas sentia-me culpada.

-Ouviu Lisa? – A voz de Matt despertou-me do transe.

-Hãn... Ouvi.

-Então vamos?

-É... Claro.

-Você não entendeu uma palavra do que eu disse, não é?

-Desculpa.

-Olha, o show vai atrasar um pouco por que antes vamos ao pronto-socorro, sua testa vai precisar de uns pontos. Então vai logo tirar essa massa de bolo do cabelo.

-Matt, acho que não precisa. –Prontos-socorros eram piores que hospitais, sempre com alguém gritando ou morrendo. Não. Definitivamente não.

-É claro que precisa! –Zack berrou ao meu lado.

-É que... Eu não gosto de hospitais e coisas do tipo.

-É sério isso? –Matt ria. - A nossa valentona tem medo de hospital?

-Para. –Respondi em tom seco.

-Liss, nós ainda não conversamos sobre o seu machucado.

-Virou médico, Das Sombras?

-Você sabe o que eu quis dizer.

-Sei sim. Mas não tem importância.

-Como não tem importância? O Brian não podia ter feito isso!

-Não tem problema, não importa. Eu fiz uma besteira e ele reagiu assim. Deixa pra lá. –Fitava o chão enquanto falava – Olha, vou tomar um banho e trocar de roupa ok?

Sai sem dizer mais nada. Precisava ficar sozinha. Tinha dito tudo aquilo por que não queria que os meninos brigassem com o Brian, não por minha causa. Mas, porra, por que ele fez isso? Não estava com raiva. Estava magoada. Abri a porta do banheiro com mais força do que o necessário, mas ao contrário do que eu esperava, ela não bateu na parede, alguma coisa a impediu disso.

Fiquei ali parada. Brian estava imóvel de frente ao espelho e rapidamente voltou-se para mim.

-Desculpa, não sabia que tinha alguém aqui. Da próxima vez tranca a porta. –Disse com o tom mais seco possível e dei meia volta. De repente senti uma mão agarrando meu braço com firmeza e puxando-me para dentro do banheiro.

-Me solta. Agora! –Falei lentamente e com um tom firme.

-Quero pedir desculpas.

-Ótimo, elas estão aceitas. Agora larga o meu braço. –Ele o fez, mas rapidamente fechou a porta e a trancou. Que porra ele...

-Lisa, você precisa ouvir o que eu tenho a falar.

-Você me empurrou. –Apontei para minha testa.

-Está com medo de mim?

-Não, nojo seria a palavra certa.

-Lisa, sinto muito por hoje...

-Cala a boca! Eu não quero ouvir! Ou você esqueceu que eu sou uma mentirosa filha da puta que você mandou ir se foder?

-Lisa, por que você nunca escuta o que eu tenho pra falar?

-Eu escutei Bri... Synyster – Não queria chamá-lo pelo nome – Eu escutei tudo o que você tinha pra falar e entendi. Vi que você estava sofrendo e quis ajudar. E sabe o que você fez? Sim, você sabe.

-Para! Por favor, para! Eu já estou me culpando demais por isso. Por favor. –Aproximou seu rosto ao meu com o olhar era sulplicante.

-Foda-se! Eu não quero saber, eu não ligo. Não mais.

-Porra Lisa, assim fica difícil, eu to me sentindo mal pelo o que fiz.

-Vá para o inferno, Synyster Gates. –Disse em tom calmo, mas firme enquanto abria a porta do banheiro e corria até o quarto. Joguei-me na cama e fitei o teto por um longo tempo.

O último show da turnê seria amanhã. Os meninos voltariam para casa e eu ia pra onde? Não podia mais voltar, não podia mais ficar. De um lado havia deixado para trás Simon e Sr Mack, eles nunca acolheriam-me novamente. Do outro, estava quase destruindo uma amizade de anos e como Synyster mesmo disse, eu ou essa baterista de merda, então acabaria destruindo a banda também. Matt, Zack e Johnny não mereciam isso. Jimmy não merecia isso, era o seu sonho, não podia acabar. Eu precisava ir embora por ele. O que foi que eu fiz? Qual era o meu problema? Por que eu sempre destruia tudo? Todos que aproximaram-se de mim sofreram. Senti meus olhos arderem.

-Liss?

-Oi Johnny.

-Posso entrar?

-Claro que pode, o quarto também é seu.

-Tá tudo bem?

-Tudo em ordem. – De todas, essa tinha sido a maior mentira que eu já havia inventado. –Johnny, poso fazer uma pergunta?

-Já está fazendo. –Deu de ombros.

-Você foi o único que não expressou emoção nenhuma quando eu falei que tinha dezoito anos e quando contei a verdade sobre mim.

-Liss... Matt, Zack e Brian são caras legais, mas muito lerdos! Você não se parece muito com uma adolescente, mas qualquer pessoa um pouco mais observadora, percebe que você, apesar de durona, irritante e cheia de segredos não passa de uma menina. –Dizia enquanto mexia em meus cabelos.

-Jojo...

-Não precisa explicar nada Liss, eu sei que tudo que você nos contou hoje não é nem metade da sua história. Sei que você ainda esconde muitas coisas, mas eu também tenho certeza de que você vai saber a hora certa de falar tudo.

-Obrigada Johnny, muito obrigada mesmo. – Falei enquanto levantava para abraçá-lo

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Quando finalmente livrei-me da massa de bolo que se alojava em meu cabelo já havíamos chegado ao local do show. Matt e eu formos ao pronto-socorro, havia comportado-me como uma criança, chorei, berrei e o arranhava à cada ponto que formava-se na minha testa. Sete, para ser mais exata.

O show foi incrível como todos os outros e ao voltarmos para o ônibus percebia os olhos de Synyster sobre mim. Ignorava, é claro. Mas porra, por que ele tava fazendo isso?

Queria dormir, era a única hora em que tudo parecia no seu devido lugar.

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-Desculpa por te acordar.

-Tudo bem. - Esfreguei meus olhos e estiquei meu corpo na pequena cama. Matt estava sentado próximo aos meus pés com uma expressão tão vazia. Alguma coisa estava errada.

-Ei, tá tudo bem?

-Sim, e você tá melhor?

-Você não mente muito bem.

-Mas eu to bem porra! – Disse enquanto ria, ou pelo menos tentava.

-Matthew Sanders, acho bom você começar a falar a verdade. –Lá estava eu exigindo que alguém falasse a verdade. Irônico, não é mesmo?

-O que deu em você sua lunática? –Ele ainda se esforçava para parecer bem.

-Zack comentou algo sobre sua “ex-quase-esposa.” –Havia arrancado essa informação depois de ameaçar comer todos os pacotes de Ruffles.

-O Zack é uma puta e não sabe de nada! Fofoqueiro do caralho, eu vou bater naquela porra gorda!

-Matt, sei como sente-se agora, mas nada vai melhorar se você continuar remoendo isso dentro de si mesmo. Olha, eu entendo que esteja sofrendo...

-Entende? O que você sabe Lisa? Você não sabe de nada! Perdi um dos meus melhores amigos e a mulher da minha vida! Não venha me dizer como eu devo me sentir! – Gritou. Senti-me encolher, mas não mudei minha expressão séria. –Lisa, sinto muito, eu não queria ter gritado com você...

-Não sinta. Sei que está sofrendo e eu quero que você confie em mim. Matt, nesses últimos dias você foi como um irmão pra mim e acredite, dói te ver assim.

A respiração de Matt era pesada e depois de alguns minutos suspirou, sua expressão mudava muito, como se ele estivesse brigando com ele mesmo dentro de si. Provavelmente pensava se deveria confiar em mim.

-Liss, eu conheci a Vallary na sexta série e agora nós íamos nos casar. É claro que nesses anos nos separamos várias e várias vezes, brigamos, mas no fim sempre voltávamos. Ela sempre esteve ao meu lado. E o que eu fiz? Estraguei tudo. Agora ela não está mais aqui. Nem Jimmy. –Permanecemos em silêncio durante uns minutos. – Jimmy era nosso...

-Eu sei.

-Sabe?

-Sim.

-Como...

-Matt, se pudesse fazer alguma coisa, qualquer coisa, para tê-la de volta, você faria?

-Sim.

-Então eu tenho uma notícia, você pode! É isso aí garotão, você pode reconquistar Vallary. Não quero saber qual foi a burrice que você fez, mas chega de ficar sofrendo, eu tenho certeza que ela não te esqueceu. Sabe quantos namorinhos de sexta série duraram por anos? Pois é, nem eu. Nunca vi um amor que tenha durado tanto tempo na realidade e isso não acaba assim com um simples erro. Apesar de ser difícil, nós somos capazes de perdoar as pessoas que amamos.

-O que você quer que eu faça?

-O que você sabe fazer?

-Hãn?

-Cantar, Matt! Cantar! –Berrei.

-Quer que eu faça uma serenata pra Vall?

-Porra, deixa de ser lerdo! Faz uma música pra ela!

-Mas...

-Mas nada. Tá decidido, você vai fazer uma música pra Vallary e reconquistá-la. Agora vou te deixar aqui pensando na melodia. –Levantei da cama.

-Lisa?

-O que foi agora porra?

-Obrigada, sua baixinha irritante.

-Afinal de contas, não é pra isso que eu sirvo? Limpar toda a bagunça de vocês é o meu trabalho. –Sorri, peguei umas roupas, beijei a testa de Matt e sai do quarto.