The mine word: Mortarya.

Capítulo 4: Novas experiências.


O dia foi rapidamente engolido pela noite antes que qualquer um pudesse perceber. Era uma noite totalmente escura, sem lua ou estrelas, conhecida como “Grande escuridão”. As tochas iluminavam os corredores e pátios do palácio, o tornando agradável aos olhos comuns, mas o fazendo ficar encantador ao olhar da pequena Sijôme.

A garota já se acostumara ao local. Guho a levou de um lado a outro durante todo dia, a fazendo ficar até meio conhecida entre os criados do palácio. O jantar logo seria servido e Sijôme não conseguia se aguentar de fome, queria logo comer o que quer que fosse que iriam servir.

—O que você acha que terá no jantar? –Perguntou ela ao amigo.

Guho a olhou com uma cara de surpresa. –Como assim? Não teremos jantar.

—O QUÊ?!

—Calma, foi uma brincadeira. Acho que será porco, mas não tenho certeza.

—Isso parece ótimo... –Disse ela com uma expressão de satisfação no rosto.

Ambos adentram o salão de jantar e encontram Allu e Lili já sentados a mesa. Lili conversa distraidamente com uma garota de sua idade que usa uma roupa de empregada preta e branca com bordados na saia, nas mangas e no decote, com uma esbelta cor de pele oliva que raramente se encontrava em todo reino. Enquanto isso, Allu apenas limpa a unha do dedo indicador com a unha do polegar, enquanto apóia a cabeça na mesa com o braço direito.

Guho e Sijôme foram para o lado oposto da mesa onde Lili se sentava. Sijôme sentou-se de frente para a garota empregada e Guho se sentou de frente para a irmã, ambos sem fazer contato visual com quem estava do outro lado.

Enquanto isso, nos aposentos do rei e da rainha, Lucius se arrumava para o jantar. Sua esposa já trajava um elegante vestido de cor azul escuro com babados brancos na bainha da longa saia que cobria toda extensão de suas pernas e caia sobre o chão.

—Finalmente tivemos uma tarde de sossego. –Comenta Lucius.

—Certamente. A garota plebeia conseguira distrair nosso filho. –Disse Giova, concordando com o marido.

—Pare de chamá-la assim, Giova. Seu nome é Sijôme. –O rei da um nó em sua gravata azul bebê. –Achei encantadora a forma como ela se portou a nós. Diferente de nossos filhos, ela não disse uma única palavra a mesa antes que nós déssemos a deixa a ela.

—Não os compare a ela, Lucius! Ela apenas é uma visita e deve se comportar como tal.

—Agora vejo com quem a Lili aprende essas coisas... –Disse o rei, revirando seus olhos para o teto.

—Não comece. Você sabe como vai terminar.

—Se sei. –Lucius finalmente termina de se arrumar. –Vamos logo. As crianças estão esperando.

No salão de jantar, a amiga de Lili agora está de pé encostada na parede atrás dela ao lado de uma outra garota que usa as mesmas roupas e possui a mesma pele de cor oliva. Os cabelos da jovem princesa estão presos em um rabo de cavalo trançado com fitas azuis e brancas, além de apresentar uma linda tiara de prata sobre sua cabeça.

Sijôme está quieta no seu canto, tentando não fazer contato visual com Lili a todo custo. Os cozinheiros repentinamente invadem o salão, o enchendo com risadas e com o cheiro da suculenta comida recém preparada. Porco, batatas, molho... Quase tudo era novidade para Sijôme.

Os pratos foram arrumados e limpos mais rápido que as areias do deserto ao vento de uma tempestade. A comida agora entupia o estomago de Sijôme, que exalava satisfação por todos os poros do corpo.

Algumas conversas isoladas ocorreram. Nada de muito importante. Guho e Sijôme se retiraram da mesa logo após os outros dois príncipes também o fazerem. Os dois foram caminhar brevemente pelo palácio e observar a beleza que somente a Grande escuridão trazia de vez em quando. Nesse momento, Sijôme estaria enrolada em seu pequeno cobertor ao lado de uma minúscula vela que queima os últimos fiapos de seu pavio. Podia parecer bonito, mas a Grande escuridão assustava a maioria da população que não tinha direito onde dormir a noite.

Guho sugeriu que ela tomasse um banho enquanto ele pegaria uma camisola antiga da irmã para que ela usasse essa noite. Sijôme concordou com a ideia e se dirigiu ao banho. Ao entrar, encontrou Lili e as duas garotas de pele oliva se banhando na banheira. Lili estava sentada dentro da água com a parte do busto para cima fora da água, enquanto uma das garotas esfregava seus cabelos e a outra limpava uma de suas longas pernas.

Sijôme se despiu com muita vergonha no olhar e adentrou na banheira. Lili não parecia notá-la, pois estava de olhos fechados. As duas garotas se entre olharam e depois olharam para Sijôme.

—Quem está aí? –Perguntou Lili.

—A garota plebeia, senhora. –Respondeu a garota que lavava seus cabelos.

—É você, Sijôme? Não se preocupe, não irei fazer nada enquanto estamos neste lugar.

—... –Sijôme permaneceu em silêncio.

—Tire essa coisa da minha cabeça, Afri. Quero olhar para ela. –A garota chamada Afri se levantou e pegou uma pequena bacia de madeira que havia nos fundos do banho. Sijôme não pode resistir a olhar para o duro e volumoso traseiro da garota, que agora se abaixava para pegar a bacia.

—Pode não olhar para minha irmã com esse olhar pervertido? –Disse a outra garota.

—Não sabia que gostava dessas coisas, Sijôme. –Provocou Lili.

—E-Eu não... –Sijôme tentou articular, mas não conseguiu.

Afri retornou com a bacia, recolheu água da banheira e a despejou na cabeça de Lili. Ela esfregou o rosto para tirar o excesso de água e então encarou Sijôme. –Até que você tem um corpo bonito para uma plebeia.

—N-Não diga isso...

—Bom, é claro que você não possui seios como os meus ou curvas tão perfeitas como as da Afri. –Ela agarra as garotas e as puxa para junto de si. –Está vendo, Sijôme? Elas são minhas empregadas pessoais. Elas obedecem a qualquer ordem minha e não podem recusar nenhum desejo meu. –Lili umedeceu os lábios e então beijou a irmã de Afri, deixando Sijôme de boca aberta. Ela fazia barulhos estranhos e soltava pequenos gemidos durante o decorrer do beijo, ficando sem ar quando tudo acaba. –Elas morreriam se eu pedisse.

—I-Isso não é certo...! Vocês são meninas. –Argumentou Sijôme.

Lili abriu um sorriso malicioso para ela. –O que você pode dizer? Até pouco tempo estava admirando o corpo de Afri em silêncio. Talvez você só precise de um incentivo... –Com apenas um aceno de cabeça, Afri se move na direção de Sijôme.

Sua pele oliva, agora molhada, brilhava sobre seus seios, em sua barriga e entre suas pernas. A garota se curvou em frente à Sijôme, provavelmente dando uma boa visão para Lili, e segurou calmamente o rosto da pequena plebeia. –Não vai doer... –Sussurrou Afri. Sijôme tentou lutar, mas foi logo pega pela língua da empregada exótica.

A garota sabia como mexer sua língua dentro da boca de outra pessoa, talvez fossem anos de pratica com Lili ou algum treinamento estranho de empregada, mas o que importa era que Sijôme estava se deixando levar. Ela volta à consciência e começa a cuspir para fora da banheira quando a empregada termina de beijá-la.

Lili ri sarcasticamente. –Eai, como foi? Gostou de ser beijada por uma garota?

—N-Não! Foi nojento! –Gritou Sijôme ainda cuspindo os restos do beijo.

—Você ainda não viu nada. –Lili se ergueu, revelando seu esbelto corpo para a pequena Sijôme. Seus seios brilhavam e balançavam conforme ela as movia. –Se você acabar ficando muito tempo por aqui é capaz de perder sua virgindade para uma das duas aqui. –Disse ela, se referindo as empregadas. –Por hoje eu vou te deixar em paz, mas, se cruzar novamente o meu caminho, as coisas ficaram ruins para você.

As três se retiraram da banheira e foram para a área do vestiário. As empregadas secaram e vestiram Lili com uma camisola de cor azul bebê e depois colocaram suas roupas de serviço e saíram do banho.

Sijôme ainda estava assustada com o que acabara de ocorrer. O que teria sido aquilo? Pensava ela com o dedo indicador da mão direita sobre os lábios recém maculados. Ela não conseguia mais se concentrar no banho. Decidiu sair e esperar por Guho na área do vestiário.

Guho vinha em uma velocidade normal, cruzando com a irmã no corredor que parecia feliz como alguém que encontra uma mina de ouro. Ele apertou o passo e bateu na porta do banho. –Sijôme, está tudo bem?

—Sim, tudo bem sim. Apenas me de a roupa. –Disse ela com uma voz desanimada e meio sem vida.

Guho lhe entregou a roupa e ela a vestiu com certo desgosto. Era uma camisola não mais do que muito simples, sendo apenas da cor azul marinho sem muitos detalhes exagerados.

A garota saiu do banho caminhando lentamente, olhando para os lados a procura de Lili. Guho achou estranho, mas decidiu não comentar. Foram até o quarto de Guho e se despediram na porta, tento Sijôme que continuar até o fim do corredor.

Ela adentra o quarto e fecha a porta rapidamente. Ela só queria dormir e esquecer aquilo, fingir que nada aconteceu. E foi o que fez. Deitou na cama de casal, se embrulhou nas cobertas e se pôs a dormir.

Lá fora, muito ao longe da grande muralha, um pequeno acampamento se erguia. Umas trinta pessoas estavam no local, em sua maioria homens. Eles bebiam e cantavam, parecendo felizes da vida. Um deles, um sujeito magrelo e de barba amarelada devido as tempestades de areia, ergueu um copo de cerveja e perguntou. –Ei, chefe! Quanto tempo mais levará até chegarmos a cidade? –Perguntou ele com uma voz fina e chata, bebendo logo em seguida o conteúdo do copo.

—Em breve rapazes, em breve. Lembrem-se do que estamos fazendo. Um dia nós entraremos para a história. Seremos conhecidos como “Os homens de destruíram o grande reino de Mortarya”.

Todos urraram de alegria e brindaram a futura conquista. O chefe olha para o horizonte, para as pequenas luzes do reino que, nas noites de Grande escuridão, podem ser vistas a quilômetros de distância.

Sijôme não tinha como saber, mas aquela seria sua última noite de paz e sossego.