The mine word: Fire Gates.

Capítulo 19: Em busca do milagre.


Estou caminhando pelos corredores da fortaleza junto do Skel. Ele veio de fininho me acordar um pouco antes do sol nascer, segurando um balde com água e disse que era importante.

—Você deve se perguntar o porquê de eu querer partir. –Comentou ele.

—Não, você tem os seus motivos e eu entendo isso.

—Sei, você é sempre assim, Steve. Você não questiona as pessoas e as aceita de braços abertos.

—É essa a visão que você tem de mim? A única coisa que quero é ficar com a Pompo. Falando assim parece até meio egoísta.

—Nós homens somos seres egoístas, é a nossa natureza. Somos egoístas com aquilo que mais prezamos.

—Onde estamos indo exatamente?

—Eu me esqueci de pegar uma coisa depois da luta.

Chegamos ao local onde travamos a luta com o pai da Rhoku, o General. O lugar está isolado, por motivos óbvios, e meio deserto. Nós entramos no salão e um silêncio enorme tomava conta do lugar, alguns ratos e outros bichos pequenos estavam habitando o lugar, talvez atraídos pelo sangue derramado na luta, e muita destruição podia ser observada lá.

—Você vai mesmo conseguir achar alguma coisa nessa bagunça?

—Apenas observe.

Ele jogou a água do balde no chão e ficou olhando pra ela. Eu pensei que ele estivesse maluco, até que vi a água começar a se mexer. Ela borbulhava lentamente e começava a tomar forma de alguma coisa, uma coisa bem familiar. No fim, a água tomou sua forma definitiva e adquiriu uma cor de pele clara e uma cor de cabelo loiro avermelhado.

—Skel idiota! Por que você me largou aqui esse tempo todo?! –Gritou Kabi ao retornar a sua forma.

—“Oi” para você também. Você parece diferente... Perdeu peso?

—Foi você que trouxe pouca água para que eu pudesse me solidificar!

—É que você fica tão fofa pequenininha desse jeito.

Ela ficou vermelha por um tempo. –Não muda de assunto!

—Eu tinha me esquecido da Kabi. O General a despedaçou durante a batalha, certo? –Perguntei.

—Sim, ela se espalhou tanto que não conseguiu voltar a sua forma.

—Você sabe como foi chato ficar aqui esse tempo todo sem poder me mover?! Você me deve desculpas!

—Eu me desculpo depois. Eu voltei para te buscar porque vamos voltar hoje para casa.

—Hoje? Mas e os outros?

—Eles vão fazer um último pedido para a Rhoku e depois vão nos encontrar lá.

—Se vamos viajar eu preciso voltar a minha forma. Eu vou até aquele rio para me hidratar e encontro vocês depois. –Ela saiu correndo e pulou por uma das janelas do corredor.

—Ela é maluca. –Comento.

—Ela é como uma irmã para mim. –Eu olho pra ele meio surpreso com esse comentário. –Brincadeirinha. Ela, na verdade, me dá trabalho desde o dia em que nasceu, contudo, eu não posso abandoná-la assim.

—Você é uma boa pessoa.

—Tem razão, eu sou. –Eu o encaro surpreso novamente. –Brincadeirinha.

Nós continuamos falando besteiras durante o caminho até o acampamento. Nós nos separamos quando chegamos, por algum motivo ele foi dormir com a Hedyps em uma outra tenda. Eu entro e encontro todos dormindo ainda. Tiro meus sapatos e me deito novamente ao lado da Pompo como se nada tivesse acontecido.

—Onde você estava? –Perguntou ela, me fazendo levar um susto.

—Fui ajudar o Skel.

—Da próxima vez você podia me avisar.

—Eu não queria te acordar.

—Prefere me acordar ou fazer com que eu acorde preocupada por você ter sumido?

—Tudo bem, se você insiste tanto, eu vou te acordar da próxima vez.

—Obrigada.

—De nada.

Eu fechei os meus olhos pra voltar a dormir, mas não fiquei assim por muito tempo. Um barulho muito alto começou a soar dentro da tenda, assustando todo mundo.

—Pai! Para com isso! –Reclamou Pompo.

Ponko estava parado na entrada da tenda, batendo em uma panela com uma colher de madeira. –Vamos acordar, pessoal!

Dava pra ver no fundo dos seus olhos que ele não estava gostando de ver eu deitado junto da Pompo, mas ele parecia se segurar por ela.

—Para de fazer barulho, maluco! –Gritou Sekka, deitado na parte de trás da tenda.

—Vocês precisam acordar logo pra poderem aproveitar o sol.

—Por que você se importa com quando nós vamos sair? –Perguntou Pompo.

—Eu vou com vocês, é claro! Não vou deixar a minha filha se arriscar em um lugar perigoso desses.

—Certo! Certo! Agora sai daqui, pai. –Disse Pompo o expulsando da tenda. –Ele pode ser bem chato às vezes.

—Às vezes? Que tipo de maluco acorda os outros dessa forma? –Perguntou Pheal, retoricamente.

—O tipo de maluco que tem uma filha como a Pompo. Tivemos sorte de estar escuro e ele não ter percebido você. –Falou Sekka.

—Oque você quer dizer com isso?! –Perguntou Pompo irritada.

—Eu disse oque eu disse. Por precaução é melhor você se cobrir com o meu capuz, Pheal.

—T-Tudo bem. –Ela veste o capuz, que ficou muito pequeno nela, mas dava conta de escondê-la.

Pompo colocou os seus sapatos e vestiu o seu colete por cima da blusa, mas ela estava tão cansada que nem percebeu que havia colocado ele ao contrário.

—Me deixa arrumar isso. –Digo retirando o colete dela e o colocando do lado certo.

—N-Não precisava fazer isso.

—Estava me incomodando.

—Parem de namorar e peguem suas coisas! –Disse Sekka carregando algumas coisas da Pheal.

—Por que está carregando isso? –Perguntei.

—A Pheal precisa chamar menos atenção quanto possível. Eu vou levar essas coisas e levar ela junto no meu cavalo.

—Parece uma boa ideia. –Digo.

—Vamos? –Perguntou ele.

—Vamos.

Visão da Pheal:

Não acredito que eu precisei me esconder dentro desse capuz, isso é humilhante. Esse capuz... Tem o cheiro do Sekka. É claro que ele teria! O capuz é dele! Mas isso... É um pouco embaraçoso. Ele acordou logo depois que eu o beijei e... E se ele souber de algo? Se eu perguntar ele pode não saber e se eu não perguntar eu é que não vou saber, é uma situação complicada.

—Fique aqui enquanto eu arrumo as coisas no cavalo.

—Tudo bem.

Eu fiquei olhando para o chão até que ele voltasse. O ar está frio e os poucos raios de sol não diminuem a sensação de frio. Sekka retorna e me ajuda a subir no cavalo. Pompo está guiando um cavalo com o Steve na garupa, Gafuku estava guiando outro com a Kouko em sua garupa e o pai da Pompo estava sozinho em outro.

—A Pompo vai explicar a situação pro pai dela assim que pararmos em algum lugar pra descansar. Tente ficar escondida até lá.

Eu apenas concordei com a cabeça e me segurei nele para não cair. Rhoku se aproximou do Steve antes da partida e sussurrou algo em seu ouvido, isso me deixou curiosa e desconfiada. Skel, Hedyps e Kabi estavam acenando para nós de longe, vou sentir falta deles.

—Vamos lá! –Gritou Pompo ao começar a correr com o seu cavalo, sendo seguida pelos outros logo em seguida.

Atravessamos o portão de fogo e finalmente entramos no território do Nether. Sekka estava correndo muito rápido com o seu cavalo e eu estava com tanto medo de cair que estava o apertando com toda a força que tinha.

—V-Você está me sufocando...! –Reclamou ele.

—Ah! Desculpa. Eu estou com medo de cair.

—Pode se segurar em mim, mas não com tanta força assim.

Eu afrouxei um pouco o meu aperto e me debrucei um pouco sobre ele. Eu conseguia sentir o seu coração batendo e isso me acalmava.

Conforme a paisagem mudava o clima também se alterava. Uma fina chuva começava a cair e a paisagem era preenchida por árvores de tronco negro e folhas avermelhadas. Os cavalos estavam se cansando e nós decidimos parar um pouco para descansar e, nessa hora, eu não esperava à hora de tirar aquele capuz.

Eu fiquei escondida no meu canto, observando enquanto a Pompo e o Steve conversavam com o Ponko e, de acordo com o Sekka, contavam a ele que eu era uma Enderman. Não demorou muito até ele ficar bravo, sacar a sua espada e começar a vir em minha direção.

—Pai, espera! Deixa a gente explicar! –Gritava Pompo enquanto tentava pará-lo.

—Eu não vou permitir que um Enderman fique perto de você! Ela pode te matar a qualquer hora! –Dizia ele.

—Ela não é assim, pai. Acredite em mim.

—Não vou correr esse risco. –Ele puxou o seu braço, fazendo a Pompo cair no chão.

Sekka se posicionou a minha frente com suas duas espadas. –Eu não vou deixar você tocar nela.

Ele continuava vindo e não parecia que algo iria pará-lo. Até que...

—EU ESTOU GRÁVIDA!!

No momento em que a Pompo gritou aquilo todos nós ficamos paralisados. Seu pai arregalava os olhos e abria levemente a boca enquanto largava a espada e se virava lentamente na direção da filha.

Pompo continuava caída no chão com o Steve ao seu lado. Eu não pensei que ela revelaria algo tão sério apenas para me ajudar.

—O-Oque você... Você não... –Ele sussurrava coisas sem sentido enquanto ia em direção a ela.

—É isso mesmo, Ponko. –Pronunciou Steve ao se levantar junto da Pompo. –Ela vai ter um bebê.