The mine word: Fire Gates.

Capítulo 20: Por outros olhos.


Visão da Pompo:

Estávamos nos preparando pra sair do acampamento. Steve estava colocando as últimas coisas no cavalo enquanto eu estava montada no mesmo. Quando ele estava quase acabando a Rhoku se aproximou dele.

—Vocês já vão? –Perguntou ela.

—Já, vamos voltar o mais rápido possível. –Respondeu Steve.

—Fico realmente agradecida. –Ela o agarra pela cabeça rapidamente e sussurra algo em seu ouvido. –Não se esqueça.

—Pode deixar. –Steve subiu no cavalo. –Oque foi? Você parece brava.

—Tente adivinhar o motivo. –Digo virando o rosto pra frente. –Vamos lá!

Eu comecei a correr com o cavalo e logo todos estavam me seguindo. Depois de passarmos do portão de fogo e entrarmos no território do Nether nós começamos a acelerar ao máximo os cavalos. Skel havia entregado o mapa pro Steve e eu dei uma olhada nele antes, então não tem problema.

—Espero que a gente consiga chegar lá a tempo. –Disse Steve.

—Vamos precisar de sorte. –Eu olho pro Sekka e pra Pheal. –Você não acha que aqueles dois estão juntos demais?

—Os deixe em paz. Seu pai deve pensar o mesmo de nós nesse momento.

—Eu ainda acho isso muito suspeito.

A paisagem de planície morta começava a ser substituída por uma floresta de árvores negras com folhas avermelhadas, além de estar começando a chover. Decidimos parar um pouco pros cavalos descansarem.

Steve desceu do cavalo e me ajudou a descer. –Precisamos contar “aquilo” pro seu pai.

—Tudo bem.

Prendemos o cavalo e fomos conversar com meu pai. Ele estava mexendo em alguma coisa dentro da sua bolsa quando chegamos.

—Oque foi, Pompo? Decidiu largar esse idiota?

—Pai!

—Tudo bem. Oque foi?

—Precisamos te contar uma coisa...

—Oque é? Se estamos com pressa precisamos sair daqui logo.

—Sabe a Pheal? Então... Ela meio que é uma... Uma Enderman.

A expressão em seu rosto mudou rapidamente. –Uma oque?!

—Uma Enderman, senhor. –Disse Steve, dando um passo à frente.

—Então isso é coisa sua? Eu sabia que você não prestava. –Ele sacou a sua espada. –Eu vou matar aquela coisa agora mesmo!

Ele se virou e começou a ir em direção a Pheal.

Eu agarrei o seu braço direito, tentando fazê-lo parar. –Pai, espera! Deixa a gente explicar!

—Eu não vou permitir que um Enderman fique perto de você! Ela pode te matar a qualquer hora! –Disse ele.

—Ela não é assim, pai. Acredite em mim.

—Não vou correr esse risco. –Ele puxou o seu braço, me fazendo cair no chão.

Steve chegou pra me ajudar. –Você está bem?

—Sim, mas... –Sekka estava parado na frente da Pheal, segurando suas duas espadas na tentativa de intimidar o meu pai, mas eu sabia que aquilo não iria funcionar. Eu precisava fazer algo. Precisava fazer algo antes que fosse tarde demais. Eu olhei pro Steve com um olhar que já dizia no que eu pensava e ele apenas concordou com a cabeça. –EU ESTOU GRÁVIDA!!

Eu gritei muito alto. Todos os olhares se direcionaram pra mim e meu pai ficou imóvel por um tempo. Ele se virou lentamente, com os olhos brilhando e uma expressão que eu nunca o vi fazer.

—O-Oque você... Você não... Não pode ser... –Sussurrava ele.

Ele caminhava lentamente em minha direção. Steve me ajudou a levantar e segurou a minha mão. –É isso mesmo, Ponko, ela vai ter um bebê.

Nunca me senti tão envergonhada. Se não fosse o fato do Steve estar ao meu lado eu acho que não conseguiria enfrentar o meu dessa maneira, contrariando a imagem que ele tinha de mim como filha.

Ele parou de vir na minha direção e voltou ao seu cavalo. –Já ficamos tempo demais aqui. Vamos logo.

Ele soltou o cavalo e o montou como se nada tivesse acontecido. Seguimos o exemplo dele e voltamos a seguir o caminho, embora estivéssemos em um ritmo mais lento e silencioso que antes.

—Estou orgulhoso de você. –Sussurrou Steve.

—Obrigada. Talvez eu tenha ferido os sentimentos dele.

—Vamos dar um tempo pra ele absorver a ideia e depois falamos com ele.

—Está bem.

Conforme avançávamos, a vegetação e a chuva se alastravam por todos os cantos, e como estava ficando escuro nós decidimos acampar sobre uma grande árvore que ali estava.

Eu estava toda molhada e morrendo de frio. Steve me ajudou a descer do cavalo e começou a procurar a sua blusa verde dentro das bolsas que estavam no cavalo. Enquanto eu tirava o colete e a minha blusa pra torcer ela, meu pai se aproximou e me entregou o seu casaco.

—Vista isso.

—Obrigada. –Eu coloquei o casaco, que quase arrastava no chão, e me aconcheguei nele. –Espero que não esteja bravo comigo.

—Não estou bravo com você. Eu estou feliz, mas você sabe o quanto uma gravidez pode ser perigosa? Oque eu diria a sua mãe se você morresse? Você pensou nisso?

—Desculpa. –Disse, abaixando a cabeça.

—Tudo bem, filha. –Ele me abraçou e esfregou a minha cabeça. –Tudo bem... –Quanto tempo faz desde que ele me abraçou assim? Eu estava tão preocupada com tanta coisa que nem parei pra conversar com ele direito. –Como sua mãe está?

—Deve estar subindo pelas paredes de preocupação.

—Não avisou a ela que estava saindo?

—Eu deixei um bilhete na porta.

—Ela vai nos matar.

—Com certeza. –Nós nos olhamos e rimos. –É bom ter você de volta, pai.

—É bom estar de volta.

—Desculpa atrapalhar o momento, mas precisamos montar o acampamento. –Disse Steve, vestindo sua blusa verde.

—Precisa de ajuda pra que? Seja homem e monte a cabana de vocês sozinho.

—Pai!

—Se ele vai ser pai do meu neto ele precisa saber se virar.

Eu olhei pro Steve e ele concordou com a cabeça. –Deixa comigo! –Ele saiu todo animado, mas eu sinto que não vai sair algo que presta.

—Se preferir você pode dormir comigo. Duvido que a cabana dele fique melhor que a minha.

—Eu me viro com ele.

Visão do Sekka:

Depois do incidente com o pai da Pompo eu não disse uma palavra a Pheal. Embora eu tenha tentado defender ela, eu sinto que fiz ela se sentir mal, de alguma forma.

—Estou ensopado! –Digo, torcendo as roupas. –Precisa de ajud...

Pheal estava completamente molhada, da cabeça aos pés. Ela brilhava com a pouca luz que ainda restava do dia e trasbordava beleza com seus cabelos castanhos molhados e com suas roupas pretas coladas ao corpo.

—Preciso me secar logo. –Pronunciou ela, me tirando do meu transe.

—P-Pode ficar com o meu casaco. –Digo entregando o casaco a ela.

—Mas ele foi do seu pai. Não tem problema?

—Eu não me importo com aquele velho egoísta. Você está aqui e agora, diferente dele.

—Se você insiste. –Ela tirou seu casaco, revelando uma blusa preta meio úmida e colada ao corpo. –Como ficou?

—Incrível...

—Oque?

—Ah! Bom! Ficou bom em você... E-Eu vou ascender uma fogueira!

—Espera! –Ela agarrou o meu braço. –Obrigada...

—De nada. –Ela me soltou e eu fui ascender à fogueira.

Visão da Pheal:

Eu não aguentei dizer. Eu não pude dizer a ele. Eu... Eu ainda tenho medo. Queria dizer a ele oque fiz enquanto ele dormia, mas não consegui. Eu fui fraca.

Depois que o Sekka ascendeu a sua famosa fogueira azul eu decidi me sentar lá para me aquecer, mas eu acabei encontrando a última pessoa que eu queria ficar perto no momento, o pai da Pompo, que estava junto dela e da Kouko.

—Eu não vou te matar, fique tranquila. –Falou o pai da Pompo sem nem olhar para mim.

—Não tenho como não duvidar disso depois do que você tentou fazer. –Digo.

—Se minha filha se esforçou tanto pra proteger você isso significa que você não é uma ameaça imediata. Mas fique sabendo que eu ainda odeio todos os da sua raça, incluindo você.

—C-Certo...

Eu me sentei o mais afastado dele que eu pude e fiquei ali por um tempo. Steve, Sekka e Gafuku estavam montando cabanas improvisadas com galhos e alguns lençóis que nós trouxemos, mas nenhuma parecia aguentar um vento forte. Eu ia dormir em algum galho da árvore mesmo, não sei montar uma cabana e não iria pedir para que montassem para mim, então não estou preocupada.

Quando finalmente os três terminaram a construção eles se sentaram conosco. Steve distribuiu pão para todos nós e ficamos conversando.

—Você não está com frio? –Pergunto ao Sekka.

—Já passei por coisa pior. Você deveria trocar o restante da sua roupa, pode pegar um resfriado.

—Eu não posso ficar pelada na frente de todos! –Disse em um tom baixo. –E se eu ficar doente é só pedir para um Ghast me curar quando chegar lá.

—Por que não veste umas roupas do Steve? Ele tem aquela que você comprou na cidade dos Endermans guardada ainda.

—Não vou usar as roupas dele, a Pompo me mataria. Vista você, está todo molhad... Como secou suas roupas?

—Eu as aqueci com o meu craft até que ficasse o menos molhado possível. Eu posso fazer isso com as suas, mas... Teria que passar as mãos por todo seu corpo.

—...

—S-Se você não quiser... Você pode ficar na minha cabana enquanto eu seco a sua calça. Não iria demorar.

—T-Tudo bem. Vamos. –Oque eu estou fazendo?! Eu vou ficar só de calcinha perto dele! No que estou pensando!

Eu entrei na sua cabana, tirei meus sapatos, fiquei sobre eles e tirei a minha calça. Ele estava parado de costas na entrada e parecia super nervoso. Eu entreguei a calça a ele e ele saiu da frente da cabana.

—Não vai demorar.

—C-Certo. –Eu estava agachada abraçando meus joelhos enquanto o esperava. Mil coisas teriam passado pela minha cabeça, exceto essa situação de agora. Essa é, de longe, a segunda situação mais constrangedora da minha vida. –Ainda falta muito?

—Quase acabando. Quer me dar as suas meias também?

—Não precisa tanto.

—Aqui. –Falou ele me entregando a calça enquanto estava de costas. Eu a peguei e vesti o mais rápido possível. Sai da cabana e o agradeci pela ajuda. –Você não vai montar a sua cabana?

—Vou dormir em algum galho de árvore mesmo.

—Bem... Se você quiser você pode ficar com a minha.

—E você fica aqui fora passando frio? Não, fique com a sua cabana.

—Então divida ela comigo.

Isso me pegou de surpresa. Não pensei que ele iria sugerir isso. –A-A situação não é apropriada e...

—Por favor... Só hoje. Eu insisto.

—S-Se você insiste, então...

—Isso é um sim?

—Sim, mas nada de gracinhas.

—Eu prometo que não farei nada que você não queira.

—Tudo bem então.

Visão do Steve:

Depois de comermos e de jogarmos conversa fora nós decidimos dormir. Não sei como o Ponko passou a noite, mas ele ainda não havia montado a sua cabana quando nós fomos nos deitar.

Eu acordo primeiro e percebo que a Pompo está com uma cara estranha e apertando levemente a barriga com a mão esquerda enquanto dorme.

—Pompo... Pompo... –Eu a balanço um pouco pra ela acordar. –Você está bem?

Ela arregalou os olhos e correu pra fora da cabana pra vomitar. Eu me levantei e fui atrás dela pra tentar ajudar de alguma forma. –Espero que essa criança valha à pena, eu não aguento mais ficar vomitando.

—Foram só duas vezes, vai ficar tudo bem. Quer que eu chame o Ponko? Ele deve saber lidar melhor com isso do que eu.

Ela apenas balançou a cabeça positivamente. Eu me virei pra procurá-lo e me deparei com a cabana mais bem construída que eu já vi na vida. Como ele construiu isso sem fazer nenhum barulho durante a noite? Isso não importava no momento.

Eu o chamei e ele foi logo pra ajudar a Pompo. –Aprenda, rapaz. –Ele a deixou de pé e pressionou de leve as suas costas. –Isso sempre funcionava com a sua mãe. É só manter as costas bem retas por alguns segundos e respirar devagar que o enjoo passa.

—Obrigado pela ajuda. –Agradeço a ele.

—Da próxima vez eu quero que você seja capaz de ajudá-la sozinho. –Ele soltou as costas dele calmamente. –Se sente melhor?

—Sim! Obrigada, pai.

—Precisamos ir andando. Se oque o seu amigo Esqueleto disse estiver certo nós devemos chegar lá antes de escurecer.

—Eu vou arrumar as coisas. –Digo.

—Vou acordar o pessoal. –Disse Pompo.

—Deixe que eu faço isso. Vá descansar um pouco mais. –Disse Ponko.

—Você manda.

Embora eu ache que eu tenha uma chance de me aproximar mais do Ponko agora, eu acho que nós acordamos um monstro super protetor dentro dele.