The mine word: Blue roses.

Capítulo 5: Escala de cor.


Visão do Skel:

A situação na fortaleza estava tensa e delicada no momento. Todos os membros do conselho de fogo se sentavam à mesa de carvalho-escuro para discutir sobre como lidar com a atual situação.

—Digo que devemos prosseguir como estamos, senhor. Deixemos que a cidade cresça e prospere sozinha. —Sugeriu o homem velho e de cabelos grisalhos, chamado muitas vezes de bibliotecário.

—Ela cresce desenfreadamente e sem o nosso controle. Devo exigir que comecemos a cobrar mais pela terra que estão usando. —Sugeriu o homem grande e gordo, conhecido como o coveiro da fortaleza.

—Nosso exército tem patrulhado as ruas todos os dias. Aparentemente, nada de errado está acontecendo. Sua única medida, senhor, foi para que deixassem a árvore de sol em paz. —Disse Muhu, o rapaz mestiço que participou da milícia contra a fortaleza há alguns anos. Hoje, ele é comandante de um pequeno grupo de soldados.

—Senhores, parece que todos temos boas opiniões, mas isso não muda o fato de que muitas pessoas estão deixando a fortaleza. Sei que o plano de criar fazendas por aqui era bom, afinal o solo daqui não deixa a desejar. A situação saiu do controle quando casas e mais casas foram surgindo. —Me levanto, encarando todos. —Precisamos de uma medida de contenção. Uma que não atrapalhe a vida dos fazendeiros e comerciantes.

—Será difícil, senhor. Temo que já perdemos esse controle. —Disse o bibliotecário.

—Tudo bem. Pensaremos nisso depois. Tenho algumas coisas à fazer hoje. Nos encontraremos amanhã. Dispensados.

Essas reuniões são desgastantes e consomem muito do meu tempo. Estou me afastando um pouco da minha família. Isso não é bom. Desde que fui nomeado pelo rei como general do portão de fogo norte, minha vida com a Hedyps deu uma bagunçada. Sem mencionar os nossos filhos.

Precisava passar um tempo com eles. Talvez pentear os cabelos da Henne, brincar com o Lhelt ou ler uma história para o Hekke.

Cruzei o corredor principal, passando pelos dormitórios e seguindo por um outro corredor até o meu quarto. O local que antes abrigou o antigo general durante seu sono, agora está mudado. Algumas passagens foram abertas e outros cômodos foram integrados a ele, fazendo com que não fosse apenas um quarto, mas sim quatro.

As crianças brincavam no quarto principal, onde a Hedyps costuma colocar umas mesas e servir doces quando temos visitas. Henne, minha filha mais velha, tem os cabelos brancos como a neve, assim como seus olhos, com um temperamento forte e uma língua afiada, estava sentada em uma cadeira e olhava a brincadeira dos irmãos.

Lhelt e Hekke, sendo Hekke o mais novo dos trigêmeos, brincavam com a Hevack sobre um tapete de veludo carmesim. Lhelt tinhas os cabelos meio acinzentados, uma mistura do meu com o da Hedyps, porém com os olhos cinza-escuro dela. Já Hekke tinha os cabelos de um cinza totalmente escuro, podendo ser confundido com preto, tendo os mesmos olhos que seu irmão.

Hevack cresceu bastante nos últimos anos, em vários sentidos. A garota realmente paresse possuir o sangue da Hedyps. Sempre preocupando a irmã e arrumando um namorado novo a cada semana, mesmo sendo tão nova. Atualmente, estamos em uma fase que a Hedyps apelidou de: "Calmaria antes da tempestade", que é quando a Hevack fica mais de duas semanas sem um namorado.

Eles continuam brincando, sem ao menos se darem ao trabalho de me olharem. Apenas Henne me percebeu, me chamando até ela.

Suas mãos pequenas e gordinhas eram muito fofas. —Papai, como foi reunião? —Perguntou ela, gaguejando algumas palavras.

—Desculpe por não poder ter levado você hoje. Sei o quanto você gosta. Amanhã você pode vir comigo.

—Obigada, papai.

Henne é a mais velha e, portanto, herdeira da fortaleza Witywolve após a minha morte. E ela sabe disso. Pode ainda ser muito nova, mas o seu empenho em estudar é maior do que o dos irmãos e, dos três, ela é a que dialoga melhor.

Entrei pela porta mais a esquerda. Era o quarto da Hedyps e meu. Uma cama de casal, acolchoada de lã branca e cinza, decorava e ocupava a maior parte do quarto. Algumas mesinhas de cabeceira por aqui, alguns armários por ali, a penteadeira da Hedyps um pouco à direita da porta e vários candelabros espalhados pelas paredes.

Retirei o meu manto de lã branca, tirei as botas de couro e se deitei na cama. Meus pés ardiam em decorrência do calor sufocante que faz nesse lugar, principalmente no verão.

—Pelo jeito a Hedyps saiu com a Kabi. Deve ter pensado que a reunião demoraria mais. —Penso, respirando o ar do ambiente. —Tavez a Hevack saiba onde ela está... Mas depois eu vejo isso.

Ficar deitado no silêncio daquele quarto era tão bom que não dava vontade de levantar para nada. Meus olhos iam se fechando as poucos. Minha cabeça lutando contra a tentação de uma soneca durante a tarde. Tudo ia ficando escuro e meu corpo se entregava aquilo.

Visão da Hedyps:

A cidade sempre fica meio deserta durante o meio dia. Parece que é nesse horário que a maioria almoça por aqui. Não que eu tenha vindo por um motivo diferente. Kouko e Gafuku me convidaram para almoçar com eles. Como poderia recusar?

Trouxe a Kabi comigo. Mais como uma espécie de segurança mesmo. Todos sabem que uma Aranha é casada com o Skel e poderiam querem fazer alguma coisa comigo.

Chegamos até a casa. Ela era de madeira, bem simples e bem pequena. Um presente dado pelo Skel em comemoração ao nascimento da filha deles. Havendo até uma certa combinação de casamento futuro entre o Lhelt, meu filho e herdeiro do portão de fogo norte, com a filha deles. Uma coisa que fica muito entre o Gafuku e o Skel.

Bati duas vezes na porta, sendo atendida pela Kouko. Ela usava roupas finas amarelas e um avental preto por cima.

—Você veio, querida. Já perdia as esperanças. —Comentou ela.

—Nunca que eu recusaria um convite de vocês. Podemos entrar?

—Claro. Podem entrar. É um prazer ter você aqui também, Kabi.

—Eu gosto de vir aqui. —Disse Kabi. Ela realmente vem muito aqui acompanhada do Skel. —Então, onde está a futura esposa do pequeno general...? —Perguntou ela, olhando em volta.

—Kabi! Não fale uma coisa como essa! —Disse.

—Não, tudo bem, Hedyps. Isso já virou um hábito dela. A própria Lenna já não se importa com esses comentários.

—Se você diz. Quem melhor pra saber o que alguém pensa do que a mãe dela.

—Sim. Vamos comer. A comida vai esfriar.

Fomos até a sala de jantar, onde uma mesa não muito grande estava arrumada com uma panela de porcelana cheia de caldo de coelho, uma porção de milho cozido e bastante fruta espalhada pela mesa.

A pequena Lenna era a imagem escarrada do que deveria ser um Whiter. Nada diferente dos pais ou com um tom de cabelo diferente. Ela era igual aos outros Whiters. Kabi parecia se relacionar bem com ela, diferente da minha filha, Henne, que tem certa antipatia pela Kabi.

A comida estava muito boa. Digna da culinária da Kouko. Passei um tempo por lá pra botar o papo em dia e voltei pra fortaleza. Era tarde, talvez reunião já houvesse acabado.

Cheguei ao nosso quarto, onde há alguns anos dormia o pai da Rhoku, o antigo general.

Hevack, Lhelt e Hekke dormiam amontoados sobre o tapete do cômodo. Levei os meninos até o quarto deles e depois levei a Hevack até o quarto dela, onde Henne já havia se acomodado e dormia tranquila.

O quarto ficava muito silencioso com as crianças dormindo. E ficava ainda mais sem o Skel reclamando das reuniões.

Entrei no meu quarto e encontrei o Skel dormindo na cama. Ele ainda vestia a roupa que usava quando saiu pra reunião.

Troquei de roupa, colocando uma camisola, e me deitei ao lado dele. Passei um tempo afagando os lindos cabelos brancos dele, adormecendo sem nem perceber.