The mine word: Blue roses.

Capítulo 34: Sobre rodas.


Visão do Skel:

Cumprimentei a pequena Erina, ainda um pouco perplexo por tudo aquilo. Algo nela, nada que eu pudesse dizer com certeza, me era estranhamente familiar.

—Não sabe o quanto ouvi sobre você e seus companheiros, Skel. A tomada do Portão de Fogo Norte foi, sem dúvidas, algo revolucionário. —Ela girou a pequena cadeira com rodas e se dirigiu até uma mesa próxima. —Terminei a nova invenção, senhoria Firinda. Esta aqui.

Acompanhei Firinda até a longa mesa de madeira onde ferramentas, pedaços de metal, ferro, lascas de madeira e outras coisas estavam espalhadas. A garota mostrava uma caixa de ferro enorme com uma serie de tubos de metal saindo de seu interior, parecendo mais complexa do que eu poderia supor.

—É o novo mo... Mo...

—Motor, senhorita. —Respondeu Erina. —Um motor capaz de funcionar com aquela pedra vermelha, como a senhora pediu. Não fui capaz de testá-lo corretamente com a pouca quantidade de material que me foi fornecido, mas tenho certeza de que funciona melhor que o que eu uso aqui embaixo. —A garota olhou para um canto da sala, onde outra caixa de ferro, ainda maior do que a anterior, produzia o barulho que inundava a sala.

—O que é tudo isso? —Perguntei. —Não estou entendendo.

Firinda caminhou em volta da mesa, parando do outro lado, me olhando. —Encontrei a Erina durante uma caminhada pela floresta. Ela parecia bem, embora estivesse desacordada. Trouxe-a para a fortaleza e cuidei dela até que acordasse. Era uma coisa pequena e frágil, se me permite dizer.

—Mas eu não conseguia andar quando acordei. —Explicou Erina, arrumando algumas ferramentas. —Isso já faz quase oito anos.

—Mas de onde você veio? Pela cor do seu cabelo você deve...

—Eu não pertenço a uma raça deste mundo. —Algo se acendeu em minha mente. —Vim de outro lugar. Um bem diferente daqui.

—Você é... Humana...?

—Huh? Como sabe disso?

—Um dos companheiros dele também é. —Comentou Firinda. Ela sabia sobre o Steve. —Foi por isso que não vi problema em trazer você aqui, Skel. Sabia que já havia lidado com coisas assim.

—Então você conhece outro humano?! Aqui?! Achei que fosse a única! —Erina parecia realmente surpresa. —Não acredito. Onde ele está?!

—Reino Creeper. Vive com a esposa e os filhos em uma fazenda.

—Então ele é casado... —Ela parecia decepcionada. —Ninguém daqui me acha atraente, sabe. Dizem que sou estranha por andar em uma cadeira de rodas e por ser loira com olhos azuis. Olham-me como se eu fosse um monstro.

—Você não é um monstro. Não a meu ver. Apenas não conheceu a pessoa certa.

—Todo mundo diz isso. Até a senhorita Firinda. Já tenho dezenove anos. Não serei jovem para sempre. —Erina parecia aborrecida e entristecida.

—E o que são todas essas coisas? São do seu mundo? Vieram com você? —Tentei mudar o foco da conversa.

—Não, eu que construí. Sabe, meu avô era mecânico de automóveis e me ensinou algumas coisas sobre motores e elétrica. Foi difícil, mas consegui construir um motor a vapor com a ajuda da senhorita Firinda e de alguns golens de neve. Mas a primeira coisa que fiz foi essa cadeira. —Ela empurrou a mesa, jogando a cadeira para trás e mostrando sua criação. —Sou uma gênio.

Ela realmente era humana. Dizia palavras estranhas assim como o Steve. Fingi entender do que ela falava, já que me recordava de algo que Steve havia me dito sobre essa tal eletricidade e prossegui a conversa. Após algumas horas, retornamos para os aposentos, porém sem antes ser comunicado pela Firinda:

—Se contar para outros generais ou tentar roubar a nossa tecnologia, nosso acordo acaba na hora. Fique avisado.

Contei para a Hedyps o que havia ocorrido, pedindo que não contasse para os membros do conselho ou para a Hevack. Tentamos conversar sobre o assunto, mas acabamos fazendo amor e cochilando antes que nos déssemos conta.

Acordei nu, com Hedyps agarrada ao meu peito, também nua. Levantei-me e coloquei minhas roupas, cobrindo-a novamente e saindo do quarto. Não estava frio, ao contrário do que parecia pelo céu branco.

Um barulho agudo de rangido familiar ecoava pelos corredores. Erina vinha em minha direção, vestindo uma camisola rosa e com os cabelos bagunçados.

—Bom dia, Skel. —Disse ela, bocejando. —Vou tomar banho. Quer vir? —Me espantei de imediato, e ela percebeu isso. —Calma, é brincadeira. Digi está me esperando lá, sabe. Ele me ajuda bastante.

—Vejo que não mora naquela sala. Não a vi subindo conosco ontem.

—Há um elevador que conecta aquela sala ao meu quarto. Eu que fiz. Depois posso mostrar, se quiser.

Não entendi, mas novamente fingi que sabia do que se tratava. —Muito bem. Depois. Preciso ir.

Ela continuou seu caminho pelo corredor e eu segui até o quarto onde Henne dormia.

Visão do Steve:

O ataque da Henhy havia sido há quatro dias. Todos pareciam cansados, esgotados. Precisávamos sair daquela casa.

Pheal contou para mim e para o Sekka o que a sua antiga colega de exército havia falado, sobre haverem duas bruxas na casa. Ela explicou que as bruxas não precisam necessariamente ser mulheres e que qualquer um poderia ser sem saber, o que nos deixou preocupados e curiosos.

—Talvez eu seja um. —Disse, tentando achar uma explicação. —Não nasci nesse mundo. Podem me confundir com uma bruxa.

—Já pensei nisso e não faria sentido. Bruxas possuem crafts de níveis extraordinários. O seu é diferente, mas não chega a ser superior ao meu ou ao do Sekka. Não, você não é. —Explicou Pheal.

—Talvez eu? —Sugeriu Sekka.

—Não, você faz parte da raça dos Creepers azuis. Nenhum relato que li mostra que alguma bruxa na história tenha tido traços dessa raça.

—Você? Asas de dragão não é bem uma coisa que todos os Endermans têm, não é verdade? —Disse já esperando a resposta.

—Cheguei a pensar nisso, mas o alvo da missão não era eu, ou Henhy teria me matado de imediato. Ela procurava outras pessoas.

—Então temos um problema. Não podemos acusar qualquer um assim, esperando que alguém se revele. Pode demorar dias e não temos mais esse tempo. Precisamos partir em pouco tempo. —Disse Sekka.

—Quanto tempo? —Perguntei.

—Dois dias. Três no máximo. Conheço essa cidade. Tem uns atalhos na floresta que podemos usar. —Sekka parecia sério... E realmente estava. —Mas antes preciso que você me deixe do lado de fora durante algumas horas. —Ele falava com a Pheal. —Tratarei de negócios com um amigo.

—Tratarei de arrumar tudo e todos enquanto estiver fora. —Disse. —Estará tudo pronto quando voltar. Espero.

—Confio em você, Steve. —Ele apoiou a mão no meu ombro. —Sairemos dessa. Sempre saímos. É a gente, cara. Derrubamos o portão de fogo praticamente sem ajuda. Esses loucos vestidos de preto não são páreos pra gente.

—Falou e disse. —Batemos as mãos e eu saí pra preparas as coisas pra retirada.

Visão do Sekka:

Retornei ao Bordel Piti-Taco. Me escondi debaixo de um antigo capuz verde-escuro e adentrei o local de prazer e segredos. Encontrei Jojo na companhia de outras duas garotas, uma Esqueleto e uma Aranha. A Esqueleto vestia luvas e meias, com uma saia mesclando branco e cinza, sem nada por baixo e com os pequenos seios a mostra, enquanto a Aranha vestia uma calcinha cinza-escuro de renda, com um dos seios de tamanho médio a mostra, com o outro escondido por um sutiã de couro.

—Precisa de outro favor, amigo? —Brincou ele. —É difícil ficar longe, não?

—Preciso de um grupo de cobertura. Vamos deixar a cidade.

—Deixar a cidade, é? O que houve de tão imediato?

—Endermans estão atrás de nós. Estamos nos escondendo há dias.

Ele pareceu intrigado. —Endermans na cidade? Meus informantes não descobriram nada sobre isso. —Ele pensou mais. —Se bem que dois desapareceram há alguns dias...

—Só precisamos de dez homens. Talvez menos ou talvez mais. Apenas uma pequena escolta. Lembra da trilha do prazer? Usaremos ela.

—Trilha do prazer, é? Se lembro... Era um bom lugar pra levar uma gata quando a gente era moleque. Muito bem. Vou preparar a equipe.

—Sairemos daqui dois dias. Talvez três. Vou discutir o local e à hora com o pessoal. —O abracei. Um gesto que fez as garotas soltarem risadinhas. —Preciso de você, cara.

—Conta comigo.

—Ah! Mais uma coisa...

—O quê?

—Vou precisar daquela Creeper azul.

Visão do Steve:

Em apenas um dia nós conseguimos arrumar tudo que fosse necessário. Embalamos a comida menos perecível, roupas, água, mapas e outras coisas que realmente iríamos precisar. Pheal quase enlouqueceu ao saber que não podíamos levar seus livros, que depois foram todos embalados e guardados no porão da casa, escondidos com outras coisas de valor que não pudemos levar.

—Vamos descansar e ir antes do amanhecer. Se eles usarem as táticas do exército Enderman provavelmente esperam que evacuemos a casa ao nascer do sol. Estejam prontos para qualquer coisa. —Explicou Pheal. —Sekka e Pheal devem comer e descansar bastante para terem energia suficiente para uma luta, caso necessário. —Pheal se virou para as crianças, em especial falando com a Linna e o Rheal. —E vocês dois vão teleportar os outros caso algo dê errado. Vão para o mais longe possível e não voltem para nos buscar. —Ela falava em um tom sério, chegando a ser assustador. —Entenderam?

—Entendemos! —Responderam os dois.

—Vamos precisar de armas. —Disse Cidia. —Temos matérias disponíveis? Posso fazer algumas espadas novas ou armaduras. Diamante seria o melhor.

—Temos muitos diamantes em um cofre no porão. De quantos precisa?

—O quanto tiver.

—Não vamos dar todo nosso dinheiro pra você fazer armar! —Reagiu Sekka.

—O dinheiro é mais importante que a vida de nossos filhos? —Pheal perguntou, meio irritada. —Vou pegar pra você, Cidia. Já volto. —Pheal sumiu.

—Posso ajudar à senhora, mãe. Sou boa com o craft de armas e...

—Não. Está grávida e precisa descansar pra amanhã. Posso resolver sozinha. Faço armas desde que aprendi a falar.

Pompo parecia triste por não poder ajudar. Era sempre assim quando ficava grávida. A abracei, segurando em suas mãos, sussurrando em seu ouvido:

—Calma, ta tudo bem. Vamos pra cama.

Pompo apenas balançou a cabeça e fomos pro quarto. Alex já dormia ao lado do Pokko, toda largada na cama e com um braço sobre ele. Rimos baixinho pra não acordá-los e fomos dormir.

O amanhã seria tudo ou nada.