The mine word: Blue roses.

Capítulo 28: A vila de fogo.


Visão do Ryan:

Kemo se recusou a ir conosco na carruagem. Por algum motivo ele gostava bastante daquela ursa, nos forçando a levar ela conosco. Me perguntava se ela estava seguindo a carruagem ou sendo guiada pelo Kemo. Devia ser estranho para alguém ver uma carruagem acompanhada de uma criança montada em um urso. Meu tio ficaria orgulhoso dessa tolice.

A estrada desapareceu após três dias, em um pequeno vilarejo, do qual partimos em meio a vegetação. Não sei o que os lordes farão com a estrada, já que este local não é mais a fronteira com o Reino dos Withers, mas é bom que dêem um jeito de conectar o Reino. É impossível que antigas rixas entre os Generais deixem que o Reino se divida.

Finalmente, depois de mais dois dias, chegamos as proximidades do Portão de fogo. Era uma visão extraordinária. Milhares, ou talvez milhões, de blocos de tijolos negros atravessando um vale que a muito existia, criando uma das maiores muralhas do mundo. Logo abaixo, em frente a fortaleza, casas de madeira e pedra se estendiam por onde diziam ter ocorrido a batalha da conquista, uma história que eu adorei escutar de meu tio, e logo no centro, formando um círculo semelhante a uma praça, estava a famosa Árvore de fogo.

Descemos a encosta e entramos na vila. Bom, não por muito tempo, já que os guardas não gostaram da ideia de um urso em meio a multidão.

—E agora? Não podemos entrar na cidade e Kemo não quer deixar a Nita para trás. —Reclamou Ellie, se jogando sobre a carruagem. —Precisamos de um outro plano.

—Podemos dar a volta, mas precisamos de comida e abrigo. Estou cansado de dormir com um olho aberto.

—Será que não podemos deixa-la em um estábulo?

—Ela não é um cavalo, Ellie.

—Eu também não sou cega!

—Por enquanto eu vou lá comprar mais comida. Fique de olho neles.

—Está bem...! —Disse ela, quase que bufando.

Peguei o dinheiro e fui até a vila procurar algo para comer. Até que para um lugar que foi construído com certa rapidez, é bem organizado. O General Skel deve realmente ser um bom estrategista. Gostaria de conhece-lo pessoalmente se possível.

Uma padaria e um açougue foram o suficiente para abastecer os mantimentos, além de serem bem baratos para o padrão normal.

Decidi explorar mais, aproveitando que tinha tempo sobrando. Visitei algumas hospedarias, estábulos, casas de artesanato e, por fim, a Árvore de fogo.

A árvore tinha o tronco de uma cor avermelhada forte, parecendo sangue, que se misturavam ao laranja conforme chegavam ao topo, onde se encontravam as folhas de um amarelo dourado, tão hipnotizante quanto o próprio fogo.

—Um bela árvore, não? —Disse um homem, se aproximando com uma menina pequena sobre os ombros. —Sabe de sua história, jovem?

—Sim. Ela foi plantada em homenagem a antiga General Rhoku, estou certo?

—Quase. De certo a história é essa, mas o que apenas nós sabemos é que a própria Rhoku, assim como sua noiva Hiffe, estão enterradas debaixo desta árvore. —O homem apoiou uma das mãos no tronco, junto com a criança. —Elas eram boas amigas.

—Conheceu elas?

—Isso já é outra história, jovem.

—Gafuku! —Gritou uma mulher, vindo correndo em nossa direção. —Eu paro pra comprar carne e você some com a Lenna?!

—Desculpe, Kouko, queria vir até aqui.

—Me avise da próxima vez.

—Está bem, amor. Até mais, jovem, se cuide.

O que acabara de acontecer? Eu sinceramente não fazia ideia. Retornei até o que poderia ser chamado de acampamento e coloquei a comida na carruagem.

—Demorou bastante. —Reclamou Ellie.

—Fiquei distraído. Algo aconteceu?

—Nada de mais. Nita é tão dócil que é quase estupidez não nos deixarem passar.

Darei um jeito. Irei amanhã até a fortaleza para conversar com o General. Tenho certeza de que ele entenderá.

Ellie suspirou. —Se você acha. Só quero sair daqui.

—Eu disse que levaria você, não disse? Confie em mim pra variar.

—Certo. Trouxe o que de comida?

—Quer dar uma olhada? Acho que comer agora não faria mal.

A noite caiu bem rápido. Era impressionante o tanto de luz que era emitido pela fortaleza e pela vila. Nossa fogueira parecia uma simples brasa se comparada.

Voltei até a vila e comprei uma penela de barro. Era hora comer algo mais do que carne grelhada. Fizemos um guisado de porco e devoramos tudo com a ajuda do pequeno Kemo. Nita saiu durante algum tempo, voltando depois com as patas de focinho cobertos com sangue e carregando um pato na boca.

Me arrumei logo que o sol pareceu. Deixei a Ellie de olho nas coisas e fui até a fortaleza. Foi uma boa caminhada. Não podia acreditar no tamanho do grande portão de madeira, uma coisa realmente impressionante. Uma manada de mamutes passariam sem problemas por ali.

Me apresentei aos guardas, mostrando o brasão de minha família, um guerreiro com uma espada e um arco, o que me concedeu o convite para entrar.

O lugar era um labirinto de escadas, salas, corredores e seja lá mais o que tivesse ali. O próprio guarda que me acompanhou disse que ninguém vivo conhece toda a extensão da fortaleza.

Ele me levou até uma sala com porta de Carvalho escuro. Dentro dela havia uma grande mesa com um senhor bem velho em sua ponta.

—Entre, rapaz. —Disse ele.

—Com sua licença. —Mostrei respeito, adentrando o local.

O guarda fechou a porta, nos deixando sozinhos.

—Lamento que não possa ver o General Skel, rapaz, ele se encontra em uma viagem importante. Estou tomando conta de tudo até que ele volte.

—Entendo. Realmente é uma pena. Mas o que quero não precisa ser tratado apenas com ele.

—E o que seria? —A expressão dele era calma. Suas vestes eram negras como carvão. Vestes de um bibliotecário.

—Preciso que deixe eu e meu grupo passarmos pelo portão.

—A passagem é livre, até onde sei. O que lhe impediu?

—Bem... Pode parecer estranho, mas estamos viajando com um urso. Os guardas não nos deixam passar com ele.

—Céus. Ursos são animais sagrados, mas também perigosos. O que os levou a captura-lo?

—Não é bem isso. Ele é um animal de estimação de um dos membros do grupo. É muito dócil e não fará mal a ninguém na vila. Prometo pela honra de minha família.

—Sua família não possui muita honra aqui, rapaz. —O homem se levantou. —Aqui é um domínio dos Witywolves. A família Flix serve a família Biolumer, não serve? Creio que saiba da situação política entre as duas famílias.

—Estou ciente. Esperava conseguir corrigir isso pessoalmente com o General Skel.

O homem encara a janela. —Farei uma vista grossa durante a noite. Você e seu grupo passarão pelo portão, mas só poderão retornar com o urso se tiverem permissão do próprio Skel. Temos um acordo?

—Temos. —Apertamos as mãos.

—Muito bem. Estejam no portão quando a lua estiver no meio do céu.

Retornei ao acompanhamento com as notícias. Ellie ficou muito feliz. Passei o tia treinando com ela, já que não treinava há algum tempo. Kemo brincava com a Nami, correndo de um lado ao outro. Mesmo sendo tão novo, talvez com cinco ou seis anos, ele não tinha medo da fera. Era uma criança bem corajosa.

A noite caiu. Arrumamos nossas coisas e nos preparamos. Estava quase na hora.