The mine word: Blue roses.

Capítulo 16: Isso tudo é irritante.


Visão da Carine:

O peso dos cobertores caia sobre mim. Meus olhos não queriam abrir. Queria voltar a dormir. Mas não tinha mais sono.

Uma luz cegante iluminou o quarto, acompanhada do barulho das cortinas se movendo.

—Acorde, senhorita, já dormiu o suficiente. —Disse uma voz irritante e familiar.

Outra pessoa parecia estar no quarto. Talvez outra empregada. Não tinha como saber com certeza.

Os cobertores foram puxados e meu corpo voo envolvido pelo ar frio. Meus olhos se abriram.

—Você precisa se limpar. Venha, tiraremos essas roupas.

A pessoa irritante, também chamada de Irei, tirou-me da cama e pôs-me de pé. O piso de madeira estava frio.

As duas retiraram a minha camisola e minha roupa de baixo. Naquele momento, o frio era quase insuportável.

A segunda empregada, possivelmente nova, limpava meus braços enquanto Irei limpava minhas pernas. Ambas com panos úmidos.

—Hoje haverá uma proclamação real de seu pai, senhorita. É necessário que esteja pronta e apresentável.

—D-De preferência... Não congelada... —Disse, com voz trêmula e sonolenta.

—Se está bem para brincadeiras, então está bem para o evento. —Com essas palavras, as duas me limparam de cima a baixo, me perfumaram e me vestiram.

Mal me aguentava em pé. O vestido que usava, branco e com babados cinzas, imitando, ao meu entender, uma nevasca, era lindo, porém incrivelmente desconfortável.

—Vamos acompanhá-la até seu pai. Venha conosco.

Os corredores estavam lotados de gente. Gente que nunca vi, empregados, guardas, duques e algumas crianças. Várias comportadas e vestidas de forma adequada, mas outras corriam pelos corredores, gritando e rindo. Eu queria aquilo.

Quando chegamos ao salão, um homem anúncio nossa chegada. Sua voz era grave e forte. —Apresentando: Carine Von Blubei Esqueleto, princesa do reino.

As empregadas vinham logo atrás de mim, embora ninguém as tivesse anunciado. Enquanto cruzava o salão, podia ouvir todo tipo de comentário. Alguns diziam que eu era bonita, outros que era linda, diziam que seria uma honra ter seu primogênito como meu marido, ou até comentários de mulheres corrigindo suas filhas, me usando como exemplo. Todos irritantes.

Sentei-me na cadeira ao lado do meu pai, que era mais alta para que todos pudessem me ver, mas não tão alta que ofuscasse ele. Afinal, ele era o rei agora.

Após um período que pareceu interminável entre a minha chegada e a chegada dos outros, a reunião, onde ocorreria a proclamação, começou.

Foram vários discursos dos lordes e de alguns representantes das grandes fortalezas do reino. Discursos que em nada me importavam.

Aquilo era chato. Era visível nos rostos de todas as crianças ali. Com exceção de alguns que tinham liberdade de conversar ou fazer outras coisas, aquilo era chato o monótono.

Ao fim da reunião, no momento dá grande proclamação, meu pai se ergueu e pediu que eu fizesse o mesmo.

—Senhores aqui presentes, eu, Xum Von Blubei Esqueleto, rei de nossa grande nação, tenho o prazer de anunciar o casamento de minha filha, Carine Von Blubei Esqueleto, com o filho mais novo do General Skel do portão de fogo, Hekke Witywolve.

A situação demorou a me atingir. Primeiro veio a onda de comentários, depois os olhares, seguidos dá total descrença na decisão de meu pai. Só então, em um lampejo, eu entendi a situação. Esse não seria um casamento comum.

Um homem, representante de alguma fortaleza, se pôs a falar.

—Meu rei, pergunto de onde veio a ideia de misturar o sangue real ao sangue mestiço daquele que teve seu título de sobrenome revogado. Digo que é uma afronta a família real.

Meu pai respirou fundo e encarou o homem. —Não quero ficar preso as intrigas de meu pai. Os Witywolves são uma parte importante desse reino. Uma aliança com eles é deveras importante é vantajoso para a coroa. Agora, senhor, peço que volte ao seu lugar.

A reunião foi logo encerrada e eu fui levada de volta ao quarto.

—Meu pai deve estar louco. —Disse, debruçada na janela do quarto. No pátio as crianças brincavam com o que parecia uma bola. Ao longe, os campos de rosas azuis se estendia pelas colinas brancas.

É certo que a conquista do Portão de fogo norte foi vantajosa para o reino e os Witywolves tiveram um papel importante nisso, mas propor que eu me case com um deles, um garoto, um mestiço... Certamente é uma afronta.

—Se isso é o que ele chama de vingança pela morte daquela puta, então eu aceito.

Ele só quer ganhar em cima de mim. Sei disso. Vou entrar no jogo.

—Se ele gostava tanto daquela puta, então serei como ela. —A raiva me consumia.

As crianças ainda brincavam lá embaixo. Tão alegres que dava nojo. Cuspi nelas, sem saber se acertei alguém.

Pulei sobre a cama, olhando para o teto. Aquele vestido estava me irritando. Tanto que quase o rasguei. Quase.

Antes de dormir, me vi novamente no topo daquela escada, com meus braços esticados para frente e um sorriso no rosto. No fundo, nas partes mais baixas, eu não me arrependia daquilo.

Ela mereceu...