The mine word: Blue roses.

Capítulo 10: Seguindo caminho.


Visão da Gisele:

Esse dia começou caótico. Já perdi a conta de quantos foram. Bom, não que eu me importe.

Coloquei minha mala na carroça e a empurrei para a parte de trás. Não havia muita coisa dentro, apenas roupas e acessórios de viagem.

Coloquei Atie e Adreu bem ao lado da mala. Elas dormiam em suas formas de espadas.

—Gigi, me levanta! —Pediu Alex. Ela parecia mais animada agora do que estava antes.

—Claro. Vem aqui. —Ela ergueu os braços e eu a peguei. A coloquei na carroça e depois me sentei ao lado dela.

—Você está animada pra ver o Rheal, a Linna e os outros?

—Estou sim. —Disse, não sendo bem uma verdade.

—Será que eles se lembram da gente? Será que vamos brincar de alguma coisa? Será que a mamãe vai lutar com o tio Sekka?

—Por que não espera para ver, Alex? Tenho certeza de que a viagem não irá demorar.

—Mamãe disse que chegaremos de noite. Vai estar escuro.

—Geralmente as noites são escuras mesmo.

—Não seja boba. Sabe que os monstros andam à noite.

—Quem me dera ter a sua idade novamente e acreditar em monstros, Alex. —Deito e olho para as nuvens. —Quem me dera...

Nem tive tempo de me despedir do Drecky e do Lilu. Espero que ele não fique bravo comigo. Não que eu me importe com isso.

Steve e Pompo se despediram do Ponko e da Cidia e subiram nos assentos da frente, onde ficavam as correias dos cavalos.

Saímos da fazenda com o sol sobre nossas cabeças. Um calor forte, mas não insuportável. Steve segurava o Pokko no colo enquanto a Pompo guiava a carroça.

A estrada era de barro e terra. Campos de cultivo se estendiam até onde a vista alcançava. O que não era plantação, ou era casa ou era floresta.

Chegamos em Exblod quando a lua já estava no meio do céu. Steve guiava a carroça para que a Pompo pudesse dormir. Éramos os únicos acordados, embora o Steve estivesse em um estado que eu não poderia chamar de acordado. Seus olhos piscavam muito devagar, já tinham tantas olheiras quanto dava para contar e suas palavras perderam sentido há três horas.

Paramos a carroça em frente à porta da casa da Pheal. Era uma casa de três andares. Enorme.

—Pompo, pode bater na porta e chamar alguém? —Pediu Steve, arrancando um suspiro meu.

—Pela centésima vez, Steve, eu não sou a Pompo!

—Não, claro que não. Então, Pompo, pode ir lá?

—Desisto. Já volto.

Pulei da carroça e fui até a porta. Estava frio. Eu vestia meu macacão com uma camisa verda-claro por baixo, com os cabelos presos em um rabo-de-cavalo.

Bati três vezes na porta e esperei alguma resposta. Tudo em silêncio. Talvez tenham ido dormir.

—Será que estão dormindo? Vou falar com o St... —Um brilho roxo explodiu na minha frente. —Kyaa!

—Olha, Pis, a Linna não vai sair a essa hora. Será que fui cl... Gisele? Gisele! —Pheal me abraçou como se não me visse a anos. E era essa a realidade. —Não acredito que está aqui. Olha como cresceu. Já deve ter vários namorados com um corpo desses, não? —Ela ri. —Vamos, estou só brincando. Vou ajudar a levar as coisas para dentro.

Ela começou a se teletransportar de um lado ao outro. Quando parou, todas as bagagens sumiram.

—Espero que não tenha atrapalhado seu sono. —Disse. Pheal usava um roupão verde-escuro que cheirava à fumaça.

—Não estava dormindo. Estava na minha biblioteca. Vamos entrar. A casa é de vocês. —Entramos. A primeira diferença era a temperatura. Estava quente e aconchegante lá dentro. —Steve, vocês podem ficar no quarto de hóspedes por enquanto. Siga por esse corredor, suba as escadas, vire à esquerda e entre na quinta porta.

—Obrigado, mãe. —Ele levou os outros até o corredor e subiu as escadas.

—Ele me chamou de mãe?

—Ignora ele. Estava pesquisando alguma coisa na biblioteca?

—Olhando uns livros. Apenas uma coisa que me incomodou durante o sono.

—O que foi? É interessante? Posso ajudar?

—Já vi que vou precisar fazer mais chá-de-livros para nós.

Fomos até a cozinha, onde ela preparou o tal chá. Era grosso, nojento e muito bom. Entramos na biblioteca e ela se jogou em uma poltrona que estava próxima a lareira.

—Vai me contar o que estava pesquisando?

—Já ouviu falar em bruxas?

—Claro. Já li sobre elas em alguns poemas.

—Minha filha Gisele me perguntou sobre elas outro dia. Isso ficou na minha cabeça até explodir hoje enquanto eu dormia.

—Parece cansada. Faz quanto tempo que está acordada?

—Uma hora. Mas eu fui dormir tarde. Sempre vou, na verdade. Sekka não me dá sossego nem quando... I-Isso não é assusto de criança.

—Eu não sou uma criança, Pheal. Sei muito bem o que acontece do outro lado de uma parede.

—Garota esperta. Essa é a Gisele que eu conheço. Só não diga nada aos seus pais, certo?

Um livro estava no chão. "Os relatos da última". —Que livro é esse?

—Esse? É um diário. Uma cópia dele, para ser mais específica. Um diário escrito por Zenta, a tempestade, também conhecida como "a última bruxa".

—Isso é incrível! Como conseguiu algo tão raro?!

—Tenho meus contatos. Um amigo de dentro da Biblioteca de areia fez essa cópia para mim. Ele não pôde copiar tudo, mas foi o bastante. Nunca pensei que seria útil.

—Só você, Pheal. —Abri o livro em uma página aleatória e comecei a ler:

"Cheguei atrasada. Quase não saí viva daquele lugar. Resgatar a Lum era impossível. Eles pegaram a Nenê também. Foi minha culpa. Por minha culpa, Nenê será morta, assim como a Lum. Minha culpa. Não vou deixar que me peguem. Preciso continuar até o sul. É minha última chance. "

Ela passou por coisas horríveis. Nem consigo imaginar o que aconteceu às outras.

"Esse deve ser o meu último relato. Consegui chegar a casa do meu irmão. Estou segura aqui. Tenho certeza de queeee"

O livro acaba aqui. A última palavra foi mais desenhada do que escrita de fato. Algo aconteceu à ela enquanto escrevia. Algo que só está no verdadeiro diário.

—Estranho, não é? Provavelmente foi quando capturaram ela. —Disse Pheal enquanto lia outro livro.

—Sim. Uma época terrível. Como puderam matar alguém assim?

—Alguns outros poemas dizem que ela foi queimada. Outros dizem que ela foi torturada e depois queimada. Algumas coisas mudam, exceto o fato de ela ser queimada. Zenta foi uma mulher incrível. Uma Zumbi capaz de fundir energia. Uma perda para o reino.

—Acho que vou dormir. Fui acordada as preças hoje. —Coloquei o livro na estante mais próxima.

—Vai lá. Seus olhos vão cair do seu rosto se continuar aqui. Amanhã nos falamos.

—Até depois.

Saí da biblioteca e fui direto ao quarto. Haviam três camas de casal. Steve e Pompo dormiam em uma, Alex e Pokko em outra e a última estava vazia. Alex brincava com o seu ursinho. Indiquei a ela para fazer silêncio e fui até minha cama.

Tirei minhas botas e minhas meias. Meus pés ardiam de tanto ficarem calçados. Retirei o macacão e me deitei.

Fiquei pensando no que a Pheal disse. Será que eu quero um namorado? Será que alguém iria me querer? Acho pouco prováv... Por que estou pensando no Drecky numa hora dessas?! Ele é só um amigo. Um vizinho legal, bonito, que tem um cachorro e que eu conheci numa situação constrangedora. Apenas isso.

Eu espero...