Depois do ocorrido, Pedro nos levou para uma casa. Minha costela doía. Pedro me pôs deitada no chão do banheiro. Ele rasgou minha blusa e pressionou o corte com um pano. Depois tirou. Então seus olhos se arregalaram. Ele me olhou e depois olhou para o corte.
–Pedro...o que foi?
Olhei para meu corte e não acreditei no que estava vendo.Uma luz dourada reluzia em volta do corte enquanto o mesmo cicatrizava. Pedro me olhou com admiração nos olhos. Logo a luz sumiu, e o corte que tinha ali também. Sentei e olhei para Pedro.
–Você. Você é quem eu sempre quis conhecer. É verdade. Você é real. Você é a profecia.
–O que? Que profecia Pedro?
–Depois eu te explico. Nós precisamos ir à um lugar.
–Que lugar?
–As Três...-Ele não completou a frase.
Algo brilhou no corredor. Depois passos apressados se aproximaram de nós. ''Estamos cercados'', pensei. Espera aí, como eu sabia disso? Pedro sussurrou no meu ouvido. ''Pule a janela e corra. Se esconda num lugar previsível para os Demônios, e se enfie num buraco que só eu possa saber. Vá!''
Levantei e abri a janela do banheiro. Caramba eu não sabia que aquela casa tinha dois andares. ''Ele não me avisou sobre isso'', pensei. Criei coragem e coloquei as pernas do lado de fora. Olhei para trás. Pedro havia saído do banheiro e fechado a porta. Escutei barulho de luta. Olhei para baixo e pulei. Com medo da queda, nem acreditei quando meus pés encostaram no chão como se eu tivesse pulado de uma altura quase mínima. O que estava acontecendo comigo?
Corri até chegar na minha casa. Lá dei um chute na porta que abriu violentamente. Fechei a porta e subi as escadas. Estava tudo tão diferente. Como se algo ruimtivesse tocado a casa. Entrei no quarto do papai, fechei a porta e andei até o armário. Abri-o, entrei e fechei-o. Fui me escondendo por entre as roupas, colocando-as na minha frente. Mas parecia que quanto mais eu ia para trás, mais fundo ficava. Andei mais um pouco e tropeçei. A minha frente tinha todas as roupas do papai. Mas quando olhei para trás...
–Mas o que...
Ele tinha uma sala gigantesca atrás do armário. Três paredes, duas só de livros, e uma só de armas. Impressionante. Tinha também uma mesa central e grande com uma cadeira, uma poltrona e um grande quadro. Levantei e caminhei até ele. Uma mulher com um belo vestido dourado, cabelos encaracolados, negros e enormes, pele levemente bronzeada. Se não fosse a expressão calma a roupa esquisita, ela seria igual a...mim. Caminhei pela sala observando tudo. Parei e frentena parede das armas. Tantas. Somente duas me interessaram. Uma adaga prateada e outra dourada. Tentei pegá-las mas estavam muito lá no alto. Dei impulso no chão e pulei. Nossa que incrível. Cheguei na altura que queria e peguei as adagas. Voltei ao chão.
Escutei um barulho e logo fiquei alerta. Alguém entrou no quarto. Pus as adagas em posição de ataque. Abriram o armário. Meu despero aumentou. As roupas se mecheram e no meio delas Pedro surgiu.
–Vamos.
Aliviada, dei minha mão a Pedro e corremos dali. Pedro havia arranjado uma moto. Ele me contou que os arcanjos já sabiam quem eu era e queriam me matar. Ele nos levou para o bairro A.C. Ele disse que eu precisava conhecer alguém. O bairro A.C. ficava afastado da cidade e no meio da floresta. Pedro estacionou a moto e nós adentramos na floresta. Eu não fazia idéia de onde estávamos. Quando achei que Pedro havia se perdido, algo surgiu do céu e parou na nossa frente. Ela estava de preto da cabeça aos pés e suas...asas. As mais lindas que eu já vi na vida. Brancas com brilho prateado contornando-as Mas foi quando reparei no seu rosto que um impacto me atingiu. A mulher da foto. Pedro estava de mãos dadas comigo. Ela me olhou, depois para Pedro e para nossas mãos. Tremi com seu olhar. Pedro soltou minha mão e passou sua mão no meu ombro, me trazendo para perto dele. Ela olhou para ele e depois para mim. Sai do abraço dele e caminhei até ela. Mesma altura, mesmo corpo, mesma aparência. Não espere. Seus olhos eram diferentes dos meus. Eu tinha olhos de cor dourada, os dela eram prateados. Isso que nos diferencia.
–Ora ora, olá irmãzinha. Surpresa?