Alguém gritou.

“Não deixem que eles toquem em vocês!”

Mas então aconteceu, o Gigante de Gelo segurou o braço de Loki em meio á batalha em Jötunheim.

Ele esperou que a dor viesse, pela queimadura causada pelo gelo, mas ela não veio, e diante de seus olhos sua pele tornou-se azul. Até o Gigante que o segurava parecia espantado. Matou-o. E assim que e o contato se desfez, novamente ele retomou a cor rósea pálida da pele de Aesir.

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Numa nuvem escura de fumaça, o cenário agora era outro...

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No salão de armas, alguém deu uma ordem.

“Pare!” Ele conhecia aquela voz. Ergueu a cabeça, mas não olhou para trás. Ao invés disso, questionou, sem deixar de se amedrontar pela tonalidade azulada que sua pele adquirira enquanto ele segurava aquele objeto que ele sabia que era proibido, a Caixa dos Invernos Antigos:

“Eu fui amaldiçoado?”

“Não”, a outra voz respondeu, atrás de si.

“O que eu sou?”

“Você é meu filho.”

Lentamente, ele deixou a Caixa e virou-se para encarar o rei de Asgard. Sua pele agora voltava ao normal. Andou em direção ao Pai-de-todos enquanto falava:

“O que mais... além disso? A Caixa não foi a única coisa que o senhor tirou de Jötunheim naquele dia, não foi?”

Ele esperou a resposta, mas parecia que Odin ainda se decidia se falaria mais alguma coisa ou não.

“Após a batalha, eu e entrei no templo e encontrei um bebê. Pequeno para o filho de um gigante. Desamparando e sofrendo. Abandonado à morte. O filho de Faufey.”

“Filho de Laufey?”

“Sim.”

“Por quê? Você estava mergulhado em sangue de Jötuns, por que me pegaria?”

“Você era só uma criança inocente.”

“Não. O senhor me trouxe por uma razão.Qual foi? ME DIGA!”

“Pensei que poderíamos unir nossos reinos um dia. Promover uma aliança, uma paz duradoura. Através de você.”

“O quê?”

“Mas esses planos não importam mais.”

“Então eu não passo de outra relíquia roubada? Trancado aqui até o senhor ter utilidade para mim?”

“Não mude minhas palavras.”

“Podia ter me dito quem eu era desde o início! Por que não fez isso?”

“Você é meu filho. Eu só queria proteger você da verdade.”

“Por quê? Por que e-e-eu sou o monstro das histórias que os pais contam aos filhos à noite?

“Tudo faz sentido agora! Por que o senhor favoreceu Thor todos esses anos! Porque não importa o quanto diga que me ama, o senhor nunca teria um Gigante de Gelo no trono de Asgard!”

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A imagem mudou. Agora ele estava pendurado na ponte Bifröst.

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“Eu teria conseguido, Pai! Eu teria conseguido! Por você! Por todos nós!”

“Não, Loki”

Ele viu a decepção no olho bom do Pai, e então se deixou ir.

Thor gritou:

“Loki, não!”

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“Você acha que conhece o que é dor?”

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“Eu tenho um exército...”

Ele disse, mas aquele mortal que usava roupa de ferro não se deixou impressionar.

“Nós temos um Hulk.”

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“Deus franzino.”

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Ele abriu os olhos, ofegante. Estava em seu quarto. Estava em Asgard. Estava seguro.

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Olhou para o rosto de sua família, que o fitavam numa mescla de expectativa e preocupação. A primeiras coisa que fez, depois de desviar os olhos, envergonhado, do Pai e do irmão, foi se levantar e ir até a mãe, que o esperava com os braços abertos.

– Mãe! – disse ao abraçá-la com força. – Eu sinto muito! Eu sinto muito!