The Worst Thing

Infantilidade de um deus


Loki estava sem reação por sua demonstração de fraqueza diante dos pais e do irmão. Não. Pare com isso! Eles não são sua família, seu grande idiota! Você não tem isso. Mesmo com esse pensamento, ele não podia deixar de ficar ao lado de Frigga, chamá-la de mãe, deixá-la segurar sua mão.

Ele foi alimentado, permitido banhar-se e descansar um pouco, porque toda a correria das últimas horas havia deixado não somente a Loki, mas a todos, bastante cansados. No entanto, Odin providenciara que sempre um grupo de guardas estivesse em vigilância na porta dos aposentos do filho mais novo. Loki se perguntava o motivo disso, uma vez que somente tinha tido sua memória novamente, não seus poderes.

Thor insistira em tentar conversar com o irmão quando os pais saíram do quarto, mas foi uma tarefa difícil de realizar, considerando que se quando o mais novo estava sem lembranças ele já fora arredio, agora que se recordava e todo o ressentimento estava de volta, a situação apenas piorara, pois o Loki diante de si estava distante e com um ar taciturno. Eles estavam na sacada do quarto do moreno, olhando para a vastidão de Asgard.

- O que está pensando? – Thor indagou, suavemente, ao ver os olhos o irmão, perdidos em algo que provavelmente ninguém além dele mesmo podia ver. – Algo o preocupa?

A princípio, Loki não deu qualquer sinal de ter ouvido a pergunta, mas Thor esperou e por fim ele respondeu calmamente, mas sem se dar ao trabalho de olhar para o louro.

- Eu não entendo, Thor. Eu ameacei três reinos. Tentei matá-lo tantas vezes que já perdi as contas. E quando finalmente estava num lugar, numa condição que não podia ferir a mais ninguém, sou trazido de volta. Isso não faz sentido para mim, por mais que eu tente entender.

Ele suspirou e fechou os olhos. Sentia dor. Não física, mas mental e espiritual.

- Por que fez isso, Thor?

O grandão deu de ombros.

- Quando você caiu...

- Eu não caí, eu me deixei ir.

- Que seja. Quando você se deixou ir e eu pensei que o tinha perdido, foi uma das piores sensações que já tive. E saber que você estava em Midgard, por mais segura que fosse sua condição, mas sem se lembrar de nada, bem, era como se eu o tivesse perdido mais uma vez.

Loki abriu os olhos e o encarou. Não podia acreditar que tinha ouvido aquilo.

- O quê?! – A voz quase falhou ao indagar isso. Não podia suportar. Afastou-se do irmão, tinha nojo dele. – Será que o poderoso Thor é tão baixo a ponto de deixar que seu egoísmo interrompa minha punição? Por Valhalla, Thor! De tudo o que eu fiz, de todas as coisas que eu coloquei em risco, nada se compara a sua infantilidade! – Ele estava gritando, lutando contra as próprias lágrimas.

- Loki, não...

- Poupe-me, Thor! Você não tinha o mínimo direito de intervir!

- Está dizendo que preferia nunca saber quem é? Preferia esquecer para sempre que é um deus?! – Thor agora também estava gritando. Pela janela, podia-se ver o céu formando algumas nuvens carregadas sobre a cidade.

- DEUS?! Eu sou um GIGANTE DE GELO, seu imbecil!

Thor o agarrara pelo braço, de forma que o estava machucando. Loki sabia que se seus poderes não tivessem lhe sido destituídos, o louro neste momento teria então acabado de ser lançado da sacada de seu quarto para a queda livre da torre do palácio.

- Parem com isso! – A voz de Odin os interrompeu, mas ele não gritou como os filhos faziam, e mesmo assim eles obedeceram. Thor libertou Loki. – Será que não podem agir como se espera que os príncipes de Asgard façam?!

- Me desculpe, Pai...

- Quieto, Thor! Você já teve o que queria! E, Loki, sua mãe não quis vir aqui agora comigo, porque estou enviando-o novamente á Midgard.

O moreno congelou. Por um momento não encontrou as palavras que precisava dizer, e quando falou, não pôde deixar de notar o toque de desespero em sua própria voz.

- Não, Pai, por favor...

- Sua memória não será tirada novamente, Loki. Quando eu estiver certo que você está recuperado da maldade em seu coração, eu permitirei que você retorne.

Tirar o mal de mim? Loki não podia compreender o sentido daquilo. Não era ele, afinal, o Deus do Mal? Pare, Loki, você não é um deus coisa nenhum, ou já esqueceu sua verdadeira linhagem? A que acabou de declarar a Thor...

- Obrigada, Pai. Por permitir que eu continue lembrando.

- Sim, meu filho. Mas espero que você não use suas recordações para fazer o mal. Lembre-se de que estaremos esperando por você.

- Sim...

- Thor irá acompanhá-lo até Midgard. Vocês podem ir, agora.