Tendo em conta o que precede, é fácil esquecer que os elfos - ou Aen Seidhe, como eles próprios se denominam - já foram uma raça orgulhosa que governou as terras que se estendem desde as margens do Grande Mar no oeste, para as Montanhas Azuis no leste, e das Montanhas do Dragão no Norte até os Campos de Mahakam, no sul. As ruínas de suas cidades espalhadas por todo o mundo que conhecemos dão testemunho de seu poder anterior.



(trecho do livro “Os Aen Seidhe e os Aen Elle”)

Iorveth estava deitado em sua cama improvisada, olhando para o teto. Sua mente ora voltava para a floresta, em sua saudade de ouvir o som dos pássaros e dos grilos, ora para as dores em seu tórax, resultados da sessão de tortura e espancamento que passara ontem. Ele ainda estava perturbado com o relato de Argalad sobre Saskia. Sua preocupação pela rebelde parecia consumi-lo.

Na noite posterior ao conto do bardo sobre Saskia, Iorveth sonhou com ela. Os sábios de seu povo diziam que alguns sonhos consistiam em presságios, e que outros, por sua vez, eram nada mais que ecos de preocupações. Talvez fosse o caso daquele sonho, que cada vez mais o elfo sabia que nada havia de real. Sonhou com uma Vergen próspera, tendo Saskia como governante. Uma terra conhecida por todo o Continente pelo respeito entre as raças. Onde elfos, humanos e anões viviam em perfeita harmonia e igualdade, inexistindo conflitos sobre suas diferenças.

Mas agora, tudo estava arruinado.

Iorveth conheceu Saskia em uma eventualidade da vida. Sua liderança frente aos Scoia’tael, e em especial sua separação das ideias radicais de Yaevinn chegaram aos ouvidos da bela jovem de cabelos loiros e olhos negros que aos poucos acendia em Aerdin as primeiras faíscas de uma revolução. Não demorou até que os dois percebessem que suas ideias estavam alinhadas e, para abismação de muitos, uma parceria passou a se formar.

Mas para Iorveth, aquela não era uma parceria, mas uma amizade.

Entre conversas privadas sobre seus planos quanto a Vergen e os próximos passos, os dois conversaram um pouco sobre si. Sempre desconfiado com humanos, Iorveth sentiu uma súbita e inexplicável empatia por Saskia. Sim, ela era bonita e tinha forte personalidade, mas o elfo tinha a sensação de que era algo mais. Isso o incomodou no início de sua amizade, mas austero como sempre, Iorveth sabia que seria inadequado pergunta-la sobre suas origens. Apesar da feição plenamente humana e da ausência de qualquer traço élfico, havia algo de Saskia que a tornava... Diferente.

Dentre suas virtudes, estava a paciência. E Iorveth assim o fez. Esperou com paciência. Até um dia em que, durante suas conversas privadas no esconderijo dela, quando ambos analisavam um mapa de Aerdin, Iorveth fez um comentário que a pegou de surpresa.

-Talvez eu ainda encontre alguém que eu conheça nas Montanhas Azuis.

-Você veio das Montanhas Azuis?

Iorveth não soube o que dizer. Sempre foi discreto sobre si mesmo, mas inexplicavelmente o elfo sentia-se à vontade perto de Saskia. Como se não precisasse ser dado a segredos perto dela.

-Sim. Mas eu fui embora logo que amadureci e pude compreender que a vida por lá era simplesmente aguardar a morte comendo raízes e casca de árvore enquanto os dh’oines têm seus campos e pastos. Decidi que o correto era nosso povo lutar por seu espaço, não aceitar as sobras.

-Quantos anos você tinha quando partiu?

-Por volta de oitenta anos.

Muitos humanos achariam a idade estranha, mas Saskia pouco estranhou. Decerto estava acostumada aos padrões de vida estranho dos elfos.

—Meu nome não é Saskia.

Iorveth não compreendeu a princípio o porquê da informação dada por Saskia. Afinal, que diferença isso fazia para ele? Mas em questão de segundos, o elfo entendeu a atitude da rebelde. Ele contou sobre detalhes de sua vida. E agora, ela parecia querer contar detalhes da dela, também. Sem ele pedir. Talvez porque ela sentisse falta de conversar com alguém sobre isso.

-Qual é o seu verdadeiro nome, então? – ele perguntou.

-Saesenthessis.

Iorveth engoliu em seco. Não sabia como reagir, mas procurou se manter neutro.

-Nem tentarei pronunciar esse nome, para não trucidá-lo. – disse o elfo. – Bom, o seu nome é bastante peculiar e exótico. Acaso você vem de algum reino distante ou...?

-Eu sou do Norte, como você. Meu pai se chama Villentretenmerth.

Iorveth ficou boquiaberto. As sílabas do exótico nome do pai dela, dito com facilidade por Saskia, ainda zanzavam em sua mente. Quando eu pensei que não poderia ser pior...

-Então... Presumo que seu pai a nomeou assim. Mas por quê? Seria por suas raízes inumanas ou...

-Você percebeu.

Iorveth ficou ainda mais confuso. Os olhos negros de Saskia estavam arregalados. Mas não era por pânico ou temor. Mas por surpresa.

-Eu suspeitei, sim. Senti que você... Era diferente. Não era uma dh’oine qualquer. Que havia algo de especial em você. – disse Iorveth, pausadamente, ligeiramente arrependido e desconfortável de ter usado a palavra “especial”.

-Será que não estou sendo discreta o suficiente? – começou a se indagar Saskia.

-Olha, Saskia... Isso realmente não importa para mim, e creio que não importa para aqueles que seguem você e que acreditam em sua causa. Na verdade, ter sangue élfico ou anão é...

-Você estava certo ao presumir que eu não sou completamente humana, Iorveth. Mas não do modo que está pensando.

-Como?! – questionou Iorveth, confuso. – Do que está falando, Saskia?

-Você não tem segredos perante mim. Sei de seu ódio justificado por humanos, ou dh’oines, como você fala, e ainda assim, você é transparente comigo. Não é justo que eu não o seja com você. – disse Saskia, suspirando por fim. – Eu sou um Dragão.

Deitado em sua cela e relembrando-se da situação, Iorveth riu. Agora, anos depois da revelação de Saskia, o elfo não pôde deixar de contemplar com diversão o ocorrido. Principalmente sua reação de descrença. Ele lembra de ter sentido raiva, muita raiva. Achou que Saskia estava zombando dele. Os dois discutiram feio, mas Saskia parecia compreender sua descrença. Naquela mesma noite, Iorveth reuniu suas coisas e decidiu partir. Iria voltar aos Scoia’tael, acampados na floresta.

Quando estava voltando ao acampamento dos Scoia’tael, o elfo ouviu o som forte de um bater de asas. O elfo estremeceu, pensando se tratar de algum monstro. Um grifo ou wyvern. Antes fosse. Um enorme dragão, negro como a noite, pousou diante de si. Apavorado, Iorveth caiu sobre o chão. O dragão soltou um berro feroz, abrindo sua boca repleta de dentes e batendo levemente as asas. O vento causado pelo bater de suas asas fazia lançar pequenas pedras ao redor do elfo que, caído ao chão, parecia esperar sua morte. Sabia que não dava para enfrentar dragões nem escapar.

O dragão jamais atacou. Ficou observando Iorveth, com seus olhos reptilianos. Até que uma forte luz cegou Iorveth, que se viu momentaneamente cego de seu olho saudável. Mas sua cegueira foi momentânea, pois a luz cessou. E de repente, não havia mais dragão.

Apenas Saskia.

Aquela foi uma note longa, lembra-se Iorveth. Saskia contou-lhe sobre seu pai, um Dragão Dourado Lendário que se chamava Borch Três Gralhas quando em sua forma humana. Foi sob tal forma humana que Saskia foi concebida. Metade dragão, metade humana. Em seus 28 anos de vida, Saskia já tinha plena ciência de suas habilidades: não havia herdado do pai a habilidade de se transformar em qualquer criatura, mas ela era capaz de se transformar em um Dragão quando bem entendesse.

—Por que me contou sobre isso, Saskia?

—Porque eu confio em você.

Confiar. Desde que saiu das Montanhas Azuis, Iorveth jamais confiou em alguém. Confia apenas em si mesmo. Era a primeira vez que o elfo estabelecia uma relação de amizade e confiança com alguém – um dh’oine, ou pelo menos meio dh’oine, nada menos que isso. A chegada de Saskia em sua vida foi mesmo uma quebra de paradigmas.

—Iorveth?

Tudo que o Líder dos Scoia'tael não queria era abandonar seus pensamentos e ter de conversar com seus companheiros de cela, porém Argalad acordou mais animado que o normal, o que tornava seu desejo simples em algo quase impossível de se realizar.

—Diga logo, bardo. – respondeu o elfo, mal-humorado.

—O que você pretendia fazer fora daqui, Iorveth?

—Reagrupar os Scoia'tael. – disse. E ajudar Saskia.

—E você, Elendil?

—Voltar para casa com um cervo na mão. Quem sabe, um coelho também. Almoçaria um guisado. Depois, ensinaria arco e flecha para o meu filho.

—Oh, você tem um filho? – interessou-se o bardo. A conversa também chamou a atenção de Iorveth. Era raríssimo encontrar elfos com filhos. Há mais de duzentos anos atrás, boa parte da juventude élfica com idade fértil faleceu ao seguir a elfa Elirena e sua simbólica Rosa Branca de Shaerrawedd em uma luta fadada ao fracasso contra os seres humanos. Morreram jovens, incitados a pegar em armas e lutar contra os humanos pelas belas palavras de uma líder que tudo que fez aos elfos foi empurrar a sua própria raça à extinção, ao fazer perecer praticamente todos os jovens com idade para gerar filhos.

—Sim, ele tem oito... Quero dizer, catorze anos de idade. – lembrou-se o elfo, com tristeza, de que já estava há anos longe de casa e de sua família. Estariam eles vivos ou mortos?

—É raro encontrar uma criança elfa. Posso contar nos dedos todas as vezes que vi uma criança elfa em toda minha vida. – admitiu Argalad.

—Verdade. Tive sorte de encontrar uma elfa com idade para ser mãe, e melhor ainda, com desejo de ser mãe. As poucas elfas jovens que ainda existem não desejam parir elfos pela falta de esperança e descrença com o futuro. Mas enfim, é bem possível que Turiel fizesse um ensopado de cenoura quente para o jantar. Hmm... O aroma do ensopado dela chega a me dar arrepios. Depois que meu filho dormisse, faria amor com ela e...

—Bom, creio que já ouvimos o bastante. Ou seja, Iorveth tentaria salvar o mundo, possivelmente sem sucesso, Elendil planejava só uma boa foda e eu... Bem, eu estaria prestes a participar de um Concurso de Bardos em Novigrad. Creio que minha ausência deixou o caminho livre para aquele desgraçado e desafinado do Dandelion ganhar, e com folga.

Iorveth riu secamente.

—Dandelion ganha todos estes concursos. Não precisa de sua ausência para vencer.

—Aí que você se engana. No ano passado, não pude vencer porque quebrei a perna após saltar de uma janela escapando de um marido enfurecido. No ano anterior a este, eu estava preso após uma confusão no Esturjão de Ouro, onde fui acusado, injustamente, devo dizer, de ter trapaceado em uma partida de Gwent. E no anterior a este ano anterior, eu...

—Sim, nós já entendemos, bardo. Poupe-nos de suas lamuriações. – interrompeu Iorveth, impaciente.

Cada um dos elfos havia escolhido um canto da cela para definir como eu território. O canto de Argalard, o bardo tagarela, era um canto rabiscado por letras e letras, do que provavelmente seriam canções cujas letras ainda vagavam em sua mente, fazendo o músico pegar uma pedra e rabisca-la em sua parede. Elendil tinha sua parede já marcada por inúmeros riscos, sinais de dias em que o preso passara naquela prisão. Argalad achava admirável a dedicação com que o elfo fazia um risco na parede todas as manhãs, religiosamente. Passando-se tantos anos em uma prisão, um dia a mais ou a menos sequer faria falta. Já a parede de Iorveth permanecia impecavelmente limpa – dentro do que se poderia chamar de “limpo” naquele ambiente inóspito. Não havia riscos, desenhos ou palavras em sua parede. Apenas a superfície intocável da rocha bruta.

—Se um dia faltar espaço na minha parede, posso escrever na sua?

—Não. – disse Iorveth a Argalad. – Já tenho que escutar suas canções o dia inteiro, serei obrigado a ler as letras delas na parede antes de dormir também?

—Está bem. Não está mais aqui quem falou.

Um ganido de animal fez sobressaltar os três elfos. Tratava-se do ganido de um rato, mais um dos que habitavam a prisão. Desde que passou a dividir a cela com Elendil, Iorveth descobriu que o único modo de obterem carne em sua refeição era aproveitando-se dos ratos que infestavam as celas. O próprio Iorveth já acordou algumas vezes com um rato mais ousado a subir-lhe as costas. O elfo jamais imaginou que o som de um rato pudesse fazer o seu estômago roncar.

—Onde ele está? – perguntou Iorveth.

—Acho que veio dali. Elendil, você é o nosso caçador. Trate de achar logo o ratinho.

O elfo, outrora caçador de coelhos e cervos e agora dedicado a caçar ratos em sua própria cela, levantou-se resignadamente. Nenhum dos demais ocupantes jamais viu Elendil com um arco e flecha caçando em uma floresta, mas todos tinham certeza de que ele era muito bom. Tinha sentidos de caçador e sabia usá-los com destreza, pois em poucos instantes, Elendil localizou o rato desavisado que decidiu aparecer na cela com seus ocupantes acordados. O mais engraçado da caçada era ver Elendil a correr de um lado a outro da cela, tentando cercar o animal, mais para um camundongo do que um rato.

—Parem de rir!

—É engraçado demais, ver você tomando uma surra de um camundongo.

—Vocês deveriam me ajudar ao invés de rir!

Os protestos do elfo só alimentavam ainda mais as risadas de Argalad e Iorveth. Dificilmente o líder dos Scoia’tael estaria rindo de uma cena tão patética como um elfo perseguindo um rato em outras circunstâncias.

—Finalmente peguei você, seu desgraçado! – disse, com o animal a se contorcer sobre sua mão. Em instantes, o rato teve seu pescoço torcido por Elendil, soltando seu grito esganiçado de dor, antes de ser um mero cadáver.

—Esses ratos estão cada vez mais magros. – disse Iorveth, enquanto Elendil esfolava o animal com uma pedra amolada. Argalad pegava algumas raízes de ervas daninhas que surgiam em meio às paredes e as separava em um canto, enquanto Iorveth acendia o fogo riscando duas pequenas pedras a ponto de fazer faísca. Uma pequena fogueira improvisada foi acesa na cela.

—Eu sei porquê. Aos poucos, esta Fortaleza está esvaziando. Não porque pessoas estão sendo soltas, mas sim, porque estão morrendo. Estava quase dormindo estes dias e escutei dois guardas conversando. A Teméria caiu, a rebelião em Vergen foi sufocada. Os Reinos do Norte estão uma bagunça só. Estão repassando pouco dinheiro para esta prisão. E qual a solução que eles fizeram? Nos permitir morrer de fome. Por isso ficamos sem receber comida por dias e as torturas não param de acontecer.

—Querem nos matar lentamente. – observou Argalard, em um tom sombrio.

—Exatamente. Só não abrem estas celas e matam a todos porque um presídio sem prisioneiros seria facilmente fechado, em uma época de crise como esta. E isso seria o fim do ganha-pão destes guardas. Mas isso não os impede de nos matar aos poucos.

O corpo já esfolado do camundongo foi posto sobre o fogo. Passados bons minutos, os três prisioneiros começaram a compartilhar de sua carne assada, que havia sido a primeira refeição em três dias sem sequer receber pão, apenas uma tina meia vazia de água. Cada vez mais preguiçosos, os guardas sequer buscavam as tinas de urina e fezes, o que tornava o cheiro cada vez mais insuportável, especialmente ao apurado olfato dos elfos. Tanto tempo naquela prisão em forma de latrina fez Elendil se acostumar ao cheiro, mas Iorveth e Argalad ainda apresentavam dificuldade em conviver com suas próprias fezes depositadas por dias em sua cela. Com seu único olho sadio a fitar o fogo, Iorveth pensava nos últimos acontecimentos. Tinha um mal pressentimento. Algo ruim estava prestes a acontecer naquele presídio. Diante das imensas possibilidades, o elfo só não sabia dizer o quê exatamente, mas era palpável.

—Mais do que nunca precisamos sair daqui. – observou Iorveth, interrompendo o silêncio da refeição dos demais elfos.

—Sim, mas como?! Estas paredes são robustas e esse presídio foi construído sobre uma rocha. Não dá para fazer um buraco ou um túnel. Como iremos escapar?

Os olhos de Iorveth voltaram-se para Elendil, que naquele momento deliciava-se chupando um dos ossos do camundongo, como se chupasse o osso de uma galinha. Talvez, o elfo estivesse usando sua imaginação para fazê-lo com tamanho prazer, ou a fome desconhecia paladar.

—Já sei. – iluminou-se Iorveth. – Elendil, dê-me um desses ossos.

—Como é? Você sempre teve nojo de chupar ossos e agora quer?!

Iorveth rolou seu único olho. – Nada disso. Eu quero um osso limpo. Sem carne. Compreendeu?

Elendil sabia que se dissesse “não” o Líder dos Scoiatel simplesmente o ignoraria, por isso limitou-se a dar de ombros. – Deixe que eu termine de chupar esse osso, então.

Quando havia na mão de Elendil nada mais que um osso pequeno e branco de tão chupado, Iorveth o tomou em suas mãos. Argalad percebia em seus olhos – ou melhor, em seu único olho, já que ele era caolho – que havia esperanças irradiando do sempre pessimista e taciturno Iorveth. Decerto, estava planejando uma forma de fugir... O bardo só esperava estar incluído nesse plano de fuga.

Iorveth levantou-se até a porta da cela. Olhou para os lados. Viu que não havia nenhum guarda no corredor, o que o fez agitar-se. Tomando o osso de rato nas mãos, Iorveth o levou até a fechadura da sólida porta de sua cela. Tentou, tentou e tentou, enquanto era observado com expectativa pelos demais companheiros de cela. Por fim, um estalo.

—Por favor, diga que conseguiu...

Iorveth fez uma careta.

—O osso quebrou.

Os demais elfos suspiraram em desânimo. Um ar derrotado tomou seus semblantes.

—Sua ideia foi brilhante, Iorveth, mas este camundongo era muito pequeno. Precisaremos dos ossos de um camundongo maior do que este. O problema é: como faremos isto?

—Sorte. – respondeu o bardo, com o olhar pessimista.

—Não temos tempo para esperar por sorte. Não demorará até que resolvam nos matar, se as coisas andam tão mal assim nos Reinos do Norte. Precisamos agir, e rápido.