The Week

Quinta-feira - Porta-retrato


POV TAYLOR

Ontem foi um dia até produtivo. Depois do que aconteceu no sofá e de almoçarmos, nos focamos na música e fizemos boa parte dela. Hoje era o último dia, o dia dos ajustes. Talvez até o mais difícil, já que teríamos que deixar a música perfeita.

Acordei no mesmo horário de sempre e cheguei no horário exato que marcamos em frente ao seu apartamento, e me surpreendo quando entro e não vejo nenhuma garota nua, ou seminua, ou qualquer tipo de garota. Só está ele lá, e ele me recebe sorridente. Ele não dormia cada dia com uma garota? Talvez ele não fosse tão garanhão que nem eu havia pensado. Que nem o mundo inteiro pensava. Eu tive que me segurar pra não rir.

- Feliz por me ver, Taylor? Devia ter vindo só de lingerie. – Ele sorri maliciosamente. – Mas você está de lingerie, não é? Ou talvez não haja nada por debaixo dessa camiseta quarenta números maiores que você. – Eu passo reto e me sento no lugar de sempre, onde a xícara fumegante de café recém passado me espera.

- Na verdade, não tem mesmo. Não que seja da sua conta, é claro. – Dessa vez eu sorrio maliciosamente ao ver os lábios abertos minimamente enquanto ele encarava minha camiseta. Eu havia decidido que se eu tinha que passar mais um dia com esse ser desprezivelmente gostoso que só sabia falar coisas de duplo sentido ou em um único sentido completamente sexual, eu deveria jogar igual a ele. Era para o bem da música. E eu não podia dizer que não me divertia com aquilo. Quer dizer, o beijo do dia anterior não tinha sido tão ruim. O ruim era o que ele representava, e ele representava um possível envolvimento sentimental com uma figura masculina visivelmente machista e que ficava com uma garota por dia. O que eu estava percebendo não ser tão verdade assim.

- Eu não estou usando minha boxer hoje então eu poderia dizer que estamos quites. – Ele pisca o olho pra mim, eu reviro os olhos. É, as coisas não mudaram nada por aqui.

- E então, o que você tinha falado que faltava na música? – Eu bocejo. Vi um filme até tarde ontem, precisava de distração. Não adiantou porra nenhuma e eu acabei dormindo tarde demais. Agora eu estava com sono e precisava finalizar uma música com um cara que exalava sexo e masculinidade e ainda tinha que agir naturalmente. Meu dia estava maravilhoso. E claro que você percebeu a ironia na última frase.

- Sal. Falta um ‘toque feminino’, acho que é isso. Você pensa como um garoto, Taylor. Isso não ajuda a música a ser cantável por um homem e uma mulher. – Ele chegou perto demais para falar mulher. Dou um soco leve no seu ombro e largo a xícara de café.

- O quê você disse? Eu não sou feminina? – Eu estou indignada. Ele não deveria questionar minha feminilidade desse jeito. Era quase como assinar um atestado de morte. A dele, é claro.

- Não foi o que eu disse, T. Você é muito feminina. Muito. Eu não consigo enxergar algo masculino em você quando eu te olho. – Eu estou vendo os olhos dele fumegarem de luxúria ou é impressão minha? Ele continua me secando com seu olhar passando por meu corpo inteiro. – Eu disse que você pensa como um homem, não que se pareça com um. Se você parecesse um homem eu com certeza não teria vontade de transar com você. – Ele termina com um sorriso malicioso, olhando em meus olhos. Eu solto o fôlego que eu guardei por esses longos segundos em que ele me analisava. Ele tinha vontade de transar comigo? Nossa, que novidade! Como se ele não quisesse transar com qualquer coisa que se parecesse com uma mulher.

- Feminina, pensa como um homem, entendi. – Ignorei a parte do ‘transar’. Seria melhor assim. – O que eu preciso pensar pra ser considerado um pensamento feminino? – Coloco as duas mãos na cintura e faço um beicinho estranho. Minha forma de mostrar minha indignação.

- Não sei, pensar em coisas melosas e irritantes? Do tipo “meu cabelo está horrível hoje, eu não vou sair de casa!!!!!!!!” ou então “aquele garoto me usou! Ele queria só um beijo e já partiu pra outra garota! Cafajeste!!!” – Ele falou as duas últimas frases com a voz fina, tentando imitar uma possível voz que era pra mim fazer. Eu não consigo não rir da situação. Na verdade, eu começo a gargalhar, ele me acompanha, rindo da própria imitação tosca.

- Você está falando isso só porque na música eu mando você se foder e comer o rabo de alguém na esquina? Ah pelo amor de Deus, Ronnie, achei que você já tinha superado essa parte. – Eu dou um sorriso maliciosamente malicioso. Dessa vez é ele quem revira os olhos.

- Não é pelo xingamento, é que parece que são dois homens discutindo. Isso parece tão, sei lá, homossexual.

- E você se sentiu ofendido? Cara, se alguém achasse que eu sou homossexual eu não iria me importar. – Pego minha xícara de novo e tomo um gole. Caramba, acho que viciei nisso aqui.

- Argh, Taylor! Claro que não é isso, minhas fãs sabem do que eu gosto e o quanto eu sou másculo. – Lá vai ele sorrir maliciosamente e eu revirar os olhos. Tá ficando repetitivo isso, já. – É que é a nossa música, e concordamos em fazer algo sexy.

Ele então apóia o queixo na mão e faz uma carinha que eu sei que nunca vou me esquecer. Dava vontade de chegar mais perto, apertar aquelas bochechas e dizer “ooooooowwwwwwwwwnt”, mas eu sabia que se eu chegasse muito perto ele iria me agarrar. Eu sinto a tensão sexual que emana dele quando ele me olha nos olhos, eu apenas ignoro-a. Eu sou boa nisso, mas eu já fui melhor. Estava ficando cada vez mais difícil de resistir a isso, e eu esperava conseguir. Só mais hoje, só mais hoje. No palco a nossa relação não seria tão íntima, então seria mais fácil. Ou eu esperava que fosse.

Decidimos finalizar a música de modo que parecesse que eu o estava chamando pra cama de volta mesmo com tudo o que ele ‘aprontou’. Ficou melhor, devo dizer. Mas na música eu fiquei completamente submissa. O que não me agradou muito, obviamente.

Já estava quase na hora de eu voltar pro meu apartamento. A música havia sido finalizada e estávamos tomando café da tarde e assistindo a algum filme idiota de comédia no sofá – sim, no sofá, ele era inofensivo quando o Ronnie estava com a atenção focada na tv, juro – e eu levanto para ir ao banheiro. E quando eu saio, percebo que ele não está mais sentado. E nem está na cozinha. Nem no banheiro, claro. E muito menos no corredor. Mas a porta do seu quarto está aberta e eu vejo a luz acesa, então sei que ele está lá. Sento no sofá e espero alguns minutos passarem, e ele não aparece. Burrice, eu sei, mas eu levantei e fui até o quarto dele ver o que diabos ele estava fazendo. E, adivinha, ele não estava em nenhum lugar visível.

É então que vejo uma foto na pequena cômoda ao lado da cama de casal desarrumada. Uma foto dele criança, com os pais o abraçando. Ele está extremamente fofo nela. O rosto fofinho e as pequenas covinhas são cativantes. Sento na beirada da cama e pego o porta-retrato, admirando aquela criança simpática que sorria feliz pra mim. O cabelo dele estava curto e penteado, mas tanto a cor dos olhos quanto a cor dos cabelos eram iguais. Ambos escuros e misteriosos. Até que eu sinto a cama ao meu lado afundar e vejo que Ronnie sentou ao meu lado, sorrindo enquanto olhava a foto em minhas mãos. Estava no banheiro do quarto dele, eu devia ter imaginado.

- Você era fofo, sabia? – Eu digo, olhando dele para a foto algumas vezes para notar as mudanças do antes e do depois. O menino da foto era uma versão fofa do cara tatuado, forte e de cabelo escorrido que ia para todas as direções, que estava sentado ao meu lado.

- Eu ainda sou fofo. – Ele ri. – Obrigado. Eu realmente gosto dessa foto, é uma das poucas que eu tenho de quando era menor em que eu não faço careta.

- Por que você fazia careta para as fotos? – Eu pergunto sem segurar o riso.

-Não gostava de aparecer nelas. – Ele ri também. - Ok, vamos lá terminar de ver o filme. – Ele espicha a mão e tenta tirar o porta-retratos de mim.

- Não sem antes você me mostrar uma foto sua fazendo careta, deve ser uma graça. – Eu sorrio e ele continua tentando tirar a foto de minhas mãos. Eu fico com o braço levantado não deixando ele o pegar de mim. Ele bufa com a infantilidade da situação, mas começa a rir também.

- Você sabe que eu vou conseguir pegar de você, Taylor. – Nós estamos rindo e parecendo umas crianças. O que não deixa de ser divertido.

- Só por cima do meu cadáver, Ronald Joseph. – Ele faz aquele sorriso malicioso que eu tanto adoro enquanto estreita os olhos.

- Vai ser mais fácil do que isso, Taylor Michel. – Ele diz meu nome de um jeito que eu nunca ouvi antes. Não posso dizer que não gostei.

Ronnie se atira em cima de mim enquanto me faz cócegas, e, quando eu estou deitada em sua cama me contorcendo enquanto tento tirar aquelas mãos que me faziam rir, ele prende minhas pernas colocando uma perna de cada lado do meu corpo e segura meus braços pra cima, rindo comigo enquanto tira o porta-retratos de minhas mãos e coloca em cima da mesinha ao lado, sem me soltar. Me prendendo mais forte embaixo do seu corpo, ele encosta os lábios em minha orelha esquerda.

- Eu posso não ter passado por cima do seu cadáver, mas eu estou por cima de você.

Não preciso dizer que a proximidade, a sua voz, as mãos dele me segurando e outros mil e um motivos juntos, fizeram com que eu me arrepiasse da cabeça aos pés. Ele sai de perto do me ouvido e me encara com aqueles olhos negros. Ambos estamos ofegantes da pequena guerrinha infantil. Meus olhos escorregam para a sua boca semi-aberta e não conseguem sair dali. A vontade que eu tenho é de cruzar a pequena distância que deixava minha boca tão longe da dele. Mas eu não tenho esse poder, já que eu estou completamente presa embaixo dele. Não sei se no meu rosto estavam estampadas as minhas intenções ou se ele já tinha tido essa idéia, porque aos poucos, enquanto também encarava meus lábios, ele foi aproximando-se de mim até que seus lábios encostaram aos meus e sua língua pediu passagem. E eu concedi mais desesperadamente do que gostaria de demonstrar. Tive que admitir pra mim mesma que eu queria isso desde que eu descobri o quão bom era beijá-lo. Antes até, mas o beijo de ontem fez com que ‘resistir’ não fosse mais uma opção.

Seu gosto era maravilhoso, tê-lo assim tão perto de mim era maravilhoso. Era uma combinação tão perfeita que eu não queria que aquilo acabasse.

Buscando por ar, nós paramos o beijo e nos encaramos em silêncio por alguns segundos. A razão tinha se perdido em alguma parte distante do meu cérebro e eu só conseguia pensar em como eu queria beijá-lo novamente. Tentei mexer os braços e descobri que ele tinha afrouxado o aperto. Soltei seus braços dos meus enquanto ele me encarava sem entender. Aquela boca semi-aberta me enlouquecia, mas eu acho que já mencionei isso antes. O mais rápido que eu pude, peguei seu rosto com minhas mãos e puxei-o para mim. O sorriso malicioso que ele fez e o jeito que ele segurou meu rosto me fez derreter em seus braços e eu escorreguei minhas mãos até estarem em volta do seu pescoço, puxando-o para mais perto de mim. Até que ele ficou tão grudado em meu corpo que eu conseguia sentir sua ereção pressionando minha coxa. Um gemido escapa de meus lábios que estão colados nos seus e ele percebe. Termina o beijo e me joga um olhar de luxúria antes de beijar meu pescoço, enquanto tira minha blusa e passa as mãos por todo o meu corpo.

Posso afirmar que aquele não foi o único gemido da noite. Além dos dele, é claro, e em todas as vezes eu enlouquecia ao ouvir.

Como quando eu abri o seu cinto e desci o zíper da sua calça vermelha, colocando a mão por dentro de sua boxer preta em questão de segundos, enquanto ele dava, ou tentava dar, atenção aos meus seios. Ou quando eu fiquei por cima dele e desci sua calça até os pés, tirando-a e o deixando apenas com a sexy boxer preta que não conseguia esconder o grande volume que havia dentro dela. Eu a tirei logo em seguida, é claro, recebendo um gemido de satisfação que ele não conseguiu conter. Ele só conseguiu apontar para a gaveta da mesinha ao lado e eu rindo fui pegar a camisinha no lugar que ele tinha indicado. Obviamente fui eu quem a colocou e então ele me puxou para um beijo quente enquanto descia as mãos pelo meu corpo já sem nenhum tipo de roupas.

E então nós paramos o beijo e nos fitamos, os olhares cheios de desejo, e concordamos sem palavras. Nenhum de nós precisava falar pra mostrar o quanto um queria o outro naquele momento. Não preciso dizer que foi uma das noites mais incríveis da minha vida.

POV RONNIE

Transar não era a minha intenção quando eu a prendi entre minhas pernas e a segurei pelos braços. Caralho, eu juro que não era! Mas eu sou fraco e não resisti. Quer dizer, ela estava literalmente embaixo de mim, e eu já estava louco para agarrá-la não é? Beijar ela novamente foi a melhor coisa que eu poderia ter feito naquele momento, e melhor ainda foi quando nós paramos de nos beijar e nos encaramos. E, ao contrário do que aconteceu na última vez, ela não saiu dali. Não tinha a razão ou seu lado racional daquele dia no olhar sexy que ela fez quando me olhou nos olhos. Minha expressão não devia ser diferente. Eu não consegui pensar em música ou em possivelmente prejudicar no nosso trabalho por nos envolvermos dessa maneira, eu só conseguia pensar em provar cada centímetro daquele corpo exuberante que estava ali só esperando pelo meu toque. A inocência misturada com a sensualidade dela estava me deixando louco.

E quando ela tirou minha boxer enquanto olhava em meus olhos docemente? A risada que ela deu quando eu apontei a gaveta em meio a gemidos que eu tentava controlar, era completamente infantil. Eu amava essa mistura típica dela. E quando nós resolvemos então, literalmente, aprofundar a nossa relação, nenhum de nós sequer pensou no que poderia ser do dia seguinte. O que foi bom, já que se tivéssemos pensado, talvez eu não tivesse tido uma das noites mais incríveis da minha vida.