EI! ACORDE! - gritou um guarda em frente ao meu quarto

− JÁ ESTOU INDO! - tateie até o lavabo. Ainda está escuro! Isso só pode ser um pesadelo. Passei as mãos molhadas pelo rosto. Olhei o quarto.

− Nunca irei me acostumar com isso... Pelo menos o Caspian ficou de me ajudar hoje, acho que ele é algum ladrãozinho ou alguém sem sorte como eu.

− MEU CHOCALATE! Onde eu o coloquei?! - tateie os bolsos - AQUI! HÁ HÁ!!

− Então é verdade, eu realmente -engoli um pedaço -estou em Thelmar, um lugar estranho e completamente longe de Londres. Sinto falta de casa... Meus pais estão preocupados com certeza, eu daria tudo até mesmo para estar indo no trem para a escola,talvez me tornasse amiga daquelas duas irmãs... Mal consigo lembrar seus nomes!

Mereço!

− ANDE LOGO SERVA! VOCÊ NÃO TEM O DIA TODO! - ameaçou um nojento. Digo um guarda. Idiota.

− JÁ ESTOU INDO, DROGA! - revoltei.

− TENHA RESPEITO, MOCINHA! - rebateu. Ora essa

Após minha higiene, fui correndo para a venda próxima ao castelo. Gostaria que Caspian aparecesse, desde que não me levassem para cela junto com ele, está ótimo.

− Então, garotas, como vão? Espero que tenham se lembrado de fazerem um regime. - Em nome da Coroa, estou conversando com uma cesta de batatas! Estou tão louca quanto esse povo! Escuto risadas. Se for aquele guarda terei que rezar para que Caspian seja um ladrão de primeira linha e saiba arrombar cadeados, por que hoje eu juro que o mato. Dei um giro de 180 graus de forma bruta. E vi o dono das risadas.

− Caspian! - sorri. Está mais bonito do que ontem, se é possível.

− Perdoe-me, mas não pude segurar. Você estava conversando com as batatas! - deu de ombros.

− Tudo bem! - até eu comecei a rir. Ele não tinha acesso ao castelo. Então eu levava as cestas à cozinha Real, mas ele me ajudou bastante, ficamos o tempo todo conversando, enquanto me ajudava.

Um senhor esquisito de barba longa, o reconheceu e me disse que era quase como seu professor. Cornelius. Fiz prometer que não entregaria o meu, único, amigo aos guardas. Ele trocou um olhar divertido com Caspian. Aquela coisa de piada interna.

− Traga-a para participar uma de minhas aulas, Caspian - divertia.

− Claro professor. Irei levá-la se não me prenderem-riu.

− Espero que não tenha sido nada de grave. - comentei. Não quero ser amiga de um assassino.

− Posso assegurá-la que não - garantiu o professor.

Tive um intervalo de duas horas e Caspian usou para me ensinar a lutar. Me pediu para encontrá-lo à noite, aqui. Tomei cuidado para não ser pega. E pela primeira vez valeu a pena o pouco tempo que estou nesse lugar. Tive uma aula sobre astronomia. Foi incrível. Em uma campina próxima ao castelo. Nunca vi o céu tão estrelado.

E com algumas observações de meu amigo. Assim se passaram três anos, nunca tive noticias de minha família, nem ouvi falar de Londres, descobri que viera parar em outro mundo que ainda vive na Idade Média, conheço histórias proibidas e graça aos meus dois amigos, fiquei sabendo o que foi Nárnia. Descobri em uma das minhas escapadas que na verdade não sou amiga de um gatuno*, mas sim do príncipe herdeiro. Ouvi o professor o chamar de “meu príncipe”.

Ele corre risco de vida por causa do Lord Miraz, seu tio. Coro todas as vezes que o professor faz uma alguma especulação sobre mim e Caspian, ele nos pegou conversando ao fim de tarde de mãos dadas. Desde então não temos sossego. Confesso que comecei a me interessar, mas logo mudei de ideia. Ele vai se tornar Rei. Sem chances! Hoje não durmo direito, a tia de Caspian está para dar à luz ao filho de Miraz e isso pode por em risco a vida dele. Hoje nem nos encontramos. Mas o fiz prometer que se fugisse ele me mandasse notícias para que eu possa me juntar a ele. Só rezo como todas as noites que não seja hoje.

E assim se foram cinco anos escondendo minha paixonite por ele e o “salvo” do resto do poder de Miraz com ajuda do Cornelius. Infelizmente nem toda noite pode ser considerado alarme falso. Esta noite estou observando os guardas, enquanto o professor foi acordar Caspian.

Por que hoje? Eu me acostumei a levar essa vida de serviçal real e sair às escondidas com Caspian. Minhas primeiras noites foram um tanto solitárias e cômicas: solitárias porque toda a noite sentia falta dos meus pais e cômicas por que eu me perguntava o motivo da corrida, que tive de fazer para não ser acertada com as colheres da cozinha.

Prometi que fugiríamos e conferi os guardas, felizmente, os desta noite eram meus “amigos”. Imediatamente comecei a correr. Os corredores se tornaram familiares depois dias que estudei o castelo. Infelizmente um dos guardas que rondavam a sala do professor, não era um dos meus amigos, peguei algo como um bastão que tinha na parede e o golpeei na cabeça; ele desmaiou. Cai com ele. Nem tudo é da forma que planejamos. O Professor está sendo interrogado.

Eu não consegui; eles se lembravam de mim, eu sempre me perdia pelos os corredores e costumava me atrasar para ajudar as outras servas... Dormi duas noites, não, apaguei por fugir. Nada há que me impeça! Vou tentar uma nova fuga daqui a dois dias e vou levar o Professor Cornelius.

Até lá Caspian terá que se virar sem mim.