The Walk of The Valkyrie

Capítulo III - Uma lendária terra chamada: Nárnia


V—vamos,Professor - puxei seu braço. Tirei as botas que Caspian me presenteou, secretamente, há dois anos.

Hmmm. Se eu estivesse em casa teria ido a uma pedicura. Mamãe teria me dado um sermão se olhasse meus pés.

− Hilde, minha menina... - me despertou o professor

− Perdão... Vamos! - levantei as saias de meu vestido. Tomei cuidado de verificar quem era os guardas de vigia, alguns eram simpáticos comigo se alguma coisa desse errado, eu poderia facilmente enganá-los. Pra nossa sorte

− Continue a correr... – berrei para o assustado prof. Cornelius. Voltei para próximo do guarda e peguei sua espada. O Professor parou no corredor ao notar minha ausência na “corrida”.

− Desculpe, falta pouco - peguei a sua mão e com outra carreguei a espada.

− Não se desculpe pequena, apenas precisamos sair daqui. - disse o professor. Balancei a cabeça concordando. Fugimos por um alçapão que levava ao sistema de esgoto do castelo, não tardou para chegarmos do lado de fora.

Ao que parece estávamos em uma floresta não muito distante de Thelmar, isso me preocupava, embora o Sr. Cornelius estivesse contente para onde se quer fosse que estamos indo. Fique desconfiada. Apenas o acompanhei sempre com a espada em mãos, ela é bem leve, não haveria problemas em carregá-la mesmo que voltássemos a correr.

− Sabe minha jovem, você poderá encontrá-lo aqui... - sorriu.

− O Senhor fala sobre Caspian? - fiquei ansiosa.

− Sim, o próprio!-animou-se Franzi o cenho. Essa era a primeira vez e talvez a última que concordo com lorde Miraz, mas estou começando achar que o professor não é tão sã, quanto acreditei. E eu achando que pior fora ter estado longe de casa por três anos...

− Entendo que tenha começado a duvidar de minha sanidade, mas não se esqueça de que você e Caspian disputavam nas aulas sobre Ela.

− Fala de Nárnia? - deduzi. Balançou afirmativamente a cabeça. Joguei-me sobre o professor. Uma flecha quase o atingiu. Armadilha?

− SOLTE SUA ESPADA! IDENTIFIQUEM-SE! - centauros? Balancei a cabeça.

− NÃO ESCUTOU, FILHA DE EVA? - berrou. Minha mãe não é Eva, mas com esse carinho... Hoje vai ser!

− Saudações amigos, que Aslan ruja em seus rostos! - disse Cornelius. O que é isso? Puxa-saquismo Thelmarino?!

− É um amigo de Aslan? - o centauro, olhou para os pés do professor. Espera que tipos de pés são esses? Quando ele retirou os sapatos?

− Bom, meu caro anão, há lugar para todos que acreditam que em Aslan e na libertação de Nárnia - disse cordial.

− O Senhor disse Nárnia? O professor não é “alto” demais para um anão?- admito que foi uma frase confusa, mas não tinha uma que se aplicasse melhor. Relaxei, mas tinha medo que uma flecha atingisse meu pé.

− Vamos, filha de Eva-

Amanda! - interrompi.

— o que disse? - perguntou o centauro.

− Filha de Amanda e Andrew Phelps, não de Eva - cuspi. O professor deu uma risada. Devia está se divertindo com tudo isso. Quem diria... Nárnia existe!

− Que irônico! - declarei

− O que é irônico? - perguntou o centauro.

− Ah, que droga, peço desculpas, pensei alto. Ele fez uma careta de desaprovação.

− Conhece senso de humor? - devolvi a careta.

− E que criatura não conhece?! - rebateu. Você! Caminhamos por uma cerca de 30 minutos até avistarmos um acampamento e devo dizer que belo acampamento! Silêncio demais...

− Hey! Centauro! Digo Senhor Centauro... Seu nome! Não me disse seu nome. - cruzei os braços. Esse cara dá medo... Se fosse ele não Maxian, o guarda que me arrastou, nunca teria sido apresentada ao castelo ou a Miraz, não com vida!

− Frederik. –ergui minha mão em sua direção e sorri.

− Muito prazer, senhor Frederik. Sou Phelps. Hilde Phelps...

COMO OUSAS OFENDER UM GUERREIRO TÃO NOBRE?! Dei um pulo assustada. Seja lá quem tenha gritado, ficou verdadeiramente com raiva. Meus lábios ficaram trêmulos. Mas o que fiz de tão grave?

− Me desculpe, eu... - meus olhos começaram a marejar. Espere som de risadas? Pior, risadas familiares... Seria ele?

− Senhor Frederik, o senhor também está rindo?!

Fui puxada por mãos masculinas, forçada á um abraço. Esse cheiro... Maldito!

− Ladrãozinho... De uma figa! - passei meus braços em volto de seu pescoço, estava aos soluços. Caspian. Meus Caspian. Soltei uma gargalhada um tanto quanto escandalosa. Fiquei cega pelas minhas lágrimas. Senti um leve desconforto. Ele estava me girando. Idiota! Bem que merece ficar sujo de vômito... Bati em seu ombro.

− Anã HAHAHA Senti sua falta! - me colocou no chão

− Cuidado com a forma que me chama... Ou prefere levar um chute no seu traseiro real? - não queria soltá-lo um minuto se quer.

− Professor Cornelius! - saudou Caspian. Abraçaram-se com tapinhas nas costas. Tentei escutar a conversa, mas fiquei constrangida quando sr. Frederik esticou a mão direita. Nunca dei um aperto de mão tão envergonhada na minha vida. Minhas bochechas estavam em brasa. Não ajudou em nada o sorriso caloroso que acompanhou o gesto.

− Algo a incomoda Hilde? - Caspian franziu o cenho. Notei que ainda segurava a mão do centauro, Frederik. Ele me olhou com uma, leve, expressão divertida.

− N-não. Nada, não - completei tentando me recompor. Caspian pediu licença. Sempre com o cavalheirismo tolo. Revirei os olhos. Tomou meu braço direito.

− Permita-me apresentar a nossa tão sonhada Nárnia. - seus olhos brilharam.

Abri um sorriso com a ideia de conhecer cada centímetro do país. Com a relva roçando a barra da saia de meu vestido. Finalmente fui conhecer o lendário reino de Aslan. Ainda que por três anos em tenha fantasiado com cada detalhe de como seria Nárnia nem um dos meus sonhos se quer foi uma interpretação vulgar.

Também foi nesse tempo que aproveitei cada narração do professor para amenizar a saudade de casa. Escondi meu pequeno surto melancólico e deixei o entusiasmo do príncipe Thelmarino me contagiar.

Afinal? O espirito aventureiro é o vírus juvenil. Talvez o amor por essa Terra floresça. Quer dizer não pela Terra.