Dia seguinte pela manhã...

—Kiara você tem certeza do que vai fazer? Você não pode tomar essa decisão por causa do que aconteceu ontem na festa. - Margot falou um pouco chateada.

—Margot, você mais do que ninguém sabe que isso um dia ia acontecer, eu atrasei o inevitável por 5 anos, o que aconteceu ontem só me lembrou do que eu realmente vim fazer aqui. - Falei terminando de arrumar as minhas coisas.

—Mas e se o Sr Turner ficasse com você, vai me dizer que ia continuar com essa ideia na cabeça?

—Ele não está comigo e não vai ser agora que isso vai mudar. Você sabe o que aconteceu ontem, você acha que ele de uma hora para outra ia mudar de ideia para ficar comigo? - Perguntei indignada.

—Eu sei que não, mas se ele ficasse com você...

—Mas ele não está comigo Margot. - Falei triste sentando na cama.

—Seria tão bom se você ficasse aqui, sabe que é uma filha para mim, não sabe? - Margot perguntou sentando ao meu lado.

—Eu sei Margot e você é como uma mãe para mim, por mais que eu já tenha uma. Eu vou, mas prometo que volto para te visitar Margot. - Abracei ela e deixei algumas lágrimas caírem.

—Eu também sentirei sua falta querida. Mas agora eu preciso que você preste muita atenção no que eu vou te dizer, pegue um navio que vá para Tortuga, chegando lá procure um mulher chamada Valquíria, ela é dona de uma taverna e sabe o que fazer, vai poder te ajudar. - Assenti e peguei a minha bolsa com minhas coisas.

Me despedi de Margot e desci as escadas, quando terminei de desce-las encontrei uma Elisa aos prantos que veio correndo me abraçar; eu disse a mesma coisa que falei com Margot, que iria voltar para visitar as duas. Elas me acompanharam até o porto e a partir​ daquele momento, eu tive que começar a seguir o meu caminho sozinha.

Para ir a Tortuga tive que negociar com um mercador que ia pra lá, um senhor que parecia ser uma boa pessoa e que me contava as histórias sobre o lugar onde íamos e seus piratas, ele falava para eu ter cuidado com quem falava e confiava naquele lugar, as pessoas poderiam ser bem traiçoeiras quando queria. Depois de alguns dias de viagem finalmente tinha chegado a Tortuga, sem sombra de dúvidas que era um lugar totalmente diferente de Port Royal, eu andava por aquele lugar e tinha a sensação de que todos que passavam olhavam para mim.

O meu objetivo era encontrar a taverna de Valquíria e aquilo parecia que ia ser mais complicado do que eu esperava, eu perguntava para algumas pessoas onde ficava o local e para a minha surpresa algumas pessoas respondiam sem querer algo em troca. Depois de alguns minutos de caminhada eu finalmente tinha chegado a taverna, eu estava completamente cansada da viagem, com fome e com sede.

Quando eu entrei no local, procurei uma mesa vazia para eu pudesse descansar e comer alguma coisa, não demorou muito para que uma uma garota mais nova do que eu aparecesse e perguntou o que eu queria. Eu pedi uma sopa e um pouco de vinho, enquanto a minha comida não chegava, cruzei meus braços sobre a mesa e deitei a cabeça sobre os mesmos.

—Posso saber o que uma linda moça como a senhorita faz em um lugar como esse? - Levantei minha cabeça e vi um homem moreno de cabelos engraçados que lembravam tranças com alguns enfeites, ele usava um chapéu e me lembrava um pirata.

—Por que quer saber o que eu faço aqui?

—Porque não é todo o dia que vejo uma jovem com uma beleza como a sua por aqui, até porque esse lugar não combina com você. - Ele falou sorrindo.

—Não sei quem é você e o que quer comigo, mas eu peço que por favor saia de cima da minha mesa e me deixe em paz. - Ele fez uma pequena careta e se levantou da minha mesa.

—Madame, caso precise de minha ajuda, eu estarei sentado bem ali. - Ele falou apontando para um canto da taverna onde alguns homens bebiam e se retirou.

Minha comida tinha chegado e eu tinha perguntado para a menina que me serviu onde estava Valquíria e ela me disse que a mesma tinha tinha saído, mas logo voltaria. Terminei de comer e decidi esperar Valquíria ali mesmo.

—Uma de minhas meninas, falou que você estava me procurando. Mas não foi necessário ela me falar isso porque eu já esperava a sua vinda até aqui Kiara. -Falou uma senhora e sentou na minha frente e sorriu docemente.

—Como a senhora sabe que eu estaria aqui?

—Algumas pessoas tem o dom para magia. Venha, vamos para um lugar mais privado. - Ela levantou e seguia em direção a uma escada que ficava no fundo da taverna, eu seguia logo atrás.

Subimos a escada que rangia um pouco, ela nos levava até um corredor mal iluminado e Valquíria abriu a última porta e entramos em uma sala. A diferença do ambiente chegava a ser absurda, enquanto o corredor era mal iluminada e tinha cara de ser bem velho, a sala era muito bem iluminada pela grande janela, as paredes eram de um azul claro, no centro da sala tinha uma mesa de madeira escura e umas cadeiras em sua volta, em um lado dá parede tinha um armário grande, uma estante com alguns livros e tinha plantas espalhadas pelo local.

—Nossa! - Valquíria riu da minha cara de espantada.

—As aparências enganam.

—Concordo completamente.

—Sente-se. - Valquíria apontou para uma das cadeiras e eu fiz o que pediu, logo em seguida ela sentou novamente na minha frente.

—Eu ainda não entendi. Como a senhora sabia que eu estaria aqui?

—Nós vivemos em um mundo de videntes, piratas, sereias, monstros marinhos e muitos mais. Eu minha cara, sou uma bruxa e como Margot disse, eu posso te ajudar.