The Rising Of : Elmore

Dia Dois (9 de Novembro de 2014)


Nadia Maytreya Ansari (meddie)'s p.o.v.

O café da manhã passa em silêncio. Com Michael esfaqueado, ninguém se atreve a falar sobre, justamente para não acontecer a terceira guerra mundial aqui. Todos nós temos um potencial enorme pra matar alguém, assim como os serial-killers, a única diferença é que nós catalisamos esse potencial na captura deles. No fundo, nós não somos tão distintos assim.

Quando todos estão se direcionando à cozinha para lavar a louça e limpar a mesa, meu telefone toca, e eu tenho que equilibrar meu prato pequeno e uma caneca verde na mão esquerda. Atendo o a ligação tão rápido que nem consigo ver quem é.

— Alô?

— Bom dia, indiana. - diz a voz do outro lado da linha, e eu consigo reconhecer rapidamente.

Sorrio, distraída. Não sinto mais o pratinho se equilibrando em mim e em segundos vejo a mão tatuada de Scott pegando o prato a uma distância curta. O meddie se levanta, e sorri pra mim. Eu agradeço, dizendo um "Obrigado", sem emitir som.

"Ravi, por onde você anda? Não te vejo há uns..." Tento lembrar há quanto tempo, mas o próprio me interrompe.

"4 anos, Ansari. 4 fucking anos que eu não vejo o seu rosto, desde que deixei nessa mansão de gente rica." diz ele, e consigo ouvir a sua voz vacilando a cada palavra. Porra.

"Mas eu te ligo sempre, eu me preocupo com a nossa família." falo, e ele ri, sarcástico. Deixo a xícara verde em cima da pia, e equilibro o celular em meu ombro direito, lavando a xícara logo em seguida. Seco as mãos e respiro fundo, saindo da cozinha.

"Parivaar₄? Você ainda tá aí com eles, fazendo coisas que você não me conta. Por quê não? É tão grave assim?" esbraveja Ravi, e eu fecho os olhos. Sinceramente, eu queria contar isso pra ele de outro jeito.

"Escuta, Ravi. Isso é extremamente importante pra mim, me dá uma visão diferente do mundo, é incrível e..."

"Mais importante que a sua família?"

"Ravi, não faz isso." ouço ele chorar do outro lado da linha, e meus olhos marejam também. Ele não pode me obrigar a fazer essa escolha.

"Ah, então é sim, pelo visto. Você fica mandado dinheiro pra Maan e Pita₅, eles estão felizes, orgulhosos de você. Enquanto você fica nos Estados Unidos, eu tive que pesquisar que porra é essa BG aí que você tanto fala." ele diz, e eu fico com medo do que está por vir. "Nadia, você vai ficar dez anos aí caçando assassinos, terroristas, só pra resolver os casos que FBI e a CIA deixaram pra trás. Bahan₆, se eles guardaram esses casos, os filhos da puta tem razão. A cada missão que você faz aí, a chance de morrer fica mais alta. Eu não quero te perder, Nadia. Pita está com câncer nos pulmões, e está piorando a cada minuto. Os médicos até contaram os dias que ele tem. 40 dias."

Meu irmão termina de falar e eu já estou em prantos ao telefone. Ouvir aquilo foi como um soco incrivelmente forte no estômago. Não pode ser. Sento-me no sofá da sala, chorando muito. Olho para frente e vejo Joey, que senta ao meu lado.

"Nadia, você tem 40 dias pra dar as caras aqui. Tenho que ir agora, você sabe o que fazer. Eu juro por Vishnu que eu nunca quis que você fizesse essa escolha, eu te amo muito, irmã."

Ravi encerra a ligação, e eu seguro o celular com força, ainda em choque pela informação abrupta.

* * * *

O relógio marca 11:20 quando eu sento ao lado de Barbara na sala de sua mansão. Com 2 piscinas enormes e mais de 17 cômodos incluindo uma sala de cinema, a mansão dos Eriksen's é com certeza uma as maiores - e mais bonitas - mansões que eu já entrei.

Michelle e Max sentam-se a minha frente, Max com um bloco de notas azul claro e uma caneta, e a caloura com um pequeno gravador de áudio.

Os cabelos loiros de Max estão desarrumados, devido a mania (que eu até hoje não entendo) que ele tem, de ficar mexendo no cabelo a cada cinco minutos. O seu tom de pele bronzeado e os olhos azuis são de deixar qualquer um hipnotizado, além do fato de que Maximillian Boulevard exala um charme absurdo à cada lugar que vai, é incrível.

— Obrigado por nos receber em sua casa, Mrs. Eriksen. - diz Max, educado como é.

— Deixem a cordialidade, para vocês sempre é Barbara. Lembrem-se vocês salvaram a minha vida. Não poderia ser mais grata por isso. - a jovem advogada sorri por um minuto, mas logo a feição séria retorna ao seu rosto.

Com uma pele esbranquiçada, olhos castanhos e cabelos longos trançados, Barbara Eriksen é uma mulher, linda, com seus 30 anos recém-feitos.

— Michael, ele está bem? - pergunta ela, preocupada. E assim, do nada, o assunto mais evitado da semana é posto em pauta. Max limpa a garganta, e vejo Michelle limpar a palma das mãos na calça preta, nervosa.

O cabelo castanho-claro de Michelle Holmes cai sob seus ombros miúdos de uma maneira perfeita. A pele branca, olhos azul-petróleo e lábios carnudos dão à ela um ar quase angelical. Uma expressão que há minutos atrás era calma como a de Max agora deu lugar à uma preocupação aparente. Rugas pequenas aparecem em sua testa, demonstrando isso claramente. Ela está super nervosa. Antes que Michelle dissesse algo que provavelmente iria se arrepender, consigo evitar o desastre.

— Ele está melhorando. - digo, em um tom neutro. Barbara acinte, bebendo um gole do chá em

suas mãos, que consigo reconhecer o cheiro rapidamente por ser um dos meus chás favoritos, de Camomila.

Michelle sempre foi uma fã da 5 Seconds Of Summer e não se dá ao trabalho de esconder isso, ela e Naomi são as que mais estão sofrendo com "o acontecido" na noite anterior.

— Eu os chamei aqui por um motivo, que é...

Barbara é interrompida por uma mulher jovem com provavelmente 1,80 e pouco de altura e cachos achocolatados, o tom de pele cândido, ombros pequenos e curtos, parecia tão delicada quanto uma boneca de porcelana. Uma camisa bege com detalhes rendados, uma sapatilha também bege e uma calça preta justa, exibindo suas pernas compridas, coxas não tão largas mas torneadas, esguias. É o que posso ver de costas.

A sala fica em silêncio por alguns segundos até que Barbara chama a mulher, que vira-se para nós e eu tenho um susto.

É como se tivesse um espelho entre Barbara e Meredith, as duas são gêmeas idênticas, assim como Joey e Johnny.

— Meredith, fique conosco. Estava começando a falar sobre os dois motivos pelos quais os trouxe aqui. - diz Barbara, e sua gêmea senta-se no meio de Max e Michelle, que ficam confusos. Só consigo diferenciar as duas por causa da trança de Barbara.

— O primeiro motivo é que nós duas gostaríamos muito de ajudá-los com o caso da Cinderella.

Eu sou advogada, consigo cooperar na parte de entender os fatos, juntar à pessoas. - começa Barbara, e Meredith continua.

— Já eu, como psicóloga, posso analisar o caso pelo ponto de vista psicológico.

Quando Meredith termina de falar, olho para Max, que acena com a cabeça. Michelle pensa um pouco, e logo o faz também. Dois contra um. No final de um longo minuto, me rendo e acinto, sorrindo.

— Claro. Seria muito bom, obrigado Mrs. - Max é interrompido pelo olhar mortal da gêmea de cabelos trançados - quer dizer, Barbara.

Solto uma risada com o momento estranho entre os dois, e ouço meu celular tocar alto no bolso do meu jeans. Olho no visor, é Samantha. Antes de atender, digo:

— Desculpem, mas eu preciso atender. Com licença.

"Sam, e aí?" Em poucos segundos já estou perto de uma piscina, longe dali.

"Adivinha quem ligou aqui, Nadia."

"Você?" digo, e ela dá risada, negando.

"Arthur Simmons, o Ìcaro₇ está com problemas."

"Problemas no Olimpo." brinco, e a meddie do outro lado da linha dá risada."O que foi?"

"Simmons ligou dizendo que queria tirar a 5SOS do programa de treinamento a não ser que eu vá no escritório dele. E nas palavras do próprio empresário, entre aspas, discutir os termos." diz Samantha, e eu consigo sentir o sarcasmo dela no final."Acha que eu devo ir? O cara é mó sombrio, sei lá. Me dá uma agonia só de olhar a foto de perfil dele no Facebook."

Dou risada com o comentário dela, e digo que ela deve ir falar com Ícaro. Após a meddie concordar com o meu conselho, ela diz que ligará para o empresário confirmando presença e eu encerro a ligação, voltanto para a sala de estar dessa mansão gigantesca. Encontro todos gargalhando, e se despedindo.

— Estávamos a sua espera, Ansari. Precisamos voltar à Boulevard Gates, hora do almoço. - diz Max, e eu digo adeus à Barbara e a sua (até então desconhecida) gêmea.

* * * *

— Ô JJ, cara me diz : como é que eu vou lutar jiu-jitsu depois de ter comido dois pedaços enormes de lasanha de quatro queijos? - diz Cameron, e todos presentes na sala de jantar (que também serve café da manhã e almoço) dão risada.

Ele é negro, tem os dentes brancos como marfim, e os olhos são tão escuros quanto a noite. Cameron Arquette é um rapaz muito engraçado, sempre quebra o gelo. Gosto de pensar nele como uma salvação pra esse clima absurdamente tenso que com certeza vai dominar a Mansão até que o Clifford volte.

Thomas Jerome Jenkins - a.k.a JJ - sorri, criando pequenas rugas na lateral do seu olho que é naturalmente azul, mas por conta das brigas que ele têm se metido, desde ontem o olho direito do meddie está roxo. JJ tem a cabeça raspada, um tom de pele esbranquiçado, que acaba por acentuar os seus (inúmeros) ferimentos e cicatrizes.

Assim que todos os pratos sujos estão na lava-louças e tudo está devidamente arrumado, Lívia pede ajuda para ir com ela, JJ, Linda, Alo e Joey interrogar a Henderson, que não está mais sob o efeito dos tranquilizantes postos nela ontem. Antes de aceitar o convite, vejo a tabela de horários de treinamento da Boulevard Gates, colada no quadro de recados na sala de estar.

Agora eu teria que estar com a Michelle prototipando um upgrade do uniforme para as missões, é como um cinto de utilidades, mas específico para a Boulevard Gates. Não posso deixar que uma caloura fique sem treinar por minha causa. Penso em León e me pergunto se ele está disposto a trocar os turnos comigo.

Normalmente ele treina o Joey, o James, a Michelle e eu pela manhã, com o treinamento de armas de fogo às oito, jiu-jitsu às nove, estratégias de investigação às 10 e o esquema é repetido à tarde, mas com design dos uniformes à uma hora e relações sociais com Sociologia, Filosofia e Psicologia para entendermos o porquê dessa organização e também é extremamente útil na hora do disfarce em campo. O lado bom é que escolhemos um dia da semana específico para ter uma avaliação psicológica com o Hyde Michigan, um profissional que trabalha na Boulevard Gates desde que aqui não passava de um projeto.

Meus pensamentos são interrompidos quando vejo León vindo em minha direção. Ele sorri pra mim, e logo atrás vejo Michelle e Linda.

A vermelhidão aparente no rosto de Linda Sawyer denuncia que foi lavado há minutos atrás. Seus olhos azul-turquesa estão num tom vivo, de um modo que eu nunca tinha reparado antes, uma garota naturalmente bonita. Os cachos da caloura no momento estão amarrados num coque alto, e seu uniforme preto está um pouco largo nos seus ombros. Ela aparenta estar tranquila, porém sempre em alerta, me identifico muito com essa garota, que sorri pra mim quando me vê.

— Indiana, hoje eu cobrirei o seu turno, como Lívia já deve ter te contado, você irá com ela, Alo, JJ, Linda e Joey. - diz León, e percebo uma leve mudança no seu tom de voz quando ele pronuncia o nome de Aloysius. Ele está desapontado com o calouro, só não faço a mínima ideia do porquê.

— Onde está o Max? - pergunto, querendo saber do meu mentor.

— O pai dele o ligou, dizendo que era uma urgência. Pelo o que ele me disse em mais ou menos três minutos, algúem de confiança do Max morreu, Phillip Oswald, um dos informantes que ele tinha na CIA. O cara foi torturado até a morte e depois escondido em um dos escondeirijos subterrâneos da CIA. - disse o veterano, como se tivesse me contando algo simples. A voz dele me transmitiu uma tranquilidade muito grande, mesmo sabendo que as suas palavras são desesperadoras. Eu respiro fundo, e sorrio pra ele, que continua a falar, só que dessa vez, explicando pela milésima vez o procedimento de interrogação.

A pele morena de León Boulevard e o sotaque latino são heranças da mãe dele, Soraya Esquivel. O sobrenome um tanto quanto familiar foi tirado do seu pai e tio de Max, Maverick Boulevard, que também é um dos 8 fundadores da BG, que são Amelia Yamosevic, Delphine Toulouse, Haymitch Jonnah, Hyde Michigan, Julianna Hernandèz e os três mosqueteiros, como são conhecidos por aqui: Michael, Mitchell e Maverick Boulevard.

Quando o primo de Max termina de falar, a caloura loira já está aos meus lados, e só vejo a figura de León e Michelle saindo da mansão, até o treinamento. Sento-me no sofá bege da sala de estar, com uma figura negra à minha frente.

Lívia dos Anjos é brasileria, pra ser mais específica, de Curitiba. Ela é uma garota linda, com a pele negra e os olhos castanhos-escuros. Os cabelos pretos lisos expoem o fato de ela ter uma descendência direta indígena. A brasileira fala inglês e português (obviamente), espanhol, híndi, russo, ucraniano, tailandês, japonês e está começando com as aulas à distância de finlandês.

Não é à toa que ela está em dois grupos : Cronos, que é focado na estratégia, e o meu, Hermes, que é da área de comunicação.

Em poucos minutos, vejo JJ, Alo e Joey vindo em nossa direção, e eu me levanto. Hora do show.

* * * *

— ESCUTA AQUI, SE VOCÊ NÃO FALAR EU JURO QUE... - esbraveja JJ, e por trás do espelho falso vejo Joey segurando seu amigo pelos braços, que tenta de todos os jeitos se desvencilhar. A assassina à sua frente ri irônica, e consigo ver JJ quase voltar fogo pelas ventas. Alo está observando a cena ao lado da porta, sério. O contraste dos seus olhos verdes com a pele branca está agora mais destacado, por conta das paredes também brancas. Aloysius Tribbiani está quieto, observando a cena.

— Vai fazer o que, me dar um olho roxo? - Diz Henderson, tirando sarro do olho roxo aparente do meddie. JJ urra, fazendo seu amigo quase tropeçar com a força do grito. Assim que Joey consegue controlar o de olhos roxos, diz para o mesmo respirar fundo, e JJ repete a ação.

Já chega, isso não tá dando certo. Eu vou tentar mesmo e foda-se.

Abro a porta da sala branca, e Alo sorri pra mim, murmurando um "finalmente". Eu peço licença e os dois amigos saem do lugar, dentro da sala só fica eu, Alo, Cindy Henderson e as câmeras, filmando cada movimento feito. Sento-me à frente da assassina, olhando a mesma nos seus olhos azul-petróleo.

— Mahkar Asylum. - digo, a encarando. Percebo suas pupilas dilatarem, e ela vêm com o corpo mais para frente.

Perfeito.

— Como você sabe que eu... - ela mal termina de dizer e eu a interrompo. Ela já nos irritou o suficiente. Aqui se faz, aqui se paga.

— Juliet Tatcher.

— Ela está morta, eu a matei. - confessa ela, que me faz a mesma pergunta, e eu rebato com o nome da mulher que me disse sobre a vida da mulher (perigosa) à minha frente.

— Killian Iushew 12 de Fevereiro de 2012. Leslie Lockwood, 22 de Outubro de 2012. Fernanda Iushew, 2 de Dezembro de 2012. Veronica Euzenbahun, 25 de Dezembro de 2012. Siobhan Olivier, 7 de Julho de 2012. Sarah Schimdt, 22 de Outubro de 2012. - termino de falar, e ela dá risada.

— Tudo isso foi difícil de decorar? Pode ser sincera... - diz Henderson, e dessa vez quem dá risada sou eu.

— Colocando todas as iniciais das vítimas no papel, dá uma frase: "K I L L F I V E S O S".

— E você acha que com isso me coloca na cadeia? Vocês policiais são nojentos mesmo.

— Ian Stallone, esse nome soa tão bem né? Ian Stallone. - digo, pronunciando o nome diversas vezes até que a assassina fica brava.

— O que você quer de mim? Eu te dei tudo o que eu tenho. Te falei de todos esses nomes aí, e outros 22. Não tem mais nada que eu não lhe falei.

— Nicholas Shelter, Julie McAndrews e Clarissa Manfred. Foi você ou não?

— Minhas obras primas. - diz Cindy Henderson, orgulhosa de si mesma, ou devo dizer, orgulhosa por alguém?

— Maxwell Hannigan, Isobel Carey e Gordon McGuiness.

— Isso não significa nada, vocês nem tem provas? - retruca a assassina, e eu pego a pasta prateada que estava no meu colo, quase abrindo-a. Vejo as mãos de Cindy tremerem tanto que o barulho do contato rápido dos seus dedos com a mesa metálica ecoa na sala esbranquiçada.

— O sangue de Juliet Tatcher está nas suas mãos, mas o de sua filha, Marion Tatcher não está. Marion está viva. - eu nem termino a frase e a assassina já se remexendo na cadeira, e percebe-se que ela está desconfortável mesmo a um quilômetro de distância.

— Conseguimos confirmar absolutamente tudo com Marion, que está colaborando tanto. Uma menininha esplêndida. Quem diria, a sobrinha entregar a titia de forma tão aberta assim? - digo, me levantando da cadeira, indo em direção à saída. - Eu mesma estou providenciando o seu lugarzinho especial na prisão da Boulevard Gates, você vai ficar lá por muito tempo...

Vejo Cinderella esbravejar, gritando para que eu pare de andar.

Sempre funciona.

— Tira aquela pirralha dessa investigação que não vai adiantar nada. Eu te dou o que você quiser, Nadia. Contanto que você encurte meu tempo aqui.

— Sinto muito, Henderson. - digo, irônica - mas eu não negocio com psicopatas.

Em poucos segundos, Alo e eu estamos do outro lado da porta, e eu respiro fundo. Vou até os televisores do corredor, e vejo a assassina dando risada, com os olhos arregalados.

* * * *

— Então quer dizer que você conseguiu, indiana.- diz León, orgulhoso. Ele me dá um beijo na bochecha, e segura minha cintura com uma das mãos. Eu sorrio para o veterano, que me entrega uma cerveja com a outra mão. - à você, e ao seu desempenho impecável nessa investigação. Ele brinda à mim, e eu sorrio, feliz. Vejo Max vindo em nossa direção, comendo um cupcake de chocolate com cobertura azul. Ele sorri pra nós, e parece animado.

— Eu vi o vídeo da interrogação. Sempre soube que você tinha o jeito pra coisa, parabéns, meddie. Destruiu a carapuça que aquela lá demorou séculos pra construir em menos de cinco minutos. Eu estou sinceramente...

O rapaz loiro é interrompido por Samantha, que chega (literalmente) correndo na cozinha. Com as mãos sob a testa, expressão preocupada e uma franja selvagem que insiste em ficar em seu rosto, minha amiga está completamente frustrada.

— Puta que pariu. Você não vai acreditar no que aquele merda do Simmons me fez aceitar por causa desse programa. Se esses australianos aí não valerem á pena, eu juro pelo Big Bang₈ que eu mato vocês. - diz Samantha O'Brien, a.k.a minha melhor amiga. Ela tem a pele branca, cabelos achocolatados e olhos incrivelmente azuis. A meddie deixa sua mochila jeans em cima do balcão da cozinha, e pegando uma garrafa de Vodka, um suco de morango e um copo.

Minha amiga faz a mistura rapidamente, e num gole, todo o líquido avermelhado do copo não está mais ali.

— Arthur Simmons, o empresário mais foda dos Estados fucking Unidos me disse o seguinte, nas palavras dele - diz minha melhor amiga, tirando um pequeno gravador da mochila jeans, e apertando play.

Aí vem bomba, preparem os cús.

"Eu estou pouco me fodendo pra essa banda aí, eles vão morrer de qualquer jeito mesmo. Adiar a morte de alguns não vai machucar ninguém que eu me importe realmente. Se você quer tanto esses caras aí no seu programa xinfrim, tenha um encontro com o meu filho amanhã. Ele sempre gostou muitíssimo de você, Samantha. Eu só quero a felicidade dele."

Mikhael Simmons é o filho dele, e absolutamente todo mundo da BG odeia esse cara profundamente, eu também me incluo nessa. Ele trata as mulheres, os seus funcionários e até mesmo as esposas do pai (que são muitas), como se fossem lixos. E o pior de tudo: ele só tem 16 anos.

Samantha continua a falar, e eu já estou prevendo uma merda fenomenal acontecer com ela.

— Resumindo toda essa merda, eu vou ter encontro com o cara mais nojento de Wasterfield.

Parivaar₄: Família em híndi, língua materna de Nadia.

Maan e Pita₅: Mamãe e Papai em híndi.

Bahan₆: Irmã em híndi.

Ícaro₇: Arthur Simmons é chamado de Ìcaro pelos Meddies porque assim como ele, teve muitos poderes em mãos mas não soube usar de forma correta e acabou morrendo. Na Mitologia Grega, Ícaro e seu pai (Dédalo) ficaram presos no Labirinto do Minotauro e Dédalo projetou asas, juntando penas de aves de vários tamanhos, amarrando-as com fios e fixando-as com cera, para que não se descolassem. Foi moldando com as mãos e com ajuda de Ícaro, de forma que as asas se tornassem perfeitas como as das aves.

Então, antes do vôo final, advertiu Ícaro de que deveriam voar a uma altura média, nem tão próximo ao Sol, para que o calor não derretesse a cera que colava as penas, nem tão baixo, para que o mar não pudesse molhá-las. Ícaro deslumbrou-se com a bela imagem do Sol e, sentindo-se atraído, voou em sua direção esquecendo-se das orientações de seu pai, talvez inebriado pela sensação de liberdade e poder.

A cera de suas asas começou rapidamente a derreter e logo caiu no mar.

Eu juro pelo Big Bang / Pelo Amor do Big Bang / Meu Big Bang / Ai meu Big Bang₈: Samantha é uma garota cética, então ela substitui as famosas frases "Eu juro por Deus", "Pelo amor de Deus", "Meu Deus" e "Ai meu Deus", pelo Big Bang, que de acordo com a ciência é a origem de todo o Universo, contrariando os ensinamentos católicos.