The Rising Of : Elmore

Dia Três (10 de Novembro de 2014)


Kyoto Abe'Ishikawa (meddie)'s p.o.v

Mais um dia na Mansão Gama. Acordo exatamente as seis da manhã, indo direto para o banho. Pego uma muda de roupas, junto com a minha nova escova de dentes, e vou até o banheiro do quarto. Olho bem para o quarto, e Scott está dormindo tranquilamente em sua cama, de barriga pra cima e respiração serena. Pensando no treinamento de hoje com o Irwin, sorrio e abro o registro do chuveiro.

* * * *

— Bom dia, mentora. - diz Ashton, e vejo seus cabelos caramelados caírem em sua testa ; ele logo passa a mão esquerda por ali, ajeitando o penteado. Eu sorrio pra ele, retribuindo o cumprimento.

— Antes de começarmos, tenho uma pergunta a lhe fazer : você já foi ao circo? - pergunto, e ele confirma com a cabeça, depois perguntando o porquê.

— Porque você irá receber um treinamento circense, mas com um toque boulevardiano*. - respondo, e como resposta eu vejo seus lábios formarem um "O" e suas sobrancelhas arqueadas, demonstrando surpresa.

Assim que paramos de caminhar, vejo a porta metálica da área de Body Training (treinamento corporal e academia), com um identificador de segurança. Coloco minha mão esquerda no identificador, que reconhece minhas digitais e faz a porta se abrir.

A sala é exageradamente grande, é dividida em cubículos onde uma metade é de cimento e outra é um colchão de ar. A parede central exibe um relógio, e agora são oito horas da manhã.

Vejo "É-Joey-Não-Joseph-Meu-Deus-Eu-Odeio-Esse-Nome", que é o reflexo de Johnny, mas sem a miopia ; é alto, da pele branca, cabelos castanho-escuro lisos e olhos extremamente azuis. Ele está treinando James Salvatore, um calouro muitíssimo dedicado.

O motivo da sua dedicação invejável é a sua história de vida. Ele tem dois irmãos mais velhos e uma irmã caçula que tem leucemia. Os pais trabalham em uma fábrica de sardinhas decadente em Clavering, no Reino Unido. Nunca teve dinheiro o suficiente para conseguir pagar o tratamento da irmã, e soube da Boulevard Gates através do email de um amigo americano dele. Mesmo vindo de um ambiente conturbado, James tem uma aparência limpa ; seus cabelos que há três meses eram loiro-escuros agora estão platinados, tão brancos quanto a neve. Tem olhos azul-petróleo e um nariz fino e arrebitado, que cai para lábios finos.

Joey o ensina chutes no ar e o calouro cai severas vezes, mas se levanta rapidamente fazendo seu mentor sorrir. Nós os cumprimentamos, e vou com Ashton direto até o cubículo onde ficarei uma boa parte do dia.

Na divisão 06 se encontra um cano de plástico (PVC), uma tábua grossa de madeira e um saco de pancadas a frente. Ashton me lança um olhar confuso, e eu dou risada.

Coloco à madeira em cima do cano e logo me equilibro por o que me parece ser uns dois minutos. Em um ato rápido, pulo, dou um soco forte no saco de pancadas e volto a o meu lugar de origem. O saco de pancadas gira, mas consigo fazê-lo parar.

Ashton me olha boquiaberto.

* * * *

175 é o número exato de vezes que Ashton cai da madeira. Pelas suas sobrancelhas retas e narinas dilatadas percebo que ele está com muita raiva, quase soltando fogo pelas ventas.

Quando ele cai pela centésima septuagésima sexta vez, vou em sua direção e o ajudo a se levantar. Ele volta a ficar em cima da madeira, e eu seguro em suas mãos para que ele fique ali por mais tempo.

Conto exatos cinco minutos até que vou me desvencilhando dele, devagar.

Quando volto ao meu lugar de origem, decido conversar com ele.

— Mas e aí, como é a vida na estrada com uma banda de punk rock e milhares de fãs loucas por um baterista forte? - pergunto, e ele dá uma risada nasalada.

Ashton me diz que dar a volta ao mundo fazendo música é a melhor coisa que poderia acontecer com ele, que ir à Miami com abrindo os shows da One Direcion foi uma oportunidade maravilhosa e que o álbum de debut da banda está pra sair assim que os seis meses aqui acabarem. Pergunto sobre a sua família, por mais que eu já saiba tudo por conta das pesquisas que fiz sobre ele. O baterista me conta sobre a saudade enorme que sente da família dele em Sydney, e logo me questiona sobre os meus parentes e a vida aqui.

— Ashton, pra ser sincera eu sinto uma falta muito grande da minha família e eu com certeza gostaria de férias mais longas para poder ficar lá por mais tempo. - respondo, me lembrando de casa.

— Você foi criada nos Estados Unidos mesmo ou... - diz ele, com um semblante curioso.

— Na verdade eu nasci e fui criada em Quioto, no Japão. É exatamente por isso que eu tenho esse nome. Eu comecei a aprender inglês com cinco anos, e turco com seis.

— Wow, você fala turco? Que incrível! - diz o meu aluno, impressionado. Eu sorrio.

— É. Meu avô era turco e minha avó japonesa, meu pai nasceu um turco-japonês muito orgulhoso. - digo, tendo lembranças do meu pai falando turco comigo dentro de casa. - Já a minha mãe é inteiramente japonesa.

— Tem irmãos? Eu tenho dois, Lauren e Harry, o caçula.

— Tenho um, Taeohyung. Ele é mais novo que eu, agora tem quinze anos.

— Não sei se vai soar estranho ou sei lá, mas como você descobriu a Boulevard Gates? Quer dizer, você é fucking japonesa. - diz ele, quase se desequilibrando com o corpo inclinado para a frente. Fico com um medo enorme de ele cair no concreto ao invés do colchão de ar.

— Bom, tudo aconteceu numa gincana na minha escola. A coordenadora havia ficado muito doente, e o diretor teve que substitui-la por uma estudiosa francesa. Eu ganhei todas as provas de força e agilidade entre as crianças que tinham a mesma idade que eu, era para eu ganhar a bicicleta ali mesmo, mas ela me desafiou. Disse que se eu passasse por todas as provas da fase adolescente, no caso a gincana do ensino médio, além de ganhar o prêmio infantil, ganharia o dobro da quantidade em dinheiro que a escola oferecia. Eu venci todos e cumpri com o desafio e ganhei tudo aquilo. No dia seguinte, ela veio a minha casa, se apresentou como Delphine Toulouse e quis conversar com meus pais, radiantes de felicidade. Dentro de uma semana, eles estavam assinando contratos e eu preparando minhas malas. Foi assim que eu cheguei aqui.

Termino de falar, e sou surpreendida por Ashton, que pula subitamente da madeira, soca o saco de boxe e cai na madeira, ainda se equilibrando. Ele me olha muito feliz.

O alarme soa alto no salão, e o relógio que preenche a parede à minha frente indica que já são meio dia. Hora do almoço.

Ouço um barulho altíssimo perto de mim, e vejo o calouro caído no colchão de ar dando risada. Dou risada da sua situação por alguns minutos, e depois estendendo meu braço em sua direção, ajudando-o a se levantar. Ainda rindo, ele põe os tênis e me diz que levou um "baita susto" com o alarme.

* * * *

Ao chegar na sala de jantar (que também serve almoço e café da manhã), Ashton senta-se na lateral esquerda da mesa. Vejo Cameron e sua aluna, Amethyst conversando do outro lado da mesa. Ele termina de contar pra ela algo que não entendo direito, mas faz ela rir alto.

Amethyst Thrillwall é uma caloura de 19 anos presumíveis, forte e de estatura média. Ela é bem sociável, apesar de suas feições apontarem o contrario ; ela tem a pele branca e olhos castanho-escuros, um nariz fino e comprido, seguido por lábios carnudos e rosados, que de relance me remetem à Angelina Jolie. Seus gestos são sempre práticos e ágeis, sem drama ; os cabelos curtos à lá Bowie são a prova disso.

Me sento na pequena poltrona perto do balcão que separa a cozinha do salão ; gosto muito desse lugar, consigo ter uma visão privilegiada do salão inteiro. JJ está temperando um peixe que pelo cheiro reconheço como o salmão e Mayhem está ao seu lado, espremendo maracujás. Samantha está lavando alfaces, e mais a esquerda vejo León no fogão, começando a cozinhar o arroz. Em cima do balcão perto de mim há uma pequena - porém potente - caixa de som, que no momento toca a música L'autre Valse Amélie, uma das faixas que compõem a trilha sonora do filme Amélie Poulain. Só por esse detalhe sei que é de Mayhem, ela adora tudo o que é relacionado à França, justamente porque ela é metade francesa.

Em poucos segundos, vejo Heather, Aloysius e Autumn entrarem No salão. Heather senta-se à frente de Cameron, e os outros dois sentam-se lado a lado, respectivamente.

Heather Smith Evans. Definitivamente um nome bem conhecido por aqui, ela é filha do prefeito de Wasterfield. Com a mesma idade de Amethyst, ela é loira, tem a pele esbranquiçada e seus olhos azuis que, por conta da luz do dia preenchendo a sala, estão mais chamativos do que nunca. Sua estatura média é magra dão a entender que ela é modelo, quando na verdade está longe disso. Eu me lembro de quando ela chegou aqui, tímida e (muito) desajeitada. Quando começou a treinar Aloysius, no primeiro dia desse ano, mudou drasticamente. Ganhou mais paciência, força e maturidade em pouquíssimo tempo.

O relógio marca 12:30 quando surgem Naomi, Luke, Johnny e Lívia na sala. O loiro senta-se ao lado do amigo e os outros ao lado dele, na mesma ordem. Eles conversam sobre o desempenho horrível de Luke no treinamento, que o mesmo conta dando risada.
Não dAmeis minutos quando Scott e Calum entram, conversando. Os dois sentam-se na mesa e meu amigo me chama, saio da poltrona e vou até ele, ficando ao seu lado direito.

— Como foi o treinamento com o baixista? - pergunto, e ele sorri.

— Foi ótimo. Graças a Deus ele prefere a parte teórica, mas quando tem a prática ele não despensa. A gente se dá bem, e se ele continuar assim, esses seis meses com certeza vão ser muito bons. - responde meu colega de quarto, e depois devolve a pergunta.

— O treinamento com o Ashton rendeu bastante, fizemos o exercício circense e na última tentativa ele acertou super bem, fez até o saco de boxe girar.

Penso em falar mais com ele, só que sou interrompida por Phoebe e Jasmine. Elas param de pé perto de Scott, e mesmo sabendo que elas não têm nenhum parentesco, por um minuto penso que são irmãs.

— Hey, preciso da sua ajuda, Preston. - diz Phoebe, tímida. Jasmine sorri para ela, que continua a falar - Srta. Courmier me deixou fazer uma tatuagem, e já que nas poucas horas vagas você é tatuador, gostaria da sua ajuda com isso, o que acha?

A voz de Phoebe Morgan é delicada, assim como ela, uma caloura baixinha (com 1,57 de altura) treinada por Lívia e Jasmine. Como diz Max, ela não é "só mais um rostinho bonito". Com o tom de pele cândido, cabelos achocolatados na altura dos ombros, olhos azul-petróleo, um nariz arrebitado e lábios finos dão a ela um rosto digno de boneca de porcelana.

Já a veterana, Jasmine Scarlet, é alta e tem os olhos bem verdes, pele branca e cabelos pretos curtíssimos. Ela é muito competente e ética, além de ser uma amiga incrível. Apesar de " ter sangue quente", eu a adoro. A única coisa que eu não suporto é o seu problema (estratosférico, diga-se de passagem) com Naomi. A veterana estuda expressões faciais e psicologia comportamental desde que entrou aqui, com seus quinze anos. Já a meddie tem "o dom"e mesmo não tendo estudado a teoria como a mentora, consegue identificar quando alguém está mentindo com tanta facilidade quanto ela. Isso deixa Jasmine furiosa.

Scott, orgulhoso, aceita a proposta, falando que ela terá a tatuagem feita nesse fim de semana, mais especificamente nesse domingo. Phoebe sorri, e as duas sentam-se ao meu lado.

Vejo Autumn, Michelle, Linda e Max, todos conversando calorosamente. Logo atrás, vejo Matthew e sua aluna Harriet entrando, os dois cumprimentam todos, e quando passam por mim, sinto o perfume amadeirado do meddie.

Matthew Anniston é bem alto, com seus 1,98 de altura. Mesmo sendo muito educado e gentil, suas feições mostram o oposto. A pele negra, cabelos ralos crespos e os olhos castanho-escuros ornam com o nariz grande, lábios grossos e o maxilar ossudo, másculo. Todos esses atributos fazem com que seu rosto, à primeira vista agressivo, tenha uma simetria invejável.

Sua aluna tem a minha altura, 1,75, o corpo curvilíneo, a pele bronzeada os cabelos lisos cor de caramelo acompanhados por um belíssimo par de olhos azuis penetrantes fazem de Harriet Primrose uma das garotas mais bonitas que eu já vi.

Ouço a risada característica de James ecoar pela sala e o motivo dela andando logo atrás, Joey. Eles sentam-se ao lado de Max, na parte direita da mesa.

No mesmo momento em que ouço meu estômago roncar, o cheiro de salmão invade a sala. JJ e León estão trazendo dois peixes, enquanto Mayhem traz o arroz e Samantha a salada. Os dois rapazes voltam à cozinha e as garotas se sentam. Quando o molho e maracujá está na mesa, todos ficam alegres, e eu também.

* * * *

Infelizmente, termino de comer o salmão que estava maravilhoso. O almoço se passa rápido, com Max e seu primo, León, contando-nos sobre o plano que os 8 criadores tem de espalhar a Boulevard Gates pelo mundo. De pouco a pouco, todos vão se levantando em direção à cozinha, quando chega a minha vez não hesito em fazer um elogio a JJ por ter temperado tão bem o salmão.

Temos exatos trinta minutos para relaxar um pouco antes do treinamento voltar. Alguns vão até a biblioteca, outros assistem alguma coisa na Netflix, outros se beijam, resumindo : todos arrumam algo que os relaxe, para gastar os seus trinta minutos bem.

Vejo Jasmine e Heather conversando no sofá avermelhado da sala de estar, e vou até elas. As duas conversam sobre balística e como isso interfere e ajuda na investigação criminal. Conversamos até que os preciosos trinta minutos acabam, e Ashton vem até mim. As portas da Mansão Gama são abertas, e delas sai Mayhem Smith-Hamilton, prima de Heather e a Veterana que treina a mim, Ashton, Scott e Calum. Ela já está vestida com o uniforme de treinamento daqui, uma regata preta com o símbolo da BG, uma calça de moletom com o mesmo símbolo e um tênis de treino preto. A veterana loira sorri pra nós, e deixa sua mochila no chão.

— Que saudades de você! - diz ela, me abraçando. Eu sorrio, também senti falta dela. Mayhem é uma double, ou seja, faz as missões e treinamentos aqui quando precisamos dela, mas mora na casa dos pais e faz faculdade de Artes. Pois é, menina ocupada.

— E esse é... - pegunta ela, apontando para o meu aluno.

— Ashton Irwin, baterista da 5SOS e agora seu aluno. - diz ele e Mayhem sorri. Eles têm um aperto de mãos.

A voz de Scott ecoa atrás de mim, e Calum vem logo atrás dele. Todos se cumprimentam e vamos todos até os galpões.

* * * *

São exatamente cinco e vinte e cinco quando ouço Johnny dizer que Barbara Eriksen, a advogada que fora sequestrada por Henderson, enviou-lhe um email com os vídeos das câmeras de segurança do Aubrey Inn. , o hotel em que Clarissa Manfred foi morta pela assassina. Também diz que o tal vídeo mostra um casal não identificado pelo serviço de reconhecimento facial, cujos horários de entrada e saída do hotel "batem" com o horário do asassinato.

Quando o relógio marca cinco e meia, Michael Boulevard, pai de Max, tio de León e obviamente um dos oito criadores nos chama através de uma chamada de vídeo. Ele diz que hoje teremos uma "dinâmica surpresa" na estrutura de prédio feita atrás da Mansão Gama, usando o paintball. O criador da Boulevard Gates encerra a ligação e todos nós vamos até os quartos. Em cima da minha cama há um uniforme com uma faixa azul-ciano e uma lista. Chego mais perto, e vejo que no papel há todos as pessoas que estarão no meu time e no time oposto.

Time Azul - Líderes: Maximillian Boulevard e Mayhem Smith-Hamilton.

— Michael Clifford (calouro), Michelle Holmes (caloura), Heather Smith Evans (meddie), Nadia Ansari (meddie), Augustine Campbell (caloura), Linda Sawyear (caloura), Johnnathan Ainsworth (meddie), Samantha O'Brien (meddie), Harriet Primrose (caloura), Matthew Anniston (meddie), Kyoto Abe'Ishikawa (meddie), Amethyst Thrillwall (caloura).

Time Vermelho - Líder: León Esquivel Boulevard e Jasmine Scarlet.

— Naomi Osbourne (meddie), Luke Hemmings (calouro), Calum Hood (calouro), Ashton Irwin (calouro), Cameron Arquette (meddie), Scott Preston (meddie),Thomas Jerome Jenkins (meddie), Aloysius Tribbiani (calouro), Joseph Ainsworth (meddie), James Salvatore (calouro), Phoebe Morgan (caloura), Lívia dos Anjos (meddie), Autumn Twist (veterana).

Após ver as listas cuidadosamente, memorizando os nomes de quem estava no meu time, tentei colocar o uniforme. Com um pouco de dificuldade, consigo vestir só até a metade do uniforme da dinâmica, que tem uma faixa azul-ciano. Frustrada, eu bufo. Olho para trás e vejo meu colega de quarto já vestido. Ele ri da minha situação deplorável, e pergunta se quero ajuda. Acinto pra ele, que me ajuda a passar o uniforme pelos braços, e fechando o zíper da roupa. Eu agradeço, e Scott sorri e me dá um beijo na bochecha.

* * * *

Assim que saímos da Mansão já é noite, e todos vão em direção à uma linha amarela na grama, indicando a partir de onde que a dinâmica será feita. Há dois jipes, um ao lado de cada time, e os dois times estão organizados um ao lado do outro, e vou até o Time Azul. Todos falam bastante, e é tanta gente que não consigo prestar atenção ao redor.

As luzes embutidas em nossos capacetes iluminam os fundos do terreno da Boulevard Gates. À nossa frente estão Max, Mayhem, León e Jasmine, os líderes. León limpa a garganta, e todos se calam imediatamente. É o poder.

— Bem-vindos. Novatos, o que verão aqui é uma prévia do que pode acontecer em campo. É bem simples, vocês precisam pegar a máxima quantidade de bolas douradas que puderem e mais a bandeira do time oposto, que se encontra no topo da estrutura atrás da floresta. - diz o primo de Max, sorrindo. Max continua.

— Têm exatas 60 bolas de vôlei douradas dentro daquela floresta. Cada time fica com quinze ou mais, dependendo do tanto que se esforçarem. Logo a frente da estrutura de cimento há dois baús enormes, um azul do lado esquerdo e um vermelho do lado direito. Coloquem todas as bolas douradas ali que o próprio baú vai fazer a contagem. - diz o veterano, cujos cabelos loiros estão brilhando por conta da iluminação de nossos capacetes. Mayhem é a próxima a falar.

— Em seus capacetes há um pequeno dispositivo GPS e um gravador de voz. Essa peça funciona como um headphone, para que vocês ouçam o seu controlador. Cada time terá um controlador, que ficará na área de Tecnologia Avançada no Galpão 2. O controlador terá a função de monitorar o time até que a dinâmica acabe. Embutido no uniforme de vocês, na manga do seu braço direito há uma pequena tela, que irá emitir o GPS e irá dizer se tem alguém em um raio de 100 metros de você, independente se for do seu time ou não ; e a outra função é avisar se alguém do seu time levou uma bala de tinta. - diz Mayhem, mostrando as duas coisas, respectivamente. Jasmine começa a falar logo após ela.

— Olhem bem para quem está no seu time, vocês têm dez minutos para definir o controlador ou controladora de vocês. E sim, pode ser um dos líderes. - termina Jasmine, todos olham diretamente pra o irmão gêmeo de Joey, que dá risada. Ele agradece e vai até o jipe azul-ciano, indo até o galpão 2. Cerca de dois minutos após a ida de Johnny, a pessoa que vai ao jipe é Jasmine.

Os líderes acenam para nós, e León indica que o tempo para montar estratégias começa. Vira uma bagunça. Um falando em cima do outro, todos se interrompendo. Uma verdadeira bagunça até que Mayhem grita com todos, os fazendo calar. A mesma dá as instruções, diz que devemos falar com quem está na nossa mesma categoria (veterano, meddie ou calouro) e escolher o plano que melhor se aplica.

Após a conversa com Heather, Nadia e Samantha, chegamos a uma decisão, e depois que todos estabelecem seus planos, falo o que nós concordamos.

— Sugiro que eu, Harriet e Heather fiquemos com a parte das bolas de vôlei, o condicionamento físico forte é necessário. - termino de falar e vejo Matthew, Linda e Nadia se voluntariando pra fazer o mesmo. Os líderes concordam com a cabeça, e definem que os outros se espalhem ao redor, correndo o mais rápido possível e ajudando quem precisar. No final, Max fala:

— Eu vou até o topo, quem quiser me acompanhar é só manter o ritmo. - diz o Veterano, e Amethyst sorri.

Ouço o barulho de uma buzina vinda da mão esquerda do líder do Time Vermelho, pelo visto a dinâmica está para começar.

— Atenção! O tempo de realização da dinâmica é de exatos 35 minutos, nada mais, nada menos. - diz León, e eu sorrio.

Faço uma contagem regressiva até que a dinâmica (lê-se correria desesperada) se inicia. Me misturo entre o time oposto e o meu até chegarmos na área da floresta com as bolas douradas. Diminuo o passo, para pegá-las. Consigo ver Naomi, Linda, Cameron e Ashton ignorando a existência das mesmas. Assim que consigo alcançar cinco circunferências, ouço o barulho de um tiro vindo do Norte, e o visor no meu pulso indica que quem foi atingido por JJ é Michael Clifford. Droga.

Pouco a pouco percebo alguém me seguindo, e o visor mostra uma bolinha vermelha vindo atrás de mim, mas não indica o nome. Johnny diz que é James, um calouro do Time Vermelho. Empilho as bolas douradas na grande árvore a minha frente, devagar. Os passos se aproximam e me escondo do outro lado da árvore. Johnny me avisa que ele está na árvore atrás da minha. Pego a pistola de tinta feita pelo controlador e aperto um pequeno botão que ativa um temporizador.

Tenho dez segundos.

Coloco na mira da arma, a bola dourada que está na árvore à esquerda de James e vou até a parte a frente da árvore em que o meu oponente se encontra.

Cinco, quatro, três, dois... E a bola de tinta é atirada, que ricocheteia na bola de vôlei e atinge James. Com o som do tiro, ele se inclina para frente e atira na árvore na qual eu estava há alguns minutos. Ele sorri pra mim.

— Estrategista. - diz o calouro, e eu retribuo o sorriso. Pego as bolas douradas que estavam comigo há alguns minutos atrás e roubo a de James. Corro até chegar na estrutura de cimento que equivale a um prédio de oito andares.

Vejo Ashton saindo da área do caixote vermelho e logo em saída levando um tiro de Harriet, que sai da floresta correndo. Ela faz uma careta para o baterista, que mostra a língua para ela. Coloco todas as sete bolas de vôlei dentro do baú de madeira azulado, que tem um visor onde aparece a quantidade de bolas douradas e uma pequena abertura. Após ver a contagem, fecho o zíper do pequeno bolso do meu uniforme.

Saio rapidamente dali e entro na estrutura onde Augustine acaba tropeçando em meus pés, e nós duas vamos ao chão. Quando ela para pra pedir desculpas, é atingida por Scott, que está saindo da floresta. Ele atira mais uma vez, só que estou subindo as escadas para o primeiro andar. As paredes de concreto da estrutura dão para várias salas sem porta ou móveis. Por já ter estudado a planta daqui sei que a escada para o terceiro andar se contra no extremo oposto de onde estou.

Os corredores da estrutura são enormes, largos pra caramba e tem cinco salas grandes cada andar. Há uma escada por cada andar,se a escada do primeiro andar para o segundo fica na extrema direita da estrutura, a escada do segundo para o terceiro andar fica na extrema esquerda, e assim por diante até o sétimo andar. As bandeiras ficam no terraço.

A visão acinzentada só serve para me deixar mais nervosa, ainda mais quando ouço passos firmes vindo da escada. Corro até a sala mais próxima e me escondo atrás de seus grossos pilares de concreto. Ouço vários passos vindo aonde estou, mas fico segura ao ver Heather , que se esconde no pilar ao lado do eu.

Coloco a arma no coldre, e pergunto a ela em libras quem está além dela. A meddie me responde com o meu nome, e também o de Scott, León e Lívia. Eu acinto e olho para baixo. Ouço passos cada vez mais próximos, que ficam mais evidentes quando a sombra de três pessoas é projetada ao chão. Depois de alguns segundos, consigo perceber que se comunicam em código morse, pelas batidas que seus pés fazem no chão. Ao que tudo indica, León e Scott irão subir e Lívia vai verificar a área. Heather que está ao meu lado, fala KAMIKAZE (do japonês ataque suicida) em libras, indicando que será atingida de propósito para que eu fuja. Pergunto também em libras se ela tem certeza, e a mesma acinte, pedindo que eu conte até dez.

Assim que termino de contar, ela sai de onde estava e corre para a direita. Corro o mais rápido que eu posso até chegar a escada que leva ao terceiro andar, e ouço 4 tiros. Silenciosamente, caminho até a primeira sala e meus ouvidos captam sons um tanto quanto estranhos. Olho para dentro da sala e dou de cara com Linda Sawyear aos beijos com o líder do Time Vermelho. Uau. Me aproximo mais, só que piso numa lasca de cimento no chão, que se quebra com o impacto. Os dois olham para trás, mas sou rápida o suficiente para que eles não venham atrás de mim.

— Isso não deveria ter acontecido. Me desculpe, eu... - os sussurros de León são interrompidos pela risada nasalada de Linda.

— Isso o quê? Você me atingiu porque nós lutamos. - responde ela, e ouço um tiro. É tanta frieza que eu sinto o ventinho gelado daqui.

Saio de trás da parede e me abaixo atrás da escada, de modo que nem quem chega no andar me vê, nem os dois pombinhos. Olho para o visor em meu uniforme, que diz que Linda foi atingida por León, e ouço ele saindo da primeira sala até a escada para o quarto andar. Quando tenho certeza de que ele subiu, saio do esconderijo... na hora errada.

Vejo Luke de relance quando uma bola de tinta atinge a parede cinza atrás de mim. Volto ao esconderijo. Johnny faz com que a lanterna em meu capacete seja desligada, ele não sabe o quanto isso foi um alívio pra mim.

O calouro me segue rapidamente, e retiro a lanterna de meu capacete, que na verdade é espelhado. Coloco o dito cujo no chão, de modo que eu consiga enxergar o reflexo de Luke nele. Saio devagar de onde estou, e paro atrás dele. Olho para a câmera que está no vértice das duas paredes, e em libras, peço para o controlador ativar as luzes extras de led no capacete, ele o faz.

Em questão de segundos, Luke corre até o local do capacete, e eu atiro em suas costas. Volto correndo para o lugar em que eu estava há minutos atrás, pego meu capacete e sorrio para Luke, que está encostado na parede. O aluno de Naomi sorri pra mim, e em sussurros elogia minha estratégia. Acinto pra ele, agradeço o elogio e saio correndo olhando para o chão.

No exato momento em que a voz de Mayhem ecoa pela minha mente dizendo "Nunca olhe para o chão enquanto corre!", meu corpo sente um baque causado por um contato inesperado com... Nadia. Nós duas caímos no chão, e ela sorri pra mim, me ajudando a levantar. Atrás dela vejo Harriet e Michelle, e nós quatro vamos até a outra escada, no extremo oposto, do terceiro para o quarto andar.

Assim que subimos a escada, vejo Cameron saindo da primeira sala, e levanto minha arma, mas a indiana foi mais veloz que eu, e o atinge. Em seguida, Naomi aparece saindo da terceira sala, mas Nadia atinge-a também antes que ela possa fazer algo. A mentora de Luke bufa, e nós seguimos em frente. Harriet diz que seria melhor se nós nos separássemos para uma busca mais eficiente. Nadia acinte e continua no lado da sala onde atirou em Cameron, e eu e Harriet vamos a esquerda dali.

Não vemos ninguém, e vejo a caloura correndo até a escada do quarto para o quinto andar. Quando estou subindo a escada, no primeiro degrau, o visor embutido no meu uniforme indica que Nadia fora atingida por Joey. O Time Vermelho está perto. Ouço quatro tiros vindos de cima, e vejo Samantha sentada no chão com uma bola de tinta azul-escura na barriga. Aloysius está há alguns metros dela, também com uma bola de tinta manchando seu uniforme. Johnny me diz que Alo atingiu Samantha, e que Mayhem está nos esperando na escada que leva ao sexto andar, no extremo oposto de onde estamos. Eu e Harriet corremos muito rápido até a escada até que Mayhem entra no meu campo de visão. Ela diz para nós esperarmos na escada, já que há uma confusão rolando lá em cima.

Ouvimos um tiro e o visor pisca outra vez, mas quem aparece dessa vez é Michelle, atingida por JJ. O controlador nos avisa que quem atirou em Michelle está vindo para a escada onde nós estamos, e sugere que Harriet atire nele. Basta só ele aparecer na nossa vista que ela o faz, atirando em seus joelhos. Mayhem nos diz para subir, mas tenho um pressentimento ruim.

Em questão de segundos, vejo Scott e Joey saindo das últimas salas do quinto andar. Meu colega de quarto consegue atirar em Harriet, e o visor acende outra vez. Antes que o visor acenda por minha causa, atinjo o mentor de Calum na barriga, na mesma hora em que a Veterana atinge o irmão gêmeo de Johnny.

Em movimentos rápidos, nós duas saímos da escada, finalmente no sétimo (e penúltimo) andar. Johnny me diz que construíram mais uma escada que leva ao terraço, ou seja, agora temos duas escadas no outro lado daqui, ambas com portas de aço fechadas por um cadeado. Ele continua a falar, me alertando que as portas só podem ser abertas com as chaves encontradas em duas bolas douradas. Falo em libras para Mayhem que estou com a chave, e ela sorri pra mim. Nós continuamos a andar até que sinto braços fortes e pegarem pela cintura e me puxarem para dentro de uma sala qualquer. Em segundos, imobilizo a pessoa e retiro seu capacete.

É Amethyst.

Ela, Max e Matthew estão escondidos em uma das salas. Em libras, ela me fala que o Time Vermelho não tem a chave, e estão esperando para matar qualquer um restante do nosso time que tenha a chave. Ué, mas as fechaduras não são diferentes? Pergunto em libras. Matthew diz também em libras que ao passar por ali viu que as fechaduras são iguais, e que o Time Vermelho não sabia disso até Jasmine avisar. Max diz que eles não sabem com quem está a chave azul, mas ouviu dizer que a controla avisou que estava na área em que James foi morto.

Eu sei disso por um simples motivo.

Eu estou com as duas chaves.

Conto isso em libras a eles, que sorriem pra mim. Mayhem, ao meu lado, diz que tem um plano.

* * * *

Logo após o momento que sou atingida por Autumn, vejo o líder da minha equipe, seguido por Matthew e Amethyst, indo até a porta. Assim que vejo Lívia correr atrás deles, retiro a chave azul -ultramarino do bolso e jogo para Max que a pega no ar, abre a porta e desaparece dentro dela com o que restou do Time Azul.

Falta um minuto para que o tempo se esgote.

A dinâmica acaba com o grito em uníssono do líder, do meddie e da caloura tatuada. O visor indica que tudo acabou, e que nós ganhamos. A última a ser atingida é Mayhem, pelas mãos de Autumn.

Sorrindo, saio da estrutura e vou até o meu quarto na Mansão Gama. Encontro Scott seminu, saindo do banheiro com uma toalha enrolada em sua cintura.

— Parabéns, você conseguiu! - diz ele, sorrindo. Percebo que o sorriso é genuíno por causa das rugas pequeninas que se formam ao lado se seus olhos esverdeados.

— Obrigada. Você teve um desempenho perfeito até a parte em que eu te atingi. - digo, e nós rimos. Vou até o meu armário e pego meu pijama e um robe violeta, é de seda, com flores desenhadas e que eu trouxe de casa.

Me viro de costas para ele, numa tentativa falha de tirar a parte de cima do uniforme. Respiro fundo e tento outra vez. Só me faltava essa.

— Quer uma ajuda? - questiona ele, e eu confirmo. Meu colega de quarto tatuado termina de colocar uma regata do pijama e vem até mim. Ele abre o zíper até o fim e é só aí que percebo que estou bem gelada, e as mãos dele quase fervem. O rapaz que me ajuda percebe e faz um comentário:

— Tá com medo, japa? Eu não mordo, viu? - diz Scott, e eu sou risada. Ele termina de me ajudar tirando meus braços do uniforme.

— Não, relaxa. É só a tensão da dinâmica que ainda não passou. - respondo-o, indo até o banheiro que nós compartilhamos. Antes que ele saia do quarto, digo - Obrigada.

Lembrando do treinamento com o Irwin e a vitória do Time Azul, abro o registro do chuveiro, sentindo meu corpo relaxar num piscar de olhos.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.