LUHAN

— Você o localizou mesmo? – Suho me pressiona urgente ao meu lado. – Luhan? Tem certeza?

Eu apenas assinto com a cabeça vagarosamente, não tenho dúvidas, o compartimento quadrado de resfriamento onde o HD fica armazenado, só pode ser isso, está um pouco à frente de nós, dou alguns passos e me coloco exatamente abaixo dele.

Não tenho dúvidas, é o HD.

É quase possível palpar a antecipação de todo mundo quando eu digo isso, cochichos aqui e ali, Chanyeol dá um sorriso descrente, Tao leva as mãos à cabeça, Lay fica parado no mesmo lugar estático sem saber como reagir.

— Absoluta. – Quando eu respondo me surpreendo com o peso que tenho em minha voz. – Está exatamente acima de mim.

— Então... o que está esperando? Destrói logo. – Suho me pressiona com mais urgência ainda.

Encontrar esse HD é um misto emoções para mim, ou melhor, estar aqui dentro é uma sensação muito mista, ver meu trabalho tão de perto, as pessoas que eu coloquei aqui dentro, conversar com elas, saber que sou eu que estou destruindo meu trabalho pouco a pouco, eu não sei ao certo o que eu sinto, tudo é muito confuso.

— Na verdade, eu não sei o que pode acontecer quando eu fizer isso, seria melhor esperar os outro nos encontrarem, então partimos todos juntos. Pode ser?

Foi arriscado falar isso, eu sei pelo olhar que Suho sustenta agora, eu sei que ele está desconfiado de mim, puxa o ar com força pelas narinas respirando fundo me encarando com as sobrancelhas franzidas.

— Não era você que estava dizendo que não era seguro ficarmos tempo demais parados em um lugar? Que poderíamos ser surpreendidos? – O sorriso que ele ostenta agora não é nada amigável ou divertido, diria que está mais para uma ameaça.

— E ainda é, mas tudo pode desabar depois que eu destruir esse HD, estando todo mundo junto eu posso nos proteger, com eles longe eu não consigo. – Não é exatamente verdade.

Nada irá desabar aos pedaços, o mais provável é que tudo se desligue, é o que acontecia quando eu estava no comando, hoje eu não sei.

Mas essa espera me dá mais tempo para conseguir me preparar mentalmente para isso, chega a ser poético ser eu a pessoa que vai destruir e por um fim no labirinto que eu mesmo criei.

— De acordo, esperemos que eles voltem então, fique atento a qualquer ameaça que possa vir. – Suho concorda a contragosto, mas não abaixa a guarda e continua me observando, mesmo que de canto de olho.

Não gostaria de admitir isso nem mesmo para mim, mas estar sendo observado de perto por Suho, Chanyeol e Xiumin enquanto Baekhyun, Lay, Tao e Sehun estão ainda mais afastados me faz sentir mal.

Nem na pior das hipóteses imaginei que meu irmão descobriria assim e me trataria desse jeito, arrisco olhar onde ele está, mas ele está apenas de braços cruzados recostado a parede fitando o chão.

Preciso falar com ele, eu simplesmente preciso, salvá-lo era meu objetivo inicial desde que soube que seria enviado para cá e agora que ele sabe é o momento perfeito.

— O que foi? – Chanyeol me confronta com os olhos já brilhando iguais a dois rubis quando me aproximo.

— Eu... eu queria falar uma coisa com o Sehun... posso? – Odeio ter que ser tão educado e submisso e até mesmo amedrontado por ele, mas a última coisa que eu quero é brigar e é o único jeito de mostrar que eu realmente estou do lado deles.

Ele pareceu suavizar seu olhar quando eu disse isso e apenas me deixou passar, claro que havia ouvido o que nós havíamos conversado agora a pouco.

Ao me ouvir se aproximando dele, Sehun fez questão de encarar o chão, ele parecia muito interessante para ele agora, na verdade. – Podemos conversar?

— Nós acabamos de fazer isso, Luhan. – Ele me responde irritadiço.

— Eu ainda quero falar algumas coisas.

— Pode falar. – Ele resmunga ainda sem me olhar.

— Sehun... você não se lembra, mas o motivo da nossa mãe casar com o seu pai é porque o meu pai morreu de peste cancerígena e bem... esse é um dos motivos que me fizeram me empenhar tanto em achar a cura, para não ver mais famílias serem destruídas por essa doença. – Minha voz se quebra e antes que eu me dê conta, estou me emocionando.

“Contudo, embora eu tenha perdido o meu pai, o destino se encarregou de me dar você como irmão e... você é meu melhor amigo, acho que a pessoa que eu mais amo nesse mundo todo... eu sei que você não consegue se lembrar disso e agora tudo que vê em mim é esse louco que colocou todo mundo aqui dentro, eu sei disso.

“Mas, por favor, tenta se lembrar da nossa ligação, nós tínhamos umas brigas ou outras as vezes, mas eu juro, você é meu melhor amigo, Sehun. Assim que eu te vi sendo enviado para cá meu mundo caiu e eu nunca senti tanto desespero na minha vida toda. Meu maior objetivo era te salvar.

“Eu não quero perder meu melhor amigo, só tenta se lembrar de tudo de bom que nós vivemos, se depois disso você continuar me odiando, bem, só me restará entender e te respeitar. ”

Eu falei isso mais olhando para o chão do que de fato para ele, não sei porque me senti tão envergonhado falando com meu irmão desse jeito, mas ao final minha voz estava embargada e lágrimas ameaçavam cair pelo meu rosto.

— Luhan... – Até me assusto quando meu irmão fala meu nome hesitante. Ele continua encarando o chão – Só... vamos sair daqui... tentar sobreviver até lá fora... depois nós colocamos as coisas em ordem, minha cabeça está uma zona, tudo bem?

Eu tento manter a compostura, mas a verdade é que ser tratado de maneira tão fria por ele me machucou, chegava a ser frustrante, eu ter me esforçado para salvá-lo e no final de tudo, ter dado errado e ele acabar me odiando.

— Tudo bem. – Eu balbucio e começo a me afastar.

— Só...só uma coisa. – Ele fala me olhando agora – A cada segundo que passa eu tenho mais certeza de que tudo que você fala é verdade, memórias me vêm à mente meio bagunçadas, mas elas vêm e junto com elas eu também sinto que temos alguma ligação... eu não te odeio.

— Pode deixar que eu odeio por nós dois. – Baekhyun resmunga mais atrás com um sorriso sarcástico.

— Só... é muita coisa, ok? Quando sairmos daqui, podemos sentar e conversar. – Ele conclui, sério, rígido, mas é o Sehun que eu conheço, sangue frio assim.

Eu não consigo responder, de repente o céu começa a oscilar e então o vídeo para e começa uma estática até que nenhuma imagem existe mais, apenas a estática de video fora do ar.

Eles pegaram o HD com os dados da cura.

Todos parecem entender também, pois ficam tensos e na expectativa.

— Deu certo?! – Suho pergunta com a expressão mais amigável que eu o vi direcionar a mim nos últimos momentos.

— Eles quebraram a cúpula que transmitia as imagens, eles devem estar aqui daqui a alguns minutos.

— Baekhyun, acenda o farol, isso pode ajuda-los a nos encontrar mais rápido. – Suho o ordena animado. O olhar que ele me lança logo em seguida é singelo, mas é um sinal de boa fé.

Reconheço a caixa e a envolvo com meu campo telecinético mais uma vez, quase me sinto tremer de antecipação, nem parece verdade que logo estaremos fora daqui.

Me aguarde, Kim Heechul, você se arrependerá de ter me traído e feito o que fez com meu irmão.

KRIS

Foi o Suho que disse recentemente, tudo estava muito calmo, uma calma inquietante e estranha, talvez seja por isso que enquanto corro para o encontro do resto do pessoal, não consigo evitar uma sensação estranha, de que algo está errado, fácil demais, talvez.

A caixa preta que Kyungsoo pegou está em minha mão direita, é tão leve que quase não a sinto, como é possível que essa mísera caixinha tão pequena tenha tanto poder e importância aqui dentro?

Não demora muito e nós conseguimos voltar a nova antiga sessão... eu já nem sei mais como chama-la depois de ouvir Luhan falar sobre ela, nova para nós, antiga para ele... seja lá qual for o nome, nós encontramos, voltamos aos corredores de pedra rústica e apertados, o farol de Baekhyun apareceu no horizonte assim que o céu se desfez, as setas na parede serviram como um guia a mais.

— Eles pararam? – Kyungsoo se espanta.

— Devem estar nos esperando, para irmos todos juntos. – Kai comenta por baixo do folego.

Quando viro o corredor e vejo o pilar de luz tão forte e pura a minha frente, até sinto um calor dentro do meu peito, todos estão bem, apenas parados nos esperando.

— Qual o próximo passo? – Pergunto erguendo a caixa preta na minha mão sorrindo de orelha a orelha de empolgação.

— Vocês tiveram que ir atrás dessa caixinha desse tamanho? – Baekhyun se espantou apagando seu pilar de luz.

— Não julgue as coisas pelo tamanho. – Luhan o repreendeu vindo em minha direção e pegando o HD.

— Pois é, olha você por exemplo, é baixinho, mas sempre nos ajudando a voltar em segurança. – Achar a tal caixa me deixou surpreendentemente leve e até otimista.

— Eu não sei bem se isso foi legal ou não... – Baekhyun resmungou por baixo do fôlego – Mas estou aliviado de ver todos vocês e finalmente podermos seguir em frente – ele abaixou sua voz na última frase – eu não aguento mais ficar aqui parado perto do Luhan... só quero seguir em frente.

— Tudo vai dar certo, Baek, tudo vai dar certo. – Eu o tranquilizo.

Não tiro a razão dele, na verdade, se Luhan não fosse nossa maior e talvez única chance de sair daqui, não sei se ele ainda estaria vivo, nós precisamos dele, mas é revoltante ter que trabalhar com o cara que foi responsável por nos colocar aqui dentro.

Luhan virou a caixa na mão várias vezes avaliando se era mesmo aquilo que ele queria e se estava tudo em ordem, podia ser apenas um reflexo meu, mas eu não conseguia evitar de imaginar que a qualquer momento ele nos atacaria e sumiria com a caixinha preta.

— Já podemos ir, não? – Suho pergunta sério e firme.

— Sim, estamos mais perto que nunca de sair daqui. – Luhan confirma com um sorriso calmo. – Fiquem todos perto de mim, ao meu redor, caso algo aconteça, fica mais fácil de protege-los.

Caso o que aconteça? Eu estava quase perguntando quando vi Baekhyun e os outros que haviam ficado aqui o obedecerem, então eu fiz o mesmo.

Ele fechou os olhos, abaixou a cabeça um pouco e começou a se concentrar, inicialmente, parecia que nada havia acontecido, então um estalo muito alto vindo acima de nós, vindo do céu que Kyungsoo havia desmantelado, então um zumbido alto seguido de um silêncio avassalador.

De repente, era como se um barulho que nunca havíamos notado tivesse disso desligado e tudo que ouvíamos era nossas respirações e nada mais.

— Vamos esperar alguns segundos antes de prosseguir – Luhan nos instruiu falando baixo – Agora que todas as normas, diretrizes e sistemas do labirinto estão sem funcionar, não sei o que pode acontecer.

— Eu achei que você sabia tudo que tinha para saber dessa merda de labirinto. – Eu resmunguei tentando manter a voz baixa.

— Sabia até o momento que fui destituído do cargo de cientista chefe e virei mais uma cobaia aqui dentro. – Sua voz não se alterou e ele continuava de olhos fechados. – Depois que ele assumiu o controle, acredito que todos os meus protocolos de segurança e procedimentos devem ter sido alterados.

— E isso quer dizer...? – Sehun perguntou.

— Que eu não sei o que pode acontecer daqui para frente, por isso queria todo mundo junto para seguirmos a partir daqui. – Ele respondeu parecendo estar irritado com tantas explicações.

A confusão de pontos pretos e cinzas no céu só me deixava mais aflito conforme os segundos passavam e nós esperávamos para ter certeza se era seguro, eu já nem sabia mais quanto tempo ficamos parados quando Luhan falou novamente.

— Acho que podemos seguir em frente...mas fiquem mais alertas do que de costume, a partir daqui... estou tão no escuro quanto vocês. Eu sei onde está a saída, mas não sei o que pode estar nos esperando no caminho até lá.

Todas as vezes que ele havia falado do labirinto, uma segurança e calma sempre estiveram presentes em sua voz e rosto, tranquilidade de quem sabe do que está falando, talvez por isso a maioria acreditou nele, mas nesse exato momento, não era assim, ele estava tenso, preocupado, não saber o que podia acontecer o deixava na mesma situação que nós.

Ele era mais um de nós, mais uma cobaia colocada aqui dentro para lutar por sua vida.

A realidade disso parecia tê-lo atingido com força agora.

— A saída está muito longe? – Sehun pergunta.

— Não, só me deem um minuto para fazer um mapeamento mais extenso. – Ele responde novamente fechando os olhos e se concentrando.

Aquela calmaria e silêncio estavam me deixando inquieto.

— Estamos mais perto do que eu imaginava, na verdade, vamos andar com calma e com cuidado, não queremos dar de cara com nenhuma surpresa desagradável. – Se ele esperava que alguém o respondesse, deu azar, ninguém fala uma única palavra, apenas esperamos ele começar a andar.

Ele pode até conseguir nos tirar daqui, mas quem nos colocou aqui dentro para início de conversa foi ele, não faz sentido esperar que sejamos legais com ele.

Mas não deve nem ser isso, “estamos mais perto do que eu imaginava” ele disse, estamos muito perto de sair daqui, de finalmente deixar todo esse terror para trás, essa luta e incerteza diária, o medo de morrer sempre na espreita, os rostos e nomes dos amigos que fizemos e perdemos aqui, isso é algo que nunca conseguiremos nos livrar, é verdade, mas pelo menos teremos um pouco de paz.

Não sei quanto aos outros, mas conforme começamos a andar, a cada passo que dou de maneira vagarosa seguindo Luhan, meu coração parece errar uma batida, meu estomago se retorce e pula dentro de mim, me sinto gelado por dentro, minhas mãos começam a suar, me sinto afoito e ansioso, nem parece verdade que estamos prestes a dizer adeus a tudo isso.

Com tanta coisa rondando minha cabeça, não há espaço para pensar ou falar qualquer coisa, será que todos também estão assim e por isso estão calados? Nem mesmo Baekhyun ao meu lado atrás de todos, nem mesmo ele fala uma palavra sequer.

— Ansioso? – Minha pergunta o tira de seus pensamentos e ele leva um pequeno susto quando ouve minha voz.

— Eu nem sei mais. – O sorriso que ele dá, nem de longe é o mesmo sorriso de sempre, é uma versão cansada, nervosa, tensa.

— Está perto de acabar, Baek, já dá quase para tocar nossa liberdade. – Eu o asseguro e passo meu braço por cima do seu ombro – Está perto do fim.

Quase como se eu tivesse adivinhado algo, mais à frente, vejo uma luz, não é branca e cegante como a entrada para essa sessão do labirinto, é algo mais contido, meio amarelado, então Luhan para a nossa frente.

— Pessoal, no fim desse corredor está o fim do labirinto, - essas palavras pareceram despertar todos nós de todo e qualquer pensamento que pudéssemos estar absortos, meu coração pulou em meu peito e o sinto saindo pela boca, seus batimentos doem pelas minhas veias e o sinto até em minha cabeça – antes de seguirmos eu preciso explicar algumas coisas para vocês.

“ Como eu já falei antes, estamos no subterrâneo, teremos uma longa subida para acharmos a saída. Como eu também já disse, esse labirinto era utilizado no antigo projeto onde os rapazes eram controlados, então mais a nossa frente vai ter um espaço vazio bem grande.

“ Era o espaço onde eram feitos alguns ajustes nos rapazes antes de serem enviados para o labirinto, por isso é grande, todos os cientistas e técnicos faziam diagnósticos antes de enviá-los. Depois desse lugar existe uma antessala, nessa antessala um elevador de plano inclinado que nos levará direto ao topo onde eles eram mantidos.

“ Só tem um problema, esse elevador demora para descer até nós e demora para subir também, enquanto ele não chegar até aqui estaremos expostos a uma possível ação de Heechul tentando nos impedir de fugirmos e... bem, quando chegarmos ao topo, as chances de sermos recepcionados com hostilidade também são bastante grandes. ”

Se meu coração havia pulado no meu peito em animação com a ideia de que já estávamos perto de conseguir sair desse inferno, agora ele batia apertado e apreensivo mais uma vez.

— Mas que inferno, ficando ou saindo, de todo jeito sempre acabamos colocando nossa vida em risco. – Xiumin xingou irritado com a notícia.

— Segundo minha assistente lá fora, assim que a ofensiva interna começasse ela também daria um jeito lá fora, espero que ela tenha conseguido nos ajudar e ganhar um tempo. – Luhan comentou passando a mão no queixo.

— Vamos logo, vamos esperar que ela consiga e que os HDs destruídos sirvam para nos ajudar. – Suho tomou a frente da situação – Essa era a ideia desde o começo, quebrar o labirinto por dentro para facilitar nossa saída, não é? Nós o fizemos, agora só nos resta esperar que tenha funcionado. É só seguir em frente? – Ele pergunta a Luhan e começa a andar quando o outro assente com a cabeça.

Quando dou por mim estou eufórico e com a respiração bagunçada mesmo que esteja apenas andando, quando eu acordei hoje a ideia era apenas explorar, procurar por uma saída, mas está mesmo acontecendo.

Parando para pensar, eu estava tão acostumado a procurar uma saída que eu o fazia de maneira automática e sem nem mesmo pensar, nunca havia pensando no dia que eu conseguisse realmente achar uma saída daqui e agora que esse momento chegou... me sinto perdido.

Depois do que pareceu ser a maior quantidade de passos que eu já havia dado em minha vida, quando o corredor acabou e eu me vi de frente aquilo, a todo aquele espaço, ainda parecia mentira.

Luhan não mentiu ao dizer que havia um grande espaço vazio, na verdade, ele diminuiu, a área era enorme, perto desse lugar, nossa área segura era minúscula, mesmo se tirassem as cabanas que dividíamos, o lugar era simplesmente imenso, acima de nós, lâmpadas redondas perfeitas pendiam do teto e iluminavam o local.

— Uau... – Baekhyun se espantou um pouco mais à frente de mim e sua voz ecoou pelo espaço vazio.

— Porque vocês precisavam de um espaço tão grande? Só para preparar pessoas? – Sehun perguntou também espantado com tanto espaço vazio.

— Haviam muitas máquinas aqui dentro, - Luhan respondeu sem parar de andar e indo em direção a ponta oposta – tanto de exames para analisarmos a saúde dos rapazes quanto de maquinário, implantes cerebrais são equipamentos delicados e que demandam muitos outros para fazê-los dar certo e mesmo assim... no final eles deram errado. – Ele concluiu com tristeza e pesar na voz no final da frase.

Alguns de nós ficaram olhando em volta por alguns segundos, mas logo fizeram igual a mim e seguiram Luhan até a parede oposta daquele grande retângulo vazio.

No meio da parede, ou pelo menos eu acho que era bem no meio dela, havia uma porta de metal que ia do chão ao teto, ao lado direito dela haviam botões em um pequeno quadrado no qual Luhan cutucava fervorosamente e parecia se irritar cada vez mais.

— O que houve? – Suho perguntou de pé bem ao seu lado.

A essa altura, Suho já não tinha mais o olhar duro e a expressão desconfiada e até mesmo irritada no semblante, estava mais parecido com o que todo mundo conhecia, preocupado e amigável.

Estávamos tão perto de sair, tudo que Luhan havia dito até agora parecia ser verdade, talvez ele tenha achado que não havia mais necessidade de desconfiar.

— Eu não lembro qual o código de acesso da sala, precisamos abrir essa porta para poder chegar ao elevador. Mas que porra! – Ele ralhou uma última vez dando um tapa nos botões na parede. – Kris, Kyungsoo, me ajudem aqui.

Ele esticou os braços para frente e mais uma vez o baque que sua força invisível fez ao acertar a porta foi assustador, de novo e de novo, mas o metal apenas se retorceu, parecia mais difícil de derrubar do que a barreira invisível lá atrás.

— Saiam da frente. – Kyungsoo nos alertou.

Em seguida blocos de pedra do tamanho da minha cabeça voaram em direção a grande porta de metal, mas também apenas a amassaram, dessa vez várias estacas de pedra a atingiram, mas nada parecia ser capaz de atravessar aquilo.

— Kris, Chanyeol, esquentem esse metal o máximo que puderem, vai facilitar nossas vidas. – Luhan nos pediu parecendo cansado apontando para a porta de metal.

Chanyeol ficou ao meu lado e nós deixamos nossos mantos de fogo nos cobrirem, algo nisso me deixava feliz, me fazia sentir leve, o som do ar assobiando ao entrar em combustão ao meu redor era quase calmante e agora em um espaço tão grande, eu tive que me policiar para não deixar o manto de fogo crescer demais e queimar alguém.

Olho para o lado e vejo o grande pássaro de fogo batendo asas majestoso, concentro as chamas na boca do dragão e as projeto para frente e ele faz o mesmo, labaredas grandes e volumosas atingem a porta de metal com força e se espalham pelos lados.

Depois de alguns segundos, Luhan pede para pararmos, estacas de pedra voam para a porta de metal, um empurrão da força invisível de Luhan e a estrutura vai ao chão com um grande baque, fumegando, um movimento das mãos de Luhan e o metal sai voando para longe.

— Fiquem de olho se nada acontece enquanto eu chamo o elevador. – Luhan fala apressado enquanto adentra a sala.

Kai, Tao, Chen, Xiumin e Lay ficam mais atrás de guarda, enquanto eu entro com outros, não porque Luhan precise de algum de nós, mas a curiosidade parece falar mais alto.