SUHO

Cada fibra do meu ser parece estar em constante choque, meu estomago está revirando e eu sinto um frio na minha espinha ao mesmo tempo que minhas pernas estão bambas, estou tão tenso que meus ombros doem.

Será que estou cometendo um erro confiando nele? Ainda assim, tudo parece apontar que isso é a coisa certa a ser feita, ele sabe como tudo funciona aqui dentro, ele tem que ser a nossa melhor opção, certo? Ele é a pessoa perfeita para quebrar esse labirinto por dentro.

Qual o plano dele, afinal?

— Considerando o céu daqui... acho que deve ser algum momento da tarde, quase noite. – Ele comenta olhando para o céu que agora está um misto de cinza, roxo e talvez um azul escuro.

— Como você sabe disso? – Xiumin pergunta e pelo jeito que ele o está encarando e o gelo em suas mãos, eu diria que ele está à beira de um ataque de fúria e controla-lo está bem difícil.

— As instalações do labirinto são escondidas da população, boa parte sendo subterrâneas, além disso, se simulássemos o céu real, vocês poderiam acabar se lembrando de alguma coisa e isso poderia causar confusão. – Luhan pode ser inteligente, mas ele parece ter problemas para conversar ou se relacionar com as pessoas, por vezes ele começa a falar as coisas normalmente e perto do fim da frase parece se dar conta de que não deveria ter dito algo. – E essa confusão não faria bem a vocês.

Xiumin o fitou por alguns instantes depois dele terminar de falar piscando várias vezes como se tentasse chegar a alguma conclusão, depois virou a cara balbuciando um “entendi”.

— Vocês sempre perdiam o período da manhã e iam dormir bem tarde da noite. – Ele comentou sem prestar muita atenção, novamente, parecendo perdido em pensamentos. – Acima de nós nesse momento existem dezenas de equipamentos, todo o labirinto é controlado de cima, os mecanismos das paredes, HDs, tudo.

— Por isso que o estralo pareceu vir de cima naquele dia que te encontramos e as paredes ficaram loucas? – Sehun pergunta sendo vencido pela curiosidade.

— Exato.

É estranho tentar desassociar a imagem de confuso que Luhan tinha, para agora vê-lo como a mente por trás disso tudo e como ele está confiante e seguro de tudo que fala.

— Então, alguma ideia de onde possa estar esse último HD? – Isso saiu mais nervoso do que eu pretendia, mas não me importo.

— Bem, primeiramente, vamos precisar deixar um rastro para os rapazes quando eles acharem o HD dos dados da cura, então Baekhyun, eu vou precisar que você marque as paredes conforme avançarmos, acha que consegue queimar essa pedra e fazer setas indicando? – Baek não responde nada, apenas assente e desvia o olhar. – Quanto ao HD, eu estou tentando achar já fazem alguns minutos, - ele responde com um ar cansado – expandindo meu campo telecinético eu consegui mapear uma grande parte do labirinto, pelo menos naquelas direções eu não encontrei nada. – Ele diz apontando para na direção oposta a barreira transparente – Eu tinha que tirar essa dúvida da cabeça, essa barreira poderia ser um chamariz, mas definitivamente está lá. – Ele aponta para o local onde havia a parede transparente e agora há apenas fios faiscando.

— É claro que não daríamos essa sorte. – Xiumin resmunga ao meu lado.

— Então, podemos ir?

Não quero admitir, mas em meu íntimo uma chama de esperança se acende, de repente, o que havia começado como uma simples saída para exploração toma esse rumo de uma possível saída?

Não gosto disso, mas trabalhar com ele é nossa melhor chance.

— É o que tudo indica, esse HD deve estar nessa direção.

SEHUN

Chega a ser irônico pensar que estou com mais medo agora do que há alguns minutos, antes de saber de Luhan e antes de atravessarmos a barreira transparente, de saber tudo que está acontecendo fora daqui e ter a confirmação de que alguém nos observa.

Mas estamos andando já fazem uns bons dez minutos, de maneira cautelosa, pouca luz nos corredores, o som das chamas de Chanyeol trepidando iluminando o caminho à nossa frente e Baekhyun mais atrás sempre de olho no que possa tentar nos atacar pela retaguarda parando aqui e ali para queimar setas nas paredes.

Não sabia que ele tinha tamanho controle das suas habilidades e que podia fazer algo assim, mas Luhan parecia certo de que ele poderia, será que ele já havia observado isso do tempo em que o estudou lá fora? O cheiro da pedra queimada e a fumaça que subia intoxicavam e machucavam meu nariz conforme nos afastávamos de mais uma seta que ele fez.

Tudo parece igual antes, mas não está, parece que as apostas agora são mais altas, as dúvidas ainda maiores e a tensão quase sufocadora, é impressão minha ou os corredores estão ainda mais apertados que antes?

Suho está atrás de Chanyeol, ao lado de Tao, Xiumin ao lado de Lay atrás de mim e, novamente, estou ao lado de Luhan, ao lado do meu irmão? É isso mesmo?

— Luhan, alguma direção? – Suho pergunta quando damos de frente com um corredor para a direita e outro para a esquerda.

— Indo a direita... acabaremos dando em um beco sem saída... – ele responde prontamente – então, esquerda.

— Então você nunca precisou de toda aquela concentração antes, não é? – Tao resmunga.

— Não, eu consigo fazer esse mapeamento andando, mas eu não podia fazê-los suspeitar de mim. – Ele responde prontamente mais uma vez. – Eu preciso de vocês para fazer isso, precisava ganhar a confiança de vocês.

— Continue tentando. – Xiumin cochicha mal-humorado mais à frente, mas em um volume perfeitamente audível.

Baekhyun marca a direção que tomamos e seguimos caminho, ninguém fala nada e eu não sei se esse silêncio é calmante ou avassalador em cima de mim.

— Você me deu um cachorro? – Eu pergunto do nada para ele.

Ele demora um pouco para entender o que eu perguntei, mas quando o faz, um sorriso aliviado se planta em seu rosto.

— Vivi, um poodle branco. – Ele responde mantendo o passo, sua voz está calma, mas vejo certa antecipação em seu rosto. – Você vivia reclamando que queria um animal de estimação e nossa mãe sempre dizia que não daria porque não queria um bicho correndo pela casa e destruindo as coisas. – Ele acrescentou agora sorrindo.

Me sinto ofegante quando, com uma pontada na minha nuca, eu ouço uma voz feminina falando muito longe – Eu sabia que vocês iam acabar com meus móveis...

— Nossa mãe disse exatamente isso quando a Vivi derrubou um abajur dela. – Ele respondeu prontamente mais uma vez, sério. – Não deu uma semana e ela estava comprando uma caminha para a cadela.

Aquele não era nem o momento nem o lugar para eu ter aquela conversa com ele, a tensão estava muito alta, as pessoas ao redor queriam mais que tudo, matar o Luhan e, de repente me senti muito envergonhado de ter aquela conversa com gente ouvindo, mas eu poderia não ter outro momento.

— Como...como... – Eu queria formar a pergunta, mas só conseguia ofegar e tropeçar nas palavras.

— Eu imaginei que isso pudesse acontecer, sigam reto - ele começa a explicar sem tirar o foco do caminho quando um corredor a nossa direita aparece – como eu disse, falar de coisas do lado de fora, ver coisas, ou nesse caso, pessoas que você conheceu lá fora, podem engatilhar e desencadear fluxos de memórias e lembranças e trazê-las à tona. Me ver deve ter causado esse efeito em você, eu já esperava por isso, na verdade, você teve algum sonho?

— Alguns. – Respondo anestesiado ainda tentando entender o que havia ouvido e os pensamentos em minha mente, memórias, cores, lugares, nomes. Tudo tão estranho e no segundo seguinte, parecendo se encaixar como se nunca tivessem saído do lugar onde deveriam estar.

— Quem é o mais velho? – Eu pergunto sem saber ao certo o porquê de perguntar isso.

— Quem é o mais velho? – Ele ecoa minha pergunta divertido. – Sou eu, eu sou o mais velho. Somos meio irmãos, na verdade, nossa mãe casou com o seu pai quando eu tinha dois anos e dois anos depois, você veio ao mundo.

— Algum de nós sabia?

Ao ouvir minha pergunta toda a diversão e luz do rosto dele sumiu e deu lugar ao mesmo pesar de todas as vezes que ele falava do que e porque havia feito tudo isso.

— Me responde, Luhan. – Ele evita me responder e desvia o olhar novamente - Nós sabíamos?

Ele nega com a cabeça rápido ainda sem me olhar com o cenho franzido – Não, nenhum de vocês sabia.

Ter essa confirmação, por algum motivo, me fez sentir mais leve, nós podíamos ser irmãos, mas pelo menos eu não sabia dos negócios sórdidos do meu irmão.

— Eu nunca disse nada para nenhum de vocês, nunca disse para ninguém, na verdade. É um projeto secreto... mas é claro que informações vazam, pessoas somem e existe gente que se engaja em desmantelá-lo, como o grupo que ajudou minha assistente. – Ele concluiu ainda sem me olhar. – Que bom que você lembrou. Quando ele te mandou para cá eu fiquei com medo de acontecer alguma coisa com você – Ele comenta parecendo aliviado.

— Como aconteceu com todos os outros que morreram aqui dentro? – Eu pergunto sem saber ao certo como me sinto.

Se antes ele tinha uma expressão de alívio, agora ela havia sumido e dado lugar a um olhar ferido, cansado – Eu espero que você entenda o porquê eu fiz o que fiz. Se houvesse outra forma, eu faria, mas sem o estímulo e desenvolvimento desse gene, a pesquisa pela cura não é viável.

Ele espera que eu fale algo, mas eu não consigo, minha cabeça está girando tentando digerir tudo, quanto mais eu falo, mais memórias afloram em minha cabeça, de repente, me lembro de tantas coisas, situações, não sei explicar o porquê, mas começo a me sentir protegido perto dele, quase como se soubesse que ele faria de tudo para me proteger.

Quando eu não o respondo, ele parece entender que ainda é tudo muito novo e confuso para mim e não me força a falar também, apenas continua andando ao meu lado, em silêncio.

Mas é um fato, por mais que eu não aprove o que ele fez, a confusão em minha mente e todas as memórias vindo à tona, quase me dói o tratar desse jeito, ver como nesse exato momento ele parece abatido e triste.

Acho que não tenho nem porque tentar negar.

Ele é meu irmão.

— Esperem. – Ele para abruptamente fazendo todos nós darmos um pulo de susto. – Eu acho que localizei.

Todos parecem prender a respiração ao mesmo tempo.

KYUNGSOO

Se alguém me dissesse que eu teria tantas reviravoltas em um só dia como eu tive hoje, eu não acreditaria, eu já nem sei mais o que estou fazendo ou o porquê, estou fazendo tudo de maneira bem automática na verdade.

Chen e Kris seguem ao meu lado, nos três em silêncio atrás de Kai para não o desconcentrar na procura pela tal cruz no chão.

— Isso é ridículo, - ele exaspera irritado – esse labirinto muda todo dia, ele mesmo sabe disso, como ele espera que o caminho até aquele lugar continue o mesmo? – Kai pergunta mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa.

— Talvez não esteja no mesmo caminho que antes, mas esteja por perto, é uma cruz no meio do chão, não deve ser tão difícil assim de achar. – Chen tenta ponderar.

— Você estar calmo assim é bem estranho, Chen. – Kai resmunga. – Acreditando no que o Luhan disse sendo que até uns minutos atrás você estava possesso, pronto para fritar ele.

— Tudo que ele falou pareceu verdade e ser a nossa maior chance de sair daqui, então eu vou lhe dar o benefício da dúvida. Muito embora, se dependesse de mim, eu o fritaria até virar carvão. – Ele acrescenta no final com raiva.

— E você, Kyungsoo, acha que consegue fazer o que ele disse? – Kai me pergunta.

— Espero que sim, para falar a verdade, minha cabeça ainda está girando com tanta coisa.

— Vai dar tudo certo, - Kris tenta me tranquilizar – vamos sair daqui, todos nós. Esses são nossos últimos momentos aqui dentro.

— Tomara que você esteja certo. – Kai resmunga mais a frente.

A verdade é que não andamos por muito tempo, Kai estava reclamando, mas achar o caminho foi mais fácil do que ele, ou eu, esperava, não estávamos muito longe da nossa área segura quando ele começou a correr e exclamar eufórico que o caminho era aquele e nós o seguimos correndo.

Eu quase o derrubo quando ele para, de repente e eu esbarro nele.

— Aquilo é incomum. – Ele sussurra apontando para frente.

Um pouco a nossa frente, três A1 estão caídos débeis no chão, não estão mortos, pois eu vejo seus corpos subirem e descerem ao respirarem, mas fora isso, estão imóveis no chão, as caldas caídas moles e o ferrão desarmado.

— Ele disse algo sobre ter destruído o HD das criaturas, não foi? – Chen sussurrou atrás de mim. – Será que é por isso que eles estão desse jeito?

— Eu não vou arriscar. – Kris nos afasta e sai andando para frente.

Quando ele acende o manto de fogo as chamas chegam a assobiar com a velocidade que elas queimam ao redor dele, normalmente esse tipo de criatura não espera nem mesmo um segundo e já pula para o ataque, mas isso não aconteceu, os três continuaram no chão, imóveis.

Quando Kris lançou um jato de fogo nas três e elas nem mesmo se movem, apenas viram carvão, me sinto até mesmo mal, elas não estavam sendo nenhuma ameaça para nós naquele momento.

Passamos pelos restos fumegantes de seus corpos rapidamente, mais e mais tudo leva a crer que realmente estamos chegando ao fim da nossa jornada aqui dentro. Damos mais alguns passos e achamos uma grande cruz quebrada e craquelada na pedra do chão como se tivesse sido feita com uma ferramenta muito precisa.

— Agora é com vocês. – Kris fala olhando para o céu.

Chen e eu tentamos conversar um pouco sobre como combinar nossas habilidades, seria um pouco complicado uma vez que conduzir eletricidade pela pedra não era lá o mais fácil a ser feito.

Primeiro eu ergui o pilar de pedra e conforme ele subia em direção ao céu, Chen o envolvia com eletricidade, mas ao chegar ao céu, a única coisa que aconteceu foi um baque surdo e um clarão se ramificando pelas nuvens, mas nem mesmo uma rachadura. Repetimos isso mais umas duas vezes, mas nada acontece.

— Será que estamos fazendo certo? – Chen pergunta frustrado.

— Será que não fomos enganados e isso foi só um plano dele para nos separar e matar todos um a um? – Kai pergunta debochado.

Eu resolvo ignorar e me focar no que tenho que fazer.

Eu tento erguer um pilar de pedra sem a eletricidade de Chen, a distância é muito longa, fica até mesmo difícil de ver quando a pedra acerta o céu, eu só ouço o baque surdo e vejo o clarão, resolvo erguer vários pilares ao mesmo tempo com toda a velocidade que consigo, dois, três, quatro, quando o quinto pilar de pedra emite um baque surdo e mesmo assim nada acontece eu os abaixo.

— Eu acho que tenho uma ideia. – Chen comenta olhando para o céu. – Acho que a eletricidade está diminuindo o impacto dos pilares de pedra, talvez eu possa afastá-la e abrir caminho para um golpe forte. Mas eu precisaria estar perto para conseguir fazer isso. – Ele acrescenta me olhando.

Eu exaspero já entendendo o que tenho que fazer.

Ergo meu braço esquerdo na altura do ombro e viro a palma para cima e um pilar de pedra sobe abaixo de nós bem devagar pois não sei qual a distância do chão até a rede elétrica.

Conforme nos aproximamos do céu eu começo a ver como ele é de verdade e não sei se é devido Luhan ter nos dito que era falso, ou a proximidade, mas agora consigo ver que não passa de algo parecido com um vídeo e nada mais, chega a ser bem mal feito e até mesmo tosco quando se olha mais de perto.

— Nunca estive alto assim. – Comento com Chen.

— Joga uma pedra para ver se estamos longe da rede elétrica. – Chen sugere.

Floreio minha mão esquerda para cima e uma pedrinha se desprende do pilar e voa em direção ao céu, mas estávamos mais perto do que imaginávamos, pois o clarão da eletricidade não está a mais de um metro de distância de nós, eu caio sentado com o susto enquanto a eletricidade se ramifica pela distância.

— Ainda bem que não somos altos igual o Kris. – Chen ri paralisado no lugar.

— Nunca achei que ia gostar de ser um dos mais baixos do grupo. – Respondo ficando de pé.

— Certo, eu preciso que você levante uma estaca de pedra para que eu possa ver como a eletricidade age. – Chen me informa.

Eu levanto um pilar ao nosso lado e assim que ele atinge o monitor com o video simulando céu o baque surdo é acompanhado pelo clarão e som ensurdecedor da rede elétrica o protegendo.

Então todo o clarão pareceu ceder e ir para outra direção, Chen estava flutuando envolto em raios, moldando a rede de proteção e abrindo espaço para o pilar de pedra, por um segundo eu esqueci do que deveria fazer, ele parecia estar tendo problemas para fazer aquilo.

— Anda logo! – Ele me apressou com um grito urgente, pela expressão dele, não deveria mesmo ser fácil o que ele estava fazendo.

Movi minhas duas mãos para cima e o pilar de pedra subiu, livre, desimpedido e com força, dessa vez o baque surdo foi seguido pelo som de vidro se quebrando, que eu nem mesmo sabia que eu conhecia, fazendo vários cacos caírem.

A eletricidade cedeu e Chen começou a cair, mas Kai pensou rápido e apareceu no meio do ar, o agarrou e sumiu novamente.

Fiz mais dois pilares de pedra subirem e abrirem um enorme buraco no céu falso que nos cobria, não demorou, e o céu começou a falhar e piscar, logo estávamos olhando para vários pontos cinzas e pretos bagunçados por todo céu.

Abaixei um dos pilares para que eu pudesse subir nele e o subi novamente, quando passei pelo buraco que foi quebrado me deparei com um cenário que eu nem mesmo sabia definir.

Eu não consigo ver o fim do que está acima de mim, apenas um emaranhado de peças e fios, me sinto insignificante perto de algo tão enorme, para os lados, vejo outro labirinto de estruturas, sem entender absolutamente nada do que estou vendo.

Me sinto mal vendo aquilo para ser bem sincero, oprimido, diminuído, sinto medo daquela visão, tão sem vida, tão morto.

Onde o pilar de pedra havia passado e quebrado, via vários pontos faiscantes, fios cortados chicoteavam de um lado para o outro soltando faíscas de suas pontas, algumas coisas pareciam estourar aqui e ali.

Haviam muitas peças de metal por todos os lados, mas no geral, tudo parecia bem escuro, um emaranhado de estruturas metálicas, fios por todos os lados, luzes piscantes e exatamente acima de mim, havia uma caixa preta quadrada igual Luhan havia dito.

Eu hesito um pouco em tocá-la, seria seguro? Será que havia mais alguma proteção elétrica? Eu jogo uma pedrinha pequena nela e nada acontece.

A caixa é pequena, cabe em uma mão com tranquilidade, isso realmente é tão importante assim? Ela parece bem presa, seja lá onde que ela está presa, mas consigo soltá-la jogando um pedregulho na estrutura onde ela estava presa, ela balançou um pouco e caiu na minha mão.

Um barulho muito alto e ensurdecedor segue após isso, aumentando e diminuindo muito rápido e uma luz vermelha começa a rodar em algum lugar acima de mim.

Eu abaixo o pilar rápido para voltar ao chão, tanto por não querer ficar por perto para possíveis problemas, quanto para fugir daquele som desesperador.

Quando chego ao chão eu perco o equilíbrio um pouco e caio sentado, com todo mundo se amontoando ao meu redor, perguntas sobre o que eu vi, se eu consegui o HD, mãos me ajudando a me levantar, o que havia acontecido e porque aquele som, o que aconteceria agora.

— É isso? – Kris pergunta me ajudando a ficar em pé apontando para a caixa preta em minhas mãos.

Eu levanto a caixa e a olho mais atentamente, não sei o porquê, mas ela me parecia familiar, na verdade, olhar para ela me deixava inquieto, como se algo em minha mente quisesse despertar ou acordar, será que fora daqui eu já tinha visto algo parecido?

Eu afasto esse pensamento e apenas a empurro para Kris.

— Vamos, temos que encontrar os outros, no caminho eu falo o que eu vi.

Começo a andar a passos largos com eles me seguindo, perguntas me bombardeando sobre o que eu vi, mas eu só queria esquecer essa sensação estranha dentro de mim, de diminuição. A bagunça de pontos pretos e cinzas no céu acima de nós talvez seja uma boa representação da bagunça em minha cabeça e em meus sentimentos.