The Return Of The Bad Wolf

A tempestade - parte 1


Heart, cover your tracks
The blood that you spill will wash what you lack
Soul, sew up your wounds
Test out your engine. Give it some room
Mind, pick up your pace
Capture the thoughts you always chase
Soul, open your wings
Lift this cage higher than any dream
(A boy and his kite - Cover your tracks)

Corria o máximo que podia, até que tropeçou e caiu. Foi só então que sentiu o vento cortante e gélido e o solo branco e congelado daquele planeta desconhecido. Se curvou sobre o seu próprio corpo e ficou em posição fetal. Tudo era escuridão e a única voz que se fazia ouvir era o do vento.

Ela estava uma bagunça. Completa e generalizada. Sua mente se abriu com o toque dos dedos do Doctor em suas têmporas e se sentiu confusa com tanta informação e com a avalanche de sentimentos, sensações que a invadiram abruptamente. O vento soprava ainda mais forte e Rose o sentia como uma espada que cortava a sua pele por dentro do casaco roxo que vestia desde que saiu do seu universo para o do senhor do tempo.

Conseguia sentir as rotações do planeta, a constituição de cada floco de neve que caía em seu corpo. Se encolheu ainda mais tentando bloquear a dor na cabeça provocado pelo amontoado de informações. Se ajoelhou, colocou a cabeça na neve e começou a tentar se distrair do caos mental que se encontrava. A tempestade se tornava mais agressiva, conforme a sua mente girava inquieta. Ela parecia estar enlouquecendo. Pior, parecia estar morrendo.

Se concentrou no vento e nos seus uivos. Na sensação dele tocando a sua pele. Focou todas as suas forças naquela tempestade, no som que ela proporcionava. Na quantidade de rotações ele fazia, a direção dela.

Foi então que sentiu algo diferente. Era como se a tempestade fosse uma expansão de si própria. Ela levantou a cabeça, e em seguida, o corpo do chão de gelo. Abriu os braços, olhou o céu, fechou os olhos, e pensou no vento que parecia estar dentro de si. A tempestade obedeceu sua vontade e começou a bater em seu corpo da maneira como ela queria. Depois, parecia que tudo saía de dentro dela. Rose abriu os olhos e tocou no gelo depositado no chão, viu o brilho emanando de suas mãos e que tocavam o gelo. Começou a tocar a tempestade em sua mente e descobrir métodos de acionar os seus gatilhos.

Estava tão assustada por tudo aquilo, mas a sensação de fascínio tomou conta de si quando tudo começou a fazer sentido. Quando as peças de sua memória e de seus flashes se encaixaram, Rose olhou para o horizonte e sorriu lançando o gelo em suas mãos e se deixando brilhar na escuridão e refletir nas camadas de neve a cair.



O doctor estava encarando a neve que caía e como a tempestade se tornava mais agressiva pela porta, enquanto os seus amigos discutiam atrás dele. Jackie estava preocupada ao seu estilo, e todos os outros estavam tentando entender o que havia acontecido e onde Rose poderia ter ido. Contudo, parecia que ninguém poderia sair da fábrica abandonada pelo aumento da tempestade. Ele encarava os flocos de neve e o vento com uma expressão vazia, pensando em tudo o que havia visto.

“Você não está preocupado?” - Donna perguntou se aproximando dele e se afastando da confusão.

“O quê?” - Ele foi retirado de suas divagações.

“Você parece estar esperando alguma coisa acontecer. Se você estivesse preocupado com Rose nessa tempestade, já estaria atrás dela correndo sem nem ao menos se importar com o clima.” - Ele abaixou os olhos num gesto que a companheira compreendeu o significado. Ela estava certa. - “O que houve aqui antes dela sair correndo lá para fora?”

O Doctor encarou novamente a neve procurando algo e suspirou. - “Eu consegui acessar as memórias dela.”

“E aí, doctor?”

“Aí que ela precisa descobrir como lidar com isso.”

“Com o quê?” - Donna estava confusa. Porém, alguma coisa aconteceu lá fora e que chamou a atenção do senhor do tempo.

“A tempestade...”

“O que tem?” - Donna encarou o lado de fora. - “Parece estar parando...”

“Ela conseguiu...”

“Ela conseguiu o quê? O que está acontecendo?”

“Ela conseguiu.” - E saiu, deixando Donna e os outros confusos.