—Bom dia, princesa Annabeth. - a sorriso de Francis era alegre, como sempre

—Bom dia Delfim.

— Apreciou o café da manhã?

Ela sorriu.

—Certamente.

—Qeu bom, fico feliz que tenha gostado. Gostaria de dar uma volta pelo palácio? O dia está belo e…

—Sim. - ela respondeu antes dele terminar

Ele lhe ofereceu a mão e ela aceitou, fez um aceno para os demais na mesa, pulando Perceu, que nem a olhou.

—Brigaram novamente? - Alex murmurou para ele

—Sim.

—Besteiras?

—Besteiras. - ele confirmou - Ontem os peguei se beijando.

—O que? - Alex falou alto demais, chamando a atenção das moças - Perdão senhoritas.

—O que tanto falam? - Silvie perguntou

—Notícias de casa. - Percy respondeu

—Ruins, lord Perceu?

—Pelo contrário, boas demais. Minhas terras prosperam, o reino segue bem.

—Mas vejo surpresa na reação de Alexandre.

Alex sorriu.

—Sim, minha surpresa se baseia no fato de que ele lucra mais do que seu irmão mais velho.

—Um homem bonito como o senhor, com terras boas, deverá conseguir um bom casamento, Lord.

Percy abriu um sorriso desdenhoso.

—Não é minha prioridade.

—E quais são suas prioridades? A princesa está segura aqui em Paris e se casando com o delfim ou o barão terá uma vida estável. Você e o senhor Alexandre não tem mais função de protege-la.

Percy concordou.

—Tem razão, ela estará segura. Se ela nos dispensar, voltaremos para casa felizes por ter cumprido nosso dever, se resolver que precisa de nós mesmo estando segura, também estaremos felizes por cumprir com nosso dever.

Silvie pareceu impressionada com a resposta.

—Você é muito… - ela pensou na palavra certa - Comprometido com seu trabalho.

Ele concordou, o assunto terminou ali.

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—Posso crer que depois do beijo de ontem você me escolheu? - Francis perguntou

Eles passeavam pelo jardim do palácio, conversando assuntos diversos até que Francis lhe perguntou

Annabeth demorou na resposta. Seus pensamentos variavam entre Francis e os beijos quentes que trocou com Percy na noite anterior.

—O que te faz achar isso?

Francis arqueou uma sobrancelha.

—Não acho que você seja do tipo que beija para depois escolher.

Eles riram.

—Votre Altesse, Delfim. Le roi demande votre présence. - uma empregada apareceu

Francis a dispensou com a mão.

—O que foi?

—_Meu pai quer nos ver.

—Melhor não o deixar esperando.

Eles se dirigiram até a sala do trono, que ficava próxima ao salão de festas. Annabeth ainda não conhecia o lugar.

Ela e Francis entraram, Louis e sua mãe Nicole de Savigny, Baronesa de Fontette, estavam de frente para o rei.

—Papa, tu nous as appelé? - Francis perguntou, fazendo uma breve reverência

Louis e sua mãe, que estavam na frente do rei, abriram caminho para o Delfim e fizeram uma reverência breve para ele.

Francis se posicionou um passo a frente do irmão e da amante do pai.

—Oui. - Henri respondeu - Na verdade queria falar com todos vocês, mandei que o chamassem em seus aposentos, mas você pelo jeito estava… - ele olhou Annabeth ao fundo, um pouco atrás de Louis e sua amante - Ocupado.

—Estavamos passeando pai. - ele respondeu

Henri deu de ombros.

—Se aproxime, princesa. - Henri ordenou

Annabeth passou por entre Louis e sua mãe e pôs-se ao lado de Francis, fez uma reverência para o rei e a rainha

—Louis e sua mãe decidiram partir do palácio, por tempo indeterminado, visitar suas propriedades. Logo, preciso que decida de uma vez. Casamentos são negócios, encare assim e escolha logo. Não há mais tempo para pensar.

Caterina lhe lançou um olhar de deboche, Henri sorriu malicioso.

—Não acho que há algo a mais para pensar, Rei Henri. Minha escolha foi difícil, seus filhos são homens magníficos. - ela olhou para Louis rapidamente, um olhar de desculpas - Me identifiquei de maneira mais árdua com o Delfim, é com ele anseio me casar.

Francis sorriu vitorioso para o irmão.

Henri trocou olhares com Nicole de Savigny e então olhou para a esposa, Catarina deu de ombros.

_É de seu desejo mio amato Francesco, se casar com… - ela pretendia usar um substantivo simples, mas mudou - A princesa Annabeth?

Francis abriu um sorriso feliz e ao mesmo tempo triste, este que apenas sua mãe poderia reconhecer.

—Sim.

—Certeza mio amato Francesco? - Catherine assegurou

Francis trocou um olhar significativo com ela e depois com o pai.

—Sim.

—Dito isso. - Henri começou - O casamento deverá acontecer o mais rápido possível, em duas ou três semanas.

—Francis é o herdeiro do trono, seu casamento deve ser bem planejado.É necessário tempo. - Caterina contestou

—Então é melhor você começar a planejar, querida.

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—Prometo que serei um bom marido. - Francis brincou, lhe dando uma piscadinha

Duas semanas haviam passado desde que ela o escolheu, o palácio estava uma bagunça. Vários comerciantes e planejadores passavam o dia ali, com a rainha, organizando o casamento.

—Com todo o mimo que recebo ficarei mal acostumada. - ela disse, referindo-se a rosa que ele tinha lhe trazido

Francis lhe deu um selinho rápido.

—Governaremos a França e faremos dela o país mais poderoso do mundo.

—Sim, faremos.

—Eu tenho que resolver alguns assuntos do reino, meu pai me coloca cada dia mais a par dessa questão. Fico feliz é claro… - ele segurou as mãos da noiva - Mas ficar longe de você me chateia.

—Vá, teremos muito tempo.

Ele beijou suas mãos.

—Até mais tarde.

Francis se afastou, Annabeth procurou Clara e Silvie.

—Princesa. - elas fizeram uma reverência - A rainha lhe chama nos seus aposentos.

—Agora?

—Agora, senhorita.

Annabeth suspirou. Clara e Silvie a acompanharam até o quarto da rainha, ao lado do quarto do rei. Silvie bateu na porta delicadamente, então abriu para que Annabeth entrasse.

—Princesa Annabeth.

—Rainha Catarina. - a loira fez uma reverência

—Pedi que te chamassem para conversarmos, tenho algo muito sério para lhe falar.

Catarina olhou para Silvie e Clara, elas esperaram as ordens de Annabeth, que lhes deu um olhar afirmativo.

—Sou toda ouvidos, rainha.

Catarina a observou por um instante.

—Nostradamus tem profecias sobre você.

—Profecias? Quem é Nostradamus?

Annabeth não sabia de quem a rainha da França estava falando.

—Nostradamus é um vidente, um homem da ciência. Um profeta.

A loira quis rir. Na religião dela, isso não existia. A deusa controlava tudo, os Luchd eram seus mensageiros e assim funcionava o mundo.

—Perdoe-me rainha se lhe disser que não acredito em videntes.

—Pensei que diria isso. Nostradamus já provou que suas visões são reais, várias delas já se cumpriram. Inclusive, ele prévio seu casamento com Francis e a morte de meu marido.

—E quando isso vai acontecer?

Catarina riu.

—O casamento ou a morte de Henri? - a voz continha deboche - O Casamento está quase pronto e a morte de Henri… - ela suspirou - Em breve.

—Não entendo por que compartilha tudo isso comigo.

—É simples. Nostradamus previu que seu casamento com Francis traria paz para França.

—Não sei se compreendi...

—Você já deve ter ouvido falar sobre a antiga noiva de Francis, uma menina muito bonita. Mas ela destruiria a vida do meu filho. Eu não contava que você seria solução.

—Eu?

—Sim. Você. Você é a solução para que meu filho não morra. Apenas você. Quero que tenha ciência disso. Não sei o quanto Francis te disse, mas ele amava aquela princesa, e só desistiu do casamento com ela por que eu contei da profecia.

Annabeth pensou.

—E por que me contar agora?

—Porque ele pode ser bom ator para todos, para você, afinal ele será rei, mas para mim não. Não se engane achando que ele te ama.

—Não me engano rainha Catarina, casamentos são apenas convencionais, formas de se fazer aliança.

—Que bom que sabe. Pode ir.

—Foi pra isso que me chamou?

—Eu te chamei pra que saiba que o que tem com meu filho, foi criado, é falso. Você será rainha um dia, mas nunca vai ser uma rainha amada por seu rei.

—E você? - Annabeth disse em um impulso

Catarina se levantou da cadeira onde estava.

—Eu casei por conveniência sim, mas foi minha escolha Annabeth. Eu tinha inúmeros pretendentes, mas eu precisava colocar minha família em uma linhagem real, e foi o que eu fiz.

Annabeth riu. Os médici eram gananciosos, mas inteligentes.

—Parabéns, conseguiu. Se me dá licença rainha Catarina, eu vou me retirar.

—Pode ir.

Annabeth assentiu e saiu. Aquilo era jogo de uma Medici, Catarina queria era lhe provocar, lhe fazer saber o seu lugar. Annabeth não se renderia, um dia Catarina morreria e o reino seria dela. Compreendia o que ela fazia, e talvez até fizesse igual com a esposa de seu filho primogênito. Catarina tinha inventado mentiras para coloca-la em seu lugar, pelo menos Annabeth pensava que eram mentiras.

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Uma semana, esse era o tempo marcado para o casamento de Annabeth e Francis. Percy suspirou. Seus sentimentos estavam confusos e ele não gostava da ideia de ver Annabeth casando com o delfim.

Todo o tempo que ele passou com ela, fez crescer um sentimento que Percy já conhecia, mas nunca tinha nomeado. Seu coração acelerava perto dela, sua respiração ficava lenta toda vez que ela chegava perto e olha que desde a briga deles ela nem falava com ele.

Ele tentou, tentou falar com ela, tentou explicar o que aconteceu naquela noite com Lucille, mas ela o ignorava.

Flashback on

Percy estava quase dormindo, seus olhos estavam cansados da viagem e seu corpo estava dolorido. A porta se abriu devagar, ele ouviu o ranger e levantou a cabeça para olhar.

—Lucille? - ele parecia espantado

—Pouvez-vous m'aider? Je pense avoir vu une sorte d'animal dans ma chambre. (Você pode me ajudar? Acho que vi algum tipo de bicho no meu quarto. ) — ela estava de camisola, trajes não muito confortáveis para ele

—Oui. (Sim) — ele se levantou, sorte que essa noite dormia de calças

Ele a seguiu até seu quarto, Lucille apontou para debaixo da cama, Percy passou por ela e se abaixou para olhar, não havia nada.

—Je ne vois rien, ça doit être parti maintenant. (Não vejo nada, já deve ter ido embora. )

Ele se levantou, Lucille se atirou para ele, jogando-se sobre e o beijando.

—s'il te plait arrête. ( pare por favor ) — ele a segurou pelos braços se afastadno dela

—Jure? Tu me regardais avec désir! Est-ce à cause de la femme qui vous accompagne? (Jura? Você olhou para mim com desejo! É por causa da mulher que o acompanha?)

—Elle n'est rien à moi. (Ela não é nada minha.)— ele respondeu

—Il n'y a donc rien pour vous arrêter. (Então não há nada que te impeça)— Lucille tirou a camisola calmamente, sensualizando para Percy

Nesse momento, Annabeth foi embora, sem Percy saber é claro.

Percy a olhou de cima a baixo, claro, ela não era feia, muito pelo contrário, ela era linda, mas não era loira e não tinha aqueles olhos cinzas tempestuosos.

—Je vous en prie, veuillez vous habiller. Je ne le vois pas de cette façon, pardonne-moi. (Peço, por gentileza que se vista. Não a vejo desse jeito, me perdoe. )

Fou! Sortez d'ici! (Cretino! Sai daqui!)

—Com prazer… - ele murmurou, já se apressando em sair

Ele voltou ao seu quarto, Alex dormia profundamente. Percy deitou-se, pensamentos nervosos rondavam sua mente, ele sentia -se culpado por Lucille ter pensado que ele havia lhe dado alguma investida, mas seu coração respondia a outra pessoa, a outra mulher, a uma certa loira. Pensamentos calmos o atingiram e ele dormiu pensando no beijo que um dia, a loira lhe tinha dado.

Flashback off

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Annabeth caminhava com Francis, seu noivo.

Noivo.

—Recebemos confirmações de muitos reinos. - Francis disse - A comitiva real da Austria confirmou presença, assim como Portugal e claro, Escócia. A Espanha vem para oficializar o noivado de Felipe II e minha irmã Isabel.

—Fico feliz em ter meu pai por perto nesse dia. - ela comentou

—Imagino. Ter o pai presente em um dos dias mais importantes de sua vida é essencial.

—É… - ela sorriu rapidamente para ele

Um longo tempo de silêncio se passou, Francis a olhou seriamente.

—Você tem andado distante. Algo lhe aflige?

Annabeth sorriu disfarçadamente.

—Não, estou ansiosa, apenas.

—Posso não te conhecer a muito e nem perfeitamente, mas vejo em seu olhar certa angústia. Por favor, nos casaremos, temos que manter um nível de confiança entre nós.

—Confiança requer honestidade. - ela soltou

Francis arqueou uma sobrancelha.

—Não lhe tenho sido honesto?

—Não sei, diga-me você, afinal.

—Vamos falar de Lord Perceu.

— Percy?

—Percy? Interessante.

—É um companheiro de longa data, não o chamaria pelo nome formal. - ela explicou

—Você parece ter grande apreço por ele. - ele pensou por alguns instantes e então continuou - Se deseja te-lo perto, talvez um casamento o segure aqui. Eu tenho uma prima, filha do meu tio Charles de Valois, Duque de Angoulême, Bourbon e Châtellerault até a hora de sua morte. Ela se chama Luísa de Valois. Ela vem com um dote alto, talvez isso o faça ficar. O que acha?

—Seu tio concordaria com tal ato? Digo, casa-la com um nobre de título mais baixo.

Annabeth não gostou muito da ideia, e Francis notou isso.

—Meu tio morreu a muito tempo, a tutela de Luísa pertence ao meu pai, e posteriormente a mim. Não se preocupe, eu consigo tudo. Falarei com ele amanhã.

Ela quis dizer que não, tudo nela dizia não, seu ciúmes apitava de maneira alta, mas Francis seria seu esposo, qualquer possibilidade de relacionamento com Percy, seja ele conjugal ou extraconjugal era impossível.

—Acho justo, ele merece. - ela abriu um sorriso falso, mas convincente