The Powerful

Capítulo 14: Solta o som


Rose tinha uma bandeja na mão com café da manhã pra gente.

- E aí meninas? – perguntei da cama, assustando elas.

Me olharam e depois de entrarem com a caixa fecharam a porta.

- Bellinha, tivemos uma ótima idéia – falou Allie animada.

- E qual seria? – perguntei fitando Rose, que abria a caixa.

Ao invés de responder, a baixinha foi ajudar a loira. Me empolguei quando elas tiraram um Videokê de dentro da caixa e começaram a instalar na minha TV. Depois da animação, uma pergunta me veio na cabeça.

- Allie, o que é MO?

Ela me olhou de cara feia, e empinou o nariz.

- Não te conto, você sempre ri dos nomes que eu dou – fez manha.

- Me fala, fadinha. Por favor – falei no mesmo tom manhoso que ela usava.

Ela abaixou a cabeça e me analisou. Depois olhou pra Rose, que havia acabado de instalar, e virou novamente pra mim.

- Missão Okê – soltou de uma vez.

- Até que esse é bom – elogiei.

Tomamos café juntas e logo depois pegamos o catálogo com as músicas.

- Olha, eu quero cantar essa – apontei a música na página. – Me acompanham?

As duas também estavam animadas. Acho que se eu as chamasse pra cantar Iron Maiden, elas aceitariam.

http://www.youtube.com/watch?v=xPKFhq1iRdI

O ritmo do inicio já nos envolvia, então comecei.

Finally I figured out,
but it took a long long time.
And now there\'s a turn about
maybe \'cause I\'m tryin.

Cantei imitando a voz do vocalista. As meninas se empolgaram e logo começaram os back vocals.

There\'s been times (I\'m so confused)
all my roads (they lead to you)
I just can\'t turn and walk away.

O ritmo do refrão era contagiante, e logo Alice já quicava, com o microfone na mão. Rose – que agora estava sem microfone, se juntou a mim.

It\'s hard to say what it is I see in you,
wonder if I\'ll always be with you.
Words can\'t say, I can\'t do,
enough to prove it\'s all for you.

Fomos cantando e nos empolgando cada vez mais, Alice já estava uma pilha, e acho que ninguém conseguiria tirar o bendito microfone da mão dela. Ao acabarmos, eu não conseguia parar de rir, pois até Rose se achava pop star naquele momento.

Estaquei ao perceber que minha risada tinha eco. Olhei pra porta e lá estavam eles. Emmett se apoiava em Jasper – que chorava de rir. Alice foi em direção a eles e deu uma microfonada na cabeça de cada um.

Eles entraram na brincadeira, e até Jasper concordar com Emmett em cantar “Para bailar La Bamba” – como ele chamava – o grandalhão não sossegou. Fizemos várias duplas diferentes e cantamos as músicas mais absurdas.

Paramos rapidamente pra almoçar. Pra variar o “casal ilustre” não nos acompanhou. Minha cabeça girava a procura de uma explicação pra isso.

Voltamos pro quarto, e a cantoria continuou. Alice e Emmett eram sem dúvidas os mais empolgados. Rose só queria fazer solo, disse que os outros estragavam a voz dela. Ri muito disso. Jasper aceitava tudo o que a baixinha pedia. Ele até apresentou ela, quando a mesma resolveu fazer “o solo”.

Eu estava sentada na cama, vendo os quatro cantarem, quando uma figura chamou minha atenção na porta. Era Edward. Ele não percebeu que eu o observava. Vi que em seus olhos vidrados nos quatro cantando, tinham um brilho diferente.

Quando a música acabou que a trupe virou pra mim, como num show de talentos, Edward fez o mesmo. Acho que percebeu que eu já sabia de sua presença, pois logo se retirou.

- E aí Bella, o que achou? – O bomba-boy me perguntou.

- Acho que você será o próximo Michael Jackson – respondi tirando risadas dos outros.

- Eu vou mudar de cor?

Isso só fez com que todos rissem mais ainda. Mandei que cantassem outra música e fui até a cozinha, tentar descolar alguma guloseima pra gente.

- Bella, posso falar com você? – uma voz feminina me chamou.

Virei, e vi Tânia parada em frente a uma porta.

- Claro – respondi, e ela deu passagem pra eu entrar em seu quarto.

Ela fez um gesto pra que eu me sentasse em sua poltrona. Parecia desconfortável com alguma coisa – o que me deixou também.

- Vou direto ao assunto – falou sorrindo. – Sabe, eu ando achando o Ed muito estranho.

Gelei ao ouvir aquilo, e ela parecia analisar cada movimento que eu fazia.

- Primeiro eu achei que fossem aquelas malucas seguindo ele, mas fiquei sabendo que você já cuidou disso – o modo como ela pronunciou o você, fez eu me sentir ainda mais inquieta.

Aonde ela queria chegar afinal? Se é me torturar, pelo menos avisa.

- Isso me fez pensar – procurei por fumaça em sua cabeça. – já que vocês são amigos, por que eu não os vejo juntos?

Ela tinha que fazer mesmo essa pergunta? A resposta era óbvia. Ela.

- Ah, não sei. A gente passou um bom tempo juntos, então acho que ele tinha que te dar atenção – tentei soar simpática.

Me supreendi quando vi seus olhos meio espantados. Tentei ler pelo olhar o que se passava em sua mente, mas sem sucesso.

- Então vocês são mesmo amigos – disse como se tivesse acabado de tirar uma conclusão. Que ao meu ver era meio óbvia.

- É, depois que eu salvei ele das doentes, a gente começou a se dar bem – dei de ombros.

Ela murmurou um “Hum” e ficou me analisando. Aquilo já estava me incomodando. Será que o Edward não consegue achar meninas normais?

Eu, por exemplo. Em pensamento, ri pra mim.

- Bella? – Tânia me chamava.

- Opa – respondi igual uma mongoloide. Corando logo em seguida.

Ela deu uma risadinha e depois se arrumou no lugar. Ainda olhando pra baixo me perguntou.

- O que vocês faziam? Digo, juntos – ela parecia sem graça.

- Ei, calma. Nós somos só amigos – respondi. – Não ficamos nem nada.

Ela sorriu pra mim.

- Sério? Vocês o que só saiam juntos? – agora ela tentava soar divertida, o que me deixou mais a vontade.

- É sério. E por mais estranho que isso possa soar, dormiamos juntos também – e lá estava eu rindo.

Agora ela olhava pra mim como se eu fosse uma aberração. Parei de rir e fiquei olhando sem jeito pra ela.

- Dormiam? – perguntou descrente.

Acho que se desse tería sangue em seus olhos. Como uma garota tão “miss simpatia” poderia ficar assim? Vi que teria que responder logo, antes que ela voasse no meu pescoço.

- Sim, mas já disse que não rolou nada –falei rápido.

Ela levantou e veio me analisar mais de perto.

- Tânia? – A voz de Edwad ecoou pelo quarto.

Quando ele contornou o sofá e me viu, ficou extremamente surpreso.

- Bella? – Ele era lindo até com essa cara.

A pseudo-maluca saiu de perto de mim, e agora seu “olhar vermelho” – que foi como eu denominei o “cheia de ódio” dela – estava voltado pra ele. Aproveitei a oportunidade e levantei, não queria estar no meio desses dois quando ela começasse a atacá-lo.

- Estou indo minha gente – e sem esperar resposta, saí do quarto.

Respirei aliviada do lado de fora. É cada uma que me aparece.

E como uma lei de Murphy, lá estavam as malucas no corredor, paradas em frente a uma porta. Passei e nem olhei pra cara delas, fui direto pra cozinha, eles já devem até estar preocupados. Ou não.