Depois de procurar Summer por toda a escola, inclusive no seu habitat natural, a biblioteca, Marissa encontrou a amiga sentada nas arquibancadas no campo de futebol onde os garotos estavam tendo aula de Educação Física de um lado, e as líderes de torcida estavam ensaiando – aquilo que elas chamavam de coreografia, mas Summer preferia chamar de “um motivo para ficar mostrando a bunda para os meninos na aula de Educação Física”. Summer estava com o notebook no colo, entre uma espiada e outra no campo, digitava alguma coisa no computador.
- Ei, Summer, o que você está fazendo aqui?
- Hey, Coop!
- Espiando os gatinhos na aula de Educação Física? – Marissa olhou para o campo, a magreza de Seth era um diferencial, e o jeito como ele e Caleb irritavam o professor era hilário.
- Mesmo que eu admita que adoro ficar olhando os carinhas sarados correr e suar a camisa, e eu me refiro também ao meu namorado, eu não estou apenas espiando. Checando informações. – Marissa riu, aquele era o jeito de Summer dizer fofoca.
- Me conta vai.
- Repare como a Lana tá de olho no Luke. – Marissa olhou para a capitã das líderes de torcida; Lana estava menos interessada no fato da coreografia estar em completa desordem do que em olhar Luke Carlsson correndo no outro lado do campo.
- Eles não tinham terminado?
- Ele terminou, mas ela, obviamente está interessada em voltar. – Summer ficou digitando no computador, enquanto Marissa olhou para Ryan, que sorriu ao reconhecê-la sentada nas arquibancadas.
- O que você está fazendo, Sum?
- Escrevendo um artigo.
- Sei, mas não seria melhor escrever na biblioteca, quer dizer, você não perde a concentração aqui?
- Não, quanto mais eu vejo a Lana bancar a idiota, mais eu consigo falar mal dela.
- Ah, saquei, você está escrevendo mais um artigo sobre a “bicth crazy”? – Summer confirmou acenando com a cabeça e dando um sorriso moleque. – Summer, a Lana poderia ter processar, sabia?
- Ah, qual é Marissa, eu só estou falando a verdade, a Lana precisaria ter mais que dois neurônios para sacar que é sobre ela. Meu blog bateu recordes de acessos graças ao artigo da “Síndrome da vadia”.
- Você é completamente maluca, amiga!
- Hey, qual é a sua com o Atwood? – Summer perguntou quando Marissa deu um tchauzinho para Ryan, que por sua vez levou um grito do treinador.
- Nós somos amigos.
- Sei. Ele e a Lindsay Wheeler não estão mais saindo, por que ela agora está saindo com o Luke, ou seria com o Oliver. Mas o Oliver está com a Rachel.
- Summer, como você consegue saber de tudo?
- Bem, eles não são exatamente discretos, e... Bom, a Lana senta na minha frente na aula de Francês, e às vezes eu consigo ouvir o que ela e a Rachel conversam, não é de propósito, Marissa, eu apenas escuto. Antes de ontem, eu estava na biblioteca, e a Lindsay estava lá, com o Luke, eu ouvi os dois conversando.
- Eu não preciso dizer que ouvir as conversas alheias não é legal, não é?
- Eu já falei que não é de propósito, Coop! Assim como não foi de propósito quando eu ouvi a Barbie Revolution combinar com o Baby Nichol de ir para uma festa.
- Quem é Barbie Revolution? – Marissa perguntou, embora fizesse uma ideia, na verdade tinha certeza, mas às vezes era difícil acompanhar o raciocínio de Summer quando o assunto era colocar apelido nas pessoas. – Ok, eles estão namorando.
- Não, não é sério, foi o que ele disse.
- Entre o que ele diz e a verdade existe um espaço enorme, Summer. Sabe, você me deixa nervosa fazendo várias coisas ao mesmo tempo. Como você consegue?
- Eu sou assim, Coop! Às vezes eu fico preocupada com ele, sabe? – Marissa pensou que Summer estivesse falando de Seth, por que nessa mesma hora ele estava levando um empurrão, de um dos caras mais altos e mais fortes.
- Ele vai ficar bem.
- Do jeito que ele bebe e saindo com aquela garota e os amigos dela, ele vai acabar numa rehab, Coop.
- De quem você tá falando? Ah, do Cal, eu concordo.
- A gente deveria fazer alguma coisa, você não acha? Tentar ajudar. Ele é nosso amigo, não é? – o professor dispensou a turma, e os alunos começaram a sair; as garotas viram Cal encontrar Alex, e beijá-la, na verdade, agarrá-la, encostá-la na grade. – Eww!
- Acho que ele tem outros amigos agora, Summer. Acabou encontrando pessoas que tem mais a ver com ele. – Summer teve que concordar com Marissa, mas, ok, a turma deles poderia não ser muito divertida, preferir jogar Playstation a festas regadas a cerveja e drogas, mas ela não acreditava que Caleb estivesse melhor andando com a Barbie Revolution. – O Seth não fica com ciúme?
- Que? Claro que não! Coop, o Cal é meu amigo, eu me preocupo com ele, o Seth sabe disso. Ele também se preocupa. – Seth veio subindo a arquibancada até as garotas e ameaçou beijar Summer. – Você está todo suado, Cohen!
- Não foi por isso que você veio, para me ver suado? Pra admirar todo meu talento e aptidão para exercícios físicos?
- Pára, Cohen! – Summer desligou o notebook e guardou na mochila. – Mas, ok, a gente precisa de um plano.
- Um plano? Do que se trata? Vamos salvar o mundo?
- Vamos salvar um amigo de cair no abismo. – normalmente Seth achava um charme todo especial o jeito maluco com que Summer tratava tudo, mas agora não estava entendo do que a namorada/amiga estava falando. – O Nichol. – Summer apontou para Cal e Alex se agarrando.
- Eu não chamaria aquilo de abismo, Summer.
- Seth, desde que o Cal começou a andar com aquela Barbie revoltada com o sistema, ele está diferente.
- Summer, o Cal não está diferente, ele sempre foi assim! Lembra que ele veio estudar aqui por que foi expulso da escola em San Fran? Talvez seja melhor se a gente não se meter na vida dele. Ok, se ele quer se agarrar com a Barbie Revolution, transar com ela e usar drogas, com ela, não é nosso problema.
- Ele é nosso amigo, Cohen! – Marissa estava vendo acontecer o que ela tinha certeza que aconteceria, Summer estava exagerando tanto na história de ajudar Caleb que Seth estava começando a ficar com ciúme; mesmo que a amiga fosse incapaz de uma traição, mesmo que ela realmente tivesse deixado de gostar dele, com certeza não era legal ficar falando de outro cara com o namorado o tempo todo, talvez agora entendesse por que Ryan ficava com ciúme.
- Ei, eu vou, ahm, até a biblioteca.
- A gente se vê, Coop! Desculpe querer ajudar um amigo, Cohen! – Seth baixou a cabeça, pensando um pouco antes de falar. Concordava com Summer, Cal não estava legal, mas também não conseguia não sentir ciúmes, nos últimos dias Summer só falava com ele para perguntar sobre Caleb, ou contar que ele tinha se atrasado, ou faltado a aula, ou que ele estava dormindo durante a aula, e com os olhos vermelhos.
- Desculpa?
- É uma graça você ficar com ciúme de mim, Cohen.
- Ok, eu tenho ciúme mesmo, por que eu te amo. – Seth acabou dizendo as últimas palavras meio no susto, não que não fosse verdade, mas talvez as arquibancadas não fossem o lugar mais apropriado para essa declaração.
- Você o que?
- Eu te amo.
- Oh my Gosh! – Summer atirou os braços em volta do pescoço de Seth e o beijou sorrindo ao mesmo tempo. – Eu te amo também, Cohen!
- Eu ainda estou suado.
- Eww! – Summer pegou a mochila e saiu abraçada a Seth. – Ainda precisamos de um plano!
- O que a gente pode fazer?
- Fazer o Caleb entender que ele tem amigos e que os amigos que ele tem entendem como ele se sente.
- E nós entendemos?
- Cohen!
- Honestamente, Summer, você consegue entender por que alguém que tem tudo age como se quisesse acabar com a própria vida?
- Talvez seja esse o problema, Seth, ter tudo! – Seth fez que não entendeu. – Bom, você já imaginou crescer sendo o garoto que tem tudo? Quer dizer, as melhores roupas, as melhores viagens, os carros mais caros, nenhum carinho. A mãe dele morreu, a namorada e o melhor amigo traíram a confiança dele, e o pai dele é o Rei de Newport, que você conhece melhor que eu. E se o dinheiro não comprar tudo mesmo? Ok, eu também acho que isso não justifica que ele vire um drogado, muitas pessoas tem problemas e não os transformam em desculpas. – Summer encarou Seth, deixando claro como sentia orgulho dele por ter encarado toda a coisa da separação dos pais sem fazer drama. – O seu pai sempre teve mais tempo para o trabalho, e nós sabemos que o Ryan é o filho preferido dele, a sua mãe traiu seu pai e está morando com um cara de vinte e cinco anos; meu irmão morreu, e minha mãe foi embora há seis anos e não mandou nem um cartão postal. E nós estamos aqui, seguindo nossas vidas e tentando fazer o que é certo. Mas nem todas as pessoas são fortes como nós, Cohen!
- Esse foi um ótimo discurso, minha pequena notável. E, sim, nós precisamos de um plano.
***
Marissa prometeu que tentaria entender e não fazer drama em relação a Jimmy e Matt, e na teoria parecia bastante fácil, se comparado ao que acontecia quando ela dava de cara com os dois juntos, preparando o jantar, e trocando carinhos como se fossem namorados. Ok, namorados é o que eles são, mesmo assim, a ideia de ter um pai gay não era a coisa mais simples de encarar, mas também não queria magoar Jimmy, e se ele precisava, ou queria um pouco de tempo sozinho com Matt, o que ela precisava fazer era ficar mais com a mãe, ou na casa dela, já que Julie estava muito ocupada com o trabalho, o que também levava Marissa a pensar que talvez ela estivesse com problemas no casamento, afinal, da última vez que ela enfiou a cara no trabalho com tanta obsessão, foi antes do divórcio. Julie adorou quando ela disse que passaria alguns dias na mansão, e quem também gostou da ideia foi Summer, que a encarregou de ficar de olho em Cal. É claro que isso não era uma coisa fácil, Cal passava muito pouco tempo em casa, e ultimamente quando ficava em casa, estava com Alex, Marissa não entendia por que ele ainda dizia que não estavam namorando. Ryan ligou e lhe chamou para ir ao IMAX ver um filme, e Marissa aceitou; já estava quase de saída quando Summer telefonou para contar o plano.
- Ok, Summer, eu não entendi uma palavra do que você falou, então, começa de novo.
- Ok, é o seguinte, Coop, vamos manter o Baby Nichol longe da Barbie Revolution, por que, é claro, que ela é uma péssima influencia para ele.
- E como vocês, quer dizer, nós, vamos fazer isso?
- Vamos passar mais tempo com ele do que ela. E pra começar, você pode chamá-lo para estudar hoje.
- É que, na verdade eu estava pensando em ir ao IMAX ver um filme com o Ryan, bom, ele me convidou.
- IMAX, ham? Acho que o Cal vai adorar ver um filme com os melhores amigos. Você pode chamá-lo.
- Tudo bem.
- Ótimo, vejo vocês no IMAX. Até! Bye. – Marissa não teve tempo de dizer a Summer que talvez juntar Caleb e Ryan no mesmo espaço não fosse uma boa ideia, a amiga já tinha desligado. Ela faria a sua parte, embora duvidasse que Caleb topasse ir ao cinema com eles, aliás, duvidava mesmo que ele estivesse em casa, mesmo assim, bateu na porta do quarto, duas vezes, e como ele não respondeu, ela empurrou; para sua surpresa, ele não apenas estava em casa, como não estava sozinho.
- Oh meu Deus! – Marissa exclamou quando viu Alex na cama com Cal.
- Marissa, tá fazendo o que aqui? – ele levantou a cabeça, e puxou o lençol para se cobrir.
- Desculpa, eu não, pensei que você não estava, ok, desculpa.
- Tudo bem, Marissa, o que você estava procurando? – Marissa queria que ele percebesse que não era muito elegante conversar com alguém que estava nu na cama com outra garota, mas Caleb não parecia nem um pouco incomodado.
- Nada, eu só, é que, a Summer ligou, e, a gente vai para a, ahm, lanchonete, ela perguntou se você não queria ir, mas, ok, já vi que não, então, desculpa.
- Não, ok, eu vou. Encontro vocês lá.
- Ok. – Marissa saiu e fechou a porta do quarto, imaginando se algum dia poderia superar aquela visão; telefonou primeiro para Summer, depois para Ryan para refazer os planos, e foi encontrá-los na lanchonete perto do píer. Ela foi a primeira a chegar, e depois Summer a encontrou, a primeira coisa que fez foi perguntar por Cal, e Marissa não conseguiu esconder o que tinha visto da amiga.
- Eww, Coop! – Summer não controlava o riso enquanto Marissa ficava vermelha, a amiga estava rindo como se aquilo fosse uma coisa muito engraçada e não constrangedora. Depois que os meninos chegaram pelo menos elas puderam mudar de assunto, mas Marissa mal conseguiu olhar para Caleb sem ficar envergonhada. Como ela previa, a ideia de juntar Ryan e Cal no mesmo ambiente não foi grande coisa, eles não começaram a brigar feito dois moleques, mas também não perdiam a oportunidade de irritar um ao outro, como dois moleques. Na verdade, não foi muito divertido o tempo que passaram na lanchonete, e tentaram conversar, mas não houve sucesso, embora Summer considerasse um progresso muito grande que Caleb estivesse sentado na lanchonete comendo batata frita e tomando refrigerante, e falando sobre Nascar, que provavelmente era a única coisa que ele e Ryan tinham em comum, embora enquanto Ryan achava que Scott Dixon era um gênio, Cal dizia que ele não era grande coisa.
- Vocês conseguem guardar um segredo? – Cal perguntou e apenas Summer e Seth balançaram a cabeça. – Ano passado eu e meus amigos fomos escondido para Indianápolis. De carro.
- Você foi para Indianápolis de carro?
- Eu disse a minha tia que ia passar uns dias com o meu pai; foi a melhor viagem da minha vida. – Cal não ficou muito tempo feliz com a lembrança, embora a viagem tivesse sido mesmo maravilhosa, ele não queria lembrar de Anabelle e Dean. – Bom, acho que eu já vou indo nessa.
- Por que, ainda está cedo. – Summer disse.
- É, eu vou encontrar a Alex, e, tem uma festa que a gente vai, vocês querem ir?
- A gente ainda está no meio da semana, cara! – Ryan falou, de repente se sentindo a própria madre Teresa.
- Você está lembrado que aquela prova de Francês é amanhã, não é?
- Oui, Summer. A gente se vê na escola. - pela janela da lanchonete, os quatro puderam ver quando Cal encontrou Alex, e os dois foram embora juntos.
- Quem é que vai para uma festa em plena quarta-feira? – Ryan disse.
- Nosso plano falhou. – Marissa e Seth se entreolharam, com muita vontade de dizer a Summer que tinham avisado que aquilo podia não dar certo. Eles queriam ajudar, mas se ele não estava disposto a ajudar a si mesmo não havia muito o que pudessem fazer. – E se a gente falasse com o pai dele?
- Summer, o Caleb vai ficar bem. – Seth pôs a mão sobre a de Summer querendo tranquiliza-la; Ryan e Marissa resolveram ir embora e os dois ficaram sozinhos. – Talvez a gente esteja exagerando, Summer.
- Eu já vi esse filme, Cohen. – Seth viu uma lágrima escorrendo dos olhos de Summer, então ela explicou por que aquilo lhe afetava tanto; antes de morar em Newport, Summer vivia em Seattle, e tinha um irmão, Darren, e ele morreu de overdose de cocaína. – Eu tinha só sete anos... Eu gostava tanto do Darren, Cohen, e, eu tive que ver a vida dele acabando aos poucos. Depois que ele morreu, a minha mãe, pirou, e um dia ela foi embora. Eu não esperava ver isso acontecer com outra pessoa próxima a mim. – Seth não soube o que dizer, sabia que Summer teve um irmão, mas ela nunca tinha contado como ele tinha morrido.
- Nós somos a Liga da Justiça, ok, vamos conseguir salvar o nosso amigo, eu prometo.
Seth bem queria acreditar que talvez eles estivessem exagerando, e tentou trazer Cal de volta do lado negro da força, mas não adiantou muita coisa. O comportamento do amigo estava irreconhecível, ok, desde o início ele soube que Cal não era santo, mas ele sumiu de casa no feriado do Dia de Ação de Graças, e depois Marissa disse que teve uma briga das feias entre Caleb pai e Caleb Junior na mansão dos Nichol. Também teve problemas na escola, por que foi por duas vezes chamado à sala da diretora, Dra. Kim, uma das quais fugiu antes de ir; e na mesma semana o Sr. Nichol esteve na escola para falar com o Diretor de Disciplina. Nesse dia Marissa foi encarregada de ir para casa e espiar o que ia acontecer, e depois passar o relatório para eles, talvez, e era um talvez bem grande, Jack Hess fizesse alguma coisa útil naquela escola, além de meter medo nos alunos; depois da conversa com o diretor, quem sabe o pai de Caleb não daria um pouco mais de atenção ao filho e pudesse ajudá-lo. Marissa, entretanto, preferia não ter presenciado aquela conversa.
Marissa ia subir a escada, mas ao ouvir as vozes de Cal e do pai vindo na direção da sala, voltou e ficou escondida; Cal já estava quase na porta quando seu pai puxou-o pelo braço.
- Você vai me ouvir agora, Caleb. Sabe por que eu fui até a sua escola hoje?
- Você vai voltar a estudar? Mas acho que está um pouco velho pra isso. – uma coisa ela tinha que admitir, Cal sabia exatamente como deixar o pai fora de si; por um instante Marissa pensou que Caleb fosse dar um tapa na cara de Cal, mas ele se controlou.
- O diretor Hess disse que encontraram drogas no seu armário. – Cal deu de ombros.
- É mentira.
- Você tem certeza?
- Claro que eu tenho.
- E quanto a dormir nas aulas? Faltar provas? Beber na escola? O que você pretende fazer com a sua vida, Caleb? Escuta, você tem que parar, você já fez a sua ceninha, já chamou a atenção, ok? Já teve seu momento de rebeldia, agora chega. Chega de agir como se fosse um drogado, por que se não é assim que eu vou te tratar, você está me entendendo?
- Você não se importa, não é mesmo? Você nunca se importou comigo. Você nem repara que eu existo, só se preocupa com a droga do seu trabalho.
- Você não acha que esse seu drama de pobre menino rico já passou dos limites? É claro que eu me importo com você. Mas eu não tenho tempo a perder com a sua rebeldia, Caleb. Se você fizesse um mínimo de esforço, entenderia. Você não é mais criança, já tem idade suficiente para entender, e principalmente para fazer suas escolhas, você pode escolher ser uma pessoa de sucesso, como eu... – Cal deu uma risada.
- Pessoa de sucesso, você? Desde quando ser odiado é ter sucesso? Ninguém gosta de você, as pessoas só te aguentam por causa do seu dinheiro.
- Ou talvez você queira virar um fracassado alcoólatra igual a sua mãe. – Marissa abriu a boca como se quisesse entrar no meio da briga e dizer alguma coisa, aquilo era cruel; ela sabia pouco sobre a mãe de Cal, mas o pai não precisava jogar aquilo na cara dele, daquela maneira. Ela imaginou que as coisas piorariam depois daquilo, mas Cal não respondeu, não com palavras, ele cuspiu na cara do pai e saiu batendo a porta.
Marissa continuou escondida até ver o padrasto sair da sala; ligou para Summer, mas antes de encontrá-la para contar o que tinha visto, resolveu procurar Cal, não se admiraria se ele tivesse saído para comprar drogas ou até pular de algum penhasco, Summer tinha razão quando dizia que algumas pessoas são mais frágeis emocionalmente. Marissa foi até o Bait Shop, e procurou pelo píer, mas não viu Cal; depois encontrou Summer e Seth na lanchonete e contou aos dois o que tinha visto.
- Bom, ninguém merece ouvir coisas assim do próprio pai. – conclui Marissa. – Mesmo que seja verdade. – acrescentou.
- O Sr. Nichol não deve nem ter coração! Será que ele não sabe que deveria dar apoio ao filho? Conversar, ser amigo. É o pai dele, droga!
- Summer, eu acho que no coração do Sr. Nichol só tem espaço para o dinheiro.
- Aposto como se o Sr. Nichol morresse o Cal ficaria muito mais feliz.
- Summer!
- Ah, falei mesmo, qual é, o cara não se toca que dinheiro não é tudo, um pouco de carinho com o filho não mataria. Ok, o senhor do escuro pode ter desistido do filho, mas nós não, vamos ajudar o Cal a sair dessa encrenca, eu ainda não sei como, mas a gente não vai ficar de braço cruzado enquanto ele acaba com a própria vida.
- Eu tenho um plano... – disse Seth. – Nós sequestramos o Caleb e deixamos ele preso por um tempo, até ele se desintoxicar.
- Nós podemos prendê-lo na casa da piscina. Ótima ideia, Cohen.
- Só que ele é bem grande, então, vai ser um pouco difícil a gente conseguir sequestrá-lo e arrastá-lo até a casa da piscina.
- A gente dá um jeito.
- Podemos pedir para o Ryan dar uma surra nele. – eles conseguiam rir e fazer brincadeiras, mas intimamente sabiam o quanto a situação era séria; não era só exagero, se até encontraram drogas no armário de Cal na escola, então, era muito mais grave do que imaginavam, e com aquele pai, ele ia precisar de muita ajuda dos amigos.