The Oc: Pecados no Paraíso

Capítulo 18: TWISTED LOGIC


O plano era muito simples, eles deveriam manter Caleb ocupado o máximo de tempo possível, principalmente sem estar com Alex e os amigos dela; para isso, Summer inventou toda desculpa para estudarem juntos, ver filmes e até um campeonato de videogame; Cal voltou a não comemorar o aniversário, embora estivesse fazendo 18 anos, não houve festa, o que para ele poderia ser considerado positivo, afinal, sem festa ele não pode beber até desmaiar. Mas não significa que tenha tido um dia feliz, o seu aniversário é também aniversário de morte da sua mãe; fazia seis anos e Cal ainda lembrava como se tivesse acontecido no dia anterior; ele tinha passado o dia todo no quarto, cercado por presentes, incluindo um novo videogame e um skate que tinha insistido muito para ganhar, mas mesmo assim estava com muita raia dos pais, porque eles não lhe levaram para passar o aniversário na Disney, mas ao invés disso, eles começaram a brigar como faziam sempre que o pai não estava no trabalho. Cal não entendia como eles podiam brigar no dia do seu aniversário.
O garoto apertou as mãos nas orelhas, mas não evitou ouvir os gritos e o barulho de objetos sendo atirados contra a parede; depois o pai saiu de casa dizendo que queria o divórcio e a mãe se trancou no quarto com um litro de vodca; ele passou o aniversário sozinho com seus presentes caros; quando alguém se lembrou dele naquele dia foi para contar ao menino de doze anos que sua mãe estava morta, e ele só descobriu que ela se afogou na banheira porque ouviu pessoas cochichando durante o velório. Apesar de nunca ter recebido muito carinho da mãe, Cal sentia falta dela, e principalmente sentia por ela não ter sido feliz. Ele se perguntava como era possível alguém ser tão infeliz a ponto de acabar com a própria vida. Perguntava-se como seu pai conseguia ser tão frio. E sua maior frustração era se importar; porque não podia simplesmente esquecê-los como eles tinham lhe esquecido?
Cal estava sozinho no quarto, tal como no aniversário de 12 anos, quando Alex telefonou chamando-o para uma festa; ele não estava muito a fim, mas também estava entediado; uma festa não resolveria seus problemas emocionais, mas os afastaria de sua cabeça pelo menos enquanto ele estivesse bêbado. Quando abriu a porta do quarto para sair, Marissa estava com a mão levantada para bater.
- Marissa, oi. – Marissa avaliou como ele estava bem vestido.
- Oi. Vai sair?
- Vou. Algum problema, Marissa? – “além do seu pai esquecer seu aniversário de 18 anos?”, pensou Marissa.
- Eu queria que você me ajudasse com... Uma... Coisa.
- O que?
- Uma coisa, lá embaixo.
- Ok. – o celular de Cal começou a tocar e ele tirou do bolso para atender. – Eu tô indo, daqui a pouco. A gente se vê. Então, o que você quer de mim, Marissa?
- Ahm, vem. – Cal achou Marissa estranha; chata e certinha ela sempre foi, agora parecia maluca também; ele desceu a escada logo atrás dela e quando chegaram à sala e viu Summer, Seth e Ryan entendeu menos ainda o que estava acontecendo. Summer se virou e pegou um bolo todo recheado com glacê laranja, que estava em cima da mesinha. – A propósito, feliz aniversário! – Cal não soube o que dizer; Summer acendeu as velinhas e Seth mostrou o CD “Parachuts” e eles cantaram “Happy birthday, dear Cal”, até Ryan cantou parabéns, embora parecesse pouco à vontade.
- Na verdade, eu passei pra falar com a Marissa, mas eu posso voltar depois. – ele disse, um pouco sem graça.
- Porque você não fica? – Marissa perguntou, mas todos olharam interrogativamente para Cal. – A Summer fez um bolo e o Seth trouxe o CD do Coldplay. Pelo visto tem uma festa aqui. – Cal deu de ombros, balançou a cabeça e deu um pequeno sorriso.
- Bom, pra ser festa tem que ter mais que quatro pessoas, se não é um encontro duplo. – Ryan não sabia exatamente se queria ficar, mas ir embora e chatear Marissa com certeza não era uma boa ideia. – Pra ser festa também tem que ter bebida.
- Não! – Summer disse veementemente. – Refrigerante diet, eu mesma comprei.
- Eww! – Cal falou divertindo-se com o jeito de Summer e pegou o CD das mãos de Seth. – Como você sabia que era o meu preferido, Cohen?
- Você é minha alma gêmea.
- Cohen! – Summer bateu nas costas de Seth e Cal foi colocar o disco para tocar.
- Eu vou pegar as bebidas. Me ajuda, Ryan?
- Claro. – Marissa e Ryan voltaram trazendo os refrigerantes diet, pratos e talheres para o bolo; Marissa tinha uma suspeita que sua mãe ficaria louca se visse latas de Coca-Cola em cima da mesa de centro e a prataria francesa usada com tão pouco cuidado, mas ela não estava em casa, estava em algum jantar importante com o marido e naquele instante, vendo Cal se divertindo tanto, o melhor que o Sr. Nichol poderia fazer era demorar bastante a chegar.
O telefone de Cal tocou várias vezes, mas ele ignorou todas até finalmente desligar o Iphone; nunca tinha imaginado passar seu aniversário de 18 anos bebendo refrigerante diet, comendo bolo de laranja, ouvindo Coldplay e falando sobre quadrinhos; mas, enquanto ouvia Summer e Seth elencarem todos os defeitos das adaptações para o cinema dos gibis, pensou que nunca tinha se divertido tanto; nem a presença de Ryan lhe incomodou; talvez já pudesse superar aquela briguinha; a verdade era que sentia que tinha bons amigos e queria agradecê-los pelo melhor aniversário da sua vida, mas acabou não encontrando palavras ou um jeito bom de dizer.
***
Trey saiu do escritório mais cedo e até comprou flores para comemorar o divórcio de Kirsten, embora isso parecesse muito estranho, “quer dizer, quem comemora o divórcio?”, pensava sozinho enquanto dirigia incapaz de conter o sorriso, afinal, àquela altura, Kirsten já tinha voltado da audiência e já era oficialmente uma mulher livre e logo poderia ser sua esposa; o fato de Kirsten ser alguns anos mais velha, não tinha importância nenhuma.
Ele chegou em casa e precisou tocar a campainha, porque ainda não tinha feito cópias das chaves novas; Kirsten abriu e ele lhe entregou o buquê de rosas.
- Pra você.
- Uau! – Kirsten pegou as flores e inspirou o perfume, Trey lhe deu um beijo no rosto e deixou a pasta e o paletó em cima do sofá; ele estava falando, mas Kirsten não prestava atenção, pensava em como ele era carinhoso e atencioso, não era um romântico afetado que trazia flores pra provar alguma coisa, mas uma pessoa sincera que se importava com cada detalhe da sua vida, capaz de lembrar das coisas mais bobas que ela dizia.
- Kirsten, Kirsten?
- Oi?
- Tudo bem?
- Ahm, sim, desculpe, eu me distrai. Você estava falando alguma coisa?
- É, eu perguntei como foi a audiência.
- Ahm, não houve audiência.
- O que você quer dizer com ‘não houve audiência’?
- O Sandy não compareceu.
- Mas ele tinha concordado, não é?
- Ele desistiu, não concorda mais; o advogado trouxe uma carta, ele quer conversar, a sós e sem juiz, na nossa casa. – Trey reparou que Kirsten estava arrumada.
- Ah, não! Você vai?
- O Sandy quer conversar, não custa ouvir o que ele tem a dizer.
- O que ele tem a dizer, Kirsten? Eu sei o que ele tem a dizer, ele se arrependeu do jeito como te tratou, desistiu da separação e agora quer convencer você a voltar pra casa. E você vai, porque talvez no fundo você também queira desistir, desistir da separação, de mim e voltar pra sua mansão e pra sua vida rica e infeliz.
- TREY! Eu não admito que você questione meu sentimento por você. Eu passei quase 20 anos casada com o Sandy, ele é o pai dos meus filhos, eu não posso, de repente começar a fazer de conta que ele não existe. Eu não sei qual a intenção dele, se quer desistir di divorcio ou, eu não sei, mas eu sei o que eu quero.
Trey abriu a boca, mas não soube o que dizer, talvez devesse se desculpar por perder o controle, talvez devesse se sentir envergonhado por pensar que quem trai uma vez pode trair de novo, afinal; encarando os olhos azuis de Kirsten tinha certeza que ela sabia o que ele estava pensando e antes que o pedido de desculpas escapasse dos seus lábios, ela pegou a bolsa e saiu.
Quando Kirsten entrou pela porta da frente, parecia que fazia séculos que não pisava naquela sala; ela deixou a bolsa no sofá e ficou um instante olhando as fotos de Ryan e Seth crianças em cima da mesinha, quanto tempo tinha passado desde que Seth usou aparelho e Ryan andava de bicicleta. Kirsten foi até a cozinha e para sua surpresa, Sandy estava desembalando a comida, o que era realmente inédito, mas além disso, alguma coisa na expressão do ex-marido estava diferente, muito diferente da última vez que se viram; realmente Sandy parecia mais calmo.
- Kirsten, eu não vi você chegar.
- Desculpe, eu acabei esquecendo de devolver as chaves.
- Não tem problema.
- Os meninos estão em casa? – Sandy demorou um instante para responder, estava procurando alguma coisa no armário; Kirsten foi até lá e pegou a travessa.
- Obrigado. Eu estou conhecendo a cozinha ainda.
- E os garotos?
- Eles saíram, na verdade eu pedi que eles saíssem hoje, pra gente poder conversar com mais privacidade, eu imaginei que você talvez não quisesse um encontro em público. – Kirsten arqueou a sobrancelha; Sandy levou a comida para a mesa e convidou-a para sentar. – Eu queria me desculpar por não ter ido à audiência.
- O que? Sandy, você não faltou de propósito?
- Não, é claro que não, eu tive uma reunião que precisou ser remarcada para hoje, de uma hora pra outra, então... Mas, eu acabei pensando um pouco mais, Kirsten. – Kirsten se serviu depois de Sandy e esperou que ele continuasse. – Você não acha muito impessoal terminar nosso casamento na frente de um juiz?
- O que você quer dizer, Sandy?
- Eu vou assinar os papéis do divórcio, se é isso mesmo que você quer, Kirsten, mas antes eu quero pedir desculpas pelo modo como eu agi com você, e as coisas que eu falei, eu estava com a cabeça quente.
- Eu sei, tudo bem, isso já passou, Sandy.
- Sabe, você tem razão, eu não tenho dado a atenção que a minha família merece, esse tempo todo eu tenho usado a minha família como desculpa para trabalhar feito louco, até no dia do divorcio, o meu trabalho veio em primeiro lugar. – Sandy deu uma risada e Kirsten teve renovada a esperança de que poderiam superar o que havia acontecer e seguir cada um sua própria vida, talvez até sem ressentimentos. Eles tiveram um jantar muito mais agradável do que ela tinha imaginado, falaram principalmente dos garotos. – Os garotos vão para a universidade Eu mal consigo acreditar que o tempo passou. Bom, eu preciso ir, está um pouco tarde.
- Obrigado por ter vindo, Kirsten. Eu aviso assim que conseguir me estabelecer, você vai poder voltar para sua casa.
- Do que você está falando, Sandy?
- Essa casa é sua, os garotos sentem sua falta. Eu já estou providenciando um apartamento pra mim.
Depois que Kirsten foi embora, Sandy serviu-se de um pouco de uísque e ficou sentado na poltrona perto da lareira; tinha acabado de fazer a coisa mais difícil da sua vida, abrir mão de Kirsten, mas tinha sido sincero e além disso, não poderia obrigá-la a continuar casada; de fato, ele mereceu perdê-la, agora o mínimo que poderia fazer por ela era deixá-la livre para ser feliz e talvez pudesse ter a chance de reconstruir sua própria vida. Olhou para o relógio no pulso, estava um pouco tarde, ele deixou o copo na mesa da cozinha e foi para o escritório; ficou analisando o projeto do Shopping Balboa Heights que Julie apresentara na reunião mais cedo, até ouvir os garotos chegarem em casa. Ryan e Seth chegaram juntos e aparentemente eles estavam se tornando mais amigos, o que deixou Sandy satisfeito, pelo menos uma coisa boa estava acontecendo.
***
Zach deu um pulo e quase caiu da cadeira quando Taylor entrou de surpresa sem bater na porta, como sempre fazia, tanto que fechou o notebook rapidamente antes que ela pudesse bisbilhotar o que ele estava fazendo.
- Zach, oi. O que você está fazendo? – disse ela sentando na ponta da cama e cruzando as pernas.
- É particular. E o que você veio fazer aqui, Taylor?
- Eu andei pensando sobre o que você me disse no outro dia, sabe, viver de verdade, no mundo real e esse ser o último ano do colegial.
- E?
- Talvez você tenha razão.
- E como você chegou a essa conclusão, Taylor? – Taylor tirou a franja do rosto.
- Eu estive pensando no baile de formatura...
- O baile de formatura é daqui a cinco meses, Taylor!
- Sim, eu sei disso, Zachary, mas como eu dizia, eu tentei imaginar possíveis acompanhantes para o baile e percebi que não tem ninguém.
- Que é isso, Taylor, com certeza você vai encontrar um par para o baile, tem muito tempo pra isso, e se não encontrar eu...
- NÃO! – Taylor deu uma risadinha. – Zach, ir para o baile com o primo seria a degradação total. – Taylor riu; o que era mais engraçado naquela conversa é que ela sempre teve certeza que não se importava a mínima com o baile.
- Eu sei, mas é possível que eu também não consiga um par.
- Ainda faltam cinco meses, Zach! Porque você não conseguiria um par? Zach Stephens, jogador de pólo aquático, porte atlético e rosto perfeito, filho de congressista; você é um príncipe, qualquer garota vai querer ir com você.
- Esse é o problema, qualquer garota não serve, tem que ser a garota.
- E quem seria ela?
- Ah, eu estava falando hipoteticamente, Taylor.
- Acho que eu entendo o que você quer dizer. Mas, ainda faltam cinco meses para o baile.
- É, cinco meses é tempo bastante pra gente pensar nisso.
- Ou talvez seja melhor mesmo eu me concentrar no pedido para a faculdade, meu par no baile de formatura não terá tanta importância para a Johns Hopkins. – Zach fez uma cara de desanimo.
- Poxa, Taylor, você conseguiu ser normal por cinco minutos.
- Um dia de cada vez, Zachary.
Taylor ainda demorou bastante tempo conversando com o primo, coisas normais, ou anormais, como era mais comum para ela, tagarelando sobre a possibilidade de não ser aceita na Johns Hopkins; ter que escolher entre ficar em Berkeley ou ir para Yale, ou talvez Cornell; e se fosse aceita em todas, como escolheria apenas uma, qual critério usaria. Zach não se enchia com a conversa de Taylor, ela era a garota mais inteligente e legal, além de também ser linda, que ele conhecia, e poderia se apaixonar por ela, se não fossem primos e tivessem sido criados praticamente como irmãos. O fato de serem os melhores amigos em casa e mal se falarem na escola, era culpa de Taylor, ela meio que curtia aquele lance de ser exilada da vida social da escola. Ela não tinha amigos, não confiava em ninguém; ela nem gostava de fazer trabalho em grupo pra não precisar se encontrar com alguém da escola fora da sala de aula. E tudo isso por causa de uma garota, Sarah Mcmillan, a ex-amiga de internato de Taylor, que roubou o diário dela na sexta série, tirou cópias e espalhou pelo colégio. Zach não a culpava por ser daquele jeito, se não podia confiar na melhor amiga, em quem mais confiaria? Mas, se Taylor fosse menos radical, se pelo menos ela usasse umas roupas mais descoladas, se ela fosse no colégio igual ao que era no seu perfil no Facebook, com certeza teria muitos amigos. Mas Zach já estava desistindo de tentar convencer a prima quanto a isso, afinal, a teimosia de Taylor não tem limites.
Ele voltou a ligar o notebook quando a prima foi embora, mas Nikki tinha desaparecido da imagem da webcam, e deixou uma mensagem irritada por ele tê-la deixado falando sozinha. Zach passou a mão nos cabelos, com certeza Nikki Reed ia acabar lhe fazendo enlouquecer se continuasse falando aquelas coisas para ele. Aquela garota era encrenca na certa e Zach estava cada dia mais apaixonado por ela. Só de pensar nisso sentiu um arrepio pelo corpo inteiro e a ansiedade pela chegada do natal aumentava afinal Abby estaria em casa para as festas de fim de ano e sua amiga viria também. Zach já tinha tomado a decisão, Nikki o convencera e ele estava pronto para levar aquela relação para um estágio mais elevado.
***
Alex estava furiosa com Cal desde o dia do aniversário dele, mas enquanto ela queria que ele parasse de ser chato e andar com a galera nerd da Harbor, ele pediu pra ela parar de agir como se eles fossem namorados e virou as costas, ignorando-a completamente, afinal era ela que estava começando a bancar a chata; ficar com Alex só tinha graça exatamente porque ela era divertida e não ligava pra nada, se começasse a pegar no pé e querer controlá-lo não valeria a pena perder tempo com ela.
Depois de dois dias sem se falar, Alex voltou a procurá-lo, não agiria mais como se fosse uma namorada chata e pegajosa, mas não ia deixar que ele desperdiçasse seu potencial se transformando num geek politicamente correto.
- Vamos sair hoje, eu conheço alguém que pode conseguir aquela parada pra gente. – Cal riu meio sem querer. – O que você me diz?
- Eu quase fui expulso do colégio, lembra? – Alex deu de ombros.
- E daí? Ser expulso do colégio não é novidade pra nós, é sexy. – Alex beijou Cal e o convidou para conhecer o banheiro feminino; ele deu uma risada e estava tentado a aceitar o convite, mas Summer e Seth apareceram e frustraram os planos de Alex. – O casal mais fofinho da Harbor.
- Vou aceitar como um elogio. – Summer falou sarcasticamente.
- Mas é claro que é um elogio, Summer. – Alex rebateu com o sorriso mais falso do mundo e beijou Cal novamente. – A gente se vê mais tarde, Cal. Tchau, pessoal.
- Como você suporta essa garota, Nichol? Esquece, eu não quero saber. Eu preciso ir até a biblioteca. Vocês vem?
- Summer, eu tenho aula de Física agora. – disse Seth.
- Tudo bem, a gente se vê depois então. Bye. – Seth deu um beijinho no rosto de Summer; Cal ficou meio espantado, eles mal pareciam namorados, eram mais como irmãos.
- Um beijo de língua não mata ninguém. – resmungou.
- O que você falou, Nichol? – Summer perguntou, Cal fez uma careta, já estava cansado de pedir para Summer chamá-lo de Cal, mas ela não lhe dava ouvidos, parece que gostava mesmo de tirá-lo do sério.
- Eu disse que vou com você até a biblioteca.
- Ok, vamos nessa.
- O que tem na biblioteca pra você ir tantas vezes lá, Summer?
- O que você acha?
- Acho que ninguém precisa ser tão...
- Nerd? – Summer deu uma risada e deixou Cal meio sem jeito. – Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a tua vã filosofia. – Cal não fazia a mínima ideia do que ela quis dizer e seguiu Summer até a biblioteca; claro que ela era nerd e politicamente correta num nível insuportavelmente alto, mas ele gostava de conversar com Summer e ela organizou uma festa surpresa para o seu aniversário.
- Ei, Summer?
- Hum. – a garota estava consultando um livro.
- Eu não cheguei a te agradecer pela festa. – Summer fechou o livro, devolveu à prateleira e sorriu.
- Não há de que.
- Há sim, você tem sido uma amiga muito legal, e eu não sei como retribuir isso.
- Talvez você pudesse andar menos com a Barbie Revolution, é evidente que ela é uma péssima companhia pra você, ou para qualquer pessoa em sã consciência. Ah, desculpa, eu sou sincera demais a maior parte do tempo.
- Eu sei que você é, e gosto da sua sinceridade. Você acha que a Alex não é legal, mas ela é divertida. – “vagabunda agora tem outro nome?”, pensou Summer. – E, ela não teve culpa naquela parada, bom, você sabe, eu sou bem grandinho e responsável pelos meus atos.
- Guardar droga no armário não é ser responsável.
- Eu aprendi a lição, ok? É sério, meu pai ameaçou me internar numa clínica; Summer, eu não sou viciado, cara, eu só estava...
- Se divertindo. Eu sei. Essa conversa é clássica, mas isso que você chama de diversão, pode te levar à morte, Cal. – Summer caminhou para as estantes mais atrás; era fácil ficar irritado com seu pai quando ele lhe ameaçava internar numa clinica de reabilitação, mas não conseguia ficar com raiva de Summer, talvez porque a preocupação dela fosse sincera, ou talvez porque ele se importasse mais com a opinião dela do que com a do seu pai. – Desculpa, eu não queria me meter na sua vida, eu só me preocupo.
- Eu sei, Summer, obrigado por se preocupar comigo. – Summer esticou a mão e ficou nas pontas dos pés para tentar alcançar um livro, mas não conseguiu; Cal pegou sem esforço.
- Obrigada. – cal colocou a mão na cabeça de Summer e bagunçou os cabelos dela. – Hey! – ela bateu na mão dele, mas vozes atrás da estante lhe chamaram a atenção, e ela espiou por entre os livros. – Oh my Gosh!
- O que foi, Summer?
- Shi!
Luke Carlsson estava escorado na estante, de braços cruzados, balançando a cabeça e fazendo com que os cabelos caíssem na testa; aparentemente não estava gostando do que ouvia; nem Lindsay estava contente, porque chorava aos soluços, cobrindo o rosto com as mãos; Summer começou a ouvir a conversa.
- Como é que você não me contou antes, Lindsay?
- Eu não sabia, Luke, eu juro.
- Cara, você é muito vadia.
- Agora você diz isso? Será que não passa pela sua cabeça que está sendo difícil pra mim, Luke?
- E se eu... – Luke colocou a mão na testa e soltou um suspiro. – Você já contou pra mais alguém? – Lindsay balançou a cabeça. – Você tem que contar, eles tem o direito de saber.
- Eu sei, eu vou contar. Luke, eu sinto muito.
- Você deve. – Luke encarou Lindsay por um instante e depois foi embora; Lindsay ainda estava enxugando as lágrimas quando viu de relance Summer lhe observando; Summer fingiu rapidamente que estava colocando um livro de volta na prateleira e esperou Lindsay sair.
- O que você acha que aconteceu? – Cal perguntou quando eles saíram da biblioteca, ele levava a pilha de livros que Summer consultou.
- Não faço ideia.
- Pensei que você sabia de tudo. – ele provocou com um sorriso.
- Eu vou acabar descobrindo. Talvez precise ir mais vezes à biblioteca. – Summer deu uma piscadela; eles entraram na sala e Cal colocou os livros em cima da mesa; Summer olhou o relógio, faltavam 20 minutos para a próxima aula. – Eu vou dar uma olhada nos livros enquanto o professor chega.
- Summer, você é maluca.
- Eu sei. – Summer sentou e mergulhou na leitura; como o resto da galera que conhecia estava em aula, Cal sentou também e ficou jogando no Iphone até o professor chegar à sala.