Já era de manhã e Mirana, Alice, Elsa, Elena, Anna, Jack, Rapunzel, Merida e Jacky estavam sentados à mesa da Grifinória. Os nove estavam estranhando a falta de Soluço, que em geral era sempre o primeiro a chegar.

– Aonde acham que ele pode ter ido? – Alice perguntou, olhando em volta, procurando-o pelo Grande Salão.

– Não tenho a mínima ideia. – Jack suspirou. – Ele não disse nada.

– Talvez ele esteja com problemas. – Mirana sugeriu com preocupação.

– Acho que não. – Jacky interveio. – Nossa sorte é ruim, mas em geral, nós procuramos as confusões. Ele está bem. Se precisar da nossa ajuda, ele sabe onde no achar e sabe conjurar um Patrono para nos chamar.

Os demais concordaram relutantemente.

Soluço estava andando pela Floresta Proibida, procurando pelo Fúria da Noite que havia acertado com o feitiço Incarcerous na noite anterior.

– Tem gente que perde a varinha, uma espada, mas eu não. – Ele reclamou enquanto andava. – Eu consigo perder um dragão inteiro.

Ele parou de falar ao se deparar com uma árvore partida ao meio e uma cratera. Foi seguindo o rasto de destruição por alguns metros até se deparar com uma grande criatura negra de asas e se esconder, já sabendo o que era: Um Fúria da Noite.

Respirando fundo e tomando coragem, Soluço levantou um pouco a cabeça, o bastante para ver que o grande dragão à sua frente estava amarrado pelas cordas do Incarcerous e aparentemente desacordado.

Com isso em mente, o castanho sacou sua varinha e se aproximou da fera caída.

– Olha só. – Disse. – Eu consegui. Eu consegui! Isso vai limpar a minha barra. – Ele comemorou. – É! Eu derrubei essa fera poderosa. – Falou, colocando o pé por cima do dragão, que se mexeu.

Soluço se assustou e cambaleou para trás, parando encostado numa pedra e apontando a varinha para o dragão, que agora ele sabia que ainda estava vivo.

Ao se aproximar novamente com a varinha em mãos, o castanho viu um dos grandes olhos verdes do animal olhando para ele, sem emoção alguma. Soluço respirou fundo e segurou a varinha com mais força.

– Agora eu vou te matar, dragão. – Declarou. – Depois eu vou tirar seu coração e levar para o meu pai. – Respirou fundo mais uma vez. – Eu sou um viking. Eu sou um viking... – Repetia, tentando convencer a si mesmo disso.

Abriu a boca para dizer o feitiço que faria com que seu pai se orgulhasse dele, mas antes olhou nos olhos do dragão caído. Pareciam estranhamente conscientes, quase petulantes. Soluço fechou os olhos com força, tentando se livrar da piedade que tinha do animal, mas logo deixou os braços caírem, percebendo que era incapaz de ferir aquele dragão.

– O que foi que eu fiz? – Se afastou alguns passos, querendo ir embora, mas parou e olhou novamente para o dragão, que estava de olhos fechados e parecia tranquilo. – Diffindo. – Disse baixinho e as cordas que prendiam a grande fera negra se partiram.

Ao constatar que estava livre, o dragão pulou por cima de Soluço, que agora respirava rapidamente por causa do medo. O Fúria da Noite abriu a boca e levantou as asas. Soluço achou que fosse matá-lo e devorá-lo, mas tudo o que o animal fez foi rugir e sair correndo dali.

Soluço viu a fera se afastar com a respiração acelerada, mas logo pegou sua varinha e começou a caminhar de volta para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Já era noite quando Soluço adentrou novamente no castelo. A demora se devia ao fato de o castanho ter desmaiado uma vez por causa dos acontecimentos.

Ao entrar, foi diretamente ao Grande Salão, onde encontrou seus amigos sentados à mesa da Lufa-Lufa. Juntou-se a eles, recebendo olhares desconfiados e curiosos dos nove.

– Onde esteve? – Anna foi a primeira a perguntar.

Soluço manteve-se calado e apenas observou sem vontade a comida em seu prato. Permaneceu desse modo até ter sua atenção voltada para a mesa dos professores quando Mickey se levantou, pronto para fazer um discurso:

– Como sabem, - Começou. – Na noite anterior, vários ataques de dragões ocorreram. Tivemos lamentáveis perdas e eu gostaria de pedir um minuto de silêncio em homenagem a: Gretel Witchcraft. - Mirana viu Hansel ficar cabisbaixo ao ouvir o nome de sua irmã. – O professor Ronin Leaf-Man. – Mary Katherine e Nod ficaram calados e quietos, tristes ao ouvir o nome do amigo, que era como um pai, no caso de Nod. – Lisa Slither. – Norman imediatamente saiu do salão à menção de sua falecida irmã mais velha. – Edward Kingsley II. – Disse e Alice abaixou a cabeça ao ouvir o nome de seu pai. Mirana colocou a mão no ombro da amiga, querendo consolá-la, afinal sabia o que era perder um pai. – E Antonio Perez. – Finalizou e fez-se um minuto de silêncio. – Em minha humilde opinião, – Recomeçou. – Deveríamos formar uma aula de Defesa contra Dragões. Isso poderia evitar mais tragédias como as ocorridas na noite anterior. Alguém aqui, entre os vikings de Berk, por exemplo, que tem experiência com isso poderia se dispor a dar as aulas?

– Eu posso fazer isso. – Bocão se ofereceu.

– Excelente. – Mickey quase sorriu. – Os alunos menores de dezessete anos deverão pedir a permissão dos pais ou responsáveis. As inscrições estarão abertas permanentemente até que a ameaça dos dragões seja exterminada. Para isso, organizaremos grupos de busca para procurar o ninho deles. Isso foi ideia do líder de Berk, Stoico. – Apontou para o pai de Soluço. – Apenas alunos do Sétimo Ano e Professores são permitidos na expedição. Aqueles que quiserem se voluntariar, fiquem à vontade. – Disse isso e se sentou novamente em seu lugar.

Murmúrios percorreram o salão e alguns dos alunos começaram a escrever cartas para seus pais, pedindo permissão para participar das aulas.

O jantar se passou do mesmo modo e Soluço logo saiu de lá, sendo seguido por seu pai.

– Precisamos conversar. – Pai e filho disseram juntos.

– Fale você primeiro. – O castanho sugeriu.

– Eu decidi que lhe darei permissão para fazer a aula. – Stoico declarou.

– Eu devia ter falado primeiro. – Soluço respondeu sem graça. – É que nós já vamos ter muitos voluntários para combater dragões aqui em Hogwarts, mas não temos quem cuide da escola...

– Você vai precisar disso. – Stoico deu um machado ao filho, que o segurou desajeitadamente. – Feitiços não são efetivos com dragões, mas armas de verdade sim.

– Eu não quero combater dragões, pai. – Soluço explicou.

– É claro que quer. – Stoico sorriu.

– Traduzindo: Eu não consigo matar dragões, pai. – Soluço argumentou.

– Mas você vai matar dragões. – Stoico respondeu.

– Não. Eu tenho mega hiper certeza de que eu não consigo... – Soluço tentou convencer.

– Chegou a hora, Soluço. – Stoico interrompeu.

– Você não está me ouvindo? – O castanho perguntou.

– Isso é muito sério, filho. – Stoico disse. – Quando você levar este machado levará todos nós com você. – Apontou para a arma. – Isso significa que você falará como nós, andará como nós, pensará como nós. Acabou tudo isso. – Apontou para o filho.

– Mas você está apontando para eu todo. – Soluço falou.

– Entendeu? – Stoico questionou.

– Essa conversa está me parecendo mais um monólogo. – O castanho reclamou.

– Entendeu? – Stoico perguntou novamente.

– Entendi. – O menino suspirou.

– Ótimo. – Stoico sorriu e pegou suas coisas, afinal tinha que sair e encontrar o ninho de dragões. – Eu vou voltar. Talvez.

– E eu vou ficar aqui. Talvez. – Soluço respondeu.

Pela manhã, numa sala em campo aberto montada magicamente para as aulas, durante a aula do terceiro ano, apenas Jack, Soluço, Elsa, Alice, Merida, Elena, Astrid e Jacky apareceram. Mirana não gostava da ideia de matar qualquer coisa que fosse, então se decidiu por ficar de fora. Por ser a mais nova, Anna estava sujeita às decisões de Elsa e Elena, que não deixaram ela participar da aula por acharem perigoso. Os pais de Rapunzel, o Rei e a Rainha de Corona, preferiram deixar a filha de fora, temendo que ela se machucasse.

– O aluno que se sair melhor vai ter a honra de matar o seu primeiro dragão na frente de toda a escola. – Bocão declarou.

Os alunos se aproximaram das portas de ferro dos lugares onde haviam dragões capturados anteriormente trancados. Apenas Soluço ficou e Bocão se aproximou dele.

– Acalme-se. – O viking disse. – Você é pequeno e fraco. Não é um alvo muito apetitoso. Os dragões irão pensar que você está doente e irão atrás daqueles que tem mais jeito de viking. – Quando terminou de falar, já havia juntado Soluço com os demais alunos e se aproximou das portas. – Atrás desses portões estão algumas espécies que vocês irão aprender a combater. O Nader Mortal. – Foi apontando para as portas.

– Velocidade oito, força treze. – Elena murmurou.

– O Ziper Arrepiante.

– Furtividade mais onze vezes doze. – Disse de novo.

– O Pesadelo dos Trolls.

– Poder de Fogo quinze.

– O Terror Terrível.

– Ataque oito, veneno doze.

– Quer ficar quieta? – Bocão pediu.

– Incendio! – A morena jogou uma bola de fogo no viking, que desviou.

– Pode ficar a vontade. – Bocão estremeceu e voltou-se para a última porta. – E finalmente o Cronckel. – Colocou a mão na alavanca que abriria a porta.

– Mandíbula força treze. – Elena declarou.

– Como você sabe de tudo isso? – Alice perguntou.

– Eu gosto de dragões. – Elena deu de ombros.

– Professor Bocão. – Elsa chamou. – O Senhor não deveria nos treinar primeiro?

– Eu acredito que só se aprende fazendo. – Bocão abriu a porta.