Da porta aberta por Bocão, saiu um dragão não muito grande, de pele irregular e enormes dentes. Era laranja, mas em algumas partes era cinzento. A fera começou a perseguir os estudantes, que se espalharam por ali.

– Hoje é aula de sobrevivência. – Bocão declarou. – Quem for atingido está fora. Rápido! -–Bocão gritou quando viu o dragão mastigar alguns destroços. – Qual é a primeira coisa que vão precisar já que estão sem suas varinhas?

– De um médico. – Soluço sugeriu.

– Não dou a mínima. – Jacky deu de ombros.

– De um escudo. – Astrid respondeu.

– Isso! – Bocão concordou. – Peguem logo!

Todos foram e pegaram os escudos que estavam espalhados pela arena.

– O Escudo é a peça mais importante de seu equipamento. – Bocão declarou. – Quando lutarem com um dragão, se tiverem que escolher entre uma varinha ou um escudo, peguem o escudo!

Enquanto pegavam seus escudos, Merida e Alice acabaram se distraindo e foram atingidas.

– Dunbrooch, Kingsley, estão fora. – Bocão declarou. – Seus escudos servem para mais uma coisa. – Disse. – Barulho. Usem isso para confundir o dragão.

Logo os restantes começaram a bater em seus escudos, fazendo um barulho irritante.

– Todo dragão tem um número limitado de tiros. – Bocão explicou. – Digam qual é o desse.

– Cinco. – Jack chutou.

– Seis. – Elena corrigiu.

– Exatamente. – Bocão concordou. – Um dos tiros já foi usado, então sobra um para cada um de vocês.

No momento de distração para responder a pergunta, o dragão ficou por trás de Elena e lhe lançou uma bola de fogo. Curiosamente, esta se apagou antes de sequer chegar perto da morena.

– Eu não sei como isso aconteceu. – Bocão coçou a cabeça, confuso. – Mas isso teria te acertado. Então, Gryffindor. Fora.

Elena deu de ombros e se juntou a Merida e Alice, que estavam assistindo a tudo com Rapunzel, Mirana e Anna.

A aula foi passando até que só sobraram Astrid e Soluço. Elsa não chegara a ser atingida, pois “misteriosamente” uma parede de gelo apareceu entre ela e a bola de fogo que o dragão lançara. Porém, Bocão a colocou para fora assim como fizera com Elena, apesar de ainda estar completamente confuso com o ocorrido. Jack foi acertado de raspão no braço e Elsa o levara à Ala Hospitalar para ser examinado. Jacky simplesmente se entediou quando o dragão lhe atirou uma bola de fogo, que ela desviou, e decidiu-se por sair.

– Acho que só sobramos nós. – Soluço murmurou para Astrid.

– Só você. – A loira respondeu e correu dali.

Soluço se distraiu e só percebeu o dragão se aproximando quando este já estava bem perto dele. O castanho começou a fugir com a fera em seu encalço. Logo, ele se viu encurralado numa parede e o dragão abriu a boca para lhe jogar uma bola de fogo que o mataria, mas Bocão pegou a fera com o gancho e o jogou de volta na prisão.

– Você vai ter mais uma chance. Não se preocupe. – Bocão disse a Soluço ao fechar a porta da prisão do dragão e se dirigir aos demais alunos, que já estavam todos reunidos na arena. – Lembrem-se: Dragões sempre... – Parou e olhou para Soluço. – Sempre. – Virou-se novamente para a turma. – Atacam para matar.

Depois da aula, Soluço se dirigiu ao mesmo lugar onde havia encontrado o Fúria da Noite anteriormente. Ao olhar as cordas que ele mesmo criara e partira com o feitiço Diffindo, ele lembrou que o dragão teve a chance, mas não o matou.

Com esse pensamento em mente, ele foi seguindo em frente até achar um lugar. Era uma clareira baixa que era rodeada por paredes de rocha. Havia até mesmo um pequeno lago lá embaixo.

O castanho abaixou-se ao notar algumas escamas negras no chão, mas assustou-se e recuou quando o Fúria da Noite passou voando por ele. Ao se levantar novamente, viu que o dragão não estava conseguindo subir e sair dali, voltando ao chão.

Ainda escondido, Soluço observou as tentativas do dragão de sair dali. Aproveitando a oportunidade, ele pegou um pequeno caderno com capa de couro que carregava consigo e fez um desenho do Fúria da Noite.

– Por que você não consegue voar? – O castanho murmurou para si mesmo, intrigado.

Com uma olhada rápida no animal, Soluço apagou uma parte da cauda, que realmente não estava ali. Acidentalmente, ele acabou por derrubar sua pena e percebeu que o dragão o escutou, pois o animal olhou diretamente para ele.

Já era noite quando o castanho voltou a Hogwarts e se dirigiu diretamente ao Grande Salão, onde Bocão o puxou diretamente para uma sala onde havia apenas uma pequena mesa com os alunos da aula de Defesa Contra Dragões.

Desanimado, o castanho pegou seu prato e se sentou à mesa.

– Vocês precisam viver e respirar isso aqui. – Bocão colocou um livro na mesa. – O Manual do Dragão. É o que os vikings de Berk sabem sobre todo o dragão conhecido. – Disse isso e saiu dali, deixando os estudantes sozinhos.

– Eu ainda estou vivo e tenho que ler? – Jack resmungou, deixando a cabeça cair na mesa com um estrondo, fazendo os outros, exceto Soluço, rirem.

– Tem que aprender sobre dragões de alguma forma, não é? – Elsa riu.

– Eu e Elsa já lemos umas sete vezes. – Elena comentou. – Até que não é um livro ruim.

– E caso não saibam, leitura é uma excelente atividade. – Jacky concordou.

– Não estou com vontade. – Merida suspirou e repetiu o gesto de Jack.

– Claro. – Alice riu.

Jack, Elsa, Elena, Alice, Jacky e Merida logo saíram para procurar por Mirana, Anna e Rapunzel, que haviam ficado no Grande Salão quando Bocão os arrastara para aquela sala, sobrando apenas Astrid e Soluço.

– Então, vamos ler juntos? – O castanho sugeriu.

– Já li. – Astrid respondeu e seguiu os outros, saindo dali.

Soluço suspirou e sentou-se, começando a ler o livro. Curiosamente, todos os dragões ali citados eram considerados “Extremamente perigosos” e era necessário matá-los na hora em que os visse. O castanho foi folheado o livro até achar uma página quase completamente em branco: Fúria da Noite.

– Velocidade desconhecida. – Soluço começou a ler em voz alta. – Tamanho desconhecido. Esse dragão é uma cria diabólica do raio e da própria morte. Não se atreva a enfrentar esse dragão. Só há uma chance. Esconda-se e reze para que ele não te encontre.

Soluço franziu o cenho e pegou se caderno, colocando-o aberto na página onde ele havia desenhado o Fúria da Noite por cima do Manual do Dragão.

Pela manhã, Soluço estava num labirinto juntamente com os outros estudantes, enfrentando um dragão.

– Eu estive pensando. – Soluço declarou. – Naquele livro não tem nada escrito sobre os Fúrias da Noite. Será que não tem uma parte dois? Um guia ilustrado? Ou um prospecto...?

Ele se interrompeu quando o dragão atirou uma bola de fogo que destruiu o machado que ele estava segurando. Logo, o castanho começou a correr pelo labirinto.

– Encontrem o ponto cego. – Bocão declarou. – Todo dragão tem um. Se esconda nele e ataque.

Soluço continuou com suas perguntas sobre os Fúrias da Noite enquanto os outros alunos fugiam do Ziper Arrepiante. O dragão começou a destruir as paredes do labirinto enquanto perseguia Astrid. Enquanto fugia, a loira acabou caindo por cima de Soluço e prendeu seu machado no escudo dele.

Quando o dragão avançou para cima deles, Astrid puxou seu machado, que trouxe junto o escudo de Soluço, e bateu no dragão, que recuou.

– Muito bem, Astrid. – Bocão elogiou.

A loira não se importou com as palavras de Bocão e virou-se para Soluço.

– Você está achando que isso aqui é brincadeira? – Perguntou. – A guerra dos nossos pais, sendo eles de Berk ou não, vai se tornar a nossa. Decida logo de que lado está. – Disse isso e saiu dali.

Soluço olhou para seus amigos, buscando alguma ajuda. Viu Jack segurando Elsa nos braços, uma vez que uma das paredes que o dragão havia destruído havia caído por cima da perna direita da loira. Alice estava apoiada com um braço no ombro de Merida e o outro no de Jacky, uma vez que a loira estava inconsciente. Elena mancava enquanto seguia Jack, que estava levando Elsa até a Ala Hospitalar.

Soluço abaixou a cabeça e suspirou, sentindo-se culpado. Porém, após alguns minutos, lhe ocorreu uma ideia.