Com uma enorme e insistente dor de cabeça e machucados preenchendo cada centímetro de seu corpo, Elsa finalmente abriu os olhos, deparando-se com um local a qual lhe era bastante familiar.

A Ala Hospitalar de Hogwarts.

Mexeu-se um pouco, sentindo dor ao fazê-lo, e virou a cabeça para o lado, então avistando a pessoa deitada na cama ao lado da sua.

Elena estava tão quieta e pálida que se não fosse pelo leve subir e descer de seu peito indicando sua respiração Elsa poderia dizer que ela estava morta.

– Você finalmente acordou. – Uma voz se fez ouvir pelo quarto e ela virou o rosto para o lado oposto do que olhava anteriormente, percebendo ser Anna quem falava. – Já estava ficando preocupada.

– O que aconteceu? – Elsa perguntou, surpreendendo-se com a fraqueza presente em sua voz, quase não conseguindo força-la para fora.

– Vocês venceram. – Anna sorriu para a irmã. – Pitch não está morto, mas vocês o derrotaram e ele foi preso em uma cela especial em Azkaban da qual nunca poderá escapar. – Apertou a mão da loira, a qual só então Elsa percebeu que ela estava segurando.

– E a Elena? – Elsa perguntou subitamente mais preocupada, olhando para a ruiva com os olhos azuis emanando desespero.

– Está bem. – Anna a tranquilizou. – Considerando que quebrou quase cada osso do corpo e desfiou os músculos do braço direito, ainda assim queria se levantar algumas horas atrás. – Soltou um riso baixo, fazendo Elsa rir também, apesar do riso da loira sair dolorido e dificulto.

– Então ela acordou? – A loira quis saber.

– Sim e ficou quase maluca quando eu disse que você ainda não tinha acordado. – Anna revirou os olhos. – Queria se levantar para cuidar de você e foram precisos Jack, Andersen, Kristoff e Soluço para mantê-la na cama e olha que ainda foi difícil mesmo no estado em que ela está.

– Por que eu não estou surpresa? – Elsa revirou os olhos, notando aliviada que aquele gesto pelo menos não machucava.

– Não devia mesmo ficar. – Anna concordou, mas então franziu o cenho. – E agora?

– Eu não sei. – Elsa respondeu, sabendo do que ela estava falando.

Depois que as Gryffindor foram liberadas do St. Mungus, no dia primeiro de setembro, todos voltaram a Hogwarts para cursar o sétimo ano, a qual não haviam conseguido fazer no ano anterior.

Pela primeira vez, não houve qualquer problema com seu ano escolar e todos se formaram em Hogwarts de modo que poderiam escolher qualquer carreira que quisessem com as notas que haviam tirado nos N.I.E.M.s.

Finalmente, chegara a hora de partir do castelo. Os Dez então foram para o Expresso de Hogwarts pelo que poderia ser a última vez, indo diretamente para a última cabine do trem, a mesma onde haviam estado em todos os seus anos na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

– Aqui mais uma vez? – Merida revirou os olhos enquanto colocava suas malas no bagageiro.

– Parece que sim. – Rapunzel riu, também arrumando suas malas por ali.

Depois que suas malas já estavam nos devidos lugares, todos se sentaram e ficaram em silêncio por algum tempo antes de ser Anna a quebra-lo.

– Então? O que faremos agora? – Perguntou com certa preocupação, como se não tivesse realmente qualquer plano para o futuro em sua mente.

– Não sei. – Jack coçou a cabeça, realmente parecendo confuso com o caminho que iria seguir. – Acho que agora vem a parte em que arranjamos empregos. – Riu, provocando gargalhadas em todos também.

– Vou sentir saudade da escola. – Alice declarou, olhando Hogwarts se distanciar pela janela da cabine.

– Acho que todos nós iremos. – Mirana respondeu, seguindo o olhar da melhor amiga. – Afinal, essa escola marcou nossas vidas.

– Nem me fale. – Jacky concordou.

Ficaram em silêncio por mais algum tempo. Não sabiam o que falar e sequer sabiam se realmente havia alguma coisa a ser dita naquela situação.

Desta vez, foi Merida a quebrar o silêncio:

– Essa cabine... – Começou, atraindo a atenção de todos para si. – De certa forma é nossa. Foi aqui que nos tornamos amigos. Acho que foi aqui onde tudo começou. – Sorriu. – Por que não deixamos algumas lembranças nela?

– Tipo o que? – Elena arqueou uma sobrancelha, esperando que a ruiva lhe respondesse.

– Tipo isso. – Merida se levantou e pegou sua varinha, apontando-a para o vidro da janela.

Logo, uma luz saiu de sua varinha, atingindo o vidro e deixando-o marcado de vermelho enquanto a ruiva escrevia ali “Os Dez de Hogwarts” em sua caligrafia desastrada, provocando risadas em todos.

– Vamos. Vocês também. – A ruiva insistiu. – Cada um pode escrever um apelido para o outro. Que tal? – Sugeriu.

Os outros nove se entreolharam, mas no fim acabaram assentindo e se levantaram, cada um com sua varinha em mãos.

– Jacky, escreva sobre o Jack. – Merida pediu.

Jacky deu de ombros e se aproximou do vidro, escrevendo a palavra “Guardião” em sua caligrafia elegante em cor verde-esmeralda logo abaixo do “Os Dez de Hogwarts” escrito por Merida.

– Agora Jack, escreva sobre o Soluço. – Rapunzel sugeriu.

Jack assentiu e se aproximou da janela, escrevendo “Fúria da Noite” em um azul-marinho vibrante logo abaixo do “Guardião” escrito por Jacky.

– Soluço, escreva sobre a Rapunzel. – Elsa disse, rindo do que estavam fazendo.

Soluço concordou e repetiu o gesto dos outros, escrevendo no vidro “Princesa Perdida” em cor negra como o dragão que ele tinha logo abaixo do “Fúria da Noite” escrito por Jack. Rapunzel pareceu gostar, afinal deu alguns pulinhos e abraçou o castanho com força.

– Rapunzel, sua vez. Escreva sobre a Merida. – Mirana sugeriu com um sorriso contente no rosto pálido.

Rapunzel não tardou em ir até a janela e lá escrever “Valente” em letras douradas logo abaixo do “Princesa Perdida” escrito por Soluço. Merida revirou os olhos, mas sorriu.

– Merida, agora você escreve sobre a Jacky. – Alice disse e Merida assentiu.

A ruiva logo foi até o vidro e mais uma vez naquele dia apontou a varinha para o mesmo, escrevendo “Espírito de Halloween” em vermelho-escarlate logo abaixo do “Valente” escrito por Rapunzel.

– Mirana, escreva sobre a Alice. – Soluço pediu, abrindo espaço para que a Rainha Branca passasse.

Mirana concordou e também se dirigiu ao vidro, apontando a varinha para o mesmo e escrevendo “Coelho Branco” em cor prateada logo abaixo do “Espírito de Halloween” escrito por Merida. Alice revirou os olhos, mas pareceu gostar.

– Alice, sobre a Anna. – Elena disse.

Alice então repetiu o gesto dos demais, apontando a varinha para o vidro e escrevendo ali “Irmãzinha” em letras azul-céu logo abaixo do “Coelho Branco” escrito por Mirana. Anna pareceu ficar bastante satisfeita.

– Anna, sobre a Mirana. – Elsa declarou.

– Peguei o mais fácil. – A ruiva disse enquanto se dirigia à janela e lá escrevia “Rainha Branca” em letras azul-água logo abaixo do “Irmãzinha” escrito por Alice.

– Só sobramos nós. – Elena disse e ela e Elsa se entreolharam por um instante antes que Jacky falasse:

– Elena, sobre a Elsa. – A garota sorriu.

Elena concordou com um gesto mínimo da cabeça e se dirigiu à janela, não tardando em escrever “Rainha das Neves” em vermelho-fogo logo abaixo do “Rainha Branca” escrito por Anna. Elsa riu, aparentando ter gostado.

– Parece que só me restou a Elena. – Elsa sorriu enquanto se dirigia à janela, lá escrevendo “Rainha das Chamas” em azul-gelo logo abaixo do “Rainha das Neves” escrito pela morena.

Assim, todos voltaram a se sentar e seguiram conversando normalmente pelo restante da viagem que se seguiu.

Ao chegarem à Estação King Cross, ainda na cabine, todos se viraram uns para os outros, cada um com um tipo diferente de emoção.

– E agora? Vamos nos separar? – Anna perguntou com lágrimas nos olhos azul-água.

– É claro que não. – Elsa balançou a cabeça em negação. – Nunca vamos nos separar, afinal somos uma família. – Sorriu e todos retribuíram seu sorriso.

Assim, todos saíram, deixando ali a cabine na qual sempre estiveram e as lembranças de seus complicados anos na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, deixando também o vidro da janela com letras que jamais se apagariam:

Os Dez de Hogwarts

Guardião

Fúria da Noite

Princesa Perdida

Valente

Espírito de Halloween

Coelho Branco

Irmãzinha

Rainha Branca

Rainha das Neves

Rainha das Chamas