Elsa acordou num lugar semelhante a uma prisão. O lugar em que estava deitada era de pedra e alguém havia lhe coberto com um lençol. A loira se levantou e se sentou, olhando em volta. O desespero e a infelicidade tomaram conta de si ao ver que Elena não estava ali com ela. Logo ela se lembrou do que acontecera antes de desmaiar. O Guarda atirando um feitiço e acertando o castiçal acima dela. Elena a empurrando e tirando-a dali. Elena sendo atingida e desmaiando.

Lágrimas banharam o rosto da loira e ela olhou para a janela. Levantou-se e tentou ir até lá, mas foi impedida por correntes que prendiam suas mãos. Ao constatar o fato, olhou pela janela do lugar onde estava, não para ver se o que diziam era verdade, mas para ver se a irmã mais velha poderia estar lá fora. Tudo o que viu foi o que um dia fora o Lago Negro que circulava a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts totalmente congelado, além dos barcos presos e destruídos pelo gelo espalhados por lá.

– O que foi que eu fiz? – Elsa se perguntou ao ver tudo coberto de gelo.

Logo se ouviu o barulho da porta sendo aberta e Elsa virou-se, encontrando um desanimado Hans entrando. Ele estava encolhido de frio e se aproximou de Elsa.

– Por que me trouxe aqui? – Elsa questionou.

– Eu não podia simplesmente deixar que eles a matassem. – Hans respondeu.

– Mas eu sou um perigo para Hogwarts. – Elsa falou. – Chame Anna. – Pediu.

– Anna não voltou. – Hans disse.

Elsa olhou para trás, para a janela, procurando não deixar que o príncipe visse seu sofrimento.

– Se puder parar o inverno. – Hans começou. – Traga o verão de volta... Por favor.

Elsa virou-se para ele e seus olhos demonstravam a terrível dor que estava sentindo.

– Você não vê? – Ela respondeu. – Eu não posso. Você tem que dizê-los para me deixarem ir.

– Vou fazer o que posso. – Hans prometeu e foi em direção à porta.

Logo o príncipe saiu, deixando uma infeliz Elsa a beira das lágrimas. A loira olhou para baixo e percebeu suas algemas começando a congelar.

No castelo de gelo...

Elena abriu os olhos com dificuldade. Sentia dor em cada parte de seu corpo. Tentou se mexer, mas foi impedida por um enorme peso acima de si. Ela olhou e viu que era o candelabro que havia caído em cima dela. Segurou o grito quando tentou se mexer mais uma vez e que algo a perfurava profundamente.

– Elena! – Ouviu as vozes de Mirana e Alice, que haviam acabado de chegar ao castelo.

As duas se aproximaram da morena caída e começaram a retirar os pedaços de gelo de cima dela. Elena apenas pôs as mãos na enorme quantidade de gelo acima de si e logo esta começou a derreter. Após alguns poucos segundos ela se levantou meio cambaleante e olhou em volta, percebendo que Elsa não estava ali. Na verdade, não havia ninguém ali além de Mirana e Alice.

– Elena, você... – Mirana apontou para a mão da amiga, que estava por cima de uma perfuração ensanguentada pouco acima da cintura.

– Eu estou bem. – A morena se forçou a dizer e tentou dar um passo, mais quase caiu e foi segurada por Alice.

– Não, você não está. – Alice falou.

– Não importa. – Elena se soltou da amiga. – Temos que achar a Elsa.

A morena se forçou a correr até a sacada e pulou em seu dragão, que voou até ficar acima do castelo de gelo que a Elsa construíra. De lá, era possível ver tudo, inclusive a gigantesca tempestade se formando sobre Hogwarts. Não tardou para que Elena começasse a voar na maior velocidade que podia até lá, mas ainda assim, parecia não ser rápido o suficiente. Sua vista parecia escurecer a cada segundo e ela já não sabia se duraria o suficiente para chegar onde precisava.

Depois de inúmeros segundos, que para ela lhe pareceram uma eternidade, Elena se viu no meio da pior e mais fria tempestade que já havia sequer imaginado e apertou ainda mais a mão sobre o machucado.

– Elsa! – Desceu do dragão e começou a andar por todos os lados, procurando a loira. – Elsa!

A alguns metros dali...

Elsa ia o mais rápido que conseguia por aquela terrível tempestade que ela mesma havia inconscientemente criado. Estava sem rumo desde que quebrara as algemas e destruíra a parede de sua prisão.

Olhava de um lado para o outro, mas mal conseguia enxergar devido à tempestade. Temerosa com o que havia feito deu alguns passos para trás e apavorou-se quando esbarrou em alguém. Rapidamente virou-se e um sorriso apareceu em seus lábios ao ver que era Elena. As duas se abraçaram em meio à tempestade, que diminuiu um pouco.

Elsa a soltou ao ouvir o barulho da aproximação de alguém.

– Elsa! – Hans chamou, mas ela não se virou para ele. – Você não pode fugir disso.

Elena se aproximou de Elsa e pôs a mão livre em seu ombro, mas seu olhar estava em Hans. Logo Elsa também se virou para o ruivo.

– Só tome conta da nossa irmã. – Elsa pediu.

– Sua irmã? – Hans perguntou. – Ela voltou da montanha fraca e fria. Ela disse que você congelou o coração dela.

– Não. – Elsa murmurou e a tempestade a sua volta ficou pior com sua dor.

Elena se afastou alguns passos, uma vez que suas mãos começavam a arder e o chão abaixo de si, amolecer.

– Eu tentei salvá-la, mas era tarde demais. – Hans continuou. – Sua pele era de gelo. Seu cabelo ficou branco. Sua irmã está morta! – Ele declarou. – Por sua causa!

Com lágrimas nos olhos, Elsa virou-se para Elena. A morena apenas teve tempo de lhe lançar um olhar carregado de dor e o gelo abaixo de si cedeu, jogando-a na água gelada. Assim, ela foi afundando até parar não muito distante do chão de gelo, pois havia um navio ali embaixo.

Elsa foi até o buraco de gelo derretido e pôde ver Elena. A expressão vazia, sem emoção... Sem vida.

A loira caiu de joelhos. “Matei as duas. Elas morreram e a culpa é minha.” Elsa pensava enquanto as lágrimas caíam sem parar de seus olhos. A tempestade também desapareceu assim que a loira caíra no chão.

Elsa fechou os olhos e deixou-se ser torturada por toda a dor que sempre tentara evitar. Acabou por não ver Hans pegando sua varinha e lhe apontando ela. O mesmo não podia ser dito de Elena.

Mesmo com toda a dor que lhe atingia, ela começou a subir, ainda que a água a sua volta parecesse lâminas perfurando seu corpo sem parar, cada centímetro de seu corpo doesse por causa do candelabro que caíra em si e a morte de Anna a tenha destruído, ela não podia deixar que Hans machucasse Elsa.

Apenas teve tempo de sair da água e ver a expressão maníaca de Hans antes que Anna aparecesse e se colocasse entre a varinha do príncipe e Elsa. Antes que Hans pudesse lançar um feitiço, Anna foi mais rápida e gritou enquanto congelava:

– Expelliarmus! – O ruivo foi jogado para trás e a Gryffindor foi totalmente congelada.

Elsa ergueu o olhar e viu Elena, mas sua felicidade não durou mais que dois segundos ao constatar o olhar infeliz da morena sobre alguma coisa atrás de si. A loira virou-se e encontrou a estátua de gelo que um dia fora sua irmã.

– Anna. Não! – A loira se levantou e abraçou a estátua, chorando sem parar.

De cabeça baixa para que a loira não pudesse ver suas lágrimas e sentir-se ainda mais culpada, a mais velha foi até Anna e colocou sua mão sobre a que a ruiva segurava sua varinha quando a tinha apontando para Hans, fechando os olhos em seguida.

Logo, todos estavam ali. Mirana, Merida, Alice, Jack, Jacky, Andersen, Rapunzel, Soluço, Olaf, Sven e Kristoff, todos se mantendo calados, evitando olhar para as irmãs Gryffindor. Nenhuma das duas gêmeas sequer percebeu quando a ruiva começou a descongelar até que ela estivesse completamente livre do gelo.

– Anna? – Elsa não perdeu tempo em abraçar a ruiva, que rapidamente retribuiu o abraço.

Elena sorriu com a cena e afagou as cabeças de ambas as irmãs e as duas viraram-se para ela com perguntas claras nos olhos.

– Não fui eu. – Elena assegurou sem deixar de sorrir.

Logo Elsa se virou novamente para a ruiva sorridente a sua frente.

– Você se sacrificou por mim? – A loira perguntou, sorrindo.

– Eu te amo. – Foi tudo o que Anna respondeu, mas o suficiente para fazer Elsa ficar radiante. – Amo vocês duas.

– Um ato de verdadeiro amor pode descongelar um coração congelado. – Olaf explicou animado.

– Amor... Vai descongelar... – Elsa começou a pensar, com uma das mãos segurando a mão de Anna e com a outra segurando a de Elena. – Amor... É claro! – Elsa sorriu e soltou as mãos das duas.

– Elsa? – As duas perguntaram.

– Amor. – Elsa respondeu e tudo a volta delas começou a descongelar.

Todo o gelo transformou-se novamente em água e eles se viram no navio que havia ali, olhando para todos os lados enquanto todo o castelo novamente retomava o verão.

Elsa imediatamente abraçou as duas irmãs, completamente feliz.

– Finalmente estamos todas juntas. – Elena segurou a mão de cada uma das irmãs. – Eu amo vocês.

– Esse é o melhor dia da minha vida. – Ouviram a voz de Olaf e se viraram para ele, que estava derretendo. – E possivelmente o último.

– Olaf. – Elsa sorriu. – Aguente aí, rapaz.

Com um movimento da mão, Olaf estava novamente normal e uma nuvem se encontrava em cima de sua cabeça.

– Minha própria nevasca! – Olaf se animou e as três irmãs riram.

O momento foi interrompido por uma voz que as três agora consideravam simplesmente desprezível.

– Anna? – Hans se levantou, apoiando-se na borda do navio. – Mas ela congelou seu coração! – Apontou para Elsa.

Anna fez sinal para que nem as irmãs, nem Kristoff, Andersen e Jack fizessem nada. Foi andando a passos lentos até onde Hans estava.

– O único coração congelado aqui é o seu. – Anna respondeu com uma expressão séria.

Anna virou as costas para ele, mas logo se virou novamente para o príncipe, dando-lhe um soco que o jogou para fora do navio. Elsa e Elena abafaram as risadas com as mãos. O mesmo não podia ser dito de Jack, Merida, Rapunzel e Jack, que riram aberta e ruidosamente. Anna foi novamente até as irmãs, abraçando as duas.

Elena foi a primeira a sair do abraço, apoiando-se a borda do navio atrás de si.

– Elena? – Elsa chamou. – Tudo bem?

Elena não respondeu, caindo inconsciente no chão logo em seguida.