#Ron

A manhã ali passou extremamente rápido, decidimos fazer churrasco para o almoço já que James e Lily haviam trago carnes e alguns legumes para assar. Então enquanto Harry e Marlene ascendiam a churrasqueira que tinha perto das mesas de piquenique eu, Lily, Remus e Tonks cortávamos os legumes e colocávamos em palitinhos, os outros estavam brincando de vôlei ali perto.

— Ai! – exclamei quando sem querer quase me furei com o pálido já que eu estava muito mais concentrado em ver Hermione sacando.

Ela estava linda! Um macaquinho azul bebe bem soltinho e descalça, com o cabelo volumoso preso em um coque. Ela ria e estava suando um pouco.

— Você deveria falar com ela, sabe? – falou Lily do meu lado e eu olhei pra ela sem entender – Com Hermione. Eu vejo como você olha pra ela.

— Eu... isso não faria diferença – falei dando os ombros.

— Você não vai saber se não tentar – disse ela.

Eu não costumava falar dos meus sentimentos, normalmente os meninos já me zoavam muito imagina se soubessem que tudo aquilo era real e eu só tinha medo de tomar um fora? Eu nunca mais ia ter sossego. Sabia que Lily não riria da minha cara, no máximo ficaria com dó. Remus também não falaria dessa conversa com os meninos e eu acredito que nem Tonks.

— Não vale a pena, ela já briga comigo por motivos bobos, se eu tentar falar alguma coisa ela vai me tratar igual você trata o James!

— Claro que não – falou ela como se aquilo fosse obvio – Só não seja um idiota como ele, é só... ser você mesmo.

— Eu não sei não, sinto que ela vai me olhar com uma cara estranha – falei.

Se já era ruim ter ela APENAS como uma amiga sendo apaixonado por ela, imagina se ela se afastasse?

— Olha, faz o que seu coração mandar, mas pensa com carinho no que eu disse, fala com ela, e seja você! – falou se levantando e levando os espetinhos até nossos churrasqueiros.

Eu terminei o que estava fazendo e voltei a olhar o jogo deles. Parecia que estava acirrado, claro que Gina jogava um pouco melhor que Hermione, ela tinha mais treinamento, mas ainda assim elas equilibravam bem o jogo contra Sirius e James.

Fiquei olhando o sorriso que ela dava toda vez que faziam ponto ou pegavam uma bola difícil, as mordidas que ela dava no próprio lábio quando ia sacar, e até os palavrões que ela falava baixinho quando sofriam um ponto.

Levantei e peguei o violão de Harry que estava ali perto e me sentei um pouco mais afastado deles, mas não tanto, encostado em uma árvore porém sem conseguir vê-los. Comecei a dedilhar algumas músicas que estavam na minha cabeça.

Quando eu escutei a voz dela ao longe falando com as pessoas ali eu sorri, lembrei então de uma música que eu tinha feito pensando nela, quando ela voltou do intercâmbio e nossa relação mudou, eu namorava Lila e ela estava muito concentrada nos estudos.

— Oh, I’m a mess right now, inside out... – comecei a cantar bem baixinho.

— Eu não sabia que você cantava tão bem – falou Hermione aparecendo do meu lado, me assustando.

— Ai, caralho! – exclamei na hora – desculpa, eu assustei.

— Desculpa eu, eu não deveria aparecer assim – falou sentando do meu lado, também apoiada na árvore e de costas para eles.

— Tudo bem! Você joga bem vôlei – falei olhando pra ela que corou.

— Então você estava reparando em mim no jogo? – perguntou levantando a sobrancelha.

Foi a minha vez de corar então, sabia que minhas orelhas estavam vermelhas também, eu sentia elas quentes.

— Eu... não... um pouco – falei.

— Você tava tocando, continua – disse apontando para o violão com a cabeça.

— Eu... eu não sei cantar e nem tocar violão direito – falei envergonhado.

— Eu sei que isso é mentira! Toca vai... – falou me olhando nos olhos.

Minhas orelhas ainda estavam quentes.

— O que você quer ouvir? – perguntei arrumando o violão no colo.

— Uma música sua – falou.

— Que? – perguntei sem entender.

— Eu sei que vocês compõem músicas, quero ouvir uma sua, ou que você tenha ajudado – falou.

— Eu... tenho uma que eu nunca mostrei pra ninguém – falei sentindo todo meu rosto corar – Quer ouvir?

— Claro! – ela respondeu sorrindo e se acomodou melhor.

— Tá, vamo lá... – falei começando a tocar.

Oh, I’m a mess right now

(Oh, estou uma confusão agora)
Inside out

(Virado ao avesso)
Searching for a sweet surrender

(Procurando por uma doce rendição)
But this is not the end

(Mas esse não é o fim)
I can’t work it out

(Não consigo resolver)
How?

(Como?)
Going through the motions

(Atravessando as emoções)
Going through us

(Nos analisando)

Ela estava olhando para mim de uma forma que eu não conseguia entender, eu não desviei o olhar e continuei cantando e tocando.

And, oh, I've known it for the longest time

(E eu já sei disso há muito tempo)
And all my hopes

(E toda a minha esperança)
All my words are all over written on the signs

(Todas as minhas palavras estão escritas em sinais)
When you’re on my road, walking me home

(Mas você é a minha estrada, me levando para casa)
Home, home, home, home

(Casa, casa, casa, casa)

Ela encostou a cabeça na árvore e fechou os olhos, continuei:

See the flames inside my eyes

(Veja as chamas em meus olhos)
It burns so bright, I wanna feel your love, no

(Brilham tanto, quero sentir o seu amor, não)
Easy, baby, maybe I’m a liar

(Acalme-se, amor, talvez eu seja um mentiroso)
But for tonight I wanna fall in love

(Mas por esta noite eu quero me apaixonar)
And put your faith in my stomach

(E fazê-la confiar em mim)

Ela estava sorrindo agora, o que me fez sorrir também, internamente desejei que ela soubesse que aquilo era pra ela, um pedido de desculpas por ter mudado naquela época pós intercâmbio e não ter corrido atrás da nossa antiga relação.

I messed up this time

(Eu estraguei tudo desta vez)
Late last night

(Ontem tarde da noite)
Drinking to suppress devotion

(Bebendo para suprimir a devoção)
With fingers intertwined

(Com os dedos entrelaçados)
I can’t shake this feeling now

(Não posso me livrar desse sentimento agora)
We’re going through the motions

(Estamos atravessando as emoções)
Hoping you'd stop

(Esperando que você parasse)

Por mais que ainda sorrisse ela fez uma cara de confusa, como se estivesse pensando enquanto me ouvia. Senti minhas orelhas pararem de ficar quentes. Eu, mesmo que indiretamente, estava falando tudo pra ela.

And though I’ve only caused you pain, you know

(E apesar de só ter te causado dor, você sabe)
But all of my words will always be low

(Mas todas as minhas palavras serão sempre baixas)
Although all the lies we spoke

(Apesar das mentiras que contei)

When you’re my road walking me home

(Quando você era minha estrada, me levando para casa)
Home, home, home, home

(Casa, casa, casa, casa)

See the flames inside my eyes

(Veja as chamas em meus olhos)
It burns so bright I wanna feel your love, no

(Brilham tanto, quero sentir o seu amor, não)
Easy, baby, maybe I’m a liar

(Acalme-se, amor, talvez eu seja um mentiroso)
But for tonight I wanna fall in love

(Mas por essa noite eu quero me apaixonar)
And put your faith in my stomach

(E fazê-la confiar em mim)

Ela abriu os olhos e olhou diretamente pra mim, que a encarava, sorriu. Eu pude perceber que seus olhos estavam cheios de lágrimas. Não consegui entender o que aquilo significava, sabia que se ela realmente entendesse, a parte que vinha a seguir denunciava, completamente, como eu me sentia.

And for how long I love my lover
(Há quanto tempo, tempo eu amo minha amada, agora, agora)
For how long I love my lover, now, now

(Há quanto tempo, tempo eu amo minha amada, agora, agora)
For how long, long I love my lover, now, now

(Há quanto tempo, tempo eu amo minha amada, agora, agora)
For how long, long I love my lover, now, no

(Há quanto tempo, tempo eu amo minha amada, agora, agora)

Por mais que eu houvesse escrito aquele último versos mais algumas vezes naquele caderno que ficava na minha mesa de cabeceira, eu parei ali e fiquei olhando pra ela que ficou muda por uns instantes.

— Você... escreveu quando isso? – perguntou se desencostando da árvore e sentando mais de frente pra mim.

— Bem, logo depois que você voltou do intercâmbio – falei colocando o violão do meu lado para evitar olha-la.

— Foi para Lilá? – perguntou com a voz baixa e eu automaticamente olhei para ela.

— Que? Não, eu...- suspirei – você realmente não entendeu?

— Entendi, eu só queria confirmar – falou enquanto se aproximava de mim sorrindo.

Meu coração disparou quando os lábios dela tocaram os meus, eu automaticamente fechei os olhos e coloquei as mãos em seu pescoço para ter certeza que aquilo era real.

HERMIONE GRANGER ESTAVA ME BEIJANDO!

Ela passou as unhas levemente pelo meu pescoço, o que me fez arrepiar e a fez sorrir ainda no beijo, ele era lento e profundo. Eu nunca havia tido um beijo tão bom.

Nos separamos depois de um tempo com um selinho e eu abri os olhos pra ver ela sorrindo.

— Isso, é mesmo real? – perguntei ainda meio tonto.

— É sim – falou rindo.

— Mas... mas você me beijou e ... – falei confuso.

— Eu posso não fazer isso mais, se você quiser e... – falou sorrindo.

— Não! Quer dizer, por que? – perguntei.

— Eu gosto de você Ron, gosto muito!

Eu acho que nunca abri um sorriso tão grande na minha vida. A última coisa que eu consegui pensar foi como ela ficava linda com os lábios inchados, e logo depois disso eu tratei de beija-la de novo, e de novo, e de novo.

— Como nós ficamos agora? – perguntei depois de um tempo.

— Bem, nós ficamos...mas não acho que a gente precisa contar pra todo mundo, vamo deixar rolar – falou passando os dedos pelo meu cabelo.

Eu só queria fechar os olhos e sentir aquele carinho.

— Por mim tudo bem, desde que eu possa beijar você – falei e ela sorriu.

— Ron, Mione, já começou a sair as coisas! – gritou Gina de onde eles estavam.

— Vamos lá – falei me levantando e dando a mão para ajudá-la.

Ela levantou e eu roubei um selinho dela antes de pegar o violão e sair como se nada tivesse acontecendo. Mas eu não conseguia controlar meu sorriso, Lily me olhou com uma sobrancelha levantada e eu apenas sorri mais, ela riu e foi se sentar ao lado de Marlene.

Eu não poderia estar mais feliz.

#Marlene

— Eu fiquei sabendo que tem uma cachoeira aqui perto, tem uma trilha até lá, vocês querem ir depois? – perguntou James sentando na mesa com o restante das pessoas.

— Eu quero! – falou Gina na hora.

Nós todos concordamos, iriámos arrumar as coisas e já colocar tudo no carro, só separar uma troca de roupa para tomar um banho antes de ir embora, e então partir.

— Eu não vou! – falou Cho de dentro da barraca que dividia com Harry.

— Todo mundo vai, vai querer ficar aqui sozinha? – perguntou Harry.

Eles não estavam falando nada baixo, encarei Hermione e ela deu os ombros, como se fosse normal.

— Não, você vai ficar comigo, podíamos ir embora já! – disse ela.

— Você que quis vir, eu vou aproveitar com meus amigos – falou ele abriu o zíper da barraca.

Eu desviei o olhei para as meninas que terminavam de arrumar as coisas, Gina parecia estar mais distraída que o normal, ouvindo a conversa também.

— Você não vai me deixar aqui sozinha, Harry Potter!

— Eu vou sim, eu vim aqui para aproveitar com todo mundo e vou fazer isso! Se você quiser você que fique! – falou ele saindo.

Ela saiu atrás dele e fechou a cara enquanto eles começavam a desmontar a barraca.

— Se você for... – ela começou mas ele não deixou ela terminar.

— Nós conversamos depois, não quero brigar aqui – falou ele e ficaram em silêncio.

O clima estava tenso então decidi começar a subir as coisas para o carro.

— O dono do local falou que são uns 15 minutos de trilha só – disse Ron – por aqui, vamos – falou começando a andar por entre umas árvores.

Nós o seguimos e a vegetação começou a fechar, quase nos perdemos umas 2 vezes então resolvemos que era Remus quem iria nós guiar. Chegamos lá depois de pouco tempo e era linda! A água bem clarinha, a cachoeira não era muito alta mas ainda assim maravilhosa.

— Vem, vamos nadar! – falou Gina já tirando o shorts e a blusa ficando apenas de biquini.

Eu fiz a mesma coisa que ela e nós fomos até um local um pouquinho mais alto e pulamos. O pessoal logo fez a mesma coisa.

A água estava uma delícia, colocamos uma caixinha de som com algumas músicas ali perto e passamos assim a tarde toda.

Quando o sol estava começando baixar nós decidimos tirar uma foto, colocamos o celular de James apoiado em nossas coisas e nos reunimos.

— Sorriam! – todos nós, molhados e cansados sorrimos para a foto, ela ficou linda.

— Eu quero uma foto só com vocês – falei para as meninas.

— Vamos! – responderam Lily, Hermione e Gina.

Peguei meu celular e fui novamente em direção a eles.

— Aqui, deixa que eu tiro – ofereceu Tonks.

— Que? Nada disso, você vem na foto com a gente – falei indicando as meninas que estavam atrás de mim.

— Não! Eu tiro a foto pra vocês – falou tentando pegar meu celular.

— Na na ni na não, vai lá você! – apontei para as meninas e ela revirou os olhos sorrindo enquanto ia até lá – Sirius! – chamei ele que estava mais perto.

— Oi, coração – falou se aproximando.

Ele olhou para os meus peitos cobertos apenas pela parte de cima pequena do meu biquini verde militar.

— Meu olhos são aqui em cima, garotão – falei rindo e ele olhou pra mim com uma cara marota.

— O que é bonito é pra se olhar, não? – perguntou sorrindo extremamente sexy.

Meu Deus, como esse homem pode ser tão lindo.

— Sim – falei olhando ele de cima a baixo também.

Ele tava com o cabelo meio comprido todo molhado, o que deixava ele muito muito muito sexy, estava sem camiseta e com um shorts azul bebe, que realçava seus olhos claros, ele, com certeza, era o homem mais bonito que eu já havia visto.

— Agora tira uma foto nossa? – perguntei estendendo meu celular pra ele.

— Posso cobrar favores depois? – perguntou maroto enquanto pegava o celular da minha mão.

— Vou pensar no seu caso – falei enquanto ia até as meninas – vamos lá, sorriam gente.

Ele tirou a foto e logo decidimos voltar, já já iria escurecer, então todos tomamos um banho em um banheiro que o local oferecia, e entramos nos carros.

Dessa vez nós apenas fomos entrando, sem planejar como, apenas Harry e Cho que voltaram sozinhos mas com um cara extremamente fechada.

Eu acabei indo embora com James dirigindo, Gina do seu lado na frente e eu e Sirius atrás, adormeci no meio do caminho, e acordei com Sirius me chamando quando chegamos na casa deles.

#Sirius

Aquela mulher ia me matar certeza, ela já sabia que era linda, ainda fica me olhando com olhos famintos e sai rebolando de biquini na minha frente? Assim não da né.

Tirei a foto para elas, e todas eram lindas, mas Marlene tinha um brilho diferente, não sabia explicar. Nós voltamos e acabei ficando no banco de trás com ela. Todos do carro ficaram conversando até que eu percebi que ela estava dormindo toda torta, provavelmente teria dores no pescoço depois.

Tirei meu sinto e me sentei no banco do meio, colocando o sinto novamente, peguei sua cabeça que estava caída e coloquei no meu ombro. Ela se mexeu um pouco e suspirou relaxando, continuou dormindo assim a viagem inteira.

— Nunca vi você dormir do lado de uma garota, Almofadinhas – falou James rindo enquanto olhava pelo retrovisor.

— Eu já dormi com algumas, você sabe disso – falei revirando os olhos.

— Nunca dormiu, ou deixou ela dormir em você – falou voltando a olhar a estrada.

— Ela ia ficar com dor no pescoço, não tem nada demais, você é um idiota, Pontas – falei revirando os olhos novamente e ele apenas riu.

É verdade, eu nunca havia dormido de verdade com alguma garota, sem ser Gina, Lily e Hermione quando passávamos uns dias na casa de campo dos Potter e dormíamos todos na sala vendo filmes, mas aquilo não tinha nada a ver.

Me perdi nos meus pensamentos, tentando imaginar como seria de Dora e Lene estivessem com a gente antes, passado toda a nossa adolescência, se mudaria alguma coisa. Mas única coisa que eu consegui concluir foi que teria gostado antes do perfume doce que Marlene usava e eu não havia reparado até então.